No seu Número V, Ano II, de março de 1955, o jornal “Evolução” noticiou o I Congresso de Jornalismo Estudantil, realizado no Recife, de 27 a 31 de janeiro, tendo como Presidente de Honra o Prof. Aderbal Jurema, Secretário de Educação e Cultura, e reunindo estudantes de vários Estados do Brasil. A Comissão Organizadora do Congresso foi constituída por Luiz Tojal, Valter da Rosa Borges, Luiz Mendonça, Wilton de Souza, Evaldo Lins e Jarbas de Holanda.
No seu Número VI, Ano II, de abril de 1955, o jornal “Evolução” criou o seu suplemento artístico, com as seções de artes plásticas, cinema, teatro e bailado, com a direção de Wilton de Souza e Luiz Mendonça, com a supervisão de Jarbas de Holanda. Noticiou o apoio que o
GCJN deu ao II Congresso dos Secundaristas e a fundação, no ano anterior, da primeira academia literária do interior, a “Academia dos Novos”, no município de Limoeiro. Esta Academia promoveu o “Prêmio Literário Austro Costa”, para prosa e poesia, no valor de Cr$ 1.000,00. A Comissão Julgadora foi constituída pela nova geração literária da província: Carlos Pena Filho, José Gonçalves de Oliveira, Edmir Regis, Marcos Aurélio e Evaldo Cabral de Melo.
No seu Número VII, Ano II, maio de 1955, o jornal “Evolução” deu amplo destaque a vitoriosa temporada do Teatro de Amadores de Pernambuco – TAP – ao Sul do país. Noticiou, ainda, a criação do “Cine Clube Joaquim Nabuco”, sob a direção de Djalma Braga.
No seu Número VIII, Ano II, o Jornal “Evolução” agradeceu o apoio dado a este periódico pelo Dr. Reinaldo Câmara, Diretor do D.D.C., pelo jornalista Luis Teixeira e pelo Jornal do Commercio e deu destaque à candidatura de Mauro Mota à Academia Pernambucana de Letras para ocupar a vaga do falecido escritor Celso Vieira. Também registrou a eleição, por unanimidade, do jornalista e escritor Nilo Pereira para a Academia de Letras do Rio Grande do Norte e do historiador Amaro Quintas, Diretor do Colégio Estadual de Pernambuco, como sócio do Instituto de Coimbra, por indicação do Dr. Joaquim Carvalho, professor de Filosofia da Universidade de Coimbra.
No seu Número IX, Ano II, agosto de 1955, o jornal “Evolução” noticiou a temporada de Bibi Ferreira no Recife, o lançamento do livro “Versos da Juventude” do teatrólogo Hermógenes Viana, membro da Academia Pernambucana de Letras e publicou um poema de Olímpio Bonald, além de um artigo de Augusto Boudoux. E destacou, ainda, a palestra, realizada no dia 7 de julho, pelo teatrólogo Joracy Camargo, na Associação Pernambucana dos Servidores do Estado, sobre o poeta e escritor Artur de Azevedo. Noticiou ainda a candidatura à Câmara Municipal do Recife do poeta Paulo Matos, autor de “Sombras do meu Oásis” e o êxito das conferências de Huberto Rohden em sua segunda vinda ao Recife. E registrou também o lançamento do livro “O Lobishomem da Porteira Velha”, do poeta e folclorista Jaime Griz e de “Versos da Juventude”, do teatrólogo Hermógenes Viana, membro da Academia Pernambucana de Letras. Eu e Jaime Griz tornamo-nos amigos e, vez por outra, ia a sua casa na Praça do Hipódromo, para conversarmos sobre literatura. Também naquela praça moravam os poetas Ascenço Ferreira e Evangelina Maia Cavalcanti.
No seu Número XI, Ano II, outubro de 1955, o jornal “Evolução” comentou a presença do filósofo Pietro Ubaldi no Recife, com palestras realizadas, na segunda semana do mês de setembro, no Gabinete Português de Leitura e na Casa dos Espíritas de Pernambuco. Destacou o Curso de Literatura Brasileira, ministrado pelo escritor, professor e crítico literário Moacir de Albuquerque, realizado na Faculdade de Ciências Econômicas.
No seu Número XI, Ano II, outubro de 1955, o jornal “Evolução” comentou a presença do filósofo Pietro Ubaldi no Recife, com palestras realizadas, na segunda semana do mês de setembro, no Gabinete Português de Leitura e na Casa dos Espíritas de Pernambuco. Destacou o Curso de Literatura Brasileira, ministrado pelo escritor, professor e crítico literário Moacir de Albuquerque, realizado na Faculdade de Ciências Econômicas.
No seu Número XII, Ano II, dezembro de 1955, o jornal “Evolução” realizou uma entrevista com o romancista Osman Lins, vencedor do Prêmio Fábio Prado de 1954. Ressaltou o êxito do livro “Minha Formação no Recife”, do escritor Gilberto Amado, noticiando, ainda, a apresentação dos “Arquivos Implacáveis” de João Condé, pelo próprio, na TV Tupi do Rio.
No seu Número XIII, Ano III, fevereiro de 1955, o jornal “Evolução” entrevistou o escritor Olívio Montenegro.
O Suplemento do Jornal “Evolução”, em forma de tabloide, apresentava artigos e notícias sobre artes plásticas, cinema, teatro e bailado. A temporada de Bibi Ferreira e sua Companhia de Comédias, os sucessos do Teatro de Amadores de Pernambuco, a temporada da Companhia de Dulcina, a fundação do Clube de Teatro de Pernambuco, o destaque para artistas como Clênio Wanderley, Diná Rosa Borges, Geninha Rosa Borges, Alfredo de Oliveira, Luiz Mendonça, Abelardo da Hora, Wellington Virgolino, lonaldo de Andrade e escritores como Waldemar de Oliveira, José Carlos Cavalcanti Borges, Isaac Gondim Filho, Joel Pontes, Aristóteles Soares entre outros.
Fausto Nogueira, Justo de Carvalho, Wilton de Souza, Carlos Canuto, José da Silva (pseudônimo de Wellington Virgolino), Mário Boavista e Luiz Mendonça eram colaboradores do Suplemento.
O jornal “Evolução” era vendido nas bancas de revistas e, em nossos passeios pela avenida Guararapes, nos orgulhávamos de vê-lo exposto ao lado do famoso “Jornal de Letras”, do Rio de Janeiro.
O escritor e jornalista Luiz do Nascimento, no seu livro “História da Imprensa de Pernambuco” (volume X, 1997, Editora Universitária, UFPE, pags. 485/487) teceu os seguintes comentários sobre os dois jornais do GCJN:
“O LITERATO – Órgão do Grêmio Cultural Joaquim Nabuco – Publicou-se “em caráter interino”, morrendo “na primeira edição”. Precedeu a Evolução conforme noticiário de sua edição de estreia.EVOLUÇÃO – Órgão oficial do Grêmio Cultural Joaquim Nabuco – Publicou-se, pela primeira vez, em outubro de 1953, no formato de 48×32, com seis páginas a seis colunas de composição, Diretor Geral – Tibério Rocha; diretor-comercial – João Antônio de Vasconcelos; redatores – Valter da Rosa Borges, Abílio Gomes e Valter José Dantas. Assinaturas: ano Cr$ 15,00; semestre Cr$ 8,00 Número avulso Cr$ 2,00; atrasado Cr$ 3,00. Redação à rua Imperial, 415 e trabalho gráfico da oficina do Jornal do Commercio.
Consoante o editorial “Clássica apresentação”, destinava-se a “realizar o mais árduo e dignificante trabalho de divulgação da cultura” nos meios onde conseguisse penetrar, pautando sua orientação “pelos princípios do patriotismo”.
Segundo me informou Wilton de Souza, Luiz do Nascimento possuía vários exemplares do jornal “Evolução” inclusive o exemplar único de “O Literato”.
Em menor dimensão, outras instituições literárias também faziam publicações.
O Grêmio Cultural Duque de Caxias editava um periódico, intitulado “A Flama” e a União Estudantil Castro Alves, “O Albatroz”.
Apesar de ser um jornal cultural, de restrita circulação e dirigido por jovens, o “Evolução” conquistou a simpatia de pessoas físicas e jurídicas, as quais garantiram as suas edições.
Evangelina Maia Cavalcanti publicou seu livro de poesias Salpicos Mozarteanos onde homenageou os intelectuais da época quase oitenta intelectuais da época, desde os mais velhos aos mais jovens, entre eles Tenório Cerqueira, Mariano Lemos, Felisberto dos Santos Pereira, (pai de meu amigo, Rui dos Santos Pereira), Luiz do Nascimento, Mário Melo, Baltazar da Câmara, Jaime Griz, Paulo Matos, Adeth Leite, Isnard de Moura, Eustórgio Wanderley, José do Patrocínio Oliveira, Cesário Melo, Paulino de Andrade Mário Nunes, Oscar Brandão, José Quintino (tio de Jarbas de Holanda Pereira e assíduo frequentador do Grêmio Cultural Joaquim Nabuco, Elísio da Silveira Basto, Mauro Mota, Ascenso Ferreira e Seve Leite, inclusive eu, o caçula dos homenageados.
A partir desta época passei a frequentar as reuniões literárias na residência de Evangelina Maia Cavalcanti, localizada na Praça do Hipódromo, onde também moravam poetas famosos como Ascenço Ferreira e Jaime Griz.
O cronista Augusto Bordoux, na sua coluna “A Crônica dos Livros” da Folha da Manhã, edição vespertina, de 27 de abril de 1955, sob o título “Os Brinquedos”, escreveu o seguinte:
“O livro de estreia do jovem Valter da Rosa Borges, lançado no ano passado pelo “Grêmio Cultural Joaquim Nabuco” foi bastante aceito em nossos meios literários. É um livro composto de poesias formadas d’alma do poeta. Um livro possuidor de raros exemplos das poesias pernambucanas. Apresenta o poeta, em sua infância, na idade da puberdade e na adolescência. As poesias do Valter da Rosa Borges têm um colorido diferente, humano como os sonetos do inesquecível Augusto dos Anjos. As três diferentes classificações que citei há pouco são inconfundíveis – na infância vemos o poema: “Tá quente ou frio?”
Tá quente ou frio?
E Maria respondia -Tá quente”
E eu achava o que ela escondia de repente.
Era boa a brincadeira do meu tempo de menino.
Mas o destino quis brincar de outra maneira.
E escondeu a felicidade, bem escondida, num lugar ignorado
da minha vida.
– Tá quente ou frio?
No entanto,
por mais que assim procure
por tantos anos a fio
escuto sempre o Destino a responder-me implacável:
Tá frio!
Sonetos, sonetos bem lembrados de um passado. O jovem Valter procurou conquistar a arte expandindo seus pensamentos, procurando apresentar o que sentiu de sua vida, desde pequenino até nesses dias de adolescência. No soneto “Os brinquedos”, o poeta traduz perfeitamente o livro que compôs. É uma poesia clara e modesta:
“- E me fiz fabricante de brinquedos…
Então usei as tintas coloridas
Das emoções talvez desconhecidas,
Dando aparência e cor aos meus segredos.
Depois eu fabriquei bonecos raros,
Vestidos das mais lindas fantasias,
Bordados de ilusões, bonecos caros,
Feitos na fôrma dos felizes dias.
Também fiz uns brinquedos esquisitos,
Outros feios até, sem forma e cor,
Feitos dos meus mais íntimos conflitos.
E embebido que fui nestes folguedos,
Convenci-me, por fim, que era inventor
E me fiz fabricante de brinquedos. ”
Nestes dois sonetos que apresento nestas colunas podemos apreciar o valor literário deste jovem poeta. O livro “Os Brinquedos” é o início da carreira de um dos futuros grandes poetas de nossa metrópole.”
No II Salão de Poesias patrocinado pela Associação dos Ex-Alunos da Escola Rui Barbosa, cuja comissão julgadora foi constituída pelos escritores Milton Souto, Paulo Matos, Jaime Griz e Isnar de Moura, fui premiado, mais uma vez, no segundo lugar com o soneto “A Caçada”.
A trompa da saudade, bem distante,
Ecoou na floresta da memória.
Era um gemido triste de vitória,
Num grito de derrota, delirante.
A caçada, afinal!… naquele instante
Havia no ar uma visão de glória.
A caçada, afinal!… louca e vibrante…
Ao tempo que fugiu da minha história.
Tropel dos dias… Galopar dos anos…
Sonhos, tristezas, frágeis alegrias,
Juntos no pó dos mesmos desenganos.
E ao longe… ao longe… num gemer plangente,
A soluçar por entre as ramarias,
A trompa da saudade, eternamente…
Ao evento concorreram os poetas Everaldo de Holanda (primeiro lugar), José Aurélio de Farias, José Quintino Muniz Pereira, Ivan Lima, e Raimundo dos Santos.
Estudei no Cursinho Torres, do famoso professor Manoel Torres, e que era dirigido ao vestibular de Direito. Para minha satisfação e alegria, passei em sexto lugar, no vestibular e ingressei na Faculdade de Direito do Recife, hoje Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco.
Manoel Torres foi a minha casa, acompanhado de vários dos seus alunos, comunicar-me a minha aprovação no vestibular da Faculdade, num tumulto de alegria incontida. Fui convidado a acompanhar os aprovados para uma comemoração em um bar localizado na estação rodoviário. E intimado a levar meu violão para a farra que se prolongou por muitas horas.
O Curso Torres era respeitadíssimo por seu alto grau de aprovação nos vestibulares para a Faculdade de Direito.
Na Faculdade de Direito, fui aluno de grandes mestres como os professores Lourival Villanova, Everaldo da Cunha Luna, Pinto Ferreira, Soriano Neto, Olívio Montenegro, Aníbal Fernandes e Luiz Delgado, entre outros. Tive a satisfação de manter uma sólida amizade com os dois primeiros mestres.
Meu noivado com Selma aconteceu, na presença de seu irmão Amaro, com as formalidades de praxe. Ela foi apresentada a meus irmãos João Olímpio, Fernando e Hilda, que passaram a tratá-la como se fosse uma filha.
Reunião no Grêmio Cultural Joaquim Nabuco.