Escrevi uma apostila “Iniciação à Sociologia” para facilitar o estudo dos meus alunos do curso de sociologia da Universidade Federal de Pernambuco.
Participei como debatedor, juntamente com Attilio Dall’Olio, Orlando Parahym, Pessoa de Morais e Vasconcelos Sobrinho, do ciclo de palestras, promovido pela Associação de Imprensa de Pernambuco, no Recife, sob o tema “A Velha e a Nova Humanidade”, proferidas por Huberto Rohden, de 10 a 12 de julho de 1978. O debate foi dirigido pelo jornalista Sócrates Times de Carvalho.
A minha ideia da fundação da Academia Pernambucana de Ciências – APC – nasceu, basicamente, do programa “O GRANDE JURI”, que criei, produzi e apresentei, na TV Universitária Canal 11, da Universidade Federal de Pernambuco, no período de 1968 a 1984 e reunia semanalmente os expoentes da intelectualidade pernambucana, debatendo as questões mais polêmicas no campo da ciência, da tecnologia, da filosofia e religião.
O êxito do programa, que alcançou todas as classes sociais, me motivou a fundar uma instituição científica que, como seu sucedâneo, tivesse uma amplitude maior e congregasse permanentemente personalidades de destaque nas mais diversas áreas do conhecimento científico. Levei, então, a proposta aos mais assíduos participantes de “O Grande Júri” e a outras pessoas de prestígio científico e cultural, muitas das quais a ela aderiram. Assim, no dia 7 de janeiro de 1978, às 16 horas, na sede do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP -, na Rua da Concórdia, 372, salas 46/47, bairro de São José, foi fundada a Academia Pernambucana de Ciências, constituída de trinta e quatro (34) sócios: Valter da Rosa Borges, Nélson Chaves, Aluízio Bezerra Coutinho, Oswaldo Gonçalves Lima, João de Vasconcelos Sobrinho, Orlando Parahym, Berguedoff Elliot, Amaro Quintas, Pe. Nércio Rodrigues, Áureo Bispo Santos, Ivo Cyro Caruso, Reynaldo Rosa Borges de Oliveira, Roberto Oliveira de Aguiar, Geraldo Mariz, Luiz Pinto Ferreira, José Xavier Pessoa de Moraes, Ozita de Moraes Pinto Ferreira, Oswaldo Santos de Melo, Aloízio de Melo Xavier, Aécio Campelo de Souza, Paulo de Albuquerque Jungman, Édson Duarte de Souza, Walter Wanderley Barros, Fídias Teles, Roberto Mauro Cortez Motta, Ayrton Fernandes da Costa, José Lourenço de Lima, Sebastião Vilanova, Othon Bastos Filho, João Beltrão Neto, Francisco Ivo Dantas Cavalcanti, Wandick Nóbrega de Araújo, Geraldo Pereira de Arruda e Atílio Dall’Olio.
Na ocasião, foi eleita, por aclamação, a primeira Diretoria da Academia que ficou assim constituída: Presidente – Valter da Rosa Borges; Vice-Presidente – Berguedoff Elliot; 2º Vice-Presidente – Ozita Pinto Ferreira; Secretário Geral – Fídias Teles; 1º Secretário – Roberto Motta; 2º Secretário – Áureo Bispo; Tesoureiro – Ivo Cyro Caruso. Diretor do Departamento Científico – Atílio Dall’Olio. Conselho Científico: Aluízio Bezerra Coutinho, Oswaldo Gonçalves de Lima, Nelson Chaves, João Vasconcelos Sobrinho, Orlando Parahym, Luiz Pinto Ferreira e José Xavier Pessoa de Moraes.
Realizei a primeira sessão solene da Academia Pernambucana de Ciências, no dia 28 de janeiro de 1978, no estúdio da TV Universitária Canal 11, na Avenida Norte, s/n, bairro da Boa Vista, que contou com a presença dos acadêmicos José Lourenço de Lima, Berguedoff Eliot Geraldo Mariz, Reynaldo Rosa Borges de Oliveira, Amaro Quintas, João Beltrão Neto, Pe. Nércio Rodrigues, Paulo Jungmann, Aécio Campello de Souza, Ayrton Fernandes da Costa, Wandick Nóbrega de Araújo, Roberto Motta, Fídias Teles, Francisco Ivo Dantas Cavalcanti, Roberto Mota e Ivo Dantas. E também do Deputado Nivaldo Machado e Sadock Souto Maior, Diretor da TV Universitária.
Fiz uma breve exposição sobre os objetivos da Academia, destacando a sua diferença em relação às academias tradicionais por não conferir o título de imortal aos seus membros e nem adotar numeração de cadeiras com respectivos patronos. Era uma instituição com um mínimo de formalidade e mais preocupada com o convívio permanente de pessoas com interesses multidisciplinares e dotadas de espírito associativo e participativo.
Em seu discurso, Orlando Parahym enfatizou que a nova instituição era constituída de “homens de todos os saberes”, enquanto Ivo Dantas complementou que ela objetivava a integração de todos os saberes. Pessoa de Moraes ressaltou a originalidade da Academia Pernambucana de Ciências em razão da preferência do pernambucano pelo literário e não pelo científico, comparando esse pioneirismo com os tempos de Tobias Barreto e da Escola do Recife.
Em 17, 19 e 22 de fevereiro de 1978, o Diário de Pernambuco, o Jornal do Commercio e o Diário da Manhã, respectivamente, noticiaram a fundação da nova instituição. E, no dia 2 de abril, Fídias Teles, concedeu uma longa entrevista à jornalista Ladjane Bandeira, do Jornal do Commercio, onde destacou a proposta interdisciplinar da Academia, visando a integração das mais diferentes áreas do conhecimento.
Em maio, o Jornal Universitário, da Universidade Federal de Pernambuco, sob o título “Nasce Academia de Ciências”, me entrevistou a respeito das finalidades da instituição.
Alguns fundadores da Academia Pernambucana de Ciências, reunidos na sede do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas.
Na frente. Da esquerda para a direita: Fídias Teles, Berguedoff Elliot, Valter Rodrigues da Rosa Borges, Ozita de Moraes Pinto Ferreira e Roberto Mauro Cortez Motta.
Atrás. Da esquerda para a direita: Ivo Cyro Caruso, Aécio Campello de Souza, Atílio Dall’Olio, Pe. Nércio Rodrigues, Oswaldo Santos de Melo, Francisco Ivo Dantas Cavalcanti, Aloízio de Melo Xavier, José Lourenço de Lima, Ayrton Fernandes da Costa, Reynaldo Rosa Borges de Oliveira e Áureo Bispo Santos.
O escritor Luciano Marinho publicou, no Diário de Pernambuco, de 30 de maio de 1978, o artigo intitulado “Introdução ao Paranormal”.
Há indagações, especialmente de natureza filosófica, entre as de religião e ciência, que angustiam o espírito humano. São questionamentos que se multiplicam através dos tempos e das culturas, nas variações mais díspares do pensamento. Os sentidos metafísico e cosmológico já se interpenetram, se relacionam e se completam.
Há, por outro lado, múltiplas respostas. São progressivas, não obstante, as dúvidas do homem, na medida em que novas hipóteses são formuladas. A solução de problemas acarreta novos problemas.
As perspectivas do conhecimento não são mais codificadas com facilidade. Uma ciência qualquer não pode ser estudada em toda sua extensão, a não ser subdividida em especialidades. A especialidade da especialidade se impõe haja vista o ecletismo científico ser uma ilusão. Diz-se, a priori, que isto é mau. Maritain advertiu dos perigos da especialização absoluta. A formação filosófica, religiosa, científica, artística, linguística, na sua integridade, é boa e vital. Não é mais possível, todavia. A consequência mais imediata disso é que o homem se despersonaliza. O “eu” se afoga em um “nós” amórfico, se não apocalíptico.
O ecletismo é gerador de ambivalências.
Acompanho com interesse o estudo e o trabalho, a pesquisa e a reflexão de quem se dedica sistematicamente a uma tarefa específica. Esta exclusividade pertence a uma minoria. A procura de grandes respostas estabelece a dimensão e a programação de trabalhos exaustivos, em oposição àquilo que Antônio Houaiss designara – a propósito de certos estudos literários – “ensaísmo circunstancial”.
Um desses pesquisadores mais sérios e honestos revelou-se o Dr. Valter da Rosa Borges, ao escrever o livro “Introdução ao Paranormal”, editado pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas.
Uma vez que se trata de uma obra científica, a isenção de propósitos doutrinários vem sublinhar o valor do livro. A ciência – e a Parapsicologia é uma ciência – objetiva dos fatos experimentais, laborterápicos, mecanicistas, sob condições preformuladas. As intenções doutrinárias, se houvesse, evidenciariam o proselitismo natural das filosofias religiosas. Dr. Valter Rosa Borges organizou, didaticamente, um grande número de fenômenos paranormais. Esse didatismo admirável, em obras de cunho não-pedagógico, traduz uma formação filosófica e científica do mais alto grau. Não há que obstar haja um embasamento complementar religioso: conotações teosóficas, kardequianas, e assim por diante.
Dir-se-á que a Parapsicologia não é ciência nem mesmo uma subdivisão das ciências psicanalíticas – e estas já estão contestadas pela Antipsiquiatria, há algum tempo. O ineditismo estrutural da obra justifica alguma omissão ou algum excesso.
Um outro aspecto válido é a bibliografia em que se veem, dentre tantas, obras de Jung e Huxley. Importante é a documentação, no relato dos casos, se bem que um ou outro não venha a induzir tanta veracidade, pelo menos científica. O Dr. Valter Rosa Borges conseguiu simplificar toda uma nomenclatura, ainda controvertida e difusa, usando de uma clareza e concisão raríssimas em obras congêneres.
A metodologia empregada pelo Dr. Valter Rosa Borges me parece surpreendente, no plano dos estudos parapsicológicos, nos quais se tem firmado como um dos grandes pioneiros e introdutores no panorama cultural brasileiro.
Acho, porém, que o sumário do livro devesse ter sido mais amplo, subdivididos os itens para identificação de determinados assuntos, numa espécie de índex remissivo. Do ponto de vista contextual, faço algumas sumárias restrições. A admissão, p.ex., de que o inconsciente é “uma instância superior ao consciente”. A praticidade do consciente deve prevalecer sobre a potencialidade do inconsciente. Ou não?
Mas, sistematizando uma temática bastante complexa, o Dr. Valter Rosa Borges teoriza a partir dos conceitos, natureza e classificação dos fenômenos paranormais: a fenomenologia de Psi-gama, de Psi-kapa, de Criptomnésia, desenvolvendo do cap. V em diante as “Hipóteses”, em que aborda o problema não só expositivamente, mas também criticamente.
Há muito ainda para se dizer.
Em 30 de setembro de 1978, dei posse aos primeiros acadêmicos efetivos da Academia Pernambucana de Ciências: Manoel Correia de Andrade, Edjéce Martins, Fernando Pio dos Santos, José Rafael de Menezes, Flávio Guerra, Humberto Carneiro, Dárdano de Andrade Lima, Everardo da Cunha Luna, Geraldo da Costa Barros Muniz, Hélio Bezerra Coutinho, José Barbosa de Oliveira Filho, José Pereira Leite, Júlio de Carvalho Fernandes, Leonardo Valadares de Sá Barreto Sampaio, Liana Barroso Fernandes, Luiz Siqueira Carneiro, Mário de Andrade Lira, Mário Bezerra de Carvalho, Nicolino Limongi, Romero Marinho de Moura, Vanildo Campos Bezerra Cavalcante, Waldemir Soares Miranda, Everardo Valadares de Sá Pereira, e Rinaldo Azevedo.
A partir deste ano, a Academia Pernambucana de Ciências participou de alguns programas de O Grande Júri.
Graças ao prestígio de “O Grande Júri”, iniciei, em 5 de junho, uma série de programas científicos na TV Universitária Canal 11, intitulado “TV-U Ciência”, sob a responsabilidade da APC, com a minha supervisão e coordenação de Atílio Dall’Olio e Roberto Mota. Embora o programa tivesse tido uma curta duração, realizou o seu objetivo, levando ao público entrevistas e debates de natureza científica.
Realizei duas palestras sobre Parapsicologia: a primeira, no dia 7 de maio, no Colégio Torres, na Avenida João de Barros, na Boa Vista, sob o polêmico tema “A Parapsicologia e suas possíveis relações com o Espiritismo”; e a segunda, no auditório do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER -, no bairro do Pina, no dia 6 de junho sob o título “Os Fenômenos Místicos à Luz da Parapsicologia”.
Auditório do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER
Palestra no Rotary Club do Recife, no dia 19 de agosto, sob o título “Parapsicologia: uma Nova Visão do Universo”.
O programa O GRANDE JÚRI rendeu-me o título de melhor produtor da televisão de Pernambuco no ano de 1977.
Convidado por Nicolino Limongi, tornei-me um dos fundadores da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro, em 17 de junho deste ano.
Anos depois, a instituição mudou o nome para Academia de Letras e Artes do Nordeste.
Sob o título DESINFORMAÇÃO TRAVA ESTUDOS PARANORMAIS, fui entrevistado pelo Diário de Pernambuco em 15 de setembro de 1978:
“Quase todas as pessoas já passaram, alguma vez na vida, por experiências paranormais, geralmente de psi gama, isto é, telepatia, clarividência e precognição”, afirma o presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP), Valter da Rosa Borges.
Entretanto, adverte Rosa Borges que isso não quer dizer que a pessoa seja um médium, palavra que ele acha inadequada — prefere dizer paranormal. “Médium é aquele que habitualmente produz fenômenos paranormais”, observa o presidente do IPPP.
O Instituto
Localizado à rua da Concórdia, 372 – salas 46 e 47, o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas é o único no gênero existente em nosso Estado e está em vias de ser transformado numa delegacia regional da Associação Brasileira de Parapsicologia. Mantido exclusivamente com subvenções dos seus poucos associados, pouco mais de 20 o IPPP conta entre seus quadros com elementos do porte de Attilio Dall’Olio, físico nuclear; Aécio Campello de Souza, Ivo Cyro Caruso e Edson Duarte, engenheiros; e o médico Geraldo Fonseca Lima.
Autor do livro “Introdução ao Paranormal”, Valter Rosa Borges explica com que propósitos foi fundado o IPPP, a lº de janeiro de 1973: “parapsicologia é uma expressão que, como todos os parapsicólogos reconhecem, é insuficiente para abranger todos os fenômenos paranormais, porque eles não são apenas de natureza psíquica, mas também física e biológica. Por isso nosso instituto resolveu adotar a expressão psicobiofísica, seguindo a orientação do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, sediado em São Paulo”.
Os fenômenos
“Fenômenos paranormais — define Valter da Rosa Borges — são aqueles eventos de natureza psíquica, física e biológica que não se enquadram dentro das leis conhecidas pelas ciências oficiais. Por exemplo, a telepatia, precognição, clarividência. Há dois tipos de fenômenos catalogados pela parapsicologia, os fenômenos psi-gama, que se apresentam sob três modalidades – telepatia, clarividência e precognição; e os fenômenos de psi-kapa, como os de telecinesia ou psicocinesia”.
Através de experiências controladas em laboratório, a parapsicologia comprovou experimentalmente os fenômenos citados, mas ainda não aceitou outros que, no passado, foram estudados e pesquisados pelo espiritismo e pela metapsíquica, como a transfiguração, materialização, dermografismo, estigmatização, levitação etc.
“No entanto — ressalva Valter da Rosa Borges — isto não implica na negação desses fenômenos. Parapsicólogos de formação espírita entendem que, embora não provados através do método quantitativo estatístico-matemático, eles foram devidamente autenticados por pesquisas controladas com a utilização do método qualitativo, onde o fenômeno vale, mesmo que ocorra espontaneamente, desde que afastadas todas as possibilidades de fraude, ilusão ou alucinação”.
As pesquisas
O Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas dedica-se à divulgação da parapsicologia, ao estudo e à pesquisa de fenômenos paranormais, mas restringe suas atividades aos fenômenos de psi-gama.
“Os fenômenos de psi-gama – explica Rosa Borges – são menos difíceis sob o ponto de vista quantitativo e mais econômicos de serem pesquisados. Uma instrumentação de pesquisa em psi-kapa é caríssima, pois são necessários instrumentos eletrônicos, porque não contamos com o patrocínio de uma universidade, mas apenas com as subvenções dos nossos sócios”.
No IPPP têm sido encontrados casos interessantes de telepatia com o emprego de baralho Zener. Esse baralho, composto de cartas onde aparecem repetidas as figuras de cruz, quadrado, círculo, estrela e ondas, é clássico nas pesquisas parapsicológicas.
“Não conseguimos resultados brilhantes, como nas universidades americanas, mas conseguimos acertos além do acaso, em algumas pessoas, o que indica que elas apresentaram uma faculdade paranormal de psi-gama, a telepatia, por exemplo”, observa Rosa Borges.
Diz o presidente do IPPP que as pessoas dotadas de faculdades paranormais são geralmente pessoas comuns, e não apresentam nenhuma psicopatia. “Hoje está provado que a paranormalidade não é psicopatológica. Pelo contrário, ficou constatado que ela é encontrável principalmente nas pessoas de bom equilíbrio emocional e psíquico”, assegura Rosa Borges.
Espiritismo
Observa o estudioso do paranormal que a falta de informação do público em nosso Estado quanto aos fenômenos da paranormalidade se constitui num entrave ao desenvolvimento das pesquisas.
“Quando uma pessoa aparece com certos distúrbios de natureza psíquica atribuível à emergência de uma possível “mediunidade”, geralmente é levada a um centro espírita ou a um terreiro de umbanda, em vez de encaminhada a um instituto de parapsicologia. Quase todas as pessoas, alguma vez na vida, já passaram por experiências paranormais, geralmente de psi-gama. Isto não quer dizer que ela seja um médium, porque o que caracteriza o médium é a habitualidade na manifestação de tais fenômenos. Passando por uma experiência dessa natureza, a pessoa fica inquieta e seus familiares, se são espíritas, levam-na ao centro ou ao “terreiro”, onde passa a frequentar tornando-se um médium”, diz Rosa Borges.
Quanto a isso, adverte o presidente do IPPP que se trata de “uma atitude perigosa, porque a maioria de tais fenômenos, aparentemente paranormais, é decorrente de problemas psicológicos e existenciais que poderão ser tratados por um psicólogo ou psiquiatra. Consequentemente, passando a frequentar sessões “mediúnicas” para “desenvolver a mediunidade”, essas pessoas nada mais fazem do que cronificar seus problemas”.
“Talvez — acrescenta Rosa Borges — existam casos brilhantes de paranormalidade nos centros espíritas, mas estes têm uma hostilidade manifesta em submetê-los a nossa investigação. Geralmente o médium é tido como um pontífice, uma ponte entre o céu e a terra, e revestido desta auréola se torna inacessível, tomando ainda uma atitude defensiva contra qualquer experiência controlada, com medo de que se descubra que as suas faculdades não são verdadeiras”.
“Na verdade, a parapsicologia não é alheia à questão da sobrevivência, ou continuidade da vida após a morte. Face aos fenômenos paranormais, a sobrevivência é hoje uma hipótese de altíssima probabilidade. Chegou-se à evidência de que a mente independe de tempo, espaço e causa. Consequentemente, os fenômenos de psi-gama não são suscetíveis de um reducionismo fisiológico. A telepatia, por exemplo, não pode ser explicada como uma faculdade meramente fisiológica”, assegura Rosa Borges.
Publiquei três artigos respectivamente no JORNAL DO COMMERCIO em 7 de maio de 1978, intitulado Os médiuns; em 15 de maio, intitulado A Pesquisa em Parapsicologia; e em 6 de junho de 1978, intitulado Os Fenômenos Paranormais. Todos eles foram incluídos no meu livro A Mente Mágica – 2015.
Graças ao prestígio de “O Grande Júri”, iniciei, em 5 de junho, uma série de programas científicos na TV Universitária Canal 11, intitulado “TV-U Ciência”, sob a responsabilidade da APC, com a minha supervisão e coordenação de Atílio Dall’Olio e Roberto Mota. Embora o programa tivesse tido uma curta duração, realizou o seu objetivo, levando ao público entrevistas e debates de natureza científica.
No meu apartamento na Avenida João de Barros, 663, apartamento 903, bairro da Boa Vista, continuei a realizar as sessões mediúnicas com Aécio Campello de Souza, Amílcar Dória Matos e Walter Barros.
Um extraordinário caso de cura, por meio paranormal, aconteceu este ano, quando Amílcar Dória Matos me pediu que intercedesse, junto ao pai de santo Manoel Rabelo Pereira, conhecido pelo cognome de “Pai Eli”, para ajudar um seu amigo chamado Geraldo Monteiro, já desenganado pelos médicos, sem diagnóstico preciso, sofrendo terríveis dores de cabeça que quase não o deixavam dormir e se alimentar, além de apresentar um trismo facial. Levei Amílcar e Geraldo à presença de “Eli” que, de pronto, iniciou o trabalho de cura, o qual levou aproximadamente uma semana, culminando com uma sessão de Umbanda, realizada à noite, na praia de Boa Viagem.
Dias após essa sessão, Geraldo Monteiro ficou completamente livre de seus males, voltando à vida normal. Inspirado por esse feito de “Ely”, Amílcar Dória Matos escreveu um conto intitulado “Pomba-Gira”, e depois outros contos com a mesma temática, destacando-se, entre eles, o denominado “Transfusão”.
José Macedo de Arruda, então Vice-Presidente do I.P.P.P., descobriu, nas nossas reuniões experimentais, sua paranormalidade de cura e, seguindo a orientação decorrente de uma experiência espiritual, fundou, em 14 de setembro desse mesmo ano, a sua própria instituição, o “Templo da Meditação” para exercer suas aptidões psíquicas. Passou, então, a se chamar “Irmão Macedo”, e viajou, a convite, para os Estados Unidos, onde foi pesquisado pelo parapsicólogo Jeffrey Mishlove. Também, a convite, fez apresentação de sua paranormalidade na Europa.
Várias vezes visitei o “Templo da Meditação” para observar os trabalhos do “Irmão Macedo”, sempre entusiasta e solícito no atendimento dos seus pacientes. Naquelas oportunidades, mostrava-me, com uma euforia contagiante, depoimentos de pessoas, no Brasil e no Exterior, que se diziam curadas de seus males, depois que foram atendidas por ele pessoalmente ou à distância.
Inesperadamente, em 1996, ele faleceu vítima de um ataque cardíaco fulminante.
Ivo Cyro Caruso montou, no IPPP, um modesto laboratório, constituído de uma aparelhagem simples e alguns dispositivos eletrônicos, entre os quais pêndulos de diversos modelos, “dual-rod.”, bússolas, baralhos Zener, dados, psicômetro (25 tubos contendo cada um metal e uma esfera de madeira como testemunho do metal contido no tubo, sendo 5 metais diferentes distribuídos aleatoriamente), pirâmides de mármore e de vidro, ímãs fortes etc. E elaborou esquemas de aparelhos de pesquisa e, sob sua orientação, foram montados dispositivos eletrônicos, tais como metrônomos, eletroscópio à válvula, eletroscópio transistorizado, detector de ondas alfa (faixa de 10 a 11 Hz de operação), detector acupontos (pontos de acupuntura), dado eletrônico, sequencial aleatório de 1 a 6 (tipo painel), detector de campo eletromagnético, medidor de resistência de pele (que é utilizado em experimentos com plantas), gerador de ruído branco, gerador de barras (a acoplar a TV para acompanhar variações da resistência da pele etc.). Caruso montou alguns desses instrumentos de pesquisa com a colaboração de José Renato Barros.
Viajei com minha esposa para o Rio de Janeiro, onde me hospedei no apartamento de Débora Rosa Borges, viúva de meu irmão João Olímpio, na Rua Tonelero, em Copacabana. Ali, recebi a visita de Deolindo Amorim, um dos grandes líderes do Espiritismo no Brasil. A seu convite, participei de uma reunião da Associação Brasileira de Escritores e Jornalistas Espíritas, do qual era membro, e nos tornamos amigos. Tanto assim que tivemos outros encontros no Rio de Janeiro, onde trocamos ideias sobre Espiritismo e o movimento espírita.