1977

A repercussão do livro foi das melhores, tanto assim que, mediante ofício, datado de 1º de abril de 1977 e assinado por Janet M. Biggs, a Library of Congress Office, Brazil, solicitou-me o envio do Introdução ao Paranormal à sede da Biblioteca em Washington.

Sobre o livro “Introdução ao Paranormal, o Boletín del Circulo de Estudios Progreso Espírita, de Buenos Aires, Argentina, em setembro de 1977, publicou o seguinte artigo assinado por Natalio Ceccarini:

 

Realmente un excelente trabajo es el libro entregado por el Prof. Da Rosa Borges. Escrito con una claridad poco acostumbrada en obras de esta naturaleza, ofrece a todo estudioso del maravilloso mundo de lo paranormal, los elementos necesaríos y la información acabada y puesta al día, para habilitarlo e introducirlo en tan rico campo de experimentación.

De modo didáctico -como cabe aun buen profesor – enseña sobre los diversos fenómenos que conforman la dimensión paranormal, en sus fases espirítica y parapsicológica.

Una extensa y bien seleccionada bibliografía refuerza cada uno de los acápites en que esta dividida la obra, como los cinco capítulos están debidamente ensamblados, rematando com el último que trata de las hipótesis elaboradas para explicar los fundamentales hechos que en presente, vertebran toda una disciplina científica paranormal.

Es de señalar entre la bibliografía utilizada, se encuentran casi la totalidad de los autores e investigadores espiritistas, y no, como ocurre con la mayoría de las obras de Parapsicología, Psicobiofísica, y Psicología Supranormal, en que se omiten deliberadamente a tales autores, evitando al máximo, toda referencia al fenomenismo espírita.

No caben sino felicitaciones para el Dr. Walter Da Rosa Borges por este interesante, científico, y didáctico libro que nos ofrece, y esperar encuentre editor para su versión al castellano. De no ser, queda privado el mundo hispano-parlante de un valioso aporte en el estudio y comprensión de ese mundo extrafísico, que pone en evidencia la naturaleza profunda del ser y las potencialidades de que dispone para la provocación de hechos, que sólo son explicables ya, más allá de los sentidos materiales y de los límites de todo tiempo y espacio.

Oportuno y notable el libro que sinceramente, recomendamos.”

 

 

Deolindo Amorim, um dos grandes líderes do Espiritismo brasileiro, escreveu na REVISTA ESTUDOS PSÍQUICOS. Lisboa, Portugal. Maio de 1977, um longo e substancioso artigo intitulado O ESPIRITISMO E O PARANORMAL.

 

O que se chama, hoje, de paranormal, genericamente falando, é tudo quanto ultra­passe a esfera dos fenómenos normais ou triviais. É o inabitual, como preferia Richet. Sob a rubrica de paranormal, que é muito complexa, há diversas divisões e subdivi­sões, com terminologia muito específica. A Parapsicologia, por exemplo, tem uma no­menclatura toda especial, de acordo com as siglas de sua classificação: Psi x Psi-Gama x Psi-kapa. Dentro desta classificação abran­gente, objecto de uma literatura científica já bastante difundida internacionalmente, se enquadra toda a fenomenologia psíquica, devidamente agrupada, com os respectivos termos que lhe são atribuídos pela Parapsi­cologia. Premonições, telepatia, desdobra­mento da personalidade, acção a distância, etc., são fenômenos já estudados há muito tempo, mas recebem denominações novas no vocabulário parapsicológico. «Sensitivo», «sujeito paranormal» ou médium, o certo é que existem pessoas dotadas de faculdade especial. É a experiência que o demonstra.

Há, inegavelmente, nomes novos para fenômenos antigos, naturalmente à luz de critérios mais modernos, pois não seria mais possível continuar no empirismo ou na im­provisação de outros tempos. E, por isso mesmo, devemos acompanhar com interesse os estudos que se fazem nas áreas da Psi­cologia. Acontece, no entanto, que a desi­gnação de paranormal, por ser muito ex­tensa, pode levar a um equívoco, principal­mente quando no caso de pessoas que, tendo iniciado estudos de Parapsicologia sem qualquer conhecimento da literatura espirita, estão sujeitas a confundir o fenô­meno de comunicação de espíritos com os fenómenos inerentes ao psiquismo humano. São dois campos distintos, mas a noção de paranormal, entre os menos experimentados, pode abrir caminho para uma generalização inconveniente. Os parapsicólogos ou estu­diosos que já têm posição espirita sabem fazer e fazem muito bem a necessária sepa­ração: certas categorias de fenómenos se explicam satisfatoriamente pelo próprio me­canismo psíquico do sujeito ou médium. É o que notoriamente se chama animismo na linguagem espirita. São fenómenos paranormais (adoptemos a nova nomenclatura) justamente porque estão fora do quadro ordinário de reacções e comportamentos. Cabe, aqui, com justeza, a indicação de para­normal, como poderia ser supranormal, se é questão de termos académicos.

Mas o campo da fenomenologia paranormal é muito mais vasto, exactamente porque nele se inclui outra categoria de fenómenos, que transcende a organização psíquico-orgânica do «sujeito paranormal» ou médium, como se diz em Espiritismo. É a categoria mediúnica. A esta altura, uma vez transposta a linha divisória entre os dois domínios da investigação psíquica, já podemos falar em termos de comunicação de espíritos, embora alguns círculos da Parapsicologia não quei­ram admitir o intercâmbio entre o mundo humano e o espiritual. Para estes, os que se colocam radicalmente nesta posição, o que há é apenas desdobramento, projecção da mente etc., não a intervenção dos chamados mortos. Mas as provas existem. Justamente por isso, o Espiritismo divide acertadamente as duas ordens de fenómenos, e o faz com equilíbrio: assim como nem tudo é do «outro mundo», pois o ser humano tem potencialidades espirituais incalculáveis, também nem Tudo procede do médium, nem tudo é fruto do inconsciente. É a tese espirita. Já sabe­mos que há muita confusão, muita ingenui­dade e muita falta de senso crítico na selec­ção de comunicações mediúnicas. Mas a tese é válida, não sofreu abalo até hoje, o facto de haver «comunicações entre vivos» não significa que não haja comunicação entre «vivos e mortos».

Pouco importa que haja nomes diferen­tes. Neste ponto, calha inteiramente a judi­ciosa advertência doutrinária: podemos dar às coisas os nomes que quisermos, contanto que nos entendamos. «O Livro dos Espí­ritos» — questão 153. Didaticamente, a Para­psicologia usa siglas que encabeçam a dis­tribuição de suas categorias, mas uma sigla ou um termo novo não muda a natureza de um fenómeno. Consequentemente, tanto é útil o trabalho que se realiza nos laboratórios de Parapsicologia, voltado para o lado espi­ritual do ser humano, tanto faz com este ou aquele revestimento terminológico, como é útil a investigação mediúnica, sob as luzes do Espiritismo, igualmente voltada para a parte essencial do ser humano: o espírito.

Enquanto a Parapsicologia se atém aos fenó­menos, e é o que lhe cumpre fazer como disciplina científica, o Espiritismo parte da fase experimental e deduz consequências filosóficas. O Espiritismo é uma doutrina, a Parapsicologia não o é. No campo experi­mental, entretanto, campo que o Espiritismo vem explorando há mais de um século, há muito ainda o que estudar e aprender. Nin­guém até hoje disse nem poderia dizer a última palavra neste terreno. Justamente por isso, cremos que a Parapsicologia, como es­cola científica, poderá trazer subsídios valio­sos, reforçando ou enriquecendo as teses espiritas, embora já esteja dividida, uma vez que se identificam pelo menos três catego­rias de parapsicólogos: os de tendência materialista, que negam sistematicamente a comunicação de espíritos desencarnados; os de tendência espiritualista, que admitem uma realidade espiritual, e, por último, os poucos parapsicólogos que, sendo espiritas, porque já o eram antes, continuam sustentando as suas ideias com base nos princípios espi­ritas. Sejam, porém, quais sejam as diver­gências, os trabalhos relativos à Parapsico­logia devem interessar muito, porque trazem alguma contribuição válida, salvo quando se trata de obras de má fé, e existem algumas delas no mercado de livros. Infelizmente… Mas os livros desse tipo não têm significação científica. Não podemos ignorar o que se faz, em matéria de estudos sérios, tanto nas áreas da Parapsicologia, como noutras áreas onde haja realmente preocupação ver­dadeiramente científica com os fenómenos psíquicos e com os altos problemas do inter­câmbio com o mundo espiritual através de médiuns. Há inegáveis pontos de conflu­ência entre o Espiritismo e a Parapsicologia, no campo fenoménico. — Há livros, neste particular, que têm intenções ostensiva­mente demolidoras, mas a Parapsicologia em si nada tem que ver com isso, assim como o Espiritismo nada tem que ver com o despreparo e a precipitação de certas pessoas. Outros livros, entretanto, merecem atenção especial, já pela seriedade, já pelo carácter instrutivo de que se revestem, É o caso, por exemplo, de Introdução ao Paranormal, do Prof. Valter Rosa Borges, do Recife, publi­cado pelo Instituto Pernambucano de Pes­quisas Psicobiofísicas. Livro didático, na for­ma e nos objectivos, encaminha o assunto metodicamente, e com uma riqueza inesti­mável de pormenores, criteriosamente dis­tribuídos e explicados. É um trabalho apre­ciável. Embora se perceba, passo a passo, que o Autor escreveu mais para os estudio­sos da Parapsicologia e, por isso mesmo, não teve a preocupação de fazer uma obra espirita, também se socorre necessariamente de fontes espiritas, entre as quais Allan Kardec, citado mais de uma vez.

Embora resumidas, as informações his­tóricas relativas ao Espiritismo (pg. 11) re­clamam esclarecimentos indispensáveis, o que o Autor levará em consideração em fu­tura edição, queremos crer. «O Livro dos Espíritos» é de 1857, e quem o preparou e publicou, como se sabe, foi Allan Kardec. Com a publicação de «O Livro dos Espíritos», enfeixando os ensinos do Alto, estava plan­tada a coluna central da Doutrina Espirita. É facto histórico. O que se deu em 1848 foi o episódio de Hydesville, com as irmãs Fox, nos Estados Unidos. Jackson Davis, grande médium norte-americano, nascido em 1826 e desencarnado com oitenta e quatro anos, em 1910, escreveu livros, como «Filosofia Harmónica», «Revelações Divinas da Na­tureza», por exemplo. Como diz Conan Doyle, Jackson Davis «deixou profunda mar­ca no Espiritismo». Convém lembrar que a Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Lon­dres teve um papel importante, na investi­gação provocada pela ocorrência de fenó­menos inusitados. A Sociedade é de 1882.

Teve, ela, no começo, certa prevenção com médiuns. Antes dela, existiu na Inglaterra uma Sociedade do mesmo tipo (1875) — Sociedade Psicológica da Grã-Bretanha — mas encerrou definitivamente suas activi­dades com a desencarnação de Serjeant Cox. Mais tarde, porém, e por iniciativa de William Barrett, fundou-se uma sociedade nova, que se inaugurou a 20 de Fevereiro de 1882, com o nome de Sociedade de Pes­quisas Psíquicas. Tendo-se tornado muito intransigente, senão intolerante, a Sociedade criou um ambiente de antipatia em pouco e, por isso, diversos elementos de valor se afastaram. Mas alguma ficou, no campo da pesquisa como elemento positivo, e de inte­resse para a História do Espiritismo.

Não se pode, evidentemente, tentar um levantamento histórico do Espiritismo, na parte fenomênica, sem considerar criteriosa­mente o papel que tiveram algumas socie­dades científicas do passado, como a Socie­dade Dialética de Londres, a Sociedade Real, entre outras, a despeito de certas posições conflitantes. Na mesma ordem de sequência, devemos levar em conta a influência de Charles Richet, com a Metapsíquica, no co­meço de nosso século. É verdade que o autor do «Tratado de Metapsíquica» não formulou definição espirita. Mas o certo é que con­correu muito para «despertar» o meio cien­tífico, levantando pelo menos uma ponta do véu a respeito da fenomenologia hoje cha­mada paranormal. Richet reconheceu os fac­tos que corroboram as teses espiritas, mas não tirou dedução filosófica, não esposou a Doutrina. Deixou então uma ciência nova: a Metapsíquica, desde o momento em que, a partir de 1905, conseguiu a aprovação dessa palavra na Society for Psychical Research, segundo Pery de Campos, em artigo publi­cado na Revista «Metapsíquica», de S. Paulo, nº, Abril-Maio de 1936. Antes de Richet, diz o mesmo comentarista, já Lutoslawski havia proposto o nome, porém foi Richet quem defendeu e obteve a aprovação, ape­sar das resistências. A Metapsíquica teve o seu momento, não há dúvida, e alguns metapsiquistas terminaram espiritas. De onde veio Geley? Exactamente da Metapsíquica.

Se a Metapsíquica já é assunto histó­rico, a Parapsicologia é tema da actualidade. É bom notar, entretanto, que o estudo da faculdade psi, matéria de significação funda­mental na Parapsicologia, tem uma fonte ampla na obra de Allan Kardec. Falemos com isenção de ânimo. Que vem a ser a função psi, senão a própria aptidão mediúnica, por outras palavras? Nenhum tratado de Meta­psíquica nem de Parapsicologia até hoje su­perou «O Livro dos Médiuns», de Allan Kardec, no domínio da fenomenologia hoje chamada paranormal. Justamente neste ponto, depois de havermos lido cuidadosa­mente Introdução ao Paranormal, achamos que a referência a Allan Kardec (pg. 19) deveria ser mais explícita, pois o assunto comporta um desenvolvimento indispensável a fim de que possamos compreender, se for o caso, onde está realmente a improcedência da afirmação de Kardec, no enfoque da facul­dade psi-kapa. Teria Allan Kardec desconhe­cido as alterações fisiológicas a que estão sujeitos certos médiuns?… É um aspecto sugestivo no exame do assunto. Conviria, pois, uma explanação precisa neste sentido, notadamente porque se trata, como já dis­semos, de um livro didático, destinado a principiantes, em parte.

Em seus cinco capítulos, Introdução ao Paranormal nos dá, nitidamente, uma visão global de todo o quadro fenomenológico e das tentativas honestas neste mundo ainda em grande parte desconhecido, que é, de facto, mundo paranormal. Já se avançou bastante, quer no Espiritismo, quer na Para­psicologia, mas ainda se ignora muito e, por isso, é necessário observar, estudar, anali­sar sempre. É o sensato conselho que, impli­citamente, se colhe no trabalho do Prof. Valter da Rosa Borges, cuja capacidade rea­lizadora se coloca, hoje, na linha da frente dos espíritos desassombrados, porque não se conformam com as «verdades feitas» e querem rasgar novos horizontes no conhe­cimento do ser humano, que é corpo e espí­rito. Ao chegarmos ao fim do livro, pensando bem nos conceitos e no laborioso esforço do Autor, ficamos com a convicção, mais uma vez, de que o paranormal está dentro do Espiritismo. Precisamos continuar. E vem a propósito, para terminar, as últimas expres­sões de Introdução ao Paranormal: «A Para­psicologia, malgrado os seus ferrenhos detratores e adversários, mal ou bem intencio­nados, vem-se firmando, cada vez mais, como ciência de vanguarda, no estudo e na pesquisa dos fenómenos insólitos, nas fron­teiras do Desconhecido. Se pouco sabemos ainda acerca de tais fenómenos, é porque ainda estamos ofuscados pela luz que eles projectam, fazendo-nos entrever uma nova realidade para o homem e o universo. O im­portante é prosseguir». Muito bem!

 

Fui membro da Comissão de Direito Civil e Processo Civil, no V Congresso Nacional do Ministério Público, realizado no Recife.

Assumi, no dia 8 de novembro, a 2ª Procuradoria de Justiça Cível, nas férias de seu titular.

Em 30 de outubro de 1977, sob o título UM INSTITUTO PESQUISA OS FENÔMENOS PARANORMAIS, o Diário de Pernambuco me entrevistou sobre as atividades do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas.

Em duas salas conjugadas num prédio da rua da Concórdia (n9 772) se estudam os fenómenos Paranormais e suas implicações. O ambiente é claro, como o interesse dos 15 sócios do “Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas”, não há mágicas, nem truques na sua metodologia. Predomina o “espírito científico”, frisa sempre seu diretor, o advogado Valter Rosa Borges.

– E o único instituto no Recife a se interessar cientificamente pelos fenômenos paranormais -diz Rosa Borges -. Muitas vezes, quando as pes­soas sentem qualquer manifestação desse tipo procuram imediatamente os Centros Espíritas ou templos católicos para aconselhamento e não sa­bem que esses lugares podem apenas dar-lhes as­sistência espiritual. O lado científico do fenômeno não é esclarecido, exatamente o trabalho do nosso instituto.

Das muitas pessoas que procura­ram a entidade apresentando sinto­mas de paranormalidade, nada ficou constatado de excepcionalidade nas manifestações, segundo Rosa Borges, “ao contrário, psicoses, neuroses e problemas existenciais foram confun­didos com esses fenômenos. Desde 1973, quando o nosso grupo resolveu fundar o Instituto, não descobrimos nenhum fenômeno paranormal nos casos que consultamos.”

Dois testes fazem parte do in­quérito inicial para detectar a paranormalidade: “Logo de início faze­mos uma entrevista com a pessoa que nos procurou para saber da possibili­dade ou não de uma investigação mais profunda sobre o caso. Passada a primeira fase, sem ficar constatado outros tipos de problemas que clara­mente interfeririam nas manifesta­ções paranormais, damos as condi­ções ambientais e psicológicas para que o fenômeno se manifeste. Para daí vir uma conclusão”.

É médium ou não? Para Valter Rosa Borges o “médium não apre­senta características especiais, que o diferenciem das outras pessoas, e, em via de regra, é um ser normal. Alguns parapsicólogos admitem que todo médium é impressionável, o que não importa na recíproca de que toda pes­soa impressionável seja médium. Os grandes médiuns são raros. São como os gênios que aparecem, esporadicamente, na história da Humanidade. Por isso Robert Tocquet admitiu que o aparecimento dos grandes médiuns se acha submetido a uma espécie de ritmo, provavelmente suscitado ele próprio por ciclos terrestres e cósmi­cos”. A ação paranormal, em regra, não resulta da vontade consciente do médium – esclarece Rosa Borges -Na quase totalidade dos casos ele re­vela uma intencionalidade e uma ca­pacidade operacional além das possi­bilidades humanas normais.

‘Como ocorre a ação Psi (mani­festação do fenômeno), segundo o diretor do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas:

–  O agente ou médium pode es­tar em aparente vigília, sonhando, em transe, em iminente perigo de vida, em extrema debilidade orgânica ou sob  indução  psicométrica. Acontecendo, na sua maioria, na escuridão, certos fenômenos paranormais se tornam vulneráveis à arguição de fraude.

Porque tanto medo diante dos fenômenos paranormais ou parapsicológicos? Há sobrevivência de­pois da morte? Já existimos antes de nascer? Há fraude, há mentira, há o desconhecido?…

Para Valter Rosa Borges, não há porque relegar a sobrevivência extracorpórea a uma simples superstição. “O Homem não é apenas uma estru­tura biológica, é também uma estru­tura mental e não pode ser reduzido a uma simples manifestação fisioló­gica. O que há é um preconceito quanto à sobrevivência extracor­pórea, o medo do desconhecido. Pri­meiro, quero esgotar as explicações científicas, para me pronunciar sobre a sobrevivência extracorpórea”

DP – E a fraude?

VRB – É o cavalo de batalha daqueles que negam, totalmente, os fenômenos paranormais, ou que apenas admi­tem os que mais lhes convém e se ajustam melhor aos seus preconceitos filosóficos e/ ou científicos, acres­centa Rosa Borges.

E diz mais: “na verdade, as frau­des são mais alegadas do que prova­das. Para os negadores sistemáticos, basta a suposição de que um médium poderia ter escamoteado um determi­nado fenômeno desta ou daquela ma­neira, mesmo à míngua do menor indício que autorize tal hipótese, para que a prova da fraude fique in­discutivelmente estabelecida. Não há de negar: médiuns famosos fraudaram. Porém, nem todos fraudaram. E os que fraudaram, nem sempre o fize­ram todas as vezes, pois se fraudas­sem sempre, não seriam médiuns”.

Segundo o estudioso em Parapsi­cologia, “Ochorowicz já advertia que o inconsciente é amoral e inteira­mente fisiológico. Ele obedece às su­gestões e ordens recebidas     mesmo telepaticamente e se utiliza de todos os meios para lhes dar cumprimento. Tal comportamento do médium, sob a ação do seu inconsciente, é interpretado por pesquisadores neófitos ou inábeis como evidência de fraude. Tinha razão Gustave Geley, quando asseverou que fraude inconsciente não é fraude, pois, em estado de transe, o médium é suscetível de aceder, automatica­mente, às sugestões verbais ou mentais dos pesquisadores”.

E cita o caso do conhecidíssimo Uri Geller, médium milionário por suas exibições em todo o mundo:

– Não existem pessoas que ganham dinheiro com seu corpo. Nós não ganhamos dinheiros utilizando nossa mente? Por que Uri Geller não pode comercializar seus dons mentais e paranormais? Existe um precon­ceito religioso, castigando aqueles que usam esses dons que, segundo os crentes, são dons dados por Deus.

Outro acusador frequente de fraudes dos fenômenos paranormais, diz Rosa Borges, é o padre Quevedo, “que vê essas manifestações com uma ótica cristã radical”.

“Para Quevedo, segundo Rosa Borges, os poderes paranormais se­riam resquícios do poder do Homem no Paraíso, antes de sua queda na Terra. O padre, como militante reli­gioso, está apenas querendo comba­ter o espiritismo de uma maneira passional. É uma atitude anticientífica”.

É possível controlar os fenômenos paranormais?

VRB – É um fenômeno espontâ­neo, mas controlável até certo ponto. Por exemplo, a NASA – Centro de Aeronáutica Americano – utilizou a tele­patia nos voos tripulados à Lua. O médium aprende a usar sua “ener­gia” na medida em que se conscientiza da sua força mental. O que falta ainda é que esses fenômenos sejam estudados nas escolas de Medicina e Psicologia, para situar os futuros psi­quiatras e psicólogos dentro do uni­verso da paranormalidade para não acontecer, como acontece agora, um total desconhecimento das manifestações paranormais, atribuindo sem­pre a problemas meramente psicoló­gicos e não parapsicológicos.

DP – Você disso antes que os fenômenos paranormais sugerem for­temente a sobrevivência extracorpórea. Por que não nos lembra­mos de existências anteriores à nossa admitindo-se a pré e pós existência?

VRB – Há uma separação entre a mente e o cérebro. Temos uma me­mória extracerebral que funciona como arquivo, mas sabe-se que a nossa memória é seletiva e só os fatos marcantes, com utilidade presente, ficam em nível consciente. Daí as pes­soas normais não terem consciência desses dados. Na criança, que pelo menos até aos sete anos vive mais fe­chada para o mundo, sem influências externas, pode acontecer fenômenos paranormais com mais frequência. Mas geralmente, quando isso acon­tece, ela é levada ao ridículo, em uma família católica, ou estimu­lada a fabulações de ordem mediúnicas – em uma família espírita. Nos dois casos são atitudes antagônicas e difíceis de estudar.

Valter Rosa Borges finaliza: “A Parapsicologia é uma nova abertura para o entendimento da realidade do Homem”.

Valter Rosa Borges se interessou pe­los fenômenos paranormais ao ler o livro “Par­naso do Além-Túmulo” do médium Chico Xavier, aos 20 anos de idade. Hoje, aos 44 já leu todas as obras referentes ao assunto em português e boa parte em espanhol. Autor do livro “Introdução ao Paranormal” é também diretor do Instituto Per­nambucano de Pesquisas Psicobiofísicas.

 

 

O Jornal Universitário, da Universidade Federal de Pernambuco, na sua edição de 1977, publicou a seguinte matéria:

 

O GRANDE JÚRI

 

Vem a Televisão Universitária Canal-11, de há muito, oferecendo uma opção aos telespectadores mais exigentes, notadamente em matéria de nível cultural: o Pro­grama o Grande Júri, sob a coorde­nação do Dr. Walter Rosa Borges, igualmente o seu idealizador. Ini­cialmente levado ao ar às sextas­-feiras, agora é aos sábados, a par­tir das 21 e 30 horas, mudança que veio, certamente, atender à expectativa da maioria dos seus telespectadores.

Trata-se, indubitavelmente, de uma boa opção, posto que a Coor­denação do Programa tem sabido escolher com acerto os temas e respectivos debatedores. Impõe­-se o Grande Júri como grande contribuição no que concerne ser uma tribuna de debate e análise de temas relevantes, de interesse da comunidade pernambucana, mormente a universitária – a par do seu elevado nível, encaixando­-se por isso mesmo dentro das perspectivas – de uma televisão ver­dadeiramente educativa.

Dizer-se, aliás televisão educa­tiva, parece redundância, pois, a ri­gor, todo canal de televisão deve ser concebido como tal, sob pena de desviar-se dos seus reais obje­tivos. Infelizmente, no Brasil ocor­re exatamente o contrário. A maio­ria das televisões – para não di­zer quase todas – pouco ou quase nada contribui para melhorar o ní­vel educacional do povo.

Muito pe­lo contrário, deseducam, dissemi­nam a violência, mantém progra­mas de baixo nível, proliferam as tentadoras, novelas, etc.

Fazer jogadas mirabolantes, de forma a bater o concorrente, ca­minho pelo qual se atraem os grandes patrocinadores – consis­te no faturamento o grande sonho e conquista desses canais de co­municação social -, eis o que im­porta, mesmo que tal procedimen­to implique, como de fato implica, no baixo nível e mau gosto da maioria dos programas. O que afasta dos vídeos considerável parcela da população – os que conseguiram atingir certo nível cultural. Entre estes, estão os as­síduos telespectadores do Canal­ 11, principalmente os do Grande Júri. Ficam, mesmo assim, restri­tos a essa única opção.

Assim é que programas como o Grande Júri merecem apoio e aplausos de todos. Não tem o Dr. Walter Rosa Borges medido esfor­ços no sentido de focalizar temas relevantes e reunir, em torno de­les, nomes de destaque, em todos os setores do conhecimento e ati­vidades, quer de Pernambuco, quer de outros Estados da Federação. Embora relacione também assun­tos de caráter técnico, científico, religioso e até mesmo filosófico, grande parte dos temas discutidos pelo Grande Júri pode ser assimila­do pelo público em geral – e para isto os debates e informações são conduzidos em linguagem acessí­vel, dentro mesmo dos padrões que caracterizam um canal de co­municação social.

Mesmo assim, mantém-se o princípio de fazer com que o teles­pectador menos esclarecido, ou menos preparado nesse ou naque­le assunto, ascenda ao nível do Programa, e não ao contrário, o que conflitaria com os objetivos que de­vem nortear os programas e metas dos veículos de comunicação so­cial, principalmente os chamados, segundo Marshall Mcluhan, “ca­nais frios”. E a televisão está in­cluída nessa relação, na concep­ção mcluhana.

Tem reunido o Grande Júri pro­fessores, estudantes, dirigentes universitários, técnicos, cientistas, autoridades governamentais. Cada um oferecendo sua contribuição pessoal, quer no esclarecimento, quer manifestando pontos de vis­ta acerca de assuntos de interesse geral. Para se ter uma ideia, ultimamente, temas como divórcio, enchentes do Capibaribe, seguran­ça do trabalho, entre outros, foram levados à tribuna do Grande Júri, suscitando debates empolgantes. Sob a coordenação segura e inteli­gente – e por que não dizer ver­sátil – do Dr. Walter Rosa Borges.

Serve, portanto, de exemplo, para que os responsáveis pelos canais de televisão procurem, na medida do possível – e isto é possível – melhorar o nível dos programas. Enganam-se os que pensam ser o povo brasileiro um povo de mau gosto em matéria de televisão. É como dizem: macaco só gosta de banana porque só lhe dão banana…

 

Por iniciativa de Pessoa de Moraes e Roberto Motta, fui contratado para assumir o cargo de Professor de Sociologia na Universidade Federal de Pernambuco.

Foi uma surpresa para mim, porque não alentava qualquer pretensão de ser professor universitário,

O contrato já estava assinado pelo Magnífico Reitor da Universidade, Geraldo Lafayette Bezerra, faltando apenas a minha assinatura. Não tinha como declinar do convite, e tive de me debruçar sobre os melhores autores de sociologia para me preparar, com segurança, para ministrar as aulas.

 

            A meu convite, o IPPP se apresentou no programa O Grande Júri, representado por Berguedoff Elliot e com outros sócios da instituição.

Em dia 30 de janeiro, falecimento de minha mãe, Maria Fernandina Rodrigues Borges.

Não pude assisti-la na sua morte, pois ela se encontrava na UTI.

 

Casamento de minha filha Luci na igreja do Espinheiro.

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