2011

Participei do XXIX Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, realizado em 05 de novembro de 2011, na sede do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP  –  na Rua Sérgio Magalhães, 54 – Graças – Recife, com a conferência “Uma Proposta Conceitual sobre a Parapsicologia”.

 

Palestra “A Realidade e Deus”, no dia 12 de novembro, na Academia Pernambucana de Ciências.

 

Palestra “As Múltiplas Faces do Inconsciente” no evento realizado pela ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HIPNOSE – ASBH e pelo INSTITUTO PERNAMBUCANO DE PESQUISAS PSICOBIOFÍSICAS – IPPP no auditório da Auditório da Academia Pernambucana de Letras – APL

Lançamento, em 2011, do livro Deus: Realidade ou Mito?, na VIII Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, no Centro de Convenções e na sede do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas.

Sobre o livro, meu amigo e companheiro do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, Erivam Felix Vieira, teceu o seguinte comentário, que foi apresentado em sessão 6 de maio de 2011, na sede da União Brasileira de Escritores (UBE)  no Recife.

Desafiante e repleto de indagações. Assim é o livro do Professor Valter da Rosa Borges, que tem como ideia central a referência do sagrado e a posição do homem diante da sua própria existência. Com os seus seis (6) personagens (o poeta, o místico, o cético, o filósofo, o teólogo e o cientista), cujos diálogos fazem parte da mente de cada uma das pessoas que somos: pessoas formadas a partir dos problemas e sentimentos próprios de uma época conturbada, com valores morais distorcidos.

O livro “Deus: realidade ou mito”, oferece uma reflexão crítica para os conceitos de tempo, ilusão, eternidade, probabilidade, determinismo, realidade, caos, ordem, acaso, liberdade, entre outros. Mais importante ainda é que o autor coloca as suas ideias, revelando talento próprio dos grandes mestres, transformando-se em cada um dos personagens citados, com discussões polémicas.

O teólogo e o místico defendendo a ideia de que Deus é imortal e imanente em cada ser vivo. O filósofo, persistente na sua busca por resposta às suas inquietações, acrescenta que dar nome a este algo imortal, não é compreendê-lo, mas nomeá-lo. O cético diz que tudo que existe é transformação da matéria. Então não há criador e, portanto, nada é criado. O cientista, fundamentado nas suas hipóteses acadêmicas, alega que Deus é uma questão de fé. A fé não pode fundamentar-se na ciência para ser validada. Nem a ciência pode questionar a fé, porque esta não é adequada à metodologia científica. E o poeta, no seu devaneio onde o absurdo, o paradoxo e o excêntrico se fazem presente, ironiza: Fazemos jogos mentais para conhecer a vida. Podemos ser hábeis nesses jogos e ter a ilusão de conhecer a vida. E se formos jogos de Deus que busca conhecer por meio dos jogadores?

Apesar das diferentes colocações os personagens se complementam, formando um grande mosaico acerca do homem e sua existência e do divino. Consiste em uma ambivalência que precisa colocar como tema para discussão e examinar a fundo no ponto de vista da Filosofia da religião.

Esses seis personagens ganham vida e tocam em verdades sobre cada um de nós, mostrando-nos as nossas percepções distorcidas e, sobretudo, que não somos tão perfeitos como julgamos, e fazendo com que “enxerguemos que a diversidade não passa de aparência e o que denominamos de caos é o que não se enquadra na nossa concepção de ordem”. Instigam-nos, ainda, a enfrentar os nossos medos e anseios mais íntimos, bem como revisar os nossos conceitos sobre o homem, a vida e o sagrado. Conceitos tais como: “O homem e o equívoco em relação ao seu papel na história”; “Certas teorias são tão metafísicas como a hipótese de Deus”; e “O deus das religiões é incompatível com a evolução do conhecimento da nossa época”.

Enveredando um pouco na dimensão antropológica do sagrado, o autor defende o quanto é essencial à pessoa encontrar respostas e buscar verdades sobre si mesmo e sobre o sagrado, ainda que não creia no transcendente.

Considero uma obra de grande sensibilidade e reflexão sobre a base da existência e das contradições humanas, fugindo aos modelos convencionais, apelando para uma forma sistémica de pensar, buscando a conexão das partes e sugerindo uma proposta de entender o existencialismo como especulação filosófica.

O professor Valter põe em cheque o intelecto humano mediante a conspiração contínua entre os seis personagens, com inter-relações entre alguns, cujas teses e teorias ora convergem, ora contrapõem-se, num jogo paradoxal, através de preciosas metáforas, uma das suas características.

São questões controversas, requerem uma crítica reflexiva. Causam inquietação porque exigem posicionamento.

Entretanto como diz o próprio autor:

“Não tenho preferências por nenhum deles, porque todos sou eu, no tumulto de minhas contradições”.

PARTICIPAÇÃO EM REPORTAGEM

JORNAL DE BRASÍLIA

10 de julho de 2011

 

Andressa Anholete

 

Previsões são improváveis

Borra de café e lógica

 

Nascida na antiga Iugoslávia, a vidente Lidija Milovic, aprendeu a técnica da cafeomancia com a mãe. Hoje, chega a atender 12 clientes por dia, no Café da Linda, na 409 Norte. O preço da consulta é R$ 30. Linda prepara um café turco, que o cliente deve tomar lentamente. Em seguida, faz movimentos circulares com a xícara e a coloca de cabeça para baixo no pires. “São cores, movimentos, imagens, letras e energia que podem ser percebidos. Não é uma ciência, é pura lógica”, diz.

Dona Dayane cobra um pouco mais caro pela consulta. A mulher alta, traços fortes, atende em sua casa, na Asa Sul. É num quarto apertado, escuro e incensado, que o cliente é recebido. No centro da mesa, um tabuleiro com búzios já lançados. O diagnóstico vem rápido: “Vejo que está carregado. Tem dificuldades em tudo o que faz.” Dona Dayane pede que o cliente vá até o supermercado e compre quatro velas de sete dias, e dois pacotes de velas normais. “Serve como uma bênção, mas é preciso desfazer a macumba que foi feita”, continua. Para tanto, é necessário um trabalho com uma vela de um metro e meio de altura, que custa R$ 200. “Estou cobrando só o material.”

 

Entre outras pessoas, eu e Padre Oscar Quevedo fomos consultados.

 

Em entrevista ao Jornal de Brasília, padre Quevedo, fundador do Centro Latino Americano de Parapsicologia (Clap) e estudioso dos fenômenos paranormais, disse considerar improváveis as previsões para o futuro. “Os fenômenos parapsicológicos existem, mas está demonstrado que são casos espontâneos, incontroláveis e perigosos”. Ninguém domina fenômeno parapsicológico, nem o mais frequente, que é a adivinhação.”

“Quem faz isso ou é louco, ou é sem vergonha. Em grande parte dos casos, sabem que estão enganando, fazem truques, falam generalidades, usam da intuição e de sugestões para impressionar. São espertalhões, com culpa ou sem culpa”, continua padre Quevedo, que aponta um perigo resultante desse tipo de previsão. “A pessoa pode não lutar para vencer as previsões, modificá-las. Ou ainda quando a pessoa acredita que foi vítima de feitiços, e não tem forças para lutar”, completa.

O parapsicólogo Valter da Rosa Borges, do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP), reforça a avaliação de padre Quevedo. “Búzios, tarô, borra de café, constituem meros indutores que levam o ‘vidente’ a um estado alterado de consciência, no qual ele, dizendo-se assistido por seres espirituais, ou utilizando os seus recursos divinatórios, faz previsões sobre o futuro dos seus consulentes, quase sempre errôneas ou simplesmente óbvias. Não há nenhuma técnica para se adivinhar o futuro. É simples questão de sorte.”

“Quem consulta adivinhos, geralmente acredita que eles são capazes de adivinhar o seu futuro. E fornece pistas sobre o que deseja, deixando-se levar pela astúcia e manipulação deles”, diz Rosa Borges, acrescentando que os temas das consultas são sempre os mesmos. “Mulheres que querem saber se os maridos as estão traindo, homens cujos negócios não estão indo bem e outros tipos de problemas que os adivinhos conhecem muito bem, já que são rotineiros, e sempre dão soluções que agradam seus clientes. Quem está de bem com a vida, pensa racionalmente, não consulta videntes.”

 

PARTICIPAÇÃO EM REPORTAGEM

 

ISTO É.

N° Edição:  2156 |  04.Mar.11 – 12:00 |

Atualizado em 29.Dez.14 – 10:56

 

COMPORTAMENTO

 

A premonição sob a luz da ciência

Estudo feito por um renomado psicólogo da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, reacende o debate sobre a capacidade humana de antever o futuro

Débora Rubin

Um dos melhores pesquisadores de sua geração, o psicólogo Daryl J. Bem transgrediu as regras da academia ao estudar sobre premonição

Num diálogo do livro “Alice no Outro Lado do Espelho”, de Lewis Carroll, a continuação do clássico “Alice no País das Maravilhas”, a Rainha Branca diz à Alice que tem memória nos dois sentidos, para o passado e para o futuro. Tese que a menina considera um absurdo: “Ninguém pode acreditar em coisas impossíveis”, rebate. A soberana, no entanto, explica que é somente uma questão de prática e a aconselha a imaginar ao menos seis coisas impossíveis antes mesmo do café da manhã. Menos cético que a carismática personagem, o renomado professor americano Daryl J. Bem, um dos mais proeminentes pesquisadores de psicologia de sua geração, segundo o “The New York Times”, ousou deixar de lado a regra silenciosa que paira sobre o ambiente acadêmico, segundo a qual tudo o que foge de uma explicação racional deve ser solenemente ignorado. E desobedeceu a esse hermetismo em grande estilo, ao investigar a capacidade humana de antever o futuro, popularmente conhecida como premonição. Tal qual a Rainha Branca, ele crê na memória com a seta indicando para frente.

O procurador aposentado Valter Borges montou um instituto de pesquisa após a premonição da morte do filho

O mais recente estudo de Bem, publicado no “Journal of Personality and Social Psychology”, da Associação Americana de Psicologia, teve um efeito explosivo sobre a comunidade internacional. Menos por seu conteúdo, também bastante surpreendente, e mais pelas credenciais de seu autor, um notório professor de psicologia da Universidade de Cornell, Nova York, uma das mais prestigiosas dos Estados Unidos. Ele tem mais de 70 artigos publicados e é formado em física pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Até então, os trabalhos sobre as chamadas percepções extrassensoriais, também conhecidas como ESP (sigla em inglês para extrasensory perception) eram considerados menores, pouco científicos. O de Bem e sua equipe quebraram essa escrita. Em sua pesquisa, Daryl J. Bem relata nove experimentos feitos com mais de mil universitários. Os testes, reproduções de estudos clássicos sobre percepção extrassensorial, eram extremamente simples (leia quadro na pág. 50). Neles, os participantes tinham que antever que tipo de imagem iria aparecer no computador ou em qual das duas janelas mostradas na tela iria surgir uma foto. Quando o conteúdo em questão tinha um teor erótico, os estudantes acertavam mais. “Isso entre pessoas comuns, escolhidas de forma aleatória. Meu palpite é de que se eu usar gente mais talentosa, melhor nisso, elas poderão prever qualquer foto”, disse o pesquisador, sem explicar o que quer dizer, ao certo, “gente mais talentosa”.

Segundo Bem, em oito dos nove experimentos houve um índice de acerto acima do que é considerado coincidência ou obra do acaso. Também foi feito um teste no qual o aluno escolhia se queria arriscar mais nas respostas ou se desistia de tentar. “Os que aceitaram correr mais riscos foram os que tiveram mais acertos”, conta Bem. O psicólogo é cuidadoso ao tirar suas conclusões, mas acredita que todo mundo pode ter capacidades precognitivas, embora uns as tenham mais desenvolvidas do que outros. Também explica que as percepções extrassensoriais são fruto do processo evolutivo no qual antever situações de perigo ou propícias à reprodução se tornaram vantajosas ferramentas de sobrevivência. Isso ajudaria a comprovar a existência de premonições.

Daryl Bem não é o único acadêmico a colocar a mão nesse vespeiro ao longo da história. Em 1934, o professor Joseph Banks Rhine lançou a primeira edição do livro “Percepção Extrassensorial” a partir de vários testes realizados na Universidade de Duke (EUA). Foi ele quem cunhou o termo “parapsicologia” como o nome da ciência que estuda tais fenômenos. Mais recentemente, em 2001, outro professor de psicologia e neurologia da Universidade do Arizona (EUA), Gary Schwartz, testou em laboratório cinco médiuns, entre eles o mais famoso da tevê americana, John Edwards. No experimento, que foi exibido no Brasil pelo canal pago History Channel, Edwards ficava separado de pessoas que queriam saber sobre seus entes falecidos. Eles não se viam, apenas se ouviam e, como no programa, Edwards apenas confirmava as informações. O índice de acertos, segundo o pesquisador, foi de 83%. Schwartz também já esteve na mira do implacável professor Hyman, de Oregon, que o acusou de forjar resultados. “Muitas vezes na história da ciência nós estávamos errados. Quando achamos que a terra era plana, quando consideramos que o sol girava em torno da terra e tantas outras vezes. Prefiro estar sempre aberto a qualquer possibilidade”, defende-se o professor do Arizona.

Colocar a mediunidade no mesmo pacote das experiências extrassensoriais é assunto delicado. “A parapsicologia não lida com questões transcendentais, como a comunicação entre vivos e mortos, mas sim com a aptidão humana de manifestar poderes incomuns nas relações consigo mesmo, com os outros e com o mundo material”, define o procurador de Justiça aposentado Valter da Rosa Borges, de Pernambuco. Nos anos 70, ele criou o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP) para tentar entender esses poderes incomuns, motivado por uma premonição que tivera anos antes. Em 1968, ele perdeu o filho Ulisses, de apenas 4 anos, vítima de um edema pulmonar agudo. “No dia em que ele faleceu, ao sair do apartamento onde eu morava, passei por uma alucinação auditiva. Uma voz me disse, por duas vezes, que meu filho ia morrer naquela tarde”, recorda.

 

Obs. Fiz um resumo seletivo da extensa matéria, que pode ser consultada, na sua integridade, na revista ISTO É.

 

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