1982

A convite da Universidade Católica de Pernambuco, ministrei Cursos Básicos de Parapsicologia no 5º Festival de Inverno, de 12 a 30 de julho de 1982.

 

Iniciei, no dia 3 de setembro, no IPPP, uma série de palestras, debates e mesas redondas, franqueadas ao público, sobre temas, não apenas ligados à Parapsicologia, mas também de outras ciências, da filosofia e da religião, com a participação dos sócios e convidados. Essas reuniões terminaram em 22 de setembro de 1986.

Realizei três palestras “Indicadores da sobrevivência” em 3 de setembro, 1 de outubro e 5 de novembro.

Em 27 de fevereiro de 1982, resolvi encerrar definitivamente O Grande Júri, tendo em vista os obstáculos criados para a sua continuidade pela Direção da TV Universitária Canal 11.

Este fato levou o escritor José Rafael de Menezes a publicar um artigo no Diário de Pernambuco, de 25 de maio de 1982, externando a sua revolta pelo término de O Grande Júri.

 

Por muitos anos a televisão Universitária (TVU, ca­nal 11) viveu do Grande Júri. Por duas décadas talvez, desde a inauguração… Se outro programa ali se impôs, com boa audiência, nenhum teve percurso tão longo, fez história cultural, bem de acordo os objetivos da emissora. Para assim se sustentar, em qualificação e em pontuali­dade, para repercutir e durar, pre­cisou O Grande Júri, da energia or­ganizada e do prestígio social de Valter da Rosa Borges, para­psicólogo e ensaísta, e em ade­quada profissão extensionada para a TVU, Promotor Público.

Por razões que desconhece­mos o programa famoso saiu do ar. A fase administrativa da Televi­são Universitária, conduzia as me­lhores credenciais para ela se con­vocando uma personalidade sim­pática e atualizada, de um po­deroso e experimentado homem plural, o Prof. Humberto de Vas­concelos. Como então nesse momento bom, de acerto reitoral pela nomeação, vem a extinguir-se O Grande Júri?

A TVU esteve a zero de au­diência. Se os critérios econômicos de crescimento zero valessem em comunicação, diríamos que alguns meses atrás estava cinco ou dez para menos, embora nunca tenha estado cinco ou dez para mais… A não ser quando no ar O Grande Júri. Então sim obtinha-se um rendimento audiovisual próximo das outras emissoras, nos anos de sessenta e começos de setenta, quando eram quatro as ativadas e competidas.

De queda em queda da TVU, O Grande Júri ressentiu-se; se nin­guém deslocava o botão para a faixa do 11, ficava-se sem saber o dia do programa, pois em meio as irregularidades dos últimos anos – cinco ou seis péssimos – a mu­dança dos horários da programação sem sucesso. E assim se comprometia O Grande Júri.

E, no entanto, o produtor resis­tiu, como nos difíceis anos de 70, então sim vigiado, inspirando desconfianças, por colocar temas deli­cados e convidar pessoas altivas e independentes, para os depoimentos e os argumentos, para o opinar e o julgar, no largo tempo de duas horas. Cientistas, como Bezerra Coutinho e Nelson Chaves, homens de letras, na versatilidade de estetas e historiadores, a Waldemar de Oliveira, a Orlando Parahym, a Nilo Pereira se tor­naram assíduos. Um Berguedoff Eliott, eloquente e atualizado mais de uma vez deslocou-se de seus hábitos caseiros, para a noitada cultural polêmica e bri­lhante. Os talentos em carreira, de um Nelson Saldanha, de um Ivo Dantas, de um Manoel Correia de Andrade ali anunciaram teses e confirmaram-se intelectuais. Para o povo, porque nas cátedras e nos livros já se faziam mestres. Em recordista presença, o apostolado ecológico de Vasconcelos Sobrinho.

O Grande Júri foi então grande e fez história cultural. Se desaparece, cria um vazio, e pre­cisa haver explicações para esse corte. Estamos como nunca encurralados no vídeo: entre a novela e o futebol, en-videados, coisa assim como vício, tóxico, veneno. E se no momento em que o TRE entrar no ar “obrigatorialmente”, para os cinco Partidos e os seus quinhentos candidatos, estaremos no máximo sufoco luminoso… Era a vez dos arejamentos eruditos e eloquentes do Grande Júri.

 

Sou designado membro da Comissão Julgadora do I Concurso Jurídico Nacional o Ministério Público, promovido pela Confederação Nacional do Ministério Público – CAEMP.

 

Escrevi um artigo intitulado O Curandeiro para a Jornal Universitário, da Universidade Federal de Pernambuco, na sua edição de maio. Publicado no meu livro A MENTE MÁGICA – 2015.

 

Escrevi uma apostila para o Curso Básico de Parapsicologia.

 

O Diário de Pernambuco, de 19 de março de 1982, publicou uma reportagem intitulada Pesquisa investiga a paranormalidade dos pernambucanos, da jornalista Fernanda d’Oliveira sobre as atividades do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas.

 

Você é um paranormal? Há pes­soas que, uma vez na vida, passaram por uma experiência extraordinária e que marcou, profundamente, a sua personalidade. No entanto, em virtude de suas crenças religiosas, por medo do ridículo, ou por outros motivos quaisquer, jamais contaram, até mesmo aos amigos mais íntimos, o que lhes sucedeu. Alguns acharam que tudo não passou de alucinação, de mera coincidência, de produto da ima­ginação excitada. Outras, por sua vez, acreditaram que foram vítimas de um eventual acesso de loucura, passando, então, a temer a repetição de tão insólito fenómeno.

No entanto, há pessoas em que tais acontecimentos fantásticos pas­saram a ser uma rotina, uma parte fa­miliar de sua própria existência. Elas convivem com esses fenômenos, e nem por isso se julgam diferentes dos seus semelhantes. Tais pessoas são denomi­nadas de “médiuns”, e apenas se dis­tinguem dos indivíduos normais por uma espécie de sensibilidade especial de perceber aspectos incomuns e inédi­tos da realidade. O “médium” não é um ser incomum, mas uma pessoa que se familiarizou com o incomum e, por isso, já não se perturba ante a manifes­tação de fenômenos inabituais que se produzem por seu intermédio.

É bom, porém, que se esclareça que o fenômeno paranormal não é de natureza patológica. Ele apenas se constitui a revelação de que o homem é muito mais complexo do que se possa imaginar e que, portanto, possui certas faculdades ainda desconhecidas pela ciência. A verdade é que o grande pú­blico ainda permanece desinformado a respeito da fenomenologia paranormal, e muito pouco sabe a respeito da ciên­cia que tem por objeto e estudo desses fenômenos — a Parapsicologia.

Dos testes às pesquisas

 

Em Pernambuco, a única socie­dade científica que se dedica á pes­quisa parapsicológica é o Instituto Per­nambuco de Pesquisas Psicobiofísicas, fundado no dia 1* de janeiro de 1973, e filiado à Associação Brasileira de Parapsicologia — ABRAP. O I. P. P. P. tem a direção científica do seu funda­dor, o promotor público Valter da Rosa Borges, e é constituído por um grupo selecionado de pesquisadores, entre os quais Aécio Campello de Souza, Ivo Cyro Caruso, Geraldo Fonseca Lima, Selma Rosa Borges, Aderbal Pacheco e Arismar Lobo. O Instituto promove cursos de Parapsicologia, constando de aulas práticas e teóricas, além de cur­sos de meditação cora a finalidade de desenvolver as potencialidades do psi­quismo humano. Na última sexta-feira de cada mês são realizadas palestras públicas, com o propósito de promover a aproximação das pessoas interessa­das no assunto.

O I. P. P. P. realiza testes com pessoas desejosas de averiguar se são portadoras de faculdades paranormais ou “mediúnicas”, e pesquisa os casos que sugerem a emergência de fenôme­nos dessa natureza. Investiga, por­tanto, as ocorrências de “aparições”, ligadas ou não a locais ou casas “mal-assombradas”, ou casos de “obsessões” e “possessões”, assim como os de “lembranças de vidas pretéritas”, e tantos outros fenômenos incomuns, mas que perturbam, física e psiquica­mente, as pessoas porventura neles en­volvidas. E, por fim, o Instituto oferece orientação de apoio terápico nos casos de perturbações decorrentes da emer­gência descontrolada de certos tipos de manifestação paranormal. Semanal­mente, o Instituto realiza, em caráter privado, sessões experimentais de de­senvolvimento psíquico programado, treinando médiuns e pesquisadores na utilização e no controle dos fenômenos parapsicológicos.

A pesquisa do Instituto se reveste, assim, de suma importância para a Parapsicologia no Brasil, principal­mente agora, às vésperas do III Congresso Nacional de Parapsicologia e Psicotrônica, a se realizar no próximo mês de julho, no Rio de Janeiro, e para o qual, mais uma vez, o I.P.P.P. foi convidado a participar, representado por seus diretores, Valter da Rosa Bor­ges e Ivo Cyro Caruso. “Se o leitor qui­ser colaborar nessa pesquisa — ressalta Rosa Borges — basta responder o ques­tionário abaixo, precisando, sempre que possível, o local, ano, mês, dia e hora, como também as circunstâncias em que ocorreram os fenômenos ali descritos, enviando a correspondência para a sede do Instituto, na rua da Concórdia, 372, salas 46 e 47. É possí­vel, leitor, que você seja um paranor­mal, um médium, e ainda não saiba”.

Eis os itens da pesquisa pública para posterior preenchimento:

Nome, idade, profissão e en­dereço.

1) Você é capaz de adivinhar o que uma pessoa vai dizer, antes mesmo que ela fale o que você pensou?
2) Você é capaz de sentir o que se passa com uma pessoa de suas rela­ções, seus pensamentos, seu estado de saúde, suas emoções, mesmo que ela se encontre ausente?

3) Você é capaz de adivinhar o que lhe vai acontecer?

4) Você é capaz de adivinhar o que vai acontecer a outras pessoas?

5) Você é capaz de adivinhar os fa­tos naturais que irão acontecer, tais como terremotos, furacões, erupções vulcânicas, etc?

6) Você já teve sonhos de aconte­cimentos, os quais, depois de algum tempo, se tomaram reais, como se você tivesse sonhado com o futuro?

7) Você, ao menos uma vez, já , teve a forte impressão de que já viveu ” antes?

8) Você, ao menos uma vez, já passou por lugares ou viveu situações que lhe deram a forte impressão de uma experiência repetida

9) Você já foi “tomado” pela per­sonalidade de uma pessoa já falecida, passando a falar, a sentir, enfim, a se comportar como se fosse essa pessoa?

10) Na sua infância, notadamente até aos 7 anos de idade, você  apresentou fenômenos incomuns e que chamavam a atenção de seus pais e fa­miliares?

11) Você já viu alguma “apari­ção”, seja de pessoa morta ou seja de pessoa viva e ausente?
12) Você já se viu “como se” esti­vesse fora do seu corpo? Como se a sua consciência estivesse em outro corpo, em quase tudo semelhante ao corpo físico?

13) Você é capaz de, mesmo in­voluntariamente, exercer uma ação fi­sicamente inexplicável sobre seres vi­vos, afetando a saúde das pessoas, fa­zendo adoecer animais domésticos ou destruindo a vitalidade das plantas, murchando-as, como se possuísse uma “força”, popularmente conhecida pelo nome de “mau olhado”?

14) Você é capaz de, ao menos aparentemente, curar pessoas e até animais, utilizando-se de meios não con­vencionais, como aplicação de “pas­ses” ou recitação de “reza forte”?

15) Você é capaz de, psiquica­mente, mover objetos ou deformá-los?

 

Participei em Salvador, Bahia, do VIII Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas, de 17 a 21 de abril, que reuniu os nomes mais expressivos do movimento espírita, como Divaldo Pereira Franco, Wilson Garcia, Holmes Vicenzi, (Presidente da Federação Espírita de Pernambuco) Deolindo Amorim, Américo de Souza Borges, Wilson Garcia e Ildefonso do Espírito Santo (Presidente da Federação Espírita da Bahia), entre outros.

O evento reuniu 500 pessoas de 22 estados brasileiros, discutindo teses, desenvolvendo painéis, mesas redondas e cursos específicos sobre jornalismo espírita, rádio, televisão e oratória.

Neste ano, o médium espírita Edson Queiroz, acompanhado do então Presidente da Federação Espírita de Pernambuco, Holmes Vicenzi, compareceu a minha residência para solicitar que o I.P.P.P. investigasse as curas do “Dr. Fritz”.

Inicialmente lhe sugeri que fizesse um Curso Básico de Parapsicologia no Instituto, como de fato aconteceu.

Nos dias 19 e 21 de junho desse mesmo ano, reuniram-se, na sede da Federação Espírita de Pernambuco, na Avenida João de Barros, bairro do Espinheiro, os diretores do I.P.P.P. e daquela instituição espírita, contando ainda com a participação do parapsicólogo Pedro McGregor, radicado nos Estados Unidos, e na ocasião foi concluído um acordo para a investigação do médium Edson Queiroz, quando estivesse agindo sob a influência do Espírito “Dr. Fritz”. Dias depois, uma nova reunião sobre o mesmo assunto se realizou na sede do I.P.P.P.

Designei Geraldo Fonseca Lima, médico-cirurgião, para dirigir e coordenar as pesquisas das curas do “Dr. Fritz”, na conformidade do roteiro metodológico científico proposto pelo I.P.P.P. A Federação Espírita Pernambucana, porém, não concordou com o projeto de investigação científica, alegando que ao “Dr. Fritz” caberia a orientação da pesquisa. O I.P.P.P. não acatou a posição da Federação Espírita de Pernambuco e, no dia 27 de setembro, Ivo Cyro Caruso, então Secretário do I.P.P.P., comunicou, por ofício, ao Presidente da Federação, Holmes Vicenzi, o cancelamento da investigação da paranormalidade de Edson Queiroz, por determinação do Diretor do Departamento Científico.

 

Sob o título A ciência precisa de mais atenção, alerta professor pernambucano, fui entrevistado pela jornalista Norma Souza de Alcântara, do jornal O Semeador, de junho de 1982.

“Temos praticado um Espi­ritismo acanhado… Nós espíritas amesquinhamos o Es­piritismo e traímos Kardec… Se Kardec voltasse teria que novamente reformular o movi­mento, abrindo os olhos dos espiritas para seu tríplice as­pecto, ou seja, o cientifico, o fi­losófico e o religioso.” Estas fo­ram algumas das declarações feitas pelo professor Walter da Rosa Borges, Diretor Científi­co do Instituto de Pesquisas Psicobiofísicas de Pernambu­co (IPPP), durante entrevista concedida ao Semeador.

Em forma de denúncia, jus­tifica estas suas graves afirma­ções, pelo fato de os espiritas terem deixado de lado dois as­pectos fundamentais da dou­trina, quais sejam, o Científi­co e o Filosófico.

E explica: “Veja você: quan­do os espíritas fazem referên­cia às pesquisas, fazem-no sempre sobre as desenvolvidas por W. Crookes em 1874! De lá para cá nada tem sido feito.”

 

As federativas devem cumprir o programa espírita

 

Acredita que as Federativas devem, com a maior urgência cumprir, integralmente, o programa Espirita, retornan­do à pesquisa e a um melhor tratamento dos fenômenos considerados, pela ciência, co­mo paranormais, sob um en­foque cientifico e, ampliar o campo de debates na área filo­sófica, compatibilizando a Doutrina com a própria vida, com os problemas sociais, pa­ra se ter uma visão histórica mais amadurecida da Sociedade”.

O professor vai mais longe e acha que “as Federativas de­veriam se empenhar na criação de Departamentos de pesquisa científica, elaborando progra­mas e formando pessoal quali­ficado, para o estudo metódi­co dos fenômenos”.

Sem isso, observa, “o Espi­ritismo está na verdade como um Saci, com uma perna só. Esquecendo que, quando Kar­dec definiu o Espiritismo o fez como ciência e filosofia com consequências morais e religiosas.” É pre­ciso que, sem minimizar o tra­balho feito na área religiosa, maximizar, se é que assim po­demos dizer, a área cientifica, dando ensejo também, ao permanente círculo de debates no campo filosófico.

 

Os espíritas não compreendem os cientistas

 

Além de professor universi­tário da cadeira de Direito Ci­vil, da Universidade Católica de Pernambuco, é membro fundador da Academia de Ciências de Pernambuco. Es­creveu diversos livros e ensaios nas áreas da Parapsicologia, da Sociologia, do Direito, da Filosofia e da Poesia, entre ‘eles “Introdução ao Paranormal” e “Rumo ao Sem Fim”.

Conhecido em todo o movi­mento espírita, devido a enor­me repercussão do programa “O Grande Júri”, que mante­ve durante quase quatorze anos na TV Universitária de Pernambuco, programa que reunia mais de trinta especia­listas nas diversas áreas do co­nhecimento humano, como químicos, físicos, católicos, protestantes, espíritas e ou­tros. Entre os temas levados a debate no “Grande Júri”, o que mereceu maior cobertura da imprensa espírita foi “A Bíblia”, mantido, conforme explicou o professor, durante quase seis meses a pedido do público.

Fala da incompreensão que os estudiosos, pesquisadores e cientistas recebem de grande parte dos espíritas, principal­mente aqueles que se dedicam à Parapsicologia, “havendo uma certa suspeição e até pre­conceito a quem se dedica a es­ta ciência”. Explica que tem insistido no campo da ciência, pela mesma dedicação e inte­resse que os demais têm em di­vulgar a Doutrina Espírita.

 

Kardec não disse a última palavra e sim a primeira

 

Vê a necessidade de atualização “precisamos fazer algu­mas atualizações quanto à ves­timenta doutrinária, porque na essência não há nada a se reparar, e uma abordagem me­todológica mais adequada, uma visão mais aprofundada das coisas e dos fatos. Kardec já recomendava e advertia pa­ra a necessidade de dinamizar a Doutrina. Porque em Ciên­cia o conhecimento é provisó­rio. Ciência não para. Uma ciência estática deixa de ser Ciência. Kardec descerrou-nos as portas de um mundo novo, infelizmente a quase totalida­de dos espíritas ficaram na so­leira”.

É com este mesmo argumento que rejeita o posicionamento de alguns espíritas que colocam a pesquisa em segundo plano, chegando a encará-la como desnecessária, ao pen­sar que os fatos não precisam ser comprovados dentro dos métodos científicos. Vê este posicionamento como “uma completa miopia intelectual, fruto de fanatismo religioso, pois Kardec não resolveu ne­nhum problema quando abriu as portas para uma nova di­mensão, pelo contrário, aumentou-os, porque até então só tínhamos preocupações com a nossa vida física”. E acrescenta: “Kardec não disse a última palavra, mas sim a primeira. Temos, por isso mesmo, que es­tudar e pesquisar cada vez mais, para ampliar o campo do conhecimento humano. Te­mos que responder, agora, questões como o funciona­mento da mente em nível bioló­gico e espiritual, quais as rela­ções entre este e o outro mun­do, entre tantas outras ques­tões que surgem a partir dessa nova fase do conhecimento”.

Neste sentido, acredita que no Espiritismo temos nos limi­tado às comunicações espiri­tuais, os Espíritos é que nos di­tam orientações, “pois o Espi­ritismo parou como ciência, os espíritas precisam desenvolver com gosto o trato para os pro­blemas científicos, senão gera­remos um fanatismo e toda re­ligião que se esclerosa, fatal­mente morre” este não pode ser o caso da Doutrina Espíri­ta, porque a religião tem no Espiritismo a dinâmica pró­pria da ciência e da filosofia. Afinal, o Espiritismo é uma Doutrina universalista e é esta universalidade que vem agora cobrar do espírita uma nova tomada de posição.

 

A parapsicologia é fruto do descuido dos espíritas

 

O professor Walter afirma incisivamente que “a Parapsi­cologia de Joseph Rhine e a própria Metapsíquica de Char­les Richet só tiveram vez por­que os espíritas se descuida­ram da área científica. Senão a nossa Doutrina, por si só, to­maria os freios, as rédeas, o comando da pesquisa e hoje não teríamos a Parapsi­cologia”.

Nesta mesma linha de ra­ciocínio, perguntamos ao pro­fessor se os estudiosos espíri­tas poderiam seguir caminho diverso ao da Parapsicologia, ao que respondeu: “isso não seria metodologicamente possível, apenas a interpreta­ção seria diferente. Primeira­mente porque há parapsicólo­gos espíritas, que permanecem cada vez mais espíritas, e exer­cem de maneira muito produ­tiva o seu ofício de parapsicó­logos, e há parapsicólogos ca­tólicos, como também mate­rialistas; no entanto, as áreas da Parapsicologia e do Espiri­tismo são as mesmas, apenas que cada uma pode atuar den­tro de seu modelo de interpretação”, explicou.

Lembrando o pensamento de Rhine a respeito da sobrevi­vência da alma, disse: “o pró­prio Rhine já dizia que a ques­tão da sobrevivência é também uma questão da Parapsicolo­gia e que os fenômenos paranormais sugerem fortemente a hipótese do prosseguimento da vida após a morte, se não houvesse qualquer prova da so­brevivência, os fenômenos paranormais, por si só, seriam esta prova”.

 

Os fenômenos são produzidos por encarnado e desencarnado

 

Insistindo na tese da criação de centros de pesquisa, sugeriu uma outra medida: “seria mui­to bom que os espiritas adotassem o procedimento científico da Parapsicologia. Desenvolvendo suas pesquisas dentro do próprio Centro Espírita, formando laborató­rios ou que fundassem em cada Estado, Centros Espíritas vol­tados à pesquisa científica, fa­zendo sessões experimentais, observando o comportamento dos médiuns etc…” Relata a sua tentativa da criação deste tipo de trabalho no Recife que não foi bem aceito “porque os espíritas insistem em não enca­rar o aspecto científico com a importância que ele deve ter no contexto espírita”.

Mostrou-nos a diferença bá­sica entre o Espiritismo e a Pa­rapsicologia: “A Parapsicolo­gia é uma ciência que tem por objeto o estudo dos fenômenos paranormais, ou seja, ela pretende estu­dar os mecanismos e obter cer­to controle sobre os eles, e, como a ciência, dar-lhes um sentido prático. Na Parapsicologia, a hipótese da causa dos fenômenos é que eles se originam no inconscien­te do médium. Assim, enquan­to na Parapsicologia a sobrevi­vência é uma hipótese, para o Espiritismo ela é um fato: o espírito desencarnado é a causa da maioria dos fenômenos. Mas o campo de pesquisa é o mesmo.”

Quanto ao problema do ani­mismo, lembra Ernesto Bozzano, quando este afirmou que “para conhecer os poderes do espírito desencarnado, precisamos primeiro conhecer os poderes do espírito encarnado”. Precisamos investigar a capacidade criati­va da mente, para, por qual­quer motivo não estar atribuindo aos espíritos a agência dos fenômenos paranormais. Tanto que Camille Flammarion chegou a afirmar textualmente que as comunicações entre vi­vos e mortos eram tão raras que a rigor poderíamos dizer que elas não existem”.

E foi dentro desta mesma fi­delidade científica que o pro­fessor Walter Rosa Borges se propôs a estudar e pesquisar o médium pernambucano Edson Queirós, que vem fazendo cen­tenas de operações espirituais dentro da própria Federação Espírita de Pernambuco e que será objeto da reportagem em nossa próxima edição.

 

O Diário de Pernambuco, de 4 de julho de 1982, em matéria do jornalista Jones Melo, sob o título RELAÇÃO ENTRE PARAPSICOLOGIA E DEMAIS CIÊNCIAS INSPIRA TESE, entrevista-me sobre a minha participação no 3º Congresso Nacional de Parapsicologia e Psicotrônica, que se realizará nos dias 25 a 28 de julho, no Rio de Janeiro.

 

O professor Valter da Rosa Borges concluiu a tese “Parapsicologia Ciência Interdisciplinar”, nascida de vários anos de estudo e pesquisas realizadas no Recife. Tendo como local o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (Rua da Concórdia, 372, salas 46 e 47), onde desenvolveu e ainda ministra cursos sistemáticos sobre o assunto, ele construiu a tese que representará Pernambuco no 3º Congresso Nacional de Parapsicologia e Psicotrônica, marcado para os dias 25 a 28, no Rio de Janeiro.

Nesta entrevista exclusiva ao DIÁRIO DE PERNAMBUCO, ele explana o assunto.

 

DP — “Parapsicologia Ciência Interdisciplinar”. Com esta tese, você leva aos congressistas da especialidade, no Rio de Janeiro, uma contribuição objetiva ao estudo científico. Dá para explicar o seu trabalho?

VRB — A Parapsicologia vem se afirmando como ciência autônoma, ampliando o seu campo de pesquisa, invadindo novas áreas do conhecimento e transformando-se, assim, numa ciência interdisciplinar. Por isso, o parapsicólogo, por força dessa interdisciplinaridade deve possuir uma sólida cultura geral para movimentar-se com se­gurança no estudo e na pesquisa dos fenômenos paranormais.

DP —  À luz de seu estudo,  quais as ciências interdisciplinadas com a Parapsicologia?

VRB — O objetivo de nosso trabalho é su­mariar as possíveis relações entre a parapsicologia e as demais ciências, apresentando sugestões para o intercâmbio de informações e pesquisas recíprocas nas áreas de interesse comum a todas elas.

Na Biologia, por exemplo, podemos observar que a mente humana, em certos fenômenos paranormais, utilizando as energias orgânicas exteriorizadas, é capaz de criar formas viventes momentâneas, seja de pessoas, seja de animais, com todas as aparências de um ser vivo. São os misteriosos fenômenos de “ideoplastia”, demonstrando a capacidade de que dispõe o homem para manipular a matéria viva, construindo graças ao poder criativo do seu inconsciente, um simulacro biológico de duração efêmera. Por outro lado, a versatilidade morfológica do corpo humano é constatável nos fenômenos de transfiguração, em médiuns poderosos como Daniel Dunglas Home (Escócia), o qual, em certas ocasiões apresentava modificação facial e alongamento ou encurtamento de sua estatura.

O corpo humano pode tornar-se momentaneamente indene á ação do fogo, ou comburir-se espontaneamente até a sua total destruição. Alguns médiuns apresentam manifestações de eletricidade estática em seu corpo, fenômeno esse biologicamente similar ao das enguias ou dos “peixes elétricos”.

Em certas ocasiões, alguns médiuns apresentam uma singular luminescência corporal assemelhada à fosforescência produzida pelos pirilampos. Finalmente, alguns sensitivos como Gerard Croiset, (França), e Olof Jonsson (Dinamarca), são capazes de localizar, por clarividência, o paradeiro de pessoas desaparecidas, encontrando paralelo com o sentido de orientação de muitas espécies de pássaros e de certos animais domésticos, os quais podem vencer enorme distância sem jamais se transviarem.

DP — No campo da ciência médica, por exemplo, como se inter-relaciona a Parapsicologia?

VRB — São intimas e profundas as relações entre a Parapsicologia e a Medicina. Alguns fenômenos paranormais estão a exigir uma revisão na fisiologia pelas inusitadas alterações que eles provocam no organismo de certos médiuns. Nina Kulagina (Rússia), durante as experiências de psicocinesia aumentava assustadoramente o seu ritmo cardíaco, chegando a atingir uma pulsação de 240 por minuto.

César Lombroso (Itália) faz menção a vários casos de transposição dos sentidos, e Albert Rochas (França) se reporta a experiências bem conduzidas de exteriorização da sensibilidade. O padre Pio (Itália) apresentava um singular fenômeno de hipertermia: a sua temperatura se ele­vava até 48 graus centígrados.

Matéria de evidente interesse médico é, sem dúvida, o desequilíbrio energético observado nal­gumas pessoas jovens na transição da puberdade para a adolescência, resultando na manifestação de fenômenos paranormais geralmente violentos e conhecidos pelo nome de “poltergeist” ou, ainda, de RSPK (Recurrent Spontaneous Psychokinesis), ou Psicocinese Espontânea Recorrente.

É bom ainda salientar que a constatação da realidade das curas paranormais futuramente descortina uma nova alternativa terapêutica para a Medicina.

DP — A relação da Parapsicologia com a Física?

VRB — A Parapsicologia propõe à Física um território comum de investigação, pois, certos fenômenos paranormais demonstram a existência de leis mais abrangentes regendo as relações mente/matéria. Há médiuns que são capazes de movimentar objetos à distância e fazê-los desaparecer ou reaparecer em condições inexplicáveis de obter, a produção de vozes e músicas sem qualquer fonte física conhecida, de deformar objetos metálicos ou influir no funcionamento de apetrechos mecânicos.

Em certas circunstâncias algumas pessoas são levitadas, fenômeno esse bastante conhecido no hagiológio católico, contrariando frontalmente a lei da gravidade. A telepatia, por sua vez, demonstra que a mente humana não é afetada pelos parâmetros de tempo e de espaço e sua ação não é obstaculizada por qualquer estrutura material ou campo magnético.

Há, por conseguinte, uma incontestável ação direta da mente humana sobre a matéria, o que sugere o estabelecimento de um novo ramo especializado dentro da física — a Física Psíquica.

DP — No campo da História, como ocorre a inter-relação?

VRB — A pesquisa parapsicológica, através de um fenômeno paranormal conhecido por psicometria, pode fornecer valiosos subsídios ao historiador, pois, através deste processo, é possível a reconstituição de fatos controvertidos ou a descoberta de novos fatos capazes de modificar ou ampliar o conhecimento de determinada época, em qualquer região ou país.

Utilizando o concurso de médiuns bem treinados, torna-se plausível uma “visita psíquica” aos séculos passados com a reconstituição do ambiente geográfico, social e cultural de determinados povos. Atualmente, a psicóloga Helen Wambach vem realizando significativas experiências de regressão de memória em seus pacientes, obtendo interessantes informações históricas através desse procedimento.

 

Mais uma vez convidados pelo Instituto de Parapsicologia do Rio de Janeiro – IPRJ -, na pessoa de seu presidente Mário Amaral Machado, realizei uma palestra no III Congresso Nacional de Parapsicologia e Psicotrônica, de 25 a 28 de julho, no Rio de Janeiro, sob o título “Parapsicologia: Ciência Interdisciplinar”. Trabalho publicado no meu livro A MENTE MÁGICA – 2015.


Neste evento, realizado no Rio Sheraton Hotel, de 25 a 28 de julho, conheci o médium Waldo Vieira e escritor e professor de Ioga Hermógenes.

 

O Diário de Pernambuco, de 5 de agosto de 1982, deu realce à minha conferência no 3º Congresso Nacional de Parapsicologia e Psicotrônica:

 

Realizou-se, no Rio de Janeiro, de 25 a 28 de julho último, sob o patrocínio da Associação Brasileira de Parapsicologia – ABRAP o 3º Congresso Nacional de Parapsicologia e Psicotrônica, o qual reuniu parapsicólogos nacionais (Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul e estrangeiros (Uruguai, Estados Unidos e Canadá).

O único conferencista do Norte e Nordeste, representando o Estado de Pernambuco, foi o prof., Valter da Rosa Borges, diretor do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas — I.P.P.P, — cuja tese “Parapsicologia: Ciência Interdisciplinar obteve grande repercussão, tendo sido aplaudida de pé pelo público que lotou o auditório do Sheraton Hotel, onde se realizou o Congresso.

As conferências, teses e comunicados apresentados no 3º Congresso Nacional de Parapsicologia e Psicotrônica primaram pela excelência do conteúdo científico, quer sob o ponto de vista teórico, quer sob o ponto de vista experimental, podendo-se destacar, entre elas, a do engenheiro Carlos Alberto Tinoco “Apport e a Natureza do Espaço”, a da médica Glória Lintz Machado — “Artes Paranormais e Criatividade?” e a do promotor público Valter da Rosa Borges —“Parapsicologia: Ciência Interdisciplinar”.

 

O Diário de Pernambuco, de 24 de dezembro de 1982, em reportagem intitulada INSTITUTO FESTEJA 10º ANIVERSÁRIO, homenageia o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas.

 

O Instituto Pernam­bucano de Pesquisas Psicobiofísicas completará, no dia 1 de janeiro, 10 anos de existência.

Fundado pelo pro­fessor Valter da Rosa Borges, atual presidente, é a sociedade científica que por objetivo o estudo e a pesquisa dos fenôme­nos paranormais e a di­vulgação da Parapsicolo­gia.

Durante o primeiro decênio de existência, vem desenvolvendo intensa atividade no campo da pesquisa e do ensino da Parapsicologia, projetando o nome de Pernambuco no cenário nacional.

Em 1974, promoveu, na TV Universitária, ca­nal 11, curso de Parapsi­cologia – talvez o pri­meiro e único a se reali­zar através desse veículo de comunicação — inti­tulado “A Ciência do Es­pírito”, dirigido e apre­sentado pelo dirigente.

Em 1976, editou o livro do professor, “Intro­dução ao paranormal”, em solenidade presidida pelo então reitor da Uni­versidade Federal de Per­nambuco. Paulo Maciel.

Em 1979, fez-se re­presentar no II Congresso Nacional de Parapsicolo­gia e Psicotrônica, reali­zado no Rio de Janeiro, no mês de julho, pelo atual presidente e o sr. Ivo Cyro Caruso.

Em 1982, foi convi­dado a participar do III Congresso Nacional de Parapsicologia e Psicotrônica, também reali­zado no mês de julho, no Rio de Janeiro, tornando-se presente nas pessoas dos diretores Valter da Rosa Borges e Ivo Cyro Caruso. Neste Congresso, foi fundada a Federação Brasileira de Parapsi­cologia — FEBRAP, sendo o IPPP um dos membros fundadores, passando a representar o órgão má­ximo da Parapsicologia nacional no Estado de Pernambuco.

Vem realizando re­gularmente cursos, semi­nários, palestras e deba­tes com o propósito de es­clarecer o público a res­peito da fenomenologia paranormal.

Assim, a partir do próximo ano, ampliará o número de cursos, es­tando previstos os se­guintes, a começar do mês de janeiro: Parapsi­cologia, Meditação, Parapsicologia e Espiri­tismo, Hipnose em Parapsicologia. Sensibili­zação e Crescimento pes­soal, Parapsicologia e Re­ligião. Parapsicologia e Medicina, Parapsicologia e Física, Parapsicologia, Criação científica. Parapsicologia e Filosofia, Parapsicologia e Teoria da Informação e Religiões Comparadas.

Através do Departa­mento Científico, atual­mente sob a direção do sr. Ivo Cyro Caruso, re­aliza investigações de fe­nômenos paranormais, aplica testes parapsicológicos, utilizando a meto­dologia quantitativa-estatística-matemática, assim como o método qualitativo, em pessoas possivelmente porta­doras de faculdades para­normais ou mediúnicas, promove o desenvolvi­mento programado des­sas faculdades, pres­tando ainda orientação e aconselhamento às pes­soas perturbadas em de­corrência da manifesta­ção desses fenômenos.

Localizado na Rua da Concórdia, 372, salas 46 e 47, está aberto ao pú­blico para informações e entrevistas, às terças, quartas e quintas-feiras e ’’sábados, no horário das 9 às 11 horas.

 

Entrevistou-me o Diário de Pernambuco de 25 de dezembro de 1982, sob o título NATAL: PROMESSA DE UMA NOVA DIMENSÃO.

 

O presidente do Ins­tituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, Valter da Rosa Bor­ges, considera que Jesus Cristo “é o arquétipo do super-homem, a anteci­pação do homem do fu­turo, na revelação mais ampla e profunda de suas potencialidades”, e que o médium seria o “homem novo” de que fala o Evangelho, já que apre­senta muitos dos fenóme­nos realizados por Jesus, como a levitação, metafanismo, curas paranormais e ideoplastia, “além de outros, como a defor­mação de metais, não re­alizados pelo Mestre”.

Valter da Rosa Bor­ges é também membro efetivo da Associação Brasileira de Parapsi­cologia e conselheiro efe­tivo do Conselho Su­perior da Federação Bra­sileira de Parapsicologia. Para ele, Jesus apresen­tou “em pré-estreia” o que será o homem do fu­turo, aquele que utilizará maior parcela dos po­deres latentes do psi­quismo humano (o que já é feito pelos médiuns).

 

  1. — Poderia esta­belecer um paralelo entre o significado do Natal em relação à Parapsicologia?
  2. — O Natal é o simbolismo por excelên­cia da cristandade. Signi­fica muito mais do que um acontecimento bioló­gico, pois se constitui a promessa e a esperança de uma nova dimensão da realidade humana.

Jesus não é apenas um homem: é o arquétipo do super-homem, a ante­cipação do homem do fu­turo, na revelação mais ampla e profunda das suas potencialidades.

P — Acha, então, que Jesus significa o exemplo do homem novo dos Evangelhos?

  1. — Sob certo ponto de vista, sim. Ele representa, à luz de um enfoque restritamente parapsicológico, a revela­ção dos poderes latentes do psiquismo humano.

O médium pode, em termos, ser considerado o homem novo dos Evange­lhos, e a paranormalidade a manifestação des­ses seus poderes e capaci­dades já em regime de atualização em determi­nadas pessoas.

  1. — O que leva você a fazer essa afirmação?
  2. — Quando Jesus disse que todas as coisas que ele fez, nós também as faríamos e até me­lhores, estava afirmando o nascimento de uma nova humanidade, onde o que, até então, era con­siderado -“milagre” pas­saria a constituir-se uma atividade rotineira do homem comum. Aliás, diga-se, de passagem, Je­sus jamais afirmou que os prodígios que realizou eram milagres.

O Natal de Jesus é pois, simbolicamente, o natal deste homem novo, que, progressivamente, irá substituindo o ho­mem velho ainda agri­lhoado ás suas milenares limitações biológicas.

  1. — Allan Kardec afirmou que todas as pes­soas são médiuns. O que você pensa sobre isso?
  2. — Quando Kar­dec asseverou que todas as pessoas são médiuns, ele estabeleceu uma au­daciosa generalização que, hoje, deve ser enten­dida de uma maneira mais específica. Assim, sob o ponto de vista teórico, todas as pessoas possuem, potencial­mente, aptidões paranormais. Porém, na prática, poucas são as que atualizam essas aptidões e podem ser, então, con­sideradas médiuns. As­sim, analogicamente, po­demos dizer que, em cada pessoa, existe, em latência, o homem novo dos Evangelhos, mas raras são aquelas em que ele substitui o ho­mem velho que ainda so­mos.

O médium, porém, não é apenas, como na acepção espírita, o inter­mediário entre dois uni­versos, entre dois níveis ontológicos, mas também e, principalmente, como tem provado a Parapsi­cologia, uma pessoa que atualizou uma parcela de suas maravilhosas poten­cialidades.

O homem do século XX não empreende ape­nas a conquista do macrocosmo e do micro­cosmo, como incansável viajante de todos os espa­ços. Ele busca, também, a aventura do psicocosmo, como colonizador solitário do seu próprio universo interior. Agora, mais do que nunca, o “conhece-te a ti mesmo” renova a sua atualidade e o Natal se faz símbolo e memória da revelação do homem novo.

  1. — Jesus, por­tanto, na sua opinião, foi o arauto desse homem novo?
  2. — E por que não? Ele exibiu, numa espécie de pré-estreia, o que será o homem do futuro. Levitou sobre as águas, mul­tiplicou pães e peixes, curou enfermos, transfor­mou água em vinho, esta­beleceu a comunicação entre vivos e mortos quando, na presença de Pedro, Tiago e João, fez aparecer os falecidos Moisés e Elias e, final­mente, para não alongar em demasia os exemplos, apareceu, após a sua morte, diversas vezes aos seus discípulos, investido em um corpo com propriedades diferentes da nossa organização bio­lógica, visto que não era afetado por obstáculos materiais.

Ora, os médiuns também apresentam es­ses fenómenos realizados por Jesus — levitação, metafanismo, curas paranormais e ideoplas­tia — e até outros, como, por exemplo, a deformação de metais, não realizados pelo Mestre. Mas, o que há nisso de surpreendente, se foi o próprio Jesus quem afiançou que tudo o que ele fez, nós também o faríamos e até coisas me­lhores?

  1. — E qual o papel da Parapsicologia em tudo isso?
  2. — A Parapsicolo­gia é uma espécie de mãe generosa que adotou todos os fatos enjeitados pelas demais ciências e com eles constituiu uma poderosa família de relações fenomênicas capaz de proporcionar ao cien­tista, ao filósofo e ao reli­gioso uma nova cosmovisão mais abrangente da realidade.

A Parapsicologia es­tuda e pesquisa as facul­dades deste homem novo, enquanto aguarda que este Natal, restrito ape­nas e algumas pessoas mais afortunadas, se torne, em breve, o património de toda a humanidade.

 

Viagem a Uberaba. Encontro frustrado com Francisco Cândido Xavier. O filho de criação do médium alegou que este se encontrava doente e proibido de receber visitantes.

Residência de Chico Xavier.

Com o término do meu segundo mandato, convoquei uma Assembleia Geral, que se realizou no dia 5 de dezembro, no Auditório da Televisão Universitária Canal 11, da Universidade Federal de Pernambuco, onde foi eleita a Diretoria para o biênio 1982/1983,  e assim constituída: Presidente – Geraldo Machado Fonseca Lima; 1º Vice-Presidente – Valter Rodrigues da Rosa Borges; 2º Vice-Presidente – Reinaldo da Rosa Borges Oliveira; Secretário Geral – Sylvio José B. R. Ferreira; 1º Secretário Roberto Mauro Cortez Mota; 2º Secretário – Ivo Cyro Caruso; Tesoureiro – Aécio Campello de Souza. Conselho Fiscal: Berguedoff Elliot, Geraldo Arruda e Jayme Figueiredo.

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