A saga do existir (1999)

Não se está diante de mais um livro de autoajuda, ou de "esoterismo", ou de imposição de fórmulas milagrosas “salvação” e felicidade. O Autor não é um ilusionista ou um aproveitador da alheia inocência e da esqualidez pensante. Não é mais um “iluminado”, espécie de que se encontra infestado e empestado o mercado livreiro, o comércio da fé e da indigente psicologia em voga numa ambiência de atordoados e medíocres. Desavisado andará quem recorrer, nestas páginas, à gurulatria dos magos de plantão. Ao contrário: Rosa Borges sabe ser impiedoso e punitivo, ao desnudar o mundo dos humanos, a partir do seu próprio desnudamento, numa audácia catártica que não exclui, quiçá contraditoriamente, a
compreensão das nossas fraquezas e, sobretudo, das nossas ilusões. Ele transita por essa dualidade num à-vontade que beira (com rima e tudo) a irresponsabilidade, tamanha sua contundência não raro professoral. Para tanto, requer-se uma coragem intelectual somente reservada a quem não teme pensar e descer, até às últimas consequências, ao poço trevoso da condição humana.

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