1983

Lançamento do livro “Só a Busca é Definitiva”, em livraria na Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP – com a presença dos escritores Amílcar Dória Matos e Orlando Parahym, e dos parapsicólogos Ivo Cyro Caruso e Aderbal Pacheco, entre outros amigos do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, minha esposa Selma, minhas filhas Luci e Márcia. O Reitor daquela Universidade, Pe. Amaral Rosas, fez a apresentação do livro.

Lançamento do livro na livraria Livro 7, com a presença do compositor Alírio Moraes, o então advogado Nivaldo Mulatinho, a poetisa Lucila Nogueira, o poeta Ângelo Monteiro, o escritor Everaldo Veras e meu sobrinho Eraldo Selva, entre outros.

O escritor José Rafael de Menezes publicou o artigo intitulado Pensamento e Síntese no Jornal do Commercio de 20 de novembro de 1983, fazendo comentário sobre meu livro:

 

Exorbitamos e viciamo-nos literariamente, entre a erudição mais complicada e o ficcionismo menos original. Aspiramos exibir saberes, por citações e teses hirsutas, ou por inovações insólitas, em novelas, contos, poesias. Limitamo-nos na capacidade de pensar profundo e de expres­sar com clareza. São portanto raros os livros que se    realizem por uma metodologia do ensaio mais pessoal, a condu­zir um “pensamento sintéti­co”,  para uma tal literatura, nem sempre há leitores,   nem notícias nas páginas especializadas, nem pareceres críticos. É o que prevemos na carreira bibliográfica de “Só a Busca é Definitiva”, uma modesta edição da FASA, vinculada à UNICAP, com assinatura de Valter da Rosa Borges. Líder cultural, professor convicto, realizador por uns dez anos, do mais audível e credenciado programa cultural na televisão, o “Grande Júri”, Rosa Borges é um espiritualista, de senso prático para liderar e se comunicar como um apóstolo, como um poeta, como um filósofo. Seu livro recente adensa-se com todas essas virtualidades. Se na primeira parte da publicação predominam os aforismos, com a força sinté­tica do psicólogo, extensionam-se depois algumas teses. Entre as frases que realçam soltas, ocupando cada página, e os períodos largos, da proposição argumentada, evidencia-se o mesmo intelectual a pensar com profundidade, sem complicar por amparos eruditos, simplíssimo na estilização embora sempre convicto. “Ex­traordinário é o homem que conseguiu ser natural” —  eis uma amostra da força do analista, em dominada frase. Cumpre-se dinaticamente: “É sempre necessário o sacrifí­cio do aprendizado para se alcançar a satisfação da com­petência” (pág. 37). E alcan­ça ou melhor expressa uma sabedoria de um filósofo orientalista em paralelos desse al­cance: “Há pessoas que fazem de sua virtude uma arma para agredir seus semelhantes, um homem assim, na verdade, tem virtude, porém não é virtuoso”  (pág.  36).

Em textos mais largos, períodos franqueados ao descobrir, ao comparar e ao propor Valter da Rosa Borges não perde a capacidade sintética, nem deixa de ser claro. Usu­fruamos de seu filosofar em “Só a Busca é Definitiva”: “Conhecer-se a si mesmo não é encontrar algo estático em si mesmo, algo definitivo que se possa dizer: isto sou eu.  Conhecer-se a si mesmo é ser plenamente o que se é agora. Estar todo no seu agir. O ser é a sua ação. Se eu não estou todo no meu agir, estou me negando, estou me ocultando e, sem me revelar a mim mesmo, não posso me conhecer. Pensar sobre si é pensar naquilo que já não se é. Se ajo espontaneamente a minha ação me revela: conheço-me no meu agir. Mas se ajo se­guindo um determinado modelo, este agir condicionado oculta e violenta o meu ser. Ação é visibilização total do ser. Até o repouso é ação, quando se quer repousar” (pág.  72). Admirável texto…

Profissional esmerado, homem de ação, como Promotor Público, como líder espiritualista e cultural, Valter da Rosa Borges situa-se com equilíbrio, na maturidade dos seus compro­missos. E o seu livro é um testemunho dessa alegria ponderada, de ser, de viver e conviver, como um cavalheiro e como um idealista, sem se atemorizar e sem se render na dura circunstância por onde se faz um peregrino lúcido. Se por vezes se individualiza quase orgulhoso: “A paz é a consciência, de que, essencialmente, só somos necessários a nós mesmos” – as tensões e preocupações sociais e até socializantes do seu pensamento, flagram-se no ensaio com empatia e convicção. O simples gesto de escrever, com seriedade, de investir tempo e recursos financeiros para uma edição sem garantias de retor­no, é um ato de generosidade. De um crente: “Ter fé é apostar no impossível”.  A convi­vência é sempre difícil, a  se conquistar pela fé.  Se Sartre viu nos outros, o inferno, é porque era demasiadamente cético. “A fé é a maior aven­tura existencial” — é uma conclusão de Rosa Borges nesse belo livro destinado a se conduzir com leveza, para se aliviar esclarecido, o leitor, na sua existencialidade dramá­tica e traumática.

 

O ano de 1983 marcou o início dos Simpósios Pernambucanos de Parapsicologia, um arrojado empreendimento sem similar no Brasil. É um evento anual que permanece, sem solução de continuidade até hoje.

Neste I Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, realizado de 2 a 4 de dezembro de 1983, no Auditório da Universidade Católica de Pernambuco, apresentei uma palestra intitulada Epistemologia da Parapsicologia, que foi publicada no meu livro A MENTE MÁGICA – 2014.

 

O Reitor da UNICAP, Pe. Amaral Rosas fez a abertura do Simpósio. À mesa Maria Júlia Pietro Peres, Valter da Rosa Borges e Geraldo Fonseca Lima. João Batista Campos, presidente da Casa dos Espíritas, Valter da Rosa Borges e Maria Júlia Pietro Peres.

A chamada Escola Pernambucana de Parapsicologia se iniciou, quando, no I Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, postulei uma epistemologia parapsicológica, afirmando que o “conhecimento paranormal possui características especiais que o distingue, nitidamente, dos demais processos gnosiológicos e se origina de outras fontes que não aquelas do conhecimento normal, ou seja, a sensação e a razão.” Afirmei que a telepatia e a clarividência não são modalidades, mas fontes externas do conhecimento paranormal e que a precognição é, na verdade, uma característica daquele conhecimento. Admiti a existência de uma fonte interna da gnosiologia paranormal a que denominei de criptomnésia. Defini o conteúdo do conhecimento paranormal como “a informação não redutível ao conhecimento consciente ou a manifestação de aptidões ou habilidades não resultantes de prévio aprendizado” E alertei que “o que determina a paranormalidade de um fenômeno aparentemente psigâmico não é a sua manifestação formal, mas, sim, o seu conteúdo.”

A partir deste ano, venho participando, até hoje, de todos os Simpósios Pernambucanos de Parapsicologia.

 

Duas palestras em reuniões públicas do IPPP: em 4 de fevereiro, Sexo e Paranormalidade e, em 5 de agosto, Epistemologia Parapsicológica. E, juntamente com Ivo Cyro Caruso, participação em três mesas-redondas “Parapsicologia e Espiritismo” em 4 de março, 8 de abril e 6 de maio.

 

Palestra sobre Parapsicologia no Lions Clube Jaboatão – Candeias, no dia 25 de maio.

 

No dia 13 de agosto, palestra sobre Parapsicologia na Ordem Rosa Cruz, loja Recife.

 

Fiz um discurso intitulado “Evocação ao Poeta Azul”, no lançamento do 3º número da revista Artes e Letras, da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro, numa grande noite de poesia na galeria O Poeta, sobre loja do bar Savoy, no mês de agosto e publicado no Jornal do Commercio de 14 de agosto. Presença dos escritores Aluísio Furtado de Mendonça, Lucila Nogueira, e do artista plástico Wilton Andrade de Souza, entre outras pessoas.

Apesar da discordância com a Federação Espírita de Pernambuco em relação à pesquisa com o médium Edson Queiroz, não vislumbrei nele qualquer indício de má fé na sua atividade mediúnica. Por isso, entrevistado pelo Diário de Pernambuco, de 13 de abril de 1983, sob o título Parapsicólogo vê seriedade em médium, ratifiquei essa minha opinião.

 

1983

Diário de Pernambuco

13 de abril de 1983

 

Parapsicólogo vê seriedade em médium

 

O parapsicólogo Val­ter da Rosa Borges, presi­dente do Instituto Per­nambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, que assis­tiu, por duas vezes, como convidado, a cirurgias re­alizadas pelo médico e médium Edson Queiroz, que incorpora o espírito do médico alemão dr. Fritz, disse, ontem, que o IPPP não tem condições de atestar a validade das curas paranormais, por­que a Federação Espírita Pernambucana; (FPE) não aceitou a investiga­ção dos fenômenos.

O parapsicólogo de­clarou que conhece, há cerca de 2 anos, o dr. Ed­son Queiroz (ginecolo­gista e clínico geral, espírita kardecista que, mediunizado, faz cirurgias diversas incorpo­rando o espírito do “dr. Fritz”) e vem acompa­nhando pela Imprensa os fenômenos “que, possi­velmente, estão ocor­rendo na Federação Espírita Pernambucana. O dr. Edson Queiroz é uma pessoa séria, idea­lista, e que se dedica à crença espírita com in­vejável idealismo. Não posso, no entanto, afir­mar ou negar as curas que o dr. Edson Queiroz vem realizando sob o controle de uma persona­lidade, fictícia ou não, que se diz chamar dr. Fritz”.

Valter da Rosa Bor­ges assistiu por duas ve­zes a cirurgias realizadas por Fritz/Edson, no Re­cife e em Salvador, como convidado. “Não sou mé­dico e. portanto, apesar da rapidez com que foram realizadas as opera­ções, não posso, de sã consciência, assegurar a sua eficácia terapêutica. Primeiro, porque minha condição era de simples convidado e não de pes­quisador; segundo por­que não acompanhei os casos cirúrgicos por mim presenciados a fim de assegurar-me do êxito das operações”, declarou.

Segundo revelou Valter da Rosa Borges, o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísi­cas recebeu da Federação Espírita Pernambucana uma solicitação para in­vestigar o fenômeno. Tratava-se, conforme lhe asseverou o presidente da FEPE, de fornecer uma assistência científica, com o propósito de avaliar as potencialidades do médico e médium Edson Queiroz.

“Após vários contatos realizados nas sedes do IPPP e da FEPE, onde se discutiu amplamente os detalhes dessa assistência científica, apresentamos o nosso modelo de pesquisa, a ser adotado por ocasião da investigação dos fenômenos. Infelizmente, a FEPE não concordou com o modelo apresentado, o que nos levou a cancelar o referido acordo”, relata Rosa Borges.

 

INVESTIGAÇÃO

 

“Havíamos criado uma comissão médica para, sob orientação de nosso companheiro, médico-cirurgião Geraldo Machado Fonseca Lima, investigar e acompanhar os casos de cura realiza­dos pelo dr. Edson Quei­roz. Com esse procedimento poderíamos averi­guar, em cada caso con­creto, a realidade ou não da cura paranormal”.

A comissão médica criada pelo IPPP esta­ria encarregada de acompanhar os casos no­vos, exigindo, inicial­mente, o diagnóstico de cada paciente, para cons­tatar se se tratava de en­fermidade orgânica ou, simplesmente, de mera manifestação psicosso­mática. Em seguida, o pa­ciente enfermo seria sub­metido a tratamento es­piritual, findo o qual se­ria de novo reexaminado para se averiguar ou a re­gressão da enfermidade ou mesmo a cura com­pleta. Esse tratamento espiritual inclui não ape­nas a cirurgia, mas outros procedimentos empíri­cos, dos quais possa re­sultar uma recuperação física efetiva (são méto­dos não ortodoxos).

“Infelizmente – con­tinuou o parapsicólogo – ficamos impossibilitados de pesquisar o médium Edson Queiroz com os padrões de pesquisa científica, o que nos leva a não opinar sobre o mérito das curas que vem se realizando conforme o amplo noticiário da Im­prensa local e nacional”.

Valter da Rosa Bor­ges salientou que o IPPP, localizado na Rua da Concórdia 372, sala 47, 4º andar, está á disposição de todas as pessoas que se dizem portadoras de poderes de cura, para uma investigação cientí­fica de suas faculdades paranormais. Disse que até o momento não houve oportunidade de investi­gar qualquer caso con­creto de cura espiritual em Pernambuco, devido ao desinteresse das pes­soas consideradas mé­diuns curadores, de submeter-se a uma pes­quisa desse gênero.

 

 

Neste ano, iniciou-se uma polêmica pública entre o I.P.P.P. e a Federação Espírita de Pernambuco sobre o médium Edson Queiroz. O Diário de Pernambuco, nas suas edições de 13, 14, 17, 24, 26 e 28 de abril e de 12 de maio deu ampla divulgação ao debate, envolvendo o Presidente da FEP e o Diretor do Departamento Científico do I.P.P.P.

A polêmica jornalística desenvolveu-se na seguinte ordem cronológica.

No dia 13 de abril de 1983, o Diário de Pernambuco me entrevistou sobre “as cirurgias mediúnicas realizadas pelo médico e médium Edson Queiroz, que diz incorporar o espírito de um médico alemão, o famoso “Dr. Fritz”.

Declarei que o I.P.P.P. não tinha condições de atestar a validade das “curas mediúnicas” de Edson Queiroz, porque a Federação Espírita Pernambucana não aceitou que se fizesse uma investigação científica dos fenômenos apresentados pelo referido médium. Esclareci que fora a própria Federação que solicitara do Instituto a prestação de assistência científica na investigação das potencialidades do médium Edson Queiroz. E informei:

“Após vários contatos realizados na sede do I.P.P.P. e da FEP, onde se discutiram amplamente os detalhes dessa assistência científica, apresentamos o nosso modelo de pesquisa a ser adotado por ocasião da investigação dos fenômenos. Infelizmente, a FEP não concordou com o modelo apresentado, o que nos levou a cancelar o referido acordo.”

Disse ainda:

“Havíamos criado uma comissão médica para, sob orientação do nosso  companheiro, médico-cirurgião Geraldo Machado Fonseca Lima, investigar e acompanhar os casos de cura realizados pelo Dr. Edson Queiroz. Com esse procedimento poderíamos averiguar, em cada caso concreto, a realidade ou não da cura paranormal.”

A comissão médica criada pelo Instituto estaria encarregada de acompanhar os casos novos, exigindo, inicialmente, o diagnóstico de cada paciente, para constatar se se tratava de enfermidade orgânica ou, simplesmente, de mera manifestação psicossomática.

Em seguida, o paciente seria submetido a tratamento espiritual, findo o qual seria reexaminado pela comissão médica do I.P.P.P. para se averiguar se houve regressão da enfermidade ou mesmo a sua cura completa.

Finalmente, conclui:

“Infelizmente, ficamos impossibilitados de pesquisar o médium Edson Queiroz com os padrões de pesquisa científica, o que nos leva a não opinar sobre o mérito das curas que vem realizando, conforme o amplo noticiário da imprensa local e nacional.”

 

Em 14 de abril de 1983, o Diário de Pernambuco promoveu a polêmica, publicando a seguinte matéria:

 

“O sr. Holmes Vicenzi, presidente da Federação Espírita Pernambucana, não concorda com as declarações do sr. Valter da Rosa Borges, presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, publicadas ontem no Diário de Pernambuco.

Eis sua opinião, na íntegra:

“Como diretor da Federação Espírita Pernambucana e tendo tomado conhecimento de certos pronunciamentos partidos do IPPP com referência a um impedimento de verificações sobre o fenômeno espírita que vem ocorrendo em nossa entidade, desejamos esclarecer que:

1º) As portas da Federação Espírita Pernambucana estão e estarão sempre abertas para verificações, fotografias, filmagens e outros meios de comprovação e pesquisa.

2º) Todavia, os fenômenos espíritas de cirurgias não podem ficar à mercê do modelo científico convencional no que diz respeito a pesquisa paranormal dos efeitos fluídicos espirituais oriundos e manipulados pelos espíritos pois a ciência cética e materialista não dispõe de recursos para atestar os processos usados pelos desencarnados, por enquanto.

3º) A apresentação de enfermos portadores de males incuráveis e em avançado estado de enfermidade não podem servir de teste de curas por parte dos espíritos. Exemplo: 20 casos de câncer escolhidos a dedo em grau elevado como propôs o IPPP, somente um número bem reduzido poderia apresentar resultados positivos o que não serviria de base em face da grande disparidade de índice de cura.

4º) A pesquisa que o IPPP iniciou não foi concluída porque os pesquisadores não se submeteram às normas recomendadas pelo trabalho religioso, científico-espírita. Mesmo entendendo as naturais dúvidas cartesianas de algumas pessoas. À luz das pessoas leigas as informações auferidas confundiriam a opinião pública, sem nenhum resultado para o esclarecimento concreto.

5º) Há bem poucos dias o dr. Hernani Guimarães Andrade (presidente do Instituto de Pesquisas Psicobiofísicas de São Paulo) respeitado em todo o  mundo, na sede da Federação Espírita de São  Paulo, participou, pesquisou e testificou confirmando as atividades extrapsíquicas desenvolvidas pela Federação Espírita Pernambucana e foi de tal forma a repercussão desse trabalho que ele, com todo respeito que desfruta internacionalmente, se propôs a fazer o prefácio de um livro científico que dentro de algumas semanas será distribuído aos quatro cantos deste país.

Há inclusive solicitação de equipe de cientistas norte-americanos para converter o livro à língua inglesa. (Documentação que irá reforçar o trabalho cinematográfico que esta equipe fez em dezembro último com a equipe do Dr. Fritz em Pernambuco).”

 

OBS. Nada do que afirmou Holmes Vicenzi foi comprovado.

 

Estabelecido o debate, o Diário de Pernambuco, na sua edição de 15 de abril de 1983, publicou a minha contestação à Federação Espírita Pernambucana.

 

“O presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, professor Valter Rosa Borges, contestou ontem, as declarações do presidente da Federação Espírita de Pernambuco, sr. Holmes Vicenzi, discordando do teor de uma entrevista sua concedida ao DIÁRIO DE PERNAMBUCO e publicada anteontem, a respeito do fenômeno espírita do médico e médium Edson Queiroz. Na íntegra a contestação de Rosa Borges:

 

“Infelizmente, o sr. Holmes Vicenzi não leu, com a devida atenção, o que declaramos no Diário de Pernambuco, em sua edição do dia 13 deste mês.

Não afirmamos e nem negamos a autenticidade das curas paranormais atribuídas ao médico-médium Edson Queiroz. Apenas esclarecemos que ficamos impossibilitados de pesquisar esses fenômenos porque a Federação Espírita Pernambucana não permitiu a utilização da metodologia científica nas investigações das curas paranormais.

Na condição de crente fervoroso, o sr. Holmes Vicenzi fez algumas afirmativas que estão a merecer reparo.

Em primeiro lugar, queremos informar ao presidente da Federação Espírita Pernambucana que o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas jamais se pronunciou sobre a frustrada pesquisa com o médium Edson Queiroz.

Em segundo lugar, desejaríamos que o sr. Holmes Vicenzi apontasse, na proposta de pesquisa do nosso Instituto, a exigência de investigar “enfermos portadores de males incuráveis e em avançado estado de enfermidade”, por exemplo “20 casos de câncer escolhidos a dedo em grau elevado”.

Em terceiro lugar, era de uma evidência meridiana que a equipe do I.P.P.P. não se submeteria, em hipótese alguma “às normas recomendadas pelo trabalho religioso científico-espírita”. Aliás, ficaríamos imensamente gratos, se o sr. Holmes Vicenzi nos indicasse, na codificação kardecista, o procedimento metodológico dessa pesquisa.

Em quarto lugar, também estimaríamos que o presidente da F.E.P. nos demonstrasse a existência de um modelo científico não convencional. Se o Espiritismo é uma ciência, tem de utilizar a metodologia científica. E, se o Espiritismo não emprega o método científico, então ele não é uma ciência. Ora se Allan Kardec, como cientista, diz ter provado a ação dos espíritos nos fenômenos paranormais, é porque, ao contrário do que pensa o sr. Holmes Vicenzi, os eventos dessa natureza podem ser investigados pela “ciência cética e materialista”.

Não nos adianta a Federação Espírita Pernambucana abrir as suas portas, se continuar no firme propósito de cercear a investigação científica, submetendo-a a tutela de “orientações espirituais”. O melhor, até o momento, é preservar a distância que nos separa, num clima de respeito e franca cordialidade”.

 

Sob o título Borges: É perigoso trocar a razão pela fantasia, o Diário de Pernambuco, 18 de setembro de 1983, voltou a entrevistar-me sobre o assunto.

 

– Os mistérios são fatos e, assim sendo, não podem ser desprezados. A mente é um dos maiores enigmas para o homem, e somente agora, por intermédio da investigação parapsicológica, é que come­çamos a nos conscientizar dos extraordinários poderes de que somos dotados. O Espiri­tismo, a Metapsíquica e, atualmente, a Parapsicologia descerraram um limitado campo de especulações e pes­quisas do fenômeno humano, interessando os níveis físicos e não físicos da realidade onto­lógica.

A declaração é do parapsicólogo Walter da Rosa Borges, ao analisar os perigos que as pessoas correm ao se deixarem levar pelas fantasias do mundo maravilhoso. Segundo fez ver, “o fanatismo é a cronificação de um delírio sistema­tizado. O colapso definitivo da razão. O império irreversível da emoção descontrolada. O fanático não raciocina: emociona-se”.

 

ADAPTAÇÃO

 

“O homem tem uma vo­cação irresistível para o mara­vilhoso. Como se já não bas­tassem os mistérios da vida, ele inventa também seus pró­prios mistérios. Parece que o cotidiano o asfixia e ele sente uma urgente necessidade de ampliar a capacidade pulmo­nar de sua respiração existen­cial.

Quanto mais exótica a manifestação do mistério, tanto mais ele se deixa em­briagar num exaltado aposto­lado do delírio. Apaixonado pela sua fantasia, ele se torna fundamentalmente incapaz de perceber a mais óbvia reali­dade. Por isso, o fanático não dialoga, pois é surdo à voz da razão e apenas escuta o dis­curso do seu delírio”.

A excitante vida das megalópoles tem exigido do homem urbano uma extraordinária capacidade de adaptação. E muitos são aqueles que sucumbem à trepidação de uma existência selvagemente competitiva. Assim, esse fracasso do processo adaptativo deve ser compensado, a todo custo, através de uma retirada estratégica, de uma fuga camuflada. Então, o mergulho nirvânico na fantasia se lhe apresenta como a única solução para os seus conflitos. E, disto, se aproveitam os profissionais do mistério para fundar novas seitas e religiões, fa­bricando consoladoras aliena­ções, maliciosamente travestidos de missionários, gurus ou embaixadores do Além”.

 

FENÔMENO

 

Walter da Rosa Borges garante que “o fenômeno paranormal é um fato indiscutí­vel. Negá-lo, constitui uma demonstração de ignorância ou de má fé. E o médium, como veículo da fenomenologia paranormal, atrai para sua pessoa os mais controvertidos sentimentos de admiração e aversão, de aceitação ingênua e de negação sistemática. E são esses extremismos que prejudicam a serena e correta apreciação dos fatos, propor­cionando, quase sempre, o pronunciamento de juízos apressados, num clima cons­trangedor de intemperança emocional”.

 

ESPERTALHÕES

 

Infelizmente – comple­tou – o campo da fenomenologia parapsicológica se encon­tra poluído pela presença de fascinadores e fascinados. A credulidade fácil, o pensa­mento mágico, o desespero existencial, as enfermidades de difícil terapêutica, a perda de entes queridos, a necessi­dade emocional da certeza da sobrevivência, a ânsia pelo transcendental têm aprisio­nado inúmeras pessoas na teia sedutora do maravilhoso, tornando-as em vítimas inde­fesas nas garras dos trapa­lhões ou dos espertalhões da paranormalidade. O maravi­lhoso provoca no homem uma atitude ambivalente de medo e atração. E não é gratuita­mente que os prodígios da prestidigitação deslumbram os espectadores, os quais, numa euforia lúdica, se acumpliciam inconscientemente com o mágico para gozar as delícias de um engodo consen­tido. De maneira idêntica, certos fenômenos aparente­mente paranormais podem desencadear em pessoas su­gestionáveis e de reduzido senso crítico um insopitável desejo de auto fascinação, como espécie de sedativo con­tra as angústias e as agressões da realidade cotidiana. O fan­tástico, assim, se transforma em singular psicotrópico, cujo maior perigo consiste em pro­vocar dependência nas pes­soas que dele se utilizam como recurso eletivo de sedação dos conflitos existenciais.

 

Na edição de 17 de abril de 1983, do Diário de Pernambuco, sob o título ROSA BORGES: MÍSTICOS PREJUDICAM MÉDIUM, o jornalista Jones Melo entrevistou-se sobre os problemas da pesquisa mediúnica.

O parapsicólogo Valter da Rosa Borges, presi­dente do Instituto Per­nambucano de Pesquisas Psicobiofísicas e autor do livro “Introdução ao Paranormal”, conceitua a mediunidade, do ponto de vista do Espiritismo e da Parapsicologia, e explica que os médiuns não devem ser coagidos, embora de­vam ser rígidas as medidas de controle para se evitar a mínima possibilidade de fraude”.

Nesta entrevista ex­clusiva, Valter Rosa Bor­ges afirma “ser sempre recomendável que o médium fique sob a orientação e o controle de pesquisadores experimentados, a salvo de leigos e de místicos, que, pelo despreparo científico – e também por fanatismo religioso – poderão ocasionar-lhe sérios prejuí­zos físicos e psicológicos”.

 

  1. – O Espiritismo e a Parapsicologia empregam a mesma palavra: médium. Para ambos, ela tem o mesmo significado?
  2. – Não. Para o Es­piritismo, o médium é um intermediário entre os vi­vos e os mortos. É uma espécie de ponte, de corredor entre dois universos fenomenicamente diferentes. O médium, assim, é a condi­ção indispensável para a manifestação paranormal, cuja causa é atribuída aos espíritos desencarnados.

A Parapsicologia, até prova em contrário, em cada caso concreto, explica o fenômeno paranormal pela ação do inconsciente do próprio médium. As­sim, o médium não é con­dição, mas causa desse fenômeno. Na verdade, sob o ponto de vista estrita­mente psicológico, o mé­dium é uma pessoa extre­mamente predisposta a es­tabelecer um relaciona­mento mais amiúde e os­tensivo entre os dois uni­versos ontológicos da cons­ciência e da inconsciência.

  1. – Qual a definição de médium?

‘              RB. – Poderíamos de­finir o médium como uma pessoa que, habitualmente, em sua presença, se produzem fe­nômenos paranormais. A habitualidade, portanto, é a marca característica da atividade paranormal numa determinada pessoa.

  1. – Todas as pes­soas são médiuns?
  2. – A doutrina espírita diz que sim. Os fa­tos, no entanto, têm de­monstrado o contrário. Mesmo que se afirme que, potencialmente, a mediunidade seja um patrimônio comum da humanidade, estaríamos, ainda assim, no terreno da especulação filosófica e, não, no da ex­perimentação científica.

A experiência tem evi­denciado que, de fato, pou­cas são as pessoas efetivamente dotadas de faculda­des paranormais. No en­tanto, é incontável o nú­mero de pessoas que, ao menos uma vez na vida, passaram por uma experiência paranormal. Acon­tecimentos episódicos, to­davia, não indicam a exis­tência dessa faculdade em determinados indivíduos.

  1. – Como é possível se saber se uma pessoa é médium? Há algo que in­dique a existência da fa­culdade paranormal numa pessoa?
  2. – Não há qual­quer indício físico ou psico­lógico para determinar a paranormalidade de uma pessoa. Só a experimenta­ção poderá esclarecer a procedência da suspeita inicial decorrente de uma manifestação inusitada, em cada caso concreto.

DP – É possível desen­volver a mediunidade de uma pessoa?

  1. – Sob o ponto de vista estritamente parapsicológico deveremos substituir a palavra mediunidade pela expres­são paranormalidade. A mediunidade, conforme a doutrina espírita, é a apti­dão que uma pessoa possui de estabelecer contato com os espíritos desencarnados. Assim, para a Parapsicolo­gia, ao menos até o mo­mento, a mediunidade é uma hipótese. Ao con­trário, a paranormalidade é um fato comprovado ex­perimentalmente, de­monstrando a capacidade de que certas pessoas são dotadas para produzir fe­nómenos insólitos, os quais, na quase totalidade dos casos, fogem inteira­mente do seu controle.

Assim, se se entender por desenvolvimento da fa­culdade paranormal o gradativo controle da manifestação fenomênica e não o processo compulsório do seu hipotético cresci­mento, a minha resposta é naturalmente afirmativa. Na verdade, como bem ob­servou J.B. Rhine, a facul­dade paranormal não é suscetível de aprendizado, sob o ponto de vista de um procedimento estereoti­pado. Diria mais: cada mé­dium, empiricamente, aprende uma maneira toda particular de produzir uma manifestação paranormal. Ele desenvolve uma téc­nica, descobre um “jeitinho” de liberar os seus po­deres latentes, anulando, momentaneamente, os condicionamentos e a cen­sura do seu consciente. Assim, com o passar do tempo, a sua faculdade vai, gradativamente, ad­quirindo autonomia de ação e reduzindo os fatores impeditivos de sua mani­festação.

Hoje, na União Sovié­tica, alguns médiuns, em certas circunstâncias, já conseguem, voluntaria­mente, realizar fenômenos Psi-Kapa. Por conse­guinte, em futuro próximo, o médium poderá tornar-se o senhor de sua faculdade paranormal, utilizando-a em seu benefício e até mesmo da própria huma­nidade.

  1. – O médium, en­tão, é uma pessoa espe­cial?
  2. – Ele é uma pes­soa tão especial como qual­quer outra dotada de uma aptidão especial. É essa es­pecialidade de aptidão que o distingue do comum dos indivíduos.

A paranormalidade, portanto, é também uma aptidão. Não é um dom, não é um carisma, não é um privilégio. É uma apti­dão. E se toda aptidão é um privilégio, os médiuns não são as únicas pessoas privilegiadas.

  1. – Muitos mé­diuns, ao menos no pas­sado, fraudaram. Essa cir­cunstância não deve, em tese, tornar suspeitos todos os médiuns?
  2. – Em princípio, qualquer fenômeno inusi­tado não deve ser, de logo, classificado ou admitido como paranormal. Cada caso concreto deve ser pes­quisado, minuciosamente, em todos os detalhes, a fim de se evitar, o quanto possível, a possibilidade de fraude. Aliás, conforme acen­tuei no meu livro “Introdu­ção ao Paranormal”, o êxito de toda e qualquer pesquisa, no campo da pa­ranormalidade, está na de­pendência da observância de certas e determinadas regras. Assim, não raro, o insucesso das experiências é devido mais à incompe­tência e à inabilidade de pesquisadores improvisa­dos ou mal preparados do que mesmo às deficiên­cias do próprio médium. Na verdade, uma das re­gras básicas da pesquisa é não se exigir do médium a produção de fenômenos incompatíveis com o tipo de sua paranormalidade. Por outro lado, é funda­mental estimular a auto­confiança do médium nos seus poderes, mantendo elevada a sua motivação pelas pesquisas, as quais deverão ser realizadas em ambiente tranquilo e con­fortável e num clima de bom relacionamento entre todos os participantes das experiências.

Importante, também, é evitar-se toda e qualquer forma de coação sobre o médium, o que não im­porta o relaxamento de rí­gidas medidas de controle para se evitar a mínima possibilidade de fraude. Por isso, é sempre reco­mendável que o médium fique sob a orientação e o controle de pesquisadores experimentados, a salvo de leigos e de místicos, os quais, por seu despreparo científico – e também por fanatismo religioso – pode­rão ocasionar-lhe sérios prejuízos físicos e psicoló­gicos.

É de suma importân­cia, ainda, esclarecer o mé­dium a respeito da natu­reza de sua faculdade pa­ranormal, evitando ou combatendo as naturais manifestações do seu narcisismo, decorrente da falsa ideia de que ele é um ser privilegiado. A partir do momento em que o médium é afetado pela doença do “estrelismo”, torna-se refratário a qual­quer tipo de investigação científica dos seus poderes, com o receio, consciente ou inconsciente, de compro­meter o seu status mediúnico.

 

Na sua edição de 24 de abril de 1983, sob o título SE FRITZ ERRAR A JUSTIÇA PUNE, o Diário de Pernambuco, no visível propósito de acirrar a polêmica, voltou a entrevistar-me, na condição de parapsicólogo e de promotor de justiça, sobre a natureza das curas mediúnicas e as consequências jurídicas das cirurgias praticadas por Edson Queiroz.

 

No caso de erro mé­dico ou espiritual, como deveria ser enquadrada na legislação uma ope­ração espiritual como as que vem realizando o dr. Fritz, incorporado no médium-médico Ed­son de Queiroz? A dú­vida, e todas as suas im­plicações, tanto a nível de crença religiosa como de fato passível de puni­ção legal, é levantada pelo promotor público e parapsicólogo Walter Rosa Borges, nesta en­trevista exclusiva:

–  Existe a cura paranormal ou cura mila­grosa? Em caso afirma­tivo, em que consiste?

–  A cura paranormal ou cura milagrosa é um fato exaustivamente comprovado. Em alguns casos, depende da fé do enfermo, em outros não. Sob o ponto de vista meramente operacional, ignora-se o seu processo. Tudo se resume a cons­tatar, em cada caso con­creto,  a  realidade do êxito terapêutico. Ou seja: constata-se o fato da cura, embora perma­neça obscuro o seu me­canismo.

De logo, é neces­sário estabelecer uma distinção entre cura paranormal e ação paranormal curativa.

A cura paranormal é o restabelecimento físico de uma pessoa, portadora de enfermi­dade orgânica devida­mente diagnosticada e de remota possibilidade de êxito terapêutico à luz dos atuais conheci­mentos da Medicina.

A ação paranormal curativa é todo procedi­mento aparentemente ineficaz – passes, pre­ces, mentalizações etc. -, mas que resulta no res­tabelecimento orgânico de uma pessoa, pouco importando a natureza de sua enfermidade.

Por conseguinte, a cura de qualquer doença, mediante ação paranormal curativa, não é cura paranormal, conquanto essa sempre resulte daquela. As cu­ras paranormais – ou curas milagrosas, no contexto religioso – são extremamente raras. Os leigos e os fanáticos a confundem com as cu­ras decorrentes de uma ação paranormal cura­tiva naquelas enfermi­dades que poderiam ser tratadas pelos recursos atuais da Medicina.

–  E como se mani­festa essa ação paranor­mal curativa?

–  A ação paranor­mal   curativa   pode manifestar-se sob diver­sas modalidades. O mé­dium curador se utiliza de passes, de preces, de irradiações mentais na presença do paciente ou mesmo à distância, ou, ainda, por uma ação física direta, como é o caso das cirurgias espi­rituais.

O médium pode agir por conta própria ou dizendo-se sob o con­trole de um espírito. Te­mos, no Recife, como exemplo desses dois ca­sos, respectivamente, o “Irmão Macedo” e o médico Edson Queiroz.

Diga-se, de passa­gem, que a cura para­normal também ocorre sem a presença de mé­diuns, como no san­tuário de Lourdes, na França.

–  Qual o procedi­mento para a investiga­ção de curas atribuídas a um determinado mé­dium?

– Inicialmente, é imprescindível a com­provação de que o pa­ciente é portador de en­fermidade orgânica de­vidamente diagnosti­cada e não apenas de meros distúrbios psicos­somáticos, por mais se­veros que sejam.

Em caso afirma­tivo, o paciente será levado à presença do médium curador para tra­tamento espiritual.

Em seguida, findo o tratamento, o paciente se submeterá a novo exame médico para se constatar se houve ou não melhoria efetiva do seu estado orgânico ou restabelecimento total da saúde. Como é óbvio, a simples remoção dos sintomas não constitui cura, pois o efeito suges­tivo pode produzir essa aparente sensação de bem-estar. A inalterabi­lidade do quadro clínico anterior importará na ineficácia do tratamento espiritual, pouco importando as costu­meiras explicações do Além para justificar o fracasso.

– A ação paranor­mal através de cirurgia, realizada   por   um espírito   “incorporado” pode oferecer algum pe­rigo?

–  A ação paranor­mal cirúrgica realizada por um médium em es­tado alterado de cons­ciência, sob o comando de   um   hipotético espírito nele “incorporado”, não deixa de oferecer riscos. Quem age nessas circunstâncias, age inconscientemente e não se pode saber até se pode o incons­ciente se comportará dentro dos parâmetros da segurança individual e coletiva.

Por outro lado, como sabem muito bem os espíritas, os médiuns e os espíritos não são infalíveis e, segundo ainda a doutrina kardecista, nenhum médium está a salvo da mistifi­cação de um “espírito inferior”. Logo, seja sob o ponto de vista cientí­fico, seja sob o enfoque do Espiritismo, o mé­dium cirurgião pode co­meter erros e estes erros, por sua vez, são suscetíveis de causar prejuízos irremediáveis aos pa­cientes.

– Responda-me, não como parapsi­cólogo, mas como pro­motor público: pelo nosso Código Penal, o médium cirurgião que causar lesões físicas em seus pacientes é passí­vel de punição?

– É evidente. Mesmo que o médium seja médico, ele age, ainda que em estado al­terado de consciência, na condição de médico. Ou, em outras palavras: ele não deixa de ser mé­dico, quando pratica uma ação médica, mesmo que não esteja consciente do que faz. A Medicina não está obri­gada a aceitar a ação de um espírito, “incorpo­rado” num médico, agindo no seu lugar e com o seu consenti­mento. O Código Penal não cogita da responsabilidade penal do espírito. E a própria pa­rapsicologia ainda en­cara o problema da so­brevivência   pessoal como respeitável hipó­tese de trabalho.

Logo, se o médium médico age inconscien­temente, porque acredita estar sob o controle de um espírito, a sua fé particular não modifica a perspectiva médica e jurídica da questão. A sua ação inconsciente permitida se configura como negligência e im­prudência. Portanto, se ocasionar lesão corporal ou mesmo a morte de um paciente, respon­derá por crime culposo.

– Então, esse é um óbice irremovível da cura paranormal? –

– Sob a modalidade de cirurgia – e também de prescrição medica­mentosa -, sim. Com isso, não me estou opondo à atividade dos médiuns cirurgiões, mas alertando-os sobre os possíveis erros que pos­sam cometer e das consequências que deles re­sultarão à luz do Código Penal. Assim, para preservar-se da possibi­lidade de erro, deve o médium ser supervisio­nado por um médico que, em última instân­cia, decidirá acerca do tratamento espiritual recomendado pelo espírito “incorporado”, por mais respeitável que seja o nome do médico do Além. Se o médico da Terra, por qualquer motivo de ordem pes­soal, concordar com o seu colega do Além, es­tará, sozinho, assu­mindo a responsabili­dade do tratamento in­dicado.

Há modalidades, porém, de ação paranor­mal curativa que não contrariam as normas penais e nem as regras terapêuticas, sem a mí­nima possibilidade de risco para as pessoas en­fermas. E os resultados são, não raro, mais sur­preendentes da que os da cirurgia paranormal.

Trata-se, contudo, de uma questão que afi­nal, depende da cons­ciência e da conveniên­cia de cada médium em particular.

 

Era evidente que esta entrevista não ficaria sem resposta.

No Diário de Pernambuco, edição de 26 de abril de 1983, o presidente da Federação Espírita de Pernambuco voltou de novo ao ataque:

 

“O promotor Walter Rosa Borges, que, em nome da ciência materialista, vem sistematicamente fazendo oposição e reprimindo o trabalho dos paranormais no Recife, inclusive formulando entrevistas que ele mesmo elabora, prestando um aberto desserviço ao estudo e pesquisa dos fenômenos, foi convidado, tanto pelo Templo da Meditação como pela Federação Espírita Pernambucana, para conhecer como se faz uma pesquisa e ver de perto os fenômenos da “telergia” e das “operações mediúnicas”.

O Instituto de Pesquisas Psicobiofísicas, um ilustre desconhecido que está se beneficiando da paranormalidade para sobreviver, terá, daqui por diante, todo acesso, para que possa aprender um pouco do que seja fenomenologia paranormal.

Já é tempo não apenas de respeitar a mediunidade, mas de enxergar o benefício que a população carente recebe das pessoas portadoras de recursos extrassensoriais. Toda vez que um fenômeno ocorre no Recife, o sr. Walter Rosa Borges põe seu nariz como se fosse a única autoridade científica para definir o que é e o que não é paranormalidade.

Vamos ver, agora, se publicamente convidado ele tem coragem de avaliar os fenômenos e encontre um caminho, um roteiro certo, e não apenas tentar esvaziar aquilo que pessoas de renome como Hernani Guimarães Andrade, da Associação Brasileira de Parapsicologia, atestam como de real sentido científico e de comprovada veracidade. ”

 

O repto não poderia ficar sem resposta e, assim, enviei minha contestação ao Diário de Pernambuco, que a publicou na sua edição de 28 de abril.

 

“Lemos, com surpresa, as declarações prestadas ao Diário de Pernambuco, em sua edição de 26 de abril, pelo presidente da Federação Espírita Pernambucana, a respeito da nossa pessoa e do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas. Custa-nos acreditar que certas afirmativas levianas e indelicadas sejam atribuídas ao sr. Holmes Vicenzi, cuja integridade e espiritualismo sempre admiramos.

Diz o presidente da FEP que vimos “sistematicamente fazendo oposição e reprimindo o trabalho dos paranormais do Recife” e, assim, “prestando um aberto desserviço ao estudo e pesquisa dos fenômenos”. A gratuidade dessa assertiva dispensa provas, pois é público e notório, ao menos no Recife, o trabalho que durante muitos anos estamos desenvolvendo pela divulgação da Parapsicologia em nosso Estado, principalmente através de cursos e conferências, alguns dos quais na Universidade Católica de Pernambuco.

Por outro lado, se se advertir alguém de um perigo real ou mesmo possível é causar-lhe inibição, parece-nos preferível ocasionar-lhe esse discutível transtorno do que vê-lo, desinibidamente, precipitar-se ao abismo.

Acontece, porém, que, às vezes, por motivos nebulosos, pessoas e instituições preferem adotar a filosofia de avestruz, ignorando, deliberadamente, os aspectos desfavoráveis de determinado problema.

Esclarecer não é fazer oposição ou repressão ao “trabalho dos paranormais do Recife” e até gostaríamos de saber quais os médiuns prejudicados por pretensos atos de opressão. Aliás, é a primeira vez que somos informados de que esclarecimento é sinônimo de repressão. Na verdade, esclarecer é fazer oposição ao obscurantismo, seja qual for a sua natureza.

Afirma o presidente da F.E.P. que o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas é um “ilustre desconhecido que está se beneficiando da paranormalidade para sobreviver”. No entanto, foi a FEP – e isso um homem íntegro, como o sr. Holmes Vicenzi, não poderá negar – que procurou o “ilustre desconhecido” I.P.P.P., solicitando-lhe assistência científica para o caso Edson Queiroz-Dr. Fritz. E, como já esclarecemos em declarações anteriores, a pesquisa se frustrou, porque a FEP não permitiu que a equipe do I.P.P.P. investigasse cientificamente o fenômeno, mas, sim, segundo as conveniências de “orientações espirituais”.

O I.P.P.P. é membro fundador da Federação Brasileira de Parapsicologia e seu representante oficial no Estado de Pernambuco. Participou do II e III Congressos Nacionais de Parapsicologia e Psicotrônica realizados, respectivamente, em 1979 e 1982, no Rio de Janeiro, sob o patrocínio da Associação Brasileira de Parapsicologia. E promove, também, cursos de Parapsicologia e matérias afins, em sua sede provisória, à Rua da Concórdia, 372, sala 47, endereço que o sr. Holmes Vicenzi conhece muito bem, porque ali esteve, por duas vezes, com outros membros da diretoria da FEP com o propósito de discutir as bases de um acordo científico para a pesquisa do seu médium Edson Queiroz. Nós é que desconhecemos porque o sr. Holmes Vicenzi afirma que o I.P.P.P. é um “ilustre desconhecido”, pois seria uma insensatez confiar a uma instituição desconhecida a responsabilidade de uma pesquisa científica de tal envergadura. Diz, ainda, o presidente da FEP que “cada vez que um fenômeno ocorre no Recife, o sr. Walter Rosa Borges põe seu nariz como se fosse a única autoridade científica para definir o que é ou não paranormalidade”. Mas, isso é o obvio. Qual o pesquisador que não põe o seu nariz para investigar um fenômeno na área de sua especialidade?

No entanto, toda vez que metemos o nosso nariz em assuntos dessa natureza, assim o fizemos porque fomos previamente consultados para opinar a respeito, ou porque fomos convidados a pesquisar um dado fenômeno à primeira vista paranormal.

Num ponto, contudo, estamos de pleno acordo com o sr. Holmes Vicenzi: não somos “a única autoridade científica para definir o que é e o que não é paranormalidade”. Assim, se conforme assegurou o sr. Holmes Vicenzi, Dr. Hernani Guimarães Andrade, um dos mais competentes parapsicólogos do Brasil, atestou a autenticidade dos fenômenos paranormais do Dr. Edson Queiroz, só nos cabe felicitar a FEP pela autoridade desse testemunho.

Agora, porém, de maneira impetuosa e extravagante, o presidente da FEP nos convida publicamente a dar uma prova de coragem, avaliando os fenômenos de seu médium Edson Queiroz, o qual, com o seu idealismo e bondade, jamais nos demonstrou a mínima repulsa à investigação de suas aptidões paranormais. Esqueceu-se, no seu arroubo, o sr. Holmes Vicenzi que já tivemos oportunidade ou, no seu dizer, a coragem – de assistir, por duas vezes, no Recife e em Salvador, a tais fenômenos, porém na condição de convidado e não na de pesquisador, o que nos impossibilita de opinar sobre o mérito da questão, como já o dissemos, anteriormente, em declarações prestadas ao DIÁRIO DE PERNAMBUCO.

Declinamos, por isso, de aceitar esse convite estapafúrdio e simples repto com finalidade publicitária, pois a pesquisa científica não é exibição pública, nem improvisação, nem observação superficial de fenômenos, principalmente em ambientes de intensa emoção religiosa, sob o impacto de filmagens e entrevistas. Se é esse o tipo de pesquisa que a FEP nos pretende ensinar, não estamos nem um pouquinho interessados em aprendê-la”.

 

OBS, Essa acirrada polêmica, no entanto, não afetou a amizade entre eu, Holmes Vicenzi e Edson Queiroz.

 

Roberto Motta, em artigo publicado no Diário de Pernambuco, 16 de abril, lamentou que as curas do “Dr. Fritz”, através do médium Edson Queiroz, não pudessem ter sido comprovadas pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – I.P.P.P. Porque, disse ele: “Meu amigo Valter da Rosa Borges, homem cultíssimo, uma das, talvez a maior autoridade brasileira no campo da Parapsicologia, declara que não teve condições de verificar cientificamente a autenticidade do fenômeno”.

 

Em 18 de setembro de 1983, o Diário de Pernambuco realizou comigo uma nova entrevista sobre a fenomenologia paranormal e o fascínio que exerce sobre as pessoas. No final da entrevista, fiz a seguinte advertência:

“Infelizmente, o campo da fenomenologia parapsicológica se encontra poluído pela presença de fascinadores e fascinados. A credulidade fácil, o pensamento mágico, o desespero existencial, as enfermidades de difícil terapêutica, a perda de entes queridos, a necessidade emocional da certeza da sobrevivência, a ânsia pelo transcendental têm aprisionado inúmeras pessoas na teia sedutora do maravilhoso, tornando-as em vítimas indefesas nas garras dos trapalhões ou dos espertalhões da paranormalidade. O maravilhoso provoca no homem uma atitude ambivalente de medo e atração. E não é gratuitamente que os prodígios da prestidigitação deslumbram os espectadores, os quais, numa euforia lúdica, acumpliciam-se inconscientemente com o mágico para gozar as delícias de um engodo consentido.

De maneira idêntica, certos fenômenos, aparentemente paranormais, podem desencadear, em pessoas sugestionáveis e de reduzido senso crítico, um insopitável desejo de auto fascinação, como espécie de sedativo contra as angústias e as agressões da realidade cotidiana. O fantástico, assim, transforma-se em singular psicotrópico, cujo maior perigo consiste em provocar dependência nas pessoas que dele se utilizam como recurso eletivo de sedação dos conflitos emocionais. ”

 

Participei da Mesa Redonda “Paciente Terminal em Geriatria” – Aspectos Transcendentais, no II Simpósio de Geriatria e Gerontologia, promovido pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Seção de Pernambuco, e Sociedade de Medicina de Pernambuco, realizado no Recife, de 8 a 10 de novembro.

 

Palestra sobre Parapsicologia no II Simpósio Pernambucano de Psicologia e Saúde Mental, no Centro de Convenções de Pernambuco, de 15 a 18 de setembro.

 

Sob o título ROSA BORGES: TÉCNICA PODERÁ UTILIZAR A PARAPSICOLOGIA. É A REVOLUÇÃO DA MENTE, o Jornal Universitário, da Universidade Federal de Pernambuco, na sua edição Maio/junho de 1983, fez comigo a seguinte entrevista.

 

Você acredita que a Parapsicologia venha a se constituir numa ciên­cia autônoma, capaz de resolver problemas cotidianos, do terra-a-terra, inclusive no campo da tecnologia? Para o professor e parapsicólogo pernambucano Walter Rosa Borges, tal hipótese é viável, poden­do inclusive, haver o emprego dessa energia no campo da tecnologia, culminando com a revolução da men­te”, conforme tese de sua autoria apresentada em congresso nacional de Parapsicologia realizado ano pas­sado no Rio de Janeiro. Houve a melhor acolhida, principalmente entre os especialistas do sul e centro sul do Brasil, onde já existem estu­dos e pesquisas avançados dessa no­va disciplina.

O prof. Walter Rosa Borges é promotor público em Pernambuco, ensina Direito Civil na Universidade Católica, fundador e diretor cientí­fico do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, membro das Academia Pernambucana de Ciências, Academia de Letras e Ar­tes do Nordeste e das Associações Brasileira de Parapsicologia e Bra­sileira de Jornalistas e Escritores Es­píritas. É autor do livro, esgotado, “Introdução ao Paranormal”, e con­cluiu recentemente outro trabalho, a ser publicado, no qual aprofunda suas pesquisas e observações dos fenômenos paranormais.

 

Disciplina

 

Ele afirma, com base em fatos e na realidade, que a Parapsicologia se vem afirmando como ciência autô­noma, ampliando o seu campo de pesquisa, invadindo novas áreas do conhecimento e transformando-se, assim, numa ciência interdisciplinar. Ela já não pode ser assimilada pela psicologia ou por qualquer outra ciência – a física, a biologia, etc. -, mas, ao contrário, procura valer-se dos subsídios das demais ciências para investigar, em maior profun­didade, a complexidade da fenomenologia paranormal.

O parapsicólogo, no entender de prof. Rosa Borges, por força dessa interdisciplinaridade, deve ser dota­do de sólida cultura geral para movimentar-se, com segurança, no es­tudo e na pesquisa desses fenômenos incomuns e principalmente esquivos a um sistemático controle experimental.

No ensaio que apresentou no Rio, após o que foi aplaudido de pé, Walter Rosa Borges faz um su­mário das relações entre a Parapsicologia e as demais disciplinas do conhecimento humano, apresentando sugestões para um intercâmbio recíproco de informações e pesquisas nas áreas de interesse comum a todas elas, assim como fornecer subsídios para a aplicação pratica da faculdade paranormal.

Demonstra, com muita seguran­ça, as relações com a Biologia, sub­linhando, entre outros pontos:

“Certos fenômenos paranormais revelam que a mente humana, usan­do as energias orgânicas exterioriza­das, é capaz de criar formas viven­tes, conquanto momentâneas, pro­duzindo uma réplica do corpo hu­mano com todas as aparências de uma pessoa viva, com inteligência autônoma, ou, ainda, um simulacro de corpos de animais.

Esses misteriosos fenômenos de ideoplastia ou materialização de­monstram, cabalmente, que uma ideia pode objetivar-se, apresentan­do uma aparente atividade biológi­ca, em que pese a transitoriedade e singularidade de sua existência. Comprovam, assim, que a mente humana pode manipular a matéria viva, dissolvendo parte do organis­mo do médium sob forma de uma substância indiferenciada – o ectoplasma – e, com essa “argila psíqui­ca” (na feliz expressão de Gustavo Geley), construir novas formas de vida, de duração efémera. As cria­ções ectoplásmicas fazem lembrar, por analogia, o processo da meta­morfose, onde a cabine mediúnica se assemelha ao casulo, dentro da qual, isolado e na escuridão, jaz o médium adormecido, em processo de desagregação de suas forças or­gânicas”.

Depois de outros tópicos não menos interessantes, e muito bem fundamentados, nas relações da Parapsicologia e a Biologia, Rosa Borges demonstra igualmente tais aproximações com a Medicina, a Genética, a Zoologia, a Botânica, a Física, a Química, a Eletrônica, a Geologia, a Geografia, a História, a Antropologia, a Sociologia, o Direi­to, a Educação, a Filologia, a Psico­logia, a Psicanálise, a Psiquiatria, a Filosofia, a Religião, as Artes e a Literatura, e, por último com a Tecnologia.

 

Aplicação pratica

 

Admite que a tecnologia pode utilizar-se da Parapsicologia, ou se­ja, que esta ciência desenvolva a sua própria tecnologia – a tecnologia psi -, mediante utilização das fa­culdades paranormais para finali­dades pragmáticas. Seriam atividades desenvolvidas por médiuns que possuam relativo controle sobre suas faculdades.

 

Defende:

 

1) A utilização da precognição como instrumento de pros­pecção cognitiva do futuro, aliado ao conjunto das previsões de natu­reza estritamente racionais, am­pliando, assim, o conhecimento de acontecimentos possíveis ou prová­veis e interessando, notadamente, o mundo da política e dos negócios, o que permitirá a adoção de medidas de mais largo alcance e efetividade para o controle dos fatos. Basta lembrar que, em 1967, o Dr. J.C. Barker, psiquiatra, fundou, em Lon­dres, o British Premonitions Bureau, o primeiro centro receptor de avisos sobre pessoas e comunidades amea­çadas.

2) A utilização da clarividência para a descoberta de pessoas desa­parecidas  e elucidação de  crimes misteriosos, assim como para a ob­servação de acontecimentos, locais e pessoas à distância. Em 1919, os tchecos empregaram, com êxito, a clarividência na luta contra os hún­garos. O mesmo fez o notável mé­dium Stepan Ossowieck, na segunda guerra mundial, na defesa de seu país, a Polônia, contra a Alemanha, tendo sido, em 1940, trucidado pelos nazistas. Os militares tchecos, em 1925, publicaram um manual sobre PES, para o exército, intitu­lado “Clarividência, Hipnotismo e Magnetismo”, de autoria de Karel Hejbalflc.

3) A utilização da clarividência psicométrica para as pesquisas his­tóricas, arqueológicas e paleontológicas.

4) A utilização da clarividência endoscópica como sucedâneo, em cir­cunstâncias especiais, do raio X, da tomografia e ultrassonografia.

5)  A utilização da projeção da consciência para observação de si­tuações especiais, onde não seja possível ou recomendável a presen­ça física de observador humano.

6) A utilização da telepatia para comunicações de emergência, quan­do impossível o emprego dos veícu­los tradicionais de comunicação. A experiência telepática realizada pelo astronauta Edgar Michell, na capsu­la espacial Apoio XIV, e o médium sueco Olof Jonsson, justifica, plena­mente, essa expectativa.

7) A utilização da telepatia nas di­ficuldades eventuais de tradução Inter linguística. O médium Dadashev demonstrou, em 1973, que a tele­patia pode romper a barreira idio­mática que separa as pessoas.

8) A utilização da telergia, sob su­pervisão médica, no tratamento convencional, como eventual auxi­liar e terapêutico.

9) A utilização da telergia como recurso tecnológico suplementar de ação sobre o universo material, com o emprego de extensões telérgicas ou ectoplásmicas na substituição eventual de autómatos, ou em situa­ções especiais de emergência, para a manipulação de  objetos e acionamento de mecanismos à distâncias.

10) A utilização da telergia na agricultura, com sucedâneo de fer­tilizantes artificiais, para acelerar o processo germinativo e assegurar o êxito das safras.

11) A utilização da faculdade de psi-kapa para produzir a combustão de materiais de qualquer natureza, ou provocar reações químicas espe­ciais, fazer funcionar ou parar siste­mas mecânicos, promover o trans­porte de objetos de um local para outro, seja através do nosso espaço tridimensional, seja através do que se convencionou chamar de hiperespaço e outras tantas atividades que a experimentação parapsicológica possa demonstrar possíveis”.

 

O jornalista espírita Nazareno Tourinho, no seu livro Edson Queiroz, o Novo Arigó dos Espíritos (Edições Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, SP, 1983) noticiou o encontro que teve comigo, na cidade de Salvador, Bahia, por ocasião do VIII Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas (de 17 a 21 de abril de 1982), quando presenciávamos as cirurgias praticadas por Edson Queiroz, “incorporando” o Dr. Fritz.

 

A convite da Universidade Católica de Pernambuco, ministrei Curso Básico de Parapsicologia, no período de 10 a 29 de julho de 1983, no 6º Festival de Inverno da UNICAP.

 

Dei início aos cursos paralelos no IPPP: a) Parapsicologia e física; b) Filosofia e religião; c) Fenomenologia religiosa; d) Parapsicologia e hipnose; e) Parapsicologia e medicina; f) Parapsicologia e espiritismo; g) Parapsicologia e religião; h) Introdução ao pensamento grego; i) Meditação; j) Introdução à mitologia grega.

 

Palestras no I.P.P.P.:

4 de fevereiro – Sexo a paranormalidade.

5 de agosto – Epistemologia parapsicológica.

 

O novo Presidente Geraldo Fonseca Lima deu continuidade a programação da Academia Pernambucana de Ciências com as sessões culturais, que passaram, então, a realizar-se no Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas até o ano de 1988. Na sua gestão, foram empossados os acadêmicos Antônio Cesário de Melo, José Arraes Primo, Marília Fragoso Medeiros e Vasques, Murilo Ramos Pinto, Rilton Rodrigues da Silva e Waldecy Fernandes Pinto, em solenidade que ocorreu no dia 12 de janeiro de 1983, no auditório do Teatro Valdemar de Oliveira, na rua Oswaldo Cruz, bairro da Boa Vista.

 

 

Formatura de minha filha Luci em Biologia pela Faculdade Frassinetti do Recife – FAFIRE.

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