1952

Passei a estudar no Colégio Padre Félix.

 

O Jornal Pequeno, na sua edição de 27 de de­zembro, publicou uma reportagem sobre o GCJN, onde lastimava que uma instituição como aquela permanecesse no ostracismo e no anonimato. E enfati­zou: “Autêntico celeiro de escritores o Grêmio Cultural Joaquim Nabuco”.

 

Já me preocupava com a questão da morte.

Por que temer a morte que te espera?
Não é natural que morras? Portanto,
Por que manchar nas águas de teu pranto
O teu lindo rosal de Primavera?!

Tem paciência! A vida é uma Quimera,
U’a miragem de infinito encanto,
Treda, falaz, mas que também, no entanto,
Traz-nos, às vezes, afeição sincera.

És moço ainda! A mocidade vibra!
Distende o coração fibra por fibra
A soluçar uma canção de amor.

Esquece as mágoas que o porvir te espera,
E despetala nesta primavera
As lindas rosas do teu sonho em flor.

E mais este soneto:

Por que temer a morte que te espera?
Não é natural que morras? Portanto,
Por que manchar nas águas de teu pranto
O teu lindo rosal de Primavera?!

Tem paciência! A vida é uma Quimera,
U’a miragem de infinito encanto,
Treda, falaz, mas que também, no entanto,
Traz-nos, às vezes, afeição sincera.

És moço ainda! A mocidade vibra!
Distende o coração fibra por fibra
A soluçar uma canção de amor.

Esquece as mágoas que o porvir te espera,
E despetala nesta primavera
As lindas rosas do teu sonho em flor.

 

E, mais outro soneto:

O homem vive, ama, também sofre, um dia,
Eis que a morte lhe embargando os passos,
O arrebata, impiedosa, nos seus braços,
Priva-lhe a vida calma em que vivia.

Morre. Desfaz-se sob a terra fria
O corpo seu no terrenal regaço.
Tempos depois, sob o azulado espaço,
Nasce uma planta onde uma campa havia.

É u’a ressurreição. A planta cresce,
Alimentada pela seiva humana
Que sob a terra, aos poucos, apodrece.

Homem! Não chores teu final na lousa.
Antes te orgulha de na morte insana
Servires sempre para alguma coisa.

Começaram as minhas preocupações sobre Deus:

 CONTRIÇÃO

Perdoai-me, Senhor, se eu ansioso busco
A luz que ao longe cintilar prevejo.
Quanto mais vivo ainda mais desejo
Achar-vos antes do meu lusco-fusco.

Amparai-me, Senhor, se, incréu, fraquejo,
Também perdoai-me se, num gesto brusco,
Os raios puros da Razão ofusco,
E contra Vós, tão justo e bom, trovejo.

Vêde, Senhor, só basta ser humano
Para se errar; e pela vida inteira
Viver eternamente deste engano.

Errei, confesso, mas não sei se é crime
Tentar romper das trevas a barreira
E achar em Vós a luz que me redime.

 

 

No Carnaval deste ano, na sede da Associação dos Ex-Alunos da Escola Rui Barbosa, conheci Selma e começamos a namorar. Então, escrevi alguns sonetos para ela, o que nunca fizera para outras namoradas.

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