Realizei as seguintes palestras em reuniões públicas do IPPP: 1º de fevereiro, O Problema do Eu na Parapsicologia; 5 de maio, Parapsicologia e Religião; 12 de julho, Aspectos Psicológicos da Ideoplastia; 30 de agosto, Fenômenos de Metafanismo; 27 de setembro, Há o Espiritismo Científico?; 4 de outubro, Demarcação da Parapsicologia e do Espiritismo; 25 de novembro, Visões de Moribundos no Leito de Morte; 30 de dezembro, Considerações sobre o Poltergeist da Cruz Cabugá.
Em 12 de julho, participei de Mesa Redonda, promovida pelo I.P.P.P. na Universidade Católica de Pernambuco sob o tema “Aspectos Práticos dos Fenômenos Paranormais”.
De 30 e 31 de maio, eu e Geraldo Fonseca Lima pronunciamos palestras no auditório da Faculdade de Filosofia do Recife – FAFIRE -, respectivamente sobre Parapsicologia e Hipnose.
Conferência “A Demarcação da Parapsicologia” no I Encontro Nacional de Pesquisadores do Campo da Parapsicologia, Psicobiofísica e Psicotrônica, e no IV Congresso Nacional de Parapsicologia e Psicotrônica, realizado em Brasília, de 5 a 9 de junho. Publiquei-a no meu livro A MENTE MÁGICA – 2015.
Neste evento, propus a demarcação da Parapsicologia, distinguindo-a de outras ciências psíquicas – a Psicologia e a Psiquiatria, sustentando que, enquanto a Psicologia tem por objeto o estudo dos fenômenos comuns da mente humana e a Psiquiatria os fenômenos psicopatológicos, a Parapsicologia investiga os fenômenos incomuns do psiquismo, advertindo que ao parapsicólogo é defeso o exercício da psicoterapia. Defini a habitualidade da experiência parapsicológica como o critério para determinar se uma pessoa é paranormalmente dotada. Sustentei que estudo da sobrevivência não é objeto da Parapsicologia, embora possa constituir-se uma especulação parapsicológica. Sustentei a existência de uma função psi que estabelece uma forma especial de relação do homem com a realidade. E, finalmente, propus dois postulados fundamentais para a Parapsicologia:
- a) a presença do médium é condição necessária, mas não suficiente, para a manifestação do fenômeno paranormal;
- b) quanto mais poderoso o médium, maior o índice de probabilidade de ocorrência do fenômeno paranormal.
Conferencista oficial, pronunciei uma palestra sobre Parapsicologia e Espiritismo, no I Ciclo de Palestras, sob o título Espiritismo e Universidade em Debate, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Alagoas e pela Federação Espírita do Estado de Alagoas, realizado no período de 1 a 27 de junho, naquela Universidade, em Maceió.
Ao expor a explicação da Parapsicologia para os fenômenos de psicopictografia, senti a frieza e a decepção do auditório, constituído na sua quase totalidade de espíritas. E o clima ficou mais tenso, quando, logo após a palestra, uma médium psicopictógrafa, que começava a se destacar no Espiritismo de Alagoas, manifestou sua dúvida a respeito da intervenção dos Espíritos em sua atividade mediúnica.
Apesar disso, o grupo espírita que me hospedou soube compreender a minha posição de parapsicólogo.
Conferência na Academia Pernambucana de Medicina sob o título “Fenomenologia da Morte e Aspecto Científico da Sobrevivência”, no dia 27 de junho.
Ministrei um Curso de Parapsicologia na UNICAP, de 05 a 21 de julho, por ocasião do 8º Festival de Inverno.
Conferência sobre Parapsicologia no III Simpósio Pernambucano de Psicologia e Saúde Mental, realizado no Colégio Salesiano, no Recife, de 19 a 21 de outubro.
Participei de uma mesa redonda, sob o tema “Aspectos Práticos dos Fenômenos Paranormais, que o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas promoveu na Universidade Católica e Pernambuco.
No III Simpósio Pernambucano de Parapsicologia e I Congresso Nordestino de Parapsicologia, no Auditório da Universidade Católica de Pernambuco, de 11 a 13 de outubro de 1985, fiz uma palestra intitulada “A Parapsicologia no Mundo e no Brasil”.
Neste mesmo evento, a Mesa redonda, intitulada “Um Modelo para a Parapsicologia,” teve a minha participação e a de Ivo Cyro Caruso.
Logo após o Simpósio, em reunião no IPPP, eu e Ivo Cyro Caruso confirmamos o nosso apoio ao recém-criado Instituto Alagoano de Pesquisas Psicobiofísicas – IAPP, representado por Ricardo José dos Santos, que também participara do evento. Infelizmente, o IAPP só durou alguns poucos meses.
Quem comparecer, hoje, ao I Congresso Nordestino de Parapsicologia, no auditório da Católica, verá uma sensitiva tentando entrar em contato mental com pessoas escolhidas por ela entre o público ao conclave, que se encerra hoje à noite, depois de reuniões e debates pela manhã e à tarde, com lançamento de nova proposta.
Uma sensitiva tentará entrar em contato mental com pessoas escolhidas por ela entre o público que comparecer, hoje, ao I Congresso Nordestino de Parapsicologia no auditório da Universidade Católica. Iniciado na sexta-feira, o evento se encerra hoje à noite, depois de reuniões e debates pela manhã e à tarde, com o lançamento de uma nova proposta para a parapsicologia, elaborada pelo professor Valter Rosa Borges, presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, promotor do encontro dos especialistas em paranormalidade da Região.
O desempenho da sensitiva – Mónica Alecrim, que vem se submetendo a experiência no IPPP há algum tempo e ainda não teve o seu nível de paranormalidade aquilatado – não será acompanhado por instrumentos, nem obedecerá a qualquer metodologia, devendo os resultados ser anotados.
INSTRUMENTOS
Além do trabalho da sensitiva, o Congresso também estará oferecendo hoje, pela manhã, ao público que for ao auditório da Universidade Católica para acompanhar palestras e debates, alguns instrumentos que essa ciência desenvolveu para testar as forças parafísicas. São: uma máquina Kirlian – que os especialistas dizem ser capaz de fotografar energia biopsíquica ou a aura energética que cada ser humano emite e é imperceptível à visão comum um dado eletrônico para testes de precognição e psicocinese e demonstrações com o baralho Zener – um baralho, especial desenvolvido pelos pioneiros da parapsicologia e destinado a verificar o grau de acerto dos que se dizem sensitivos.
O professor Rosa Borges diz que também serão realizadas demonstrações com um dispositivo por ele mesmo concebido, o auroscópio.
CURAS
As palestras de hoje, pela manhã e à tarde, vão abordar dois temas importantes no campo do paranormal. Pela manhã, o professor Valter Rosa Borges vai falar sobre a Parapsicologia no Brasil e no Mundo que é, segundo ele explica, uma “visão cronológica sobre cada acontecimento, a partir de uma seleta de ocorrências insólitas desde Swedenborg à fundação da Sociedade Científica de Londres, em 1882.”
A outra palestra será do presidente da Associação Médica Espírita de São; Paulo, Antônio Ferreira, que abordará as curas paranormais. Também à tarde, falará uma médica espírita da mesma associação, Maria Julia Peres, que focalizará as terapias regressivas.
No I Simpósio Brasileiro de Parapsicologia, Medicina e Espiritismo, promovido pela Associação Médico-Espírita de São Paulo e realizado em São Paulo, em 26 de outubro, fiz a apresentação de duas teses: a) O Universo dos Fenômenos Paranormais e Mediúnicos; b) Demarcação das Áreas Paranormal e Mediúnica: seus Aspectos nas Religiões e na Medicina. Estas teses estão publicadas no meu livro A MENTE MÁGICA -2015.
Logo na minha chegada, fui notificado por Maria Júlia Pietro Peres que as teses não tinham sido bem recebidas pela cúpula espírita do Simpósio. Portanto, eu deveria preparar-me para enfrentar uma forte oposição e sustentar uma acirrada polêmica. Qual não foi minha surpresa, quando, ao término da leitura das teses, recebi o inesperado apoio dos espíritas presentes. Entre as mais representativas figuras do Espiritismo brasileiro participavam do Simpósio o Dr. Hernani Guimarães Andrade e o escritor Hermínio Miranda. Creio ter sido uma atitude de cortesia dos espíritas, pois nunca mais fui convidado a participar dos Simpósios posteriores.
O dr. Alexandre Sech refutou diversas das minhas considerações, principalmente as críticas feitas aos livros de Allan Kardec.
O dr. Ary Lex concordou com a minha posição no tocante a imortalidade da alma, de que não é passível de investigação científica, lamentando que o Espiritismo no Brasil tenha-se tornado mais uma religião para as massas, como tantas outras, em detrimento às investigações científicas, acrescentando que ele, pessoalmente, não aceita mais do que 80% dos livros de André Luiz.
O jornal O SEMEADOR de novembro de 1985 publicou uma reportagem sob o título A FÍSICA ADMITE A EXISTÊNCIA DE DEUS, divulgando o 1º Simpósio Brasileiro de Parapsicologia, Medicina e Espiritismo, descreveu a minha participação no evento:
Primeiro Tema
Sob a coordenação do presidente do dr. Antônio Ferreira Filho, o tema “PARAPSICOLOGIA e ESPIRITISMO” contou com a participação do dr. Walter da Rosa Borges, presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, membro do Conselho Superior da Federação Brasileira de Parapsicologia, presidente do Conselho Regional de Parapsicologia da 7ª Região, presidente da Academia Pernambucana de Ciências, prof. da Universidade Católica de Pernambuco e Promotor de Justiça, que expôs sobre “O Universo dos Fenômenos Paranormais e Mediúnicos” e “Demarcação das Áreas Paranormal e Mediúnica: Seus Aspectos nas Religiões e na Medicina.”
Discorreu sobre o objeto da Parapsicologia, como epistemológico e sua divisão, investigações psíquicas, as funções Psi-gama e Psi-kapa, demarcação das áreas da paranormalidade e mediúnica, controle dos fenômenos paranormais, entre outros. Fez uma vasta demonstração do estudo comparado, reportando-se a Holanda, França, União Soviética e Estados Unidos. Ainda expôs sobre regressões, terapias de vidas passadas, xenoglossia em crianças, que sugerem a reencarnação.
Médium Bom a Bom Médium
A parapsicologia, disse o palestrista, “lida tão só e exclusivamente com o homem enquanto ser biológico, histórico e temporal e não como homem na sua dimensão transcendental, na condição de espere, seja no seu nível ontológico próprio, seja nas suas relações com o mundo material. No espaço epistemológico da parapsicologia a hipótese do espírito como agente psíquico é absolutamente desnecessária. A Parapsicologia não nega nem afirma a existência extrafísica do homem e, por conseguinte, as questões ligadas a sua possível sobrevivência “post-mortem” e não as cogita porque transcendem os limites do seu domínio epistemológico.”
A sobrevivência, continuou Dr. Rosa Borges, poderá constituir-se matéria de especulação parapsicológica, se um dia o Espiritismo adquirir o “status” de ciência, estabelecendo-se, assim, uma franja de relações interdisciplinares entre a Doutrina Espírita, porque a parapsicologia não faz apenas fronteiras com a religião, notoriamente com a física e outras ciências.
Referindo-se à teoria parapsicológica, afirmou ser ainda do tipo “caixa-preta”, mediante a qual só é possível investigar as entradas e as saídas do sistema, ou seja, “não entendo de eletricidade, mas sei acender e apagar a luz”. Importa que o sensitivo (médium) saiba ligar e desligar a sua função.
Dentro desta conotação, para a Parapsicologia o importante é o médium bom, que apresenta fenômenos mediúnicos que propiciam o campo da investigação científica e não o bom médium evangelizado do Espiritismo kardecista.
Debates
O dr. Alexandre Sech refutou diversas colocações do dr. Rosa Borges, principalmente as críticas feitas aos livros de Allan Kardec.
O dr. Ary Lex ficou com a posição do dr. Rosa Borges no tocante a imortalidade da alma, de que não é passível de investigação científica, lamentando que o Espiritismo no Brasil tenha-se tornado mais uma religião para as massas, como tantas outras, em detrimento às investigações científicas, acrescentando que ele, pessoalmente, não aceita mais do que 80% dos livros de André Luiz.
Em dezembro deste ano a Folha Espirita, destacando o MARCANTE SUCESSO DO 1° SIMPÓSIO DE PARAPSICOLOGIA, MEDICINA E ESPIRITISMO, noticiou a minha participação no simpósio.
Os estudos do Prof. Dr. Valter da Rosa Borges, promotor de Justiça, pernambucano, professor universitário e presidente da Academia Pernambucana de Ciências, foram apresentados nas palestras: «O Universo dos Fenômenos Paranormais e Mediúnicos» e a «Demarcação das Áreas Paranormal e Mediúnica: Seus Aspectos nas Religiões e na Medicina», mostram o estreito e intrincado relacionamento entre os fenômenos paranormais conceituados na moderna Parapsicologia, os mediúnicos e os metapsiquicos que já foram estudados, entre outros, por Allan Kardec, Charles Richet, Camille Flammarion, William Crookes, Ernesto Bozzano, Alexandre Aksakof, Oliver Lodge, Gabriel Delanne, Albert de Rochas, Johann Friedrich Zollner, no ‘século passado e no começo deste. O Prof. Rosa Borges considera «médium aquele que habitualmente apresenta fenômenos paranormais», e assevera: «No entanto, há pessoas que são predispostas a passar por experiências paranormais, e outras que, esporadicamente, manifestam tais fenômenos».
Debates
O dr. Alexandre Sech refutou diversas colocações do dr. Rosa Borges, principalmente as críticas feitas aos livros de Allan Kardec.
O dr. Ary Lex ficou com a posição do dr. Rosa Borges no tocante a imortalidade da alma, de que não é passível de investigação científica, lamentando que o Espiritismo no Brasil tenha-se tornado mais uma religião para as massas, como tantas outras, em detrimento às investigações científicas, acrescentando que ele, pessoalmente, não aceita mais do que 80% dos livros de André Luiz.
DIÁRIO DE PERNAMBUCO
3 de novembro de 1985
PARAPSICÓLOGO EXPLICA A LÓGICA DO IMPOSSÍVEL
A entrevista foi coordenada por Manoel Barbosa.
A visão de uma mão que se materializa numa sala em penumbra, esvoaça e, diante de uma ordem verbal, aproxima-se e deixa-se examinar meticulosamente, se contida no relato de um pesquisador crédulo pode parecer facilmente, se não pura invenção, fruto da ilusão de alguém desejoso de crer no inusitado. Mas quando o relato de um fenómeno como esse é de um pesquisador reconhecidamente cético, implacável, cáustico até, como o professor de Direito Civil e parapsicólogo Valter Rosa Borges, tem-se de admitir que o impossível é viável. Essa e outras experiências fazem parte de relatos feitos por Valter Rosa Borges, em depoimento prestado ao DIARIO DE PERNAMBUCO sobre os seus 31 anos de pesquisas parapsicológicas em Pernambuco. Estudos que não têm avanço maior porque, segundo alega, os centros espíritas pernambucanos se recusam a colaborar com a verificação científica, incluindo a própria equipe do médico Edson Queiroz, que não tem permitido a presença do parapsicólogo. Quanto a Edson Queiroz, Valter Rosa Borges admite a possibilidade de ele ser um sensitivo de grandes poderes, mas faz restrições à versão de que ele atue com o espírito de Dr. Fritz, o médico alemão que teria morrido na Segunda Guerra Mundial.
DP – Como fazer a diferença, de maneira clara, entre a Parapsicologia séria, cientifica, da charlatanesca?
VRB – No Brasil, nós ainda estamos lutando para, justamente, distinguir a Parapsicologia de outras ciências, de outras paraciências, até mesmo de religiões, porque como a Parapsicologia lida com fenômenos extraordinários da mente humana, geralmente as pessoas procuram compreendê-la como se fosse uma panaceia, ou seja: tudo o que é fantástico, tudo o que não tem explicação científica, fenômenos são atribuídos ao seu campo. O que acontece? A Parapsicologia é confundida com espiritismo. Inclusive, é até usada, seja como instrumento contra o espiritismo ou a seu favor, quando na verdade seu objeto é o estudo, a pesquisa sistematizada do fenômeno paranormal. O que seria o paranormal? Seria aquele fenômeno extraordinário da mente humana, como a telepatia, a clarividência e a precognição, que evidenciam a capacidade da mente de ter um conhecimento que não pode ser atribuído aos sentidos nem à sua capacidade analítica. Como também estuda a ação da mente humana sobre a matéria, utilizando-se de recursos não físicos. No caso, por exemplo, de fenômenos de psicocinesia, que consistem na movimentação de objetos pela simples vontade de uma pessoa dotada dessa faculdade. Então, a Parapsicologia não estuda todos os fenômenos fantásticos. Por exemplo: fenômenos ufológicos, discos voadores, aparição de ETs, ou fenômenos mediúnicos, que pertencem ao campo do espiritismo. A Parapsicologia lida com o homem vivo, com o homem biológico, com o homem histórico, não com o homem transbiológico-transistórico. Quer dizer: a sobrevivência não é objeto da Parapsicologia. Pode constituir-se num estudo interdisciplinar. O parapsicólogo pode preocupar-se com o tema da sobrevivência numa área de interdisciplinaridade. No entanto, o próprio Joseph Rhine reconheceu que a especulação sobre a sobrevivência é matéria de especulação científica. Mas não é objeto da Parapsicologia: seria objeto da especulação parapsicológica. Daí porque nós temos de reconhecer que esse ponto atrai muitos charlatães, muitas pessoas dotadas de pensamento mágico e que ou utilizam esses fenômenos como meio de ganhar dinheiro ou simplesmente confundem as coisas.
DP – Até que ponto a Parapsicologia se choca com o pensamento religioso que acredita na sobrevivência?
VRB – A Parapsicologia não a rejeita. Apenas não é sua área de competência. Não seria sua jurisdição Mas os fenômenos nos interessam porque são produzidos pelo inconsciente da pessoa. Fenômenos que acontecem nos terreiros de umbanda, nos candomblés, nos centros espíritas, claro que não são interpretados pelos estudiosos como causados pelos seres extracorpóreos, seres espirituais, mas sim pela atividade do inconsciente das pessoas. Assim, a Parapsicologia não afirma nem nega a sobrevivência das pessoas e vê nesses fenômenos que acontecem em casos religiosos manifestações do inconsciente.
DP – O senhor se considera um parapsicólogo?
VRB – Há 31 anos que me dedico às pesquisas parapsicológicas. Agora, a Parapsicologia ainda não é uma profissão em nenhuma parte do mundo. Tanto que a Federação Brasileira de Parapsicologia, da qual eu sou membro do Conselho Superior, tem tentado sua profissionalização. É uma luta muito árdua. Porque a profissionalização impedirá c charlatanismo. Porque muita gente se diz parapsicólogo quando, na verdade, nada entende. Porque o elemento tem de ter uma formação humanista, um nível universitário. E, naturalmente, não se deve confundi-lo com o paranormal. Este é dotado do chamado talento psi. E o parapsicólogo é apenas aquela pessoa que estuda esses fenômenos. Mas, como ciência, a Parapsicologia está reconhecida. Há mais de 200 cadeiras desse estudo nos Estados Unidos, na Europa. Aqui no Brasil há a Faculdade de Ciências Biopsíquicas do Paraná, que possui um curso com período de cinco anos. A nossa luta, aqui no Brasil, não é mais pelo reconhecimento mas pela profissionalização.
Parapsicologia não tem religião
DP – Como parapsicólogo e pessoa humana, qual sua crença religiosa?
VRB – Sou um livre pensador. Claro que tenho uma inclinação maior pela doutrina espírita. Porque eu acho altamente significativa certas posturas filosóficas da doutrina. Com isso não estou me comprometendo em defender este ou aquele postulado. Como livre pensador, tenho minha mente disponível. Porque, no momento de me vincular a uma posição religiosa eu me veria na obrigação de defender seus postulados. E na condição de livre pensador, hoje eu aceito a sobrevivência, a comunicabilidade com os mortos e também a reencarnação, acho um modelo explicativo bastante fértil. Mas com isso não estou dizendo que, definitivamente, passo a integrá-las à minha concepção da realidade.
DP – Nos seus 31 anos como pesquisador dos fenômenos paranormais, tem tido oportunidade, certamente, de tirar muitas conclusões pessoais. Teria podido observar, durante esse período, que de algum modo há uma força agindo por trás ou paralelamente à existência humana, conforme alguns pesquisadores sugerem?
VRB – Aí depende do enfoque do problema. Um famoso parapsicólogo disse que a pesquisa da sobrevivência vem sendo prejudicada porque até o momento não conhecemos o fenómeno da mente humana em sua totalidade. Seria um tanto perigoso fazer afirmações porque desconhecemos o potencial da mente humana. Já Rhine dizia que os fenómenos paranormais sugerem fortemente a sobrevivência. Eu confesso que guardo simpatias enormes pela sobrevivência. E entendo que alguns raros fenômenos, como da memória extracerebral, indicam fortemente o fator extracorpóreo. Então, nesse caso, eu responderia afirmativamente: na minha opinião estritamente pessoal certos fenômenos paranormais sugerem fortemente a sobrevivência. Quando eu digo sobrevivência, não digo imortalidade. É possível que a consciência continue após a morte da estrutura biológica que a agasalhava. Agora, se essa consciência permanece indefinidamente nunca será matéria para especulação científica mas sim pertencente à filosofia religiosa. Agora, pode-se, naturalmente – e isso eu apresentei no I Simpósio Brasileiro de Parapsicologia e Espiritismo – ter um modelo para pesquisar a sobrevivência dentro de referenciais científicos. Naquela oportunidade eu disse aos meus amigos espíritas de São Paulo que o espiritismo não é uma ciência, por não ter sido reconhecido pela comunidade cientifica e por não utilizar metodologia científica.
DP – A resposta explica alguns pontos. Mas o problema é que alguns físicos, sobretudo os especialistas em estruturas subatômicas, além de muitos biólogos, dizem perceber uma espécie de inteligência orientadora por trás das formas ultimas da matéria. Eles sentiram isso em determinado momento. Por exemplo: o que orienta o código genético? É como se houvesse uma força, que eles não sabem o que é. O senhor, no decorrer das experiências, já sentiu algo assim?
VRB – Eu sinto isso também. Há realmente uma inteligência subjacente por trás de tudo isso. Aliás, determinado físico diz que o Universo não é mais aquela máquina imaginada por Descartes, mas é pensamento. Então, ele sentia que o Universo tem inteligibilidade, intencionalidade. Os físicos quânticos reduzem a matéria a nuvens de eventos, matéria é intensificação de campo, como já dizia Einstein. Isso até evidencia que há um consórcio e a física quântica e o pensamento oriental. Existe o “tao”, que é aquele vazio, mas é um vazio que representa um potencial onde existe tudo e todas as formas. No caso o homem seria uma individualização da inteligência. Nós já estamos saindo do campo da Física, porque os físicos hoje já são metafísicos. Hoje, nós estabelecemos relações matemáticas. Matéria, energia, substância, tudo parece manifestação de uma mesma coisa.
E quando uma mão surge do nada
DP – Durante os seus 31 anos de pesquisas, qual o fenômeno que mais o impressionou?
VRB – Inegavelmente, foi um fenômeno de ideoplastia, que na linguagem espírita chama-se materialização. Agora, veja você: esse fenômeno ainda não está inserido oficialmente dentro do quadro oficial da Parapsicologia. Até o momento, a Parapsicologia só tem comprovados em laboratório quatro fenômenos: telepatia, clarividência, precognição, que são fenômenos do conhecimento chamados psi-gama; e o fenômeno psi- kapa, que é aquele que a mente age sobre objetos sem utilização de qualquer meio físico. Mas, com isso, não quer dizer que a Parapsicologia jogou na lata de lixo todos aqueles fenômenos que são pesquisados por homens notáveis da metapsíquica. Então, eu assisti, com um médium – que, aliás, perdeu essa aptidão da noite para o dia -, um fenômeno extraordinário de ideoplastia, sob controle rigoroso. E consistiu justamente no aparecimento de uma mão, completamente materializada. Eu solicitei, então, a essa mão que viesse junto de mim e a examinei detidamente, sentindo as articulações ósseas. Essa mão só ia até o pulso.
DP – Quando o senhor chamou, a mão veio voando?
VRB – Ela veio no espaço. Inclusive, uma das coisas que essa mão fez foi descerrar a cabine e apontar para o médium, que se encontrava adormecido. Com a cabine descerrada, com a luz acesa – uma luz vermelha -, eu solicitei que essa mão viesse até junto de mim para eu examinar. E a mão veio, se jogou no espaço e chegou até junto de mim, parou e eu a examinei.
DP – Chamou-a como? Com gestos ou palavras?
VRB – Eu disse: “Você poderia vir até aqui?” Então, veja que houve uma pergunta e uma resposta. A mão se deslocou até junto de mim, eu a examinei e senti, inclusive, todas as articulações ósseas.
DP – Parecia com a carne humana, comum?
VRB – Ela estava como que dentro de uma luva. Não satisfeito, solicitei à mão se ela poderia levantar a mesa. Era uma mesa de peroba, torneada. Mesa antiga, bem pesada. E a mão não se fez de rogada: desvencilhou-se das minhas mãos e ergueu a mesa – e o que é importante – sem deslocar o centro de gravidade, como se uma força anti-gravítica estivesse atuando. Então a mesa ergueu-se cerca de 50 centímetros do solo, depois a mão soltou a mesa e houve um estrondo. E esse estrondo não despertou o sensitivo, que continuou dormindo tranquilamente. Depois, a mão retornou e se desfez. Esse foi, realmente, o fenômeno mais impressionante que presenciei.
DP – E quando foi isso?
VRB – Há cerca de 20 anos.
DP – Foi no Recife?
VRB – Foi. No bairro do Arruda. Dessas pessoas que participaram da reunião, algumas estão mortas.
DP – Todas elas viram?
VRB – Todas elas viram. Inclusive, eu até solicitei que algumas pessoas também examinassem a mão, mas elas demonstram estar satisfeitas com meu exame – naturalmente tiveram um certo receio.
DP – No momento como o senhor era ainda um pesquisador com apenas 11 anos de experiência em pesquisas, teve algum receio? Qual a sensação que teve?
VRB – Quando iniciamos a experiência com médium – que era uma mulher -, os fenômenos iniciais causaram assim um certo temor. Fenômenos de pancadas, deslocamentos de objetos, objetos que surgiam repentinamente na sala. De repente, a sala ficava atapetada de cravos. Eles caiam do teto. E os fenómenos que mais causavam impacto eram as pancadas. Com continuação veio, naturalmente, o costume porque, vezes, nós nos acostumam até com o insólito. Quando a mão apareceu, eu já estava psicologicamente preparado. Aquele temor, aquele receio, já tinham desaparecido, substituído pela emoção do pesquisador de poder examinar um fenômeno que até então, só tinha conhecimento através da literatura especializada. Eu senti não medo, mas uma emoção muito forte.
DP – Por que quem fez a pesquisa não se lembrou de fotografar, para documentá-la?
VRB – Porque naquela oportunidade havia um receio de dar-se publicidade ao fenômeno, por não haver ainda clima. E tudo isso ocorreu num ambiente familiar. A médium era pessoa da família. E ela solicitou que, por hipótese alguma, desse publicidade àquilo!
Fenômeno é quando não há fraude
DP – Alguns estudiosos fazem críticas aos métodos usados pela Parapsicologia, sob o argumento de que ela tenta apurar o paranormal de maneira quantitativa. Por isso, segundo esses críticos, as pesquisas não avançam. O que diz?
VRB – Você pode em Parapsicologia, usar dois procedimentos: o método quantitativo – estatístico – matemático, que é da escola norte-americana, que considero muito seguro, sob certo ponto de vista – o da expressão estatística; e o método qualitativo, que é utilizado pela Parapsicologia soviética e foi usado também pelos metapsiquistas, ou seja, o fenômeno vale pelo que ele é, desde que estejam afastadas as possibilidades de fraude, ilusão e alucinação. Eu confesso que sou muito mais simpático ao método qualitativo. Porque o método quantitativo é muito castrativo, embora mais seguro. Essa experiência que eu estou fazendo com um sensitivo, é através do método qualitativo. Eu peço que ele sinta as pessoas. Ele não vai fazer jogo de baralho Zener para adivinhar cartas. Ele, simplesmente, na frente de uma pessoa, que pode ser o próprio jornalista, procura entrar em sintonia e tenta senti-la. Se ele estiver num dia muito bom, vai dizer que a simples percepção não trará informações suficientes.
DP – E que coisas ela pode dizer da pessoa com quem entra em sintonia?
VRB – Ela diria sobre sua personalidade, que são dados puramente observacionais. Mas, à medida que ela vai se envolvendo com a pessoa, vai trazendo outras observações. Por exemplo: o estado de saúde, uma enfermidade que a pessoa já teve fatos que, às vezes, não dizem respeito à pessoa, mas a alguém da família dela. Então, vêm informações que podem ser interpretadas a nível psicológico. Ou seja: ela, naturalmente, tem uma habilidade muito grande de perceber, pela sua postura, pela sua maneira de olhar, de falar e, com esses dados, fazer uma “Gestalt” da sua personalidade. Mas, â medida que ela vai entrando em você, penetra nas camadas mais profundas. Então, o dado não é mais psicológico. Aí é, realmente, um fenômeno telepático.
Presença carismática pode curar
DP – Dentro dessa exposição, parece que não se pode descartar que certos curandeiros têm, realmente, os poderes alegados de influir sobre as pessoas, induzindo curas? E isso, inclusive, do ponto de vista científico?
VRB – Pode. O efeito placebo pode curar. A presença carismática faz despertar na pessoa uma confiança tão grande que ela se cura. Há curas espontâneas. O curandeiro/feiticeiro teria um efeito catalisador. Sua presença desenvolveria o potencial da própria pessoa. A transferência de energia é que é ainda discutível.
DP – Quanto mais primitivo esse ser não teria um poder maior?
VRB – Claro, porque tem menos bloqueio, menos senso crítico. O superego não é tão ativo. E essas pessoas, por serem mais simples, interagem melhor.
DP – Ainda dentro desse mesmo nível de enfoque, o médico Edson Queiroz – a quem o senhor parece fazer algumas reservas – não poderia ser um sensitivo altamente dotado?
VRB – Poderá ser. E eu quero esclarecer mais uma vez a posição do Instituto, que tem sido tão mal compreendida pelos meus amigos espíritas: a nossa posição é essencialmente científica, e não nos foi dada oportunidade de investigar o médico Edson Queiroz. Nossa proposta de investigação foi simplesmente castrada. Mas eu não posso, então – e seria leviano da minha parte se o fizesse – afirmar ou negar que o Edson Queiroz é um paranormal. Há uma polêmica muito grande em torno dele. E nesse tumulto de emoções, há espíritas que são favoráveis, outros que são contra, a presença de parapsicólogos – ainda não há nenhum pronunciamento oficial. Nada nos permite ainda uma avaliação. Agora, é possível que o Edson Queiroz seja portador de uma paranormalidade muito forte. Entre ele ser um paranormal e servindo de instrumento do que se diz Adolfo Fritz, a distância é grande. Eu ficaria só na parte da paranormalidade – isto é, se tivesse tido oportunidade de pesquisar Edson Queiroz. Quanto à questão do dr. Fritz, aí já pertence a outro departamento que não o parapsicologia. Porque dr. Fritz nunca deu provas concretas de sua individualidade: nasci em tal lugar, minha família foi tal. Se desse provas concertas de sua identidade, haveria dados precisos para uma investigação. A alegação é que cria problemas. Ora, um homem que morreu na segunda guerra mundial criaria problemas para a família!? Com os dados, poderia haver pesquisa adequada para saber se, realmente, dr. Fritz existiu. Mas nada disso ele fornece. Por causa disso, temos de admitir que, se Edson é um paranormal tudo o que ele faz é, na verdade, pela própria aptidão que possui. Espero que haja uma abertura maior para a pesquisa parapsicológica e os centros espíritas não se fechem tanto.
O mais famoso dos “poltergeist” que investiguei aconteceu em dezembro, no apartamento nº 301, do Edifício Paris, na Avenida Cruz Cabugá, bairro de Santo Amaro, Recife. Durante alguns dias, garrafas vazias voavam pelo apartamento, caíam na área externa o prédio, apavorando os seus moradores. Em pânico, a família solicitou, sucessivamente, o auxílio de um padre, de um pastor, de um médium espírita e de uma mãe de santo, os quais, apesar de seus esforços, não conseguiram resolver o problema. O apartamento virou um verdadeiro pandemônio, inclusive com a presença constante da imprensa, tentando filmar o fenômeno. As emissoras de rádios e de televisão exploravam o assunto, como sempre de maneira sensacionalista, aumentando, ainda mais, a aflição da família, atormentada ainda pelas explicações sobre naturalistas dos religiosos.
Convidado pela Dra. Léa Correia, então presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, aceitei tratar do caso, atendendo a solicitação que lhe foi feita pela família e, no dia seguinte, fui em companhia de Selma Rosa Borges, ao apartamento “mal-assombrado” e, depois de examinarmos minuciosamente o local, entrevistamos as Sras. Lúcia Jacelli e sua irmã, Antônia. Descobrimos, então, que o agente do fenômeno era uma garota de 12 anos e que trabalhava como empregada doméstica no referido apartamento. Enquanto falávamos com a garota, uma garrafa vazia voou da cozinha do apartamento até a sala, espatifando-se de encontro à parede.
A família seguiu as nossas orientações e, uma semana depois, o “poltergeist” cessou definitivamente. Entusiasmadas pelo final feliz, Lúcia Jacelli e sua irmã Antônia, pouco depois do evento, fizeram um Curso Básico de Parapsicologia no IPPP.
A imprensa deu ampla cobertura ao caso.
Jornal do Commercio
29 de dezembro de 1985
MISTÉRIO EM EDIFÍCIO ATRAI ATÉ EXORCISTA
Os moradores do Edifício Paris, na av. Cruz Cabugá, bairro de Santo Amaro, viveram ontem, um dia de tensão e expectativa, quando dezenas de vidros de remédio começaram a estourar dentro do apt° 301 e ao redor do prédio. As pessoas apenas viram e constataram o fenômeno, mas não souberam explicá-lo, nem tampouco conhecem a procedência dos vidros.
Pensando que fosse alguma pessoa Jogando frascos e garrafas de cima do edifício de 11 andares, os moradores chamaram a Polícia que ter minou não encontrando ninguém fazendo desordens. Os policiais ficaram surpresos com o fato, pois quando estavam dentro do apt° 301 onde o barulho era maior vários vidros se quebravam junto aos seus pés. Eles terminaram indo embora sem nada resolver.
A partir daí os moradores chamaram o padre Guedes, da igreja da Piedade, que fez orações e jogou água benta nos cômodos do apt° 301. Mesmo assim, os vidros continuavam aparecendo e se quebrando dentro e fora do apartamento. Sem acreditar no que acontecia, o sacerdote disse depois que não tinha visto nada, embora os vidros estivessem caindo junto dele e espatifando-se ao seu lado.
Com o movimento de moradores aumentando nos corredores do prédio, a dona do apartamento, conhecida apenas por Antônia, 73 anos, fechou a porta e não consentiu que mais ninguém entrasse. Ela, que ficou com outras seis pessoas da família trancadas, pediu para os porteiros e os administradores não deixarem que nenhum repórter fosse para o 3º andar, ficando várias equipes de reportagem no térreo do edifício.
A essa altura, a reportagem da sucursal de “O Globo” no Recife estava no apartamento vizinho (303) e pôde ouvir o quebra-quebra de vidros dentro do apartamento e, de vez em quando, fora dele. Depois de ficar quase três horas sem sair ninguém do 301, o morador Manoel Borges desceu escondido e correndo pela escada.
Já no térreo, Manoel que vestia camisa branca e calça azul, foi abordado pelos repórteres que notaram a sua saída do apartamento e o acompanharam pela escada. Ele não falou nada, estava chorando e acenou para quatro pessoas que estavam na portaria. Mesmo assim, os vidros continuavam se quebrando.
A médica Léa Correia, presidente do Sindicato da classe em Pernambuco e amiga dos moradores do apto 301, levou um parapsicólogo para analisar e conversar com a família de dona Antônia. Ela fez tudo em sigilo, mas mesmo sem querer dizer o nome do parapsicólogo, aceitou ser entrevistada.
Ela disse que levou um parapsicólogo porque só ele poderia explicar o fenômeno e os moradores do 301 estavam apavorados sem entender nada. Informou que há quase dois meses uma filha adotiva de dona Antônia morreu atropelada e tinha apenas três anos, tendo o fato deixado a família bastante traumatizada.
— Não acredito em nada de espiritismo. Sei que a força da mente é muito grande e capas: de fazer coisas inexplicáveis. O cérebro tem muita força, disse a médica, acrescentando que tudo estava tranquilo àquela altura.
Por fim, a espírita Maria de Nazaré Socorro chegou a portaria do edifício Paris com um Evangelho na mão, mas ao contactar com os moradores do apartamento, eles não aceitaram a aproximação da integrante do núcleo espírita Centelha de Jesus.
Maria Nazaré disse que esse fenômeno se trata de espiritismo e pode ser resolvido com facilidade, porque — segundo ela — os espíritos se “apossam’’ das pessoas que têm atração por eles.
— Eu sozinha não resolvo, mas se quiserem trago alguns irmãos para fazermos um trabalho e resolvermos o problema. Parapsicólogos ou padres não resolvem isso de jeito algum — acrescentou ela — que terminou indo embora, informando que os vidros voltariam a se quebrar a qualquer momento.
Até às 16h, ainda se ouviu o barulho de alguns vidros se quebrando dentro do apt9 301, sendo que um deles caiu na parte de trás do edifício e tinha o rótulo do remédio Eritrex.
Paraninfo da Turma de Direito da Universidade Católica de Pernambuco.
O jornalista e escritor, Nilo Pereira, escreveu um artigo jocoso intitulado Assombração e publicado no Jornal do Commercio, de 27 de dezembro de 1985, sobre o poltergeist do Edifício Paris.
Noticiam os jornais que há assombrações num certo edifício, à avenida Cruz Cabugá.
Vidros quebrados, garrafas pelo ar numa dança macabra, objetos jogados à grande distância. Não faltou a bênção do apartamento, onde os fenômenos ocorrem.
Só havia uma solução: chamar um especialista para estudar o caso. O especialista só podia ser o Walter Rosa Borges cujo renome lhe é assegurado pelos livros publicados e pela experiência no ramo.
Logo o Walter classifica o fenômeno como Psicocinésia. Que quer dizer isso? A Psicocinésia Espontânea Recorrente __ tal como a chama o especialista _ é precisamente o que acontece no edifício Paris, centro de interesse científico de estudos ligados à matéria.
Antigamente, isso era mais simples. Chamava-se assombração. Fechava-se a casa mal-assombrada. E ninguém ousava enfrentar fantasmas. Mas tudo mudou. Falar em fantasmas é uma banalidade. É preciso que o fenômeno, à semelhança de certas doenças tenha um nome complicado.
_o_
Os fantasmas, desde Shakespeare com os seus castelos mal afamados, vinham de fora. Hoje – pasme o leitor – estão lá dentro e são pessoas residentes no lugar da assombração. Tal a conclusão a que chegou o Walter Rosa Borges, cuja palavra autorizada não pode ser contestada
Que é uma garrafa estilhaçada? Uma vidraça feita em pedaços? Uma janela que se abre numa ventania descompassada? Tu, leitor, não te espantes mais de nada. É psicocinético o espetáculo. Morou?
A partir de agora, caros amigos, quando ocorrer uma assombração na sua casa, pergunte:
– Quem é o fantasma aqui? Apareça.
Pois que você está falando com ele ou com ela. É a pessoa que possui uma força extraordinária, chamada telergia, e que, sem poder conter a propulsão psicológica, desanda em coisas inverossímeis.
_o_
Está, portanto, tudo explicado. Mas, a mim, um ignorante de marca maior, restaria uma pergunta: esse “fantasma”, que está provocando tal balbúrdia, sempre morou nesse apartamento? Por que só agora, rebenta em fúria incontrolável?
Meus amigos e meus inimigos: o ano está terminando. Vamos varrer de nossas mentes todos os fantasmas.
Cada um de nós _ ou quase todos _ viveu já a sua visão ou abusão. Convém apurar quem tem essa força (telergia) capaz de acionar uma casa toda, deixando-a em polvorosa. Que horror, santo Deus!
Diário de Pernambuco
28 de dezembro de 1985
Parapsicólogo desvenda mistério em apartamento
É um fenômeno paranormal o que está ocorrendo no apartamento 301 do Edifício Paris, na Avenida Cruz Cabugá, onde vidros se espatifam e objetos são jogados de um lado para o outro sem intervenção de força humana. A afirmação é do parapsicólogo Válter Rosa Borges. presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas e que investigou o fenômeno pessoalmente por quatro horas no apartamento fechado, a chamado da família.
“Trata-se do que chamamos de Psicocinesia Espontânea Recorrente, cuja sigla em inglês é PRPK e é, às vezes, classificado erradamente como Poltergeist” – afirma Rosa Borges, que presenciou a quebra de vidros e o estilhaçamento de uma garrafa.
Depois de reunir toda a família num local do apartamento para ter certeza de que todos os membros estavam sob sua observação, o parapsicólogo identificou o “epicentro” do fenômeno. Isto: as pessoas o provocam involuntariamente irradiando energia – ou telergia, segundo o termo técnico da parapsicologia. São duas jovens as causadoras dos eventos. Mas o parapsicólogo mantém reservas quanto aos nomes, alegando que a família está muito traumatizada.
A FORÇA
Segundo Válter Rosa Borges a telergia tanto pode desaparecer espontaneamente – do mesmo modo como apareceu – como permanecer por algum tempo, ou tornar-se permanente.
“No interesse da ciência, seria bom que permanecesse, pois trata-se de fenômeno raríssimo. Mas, no interesse da família, é evidente que é conveniente o seu desaparecimento – diz Válter Rosa Borges.
Alguns interpretam a Psicocinesia Espontânea Recorrente como Poltergeist. Mas. no entender do parapsicólogo, é errado, porque “Poltergeist quer dizer fantasma batedor, o que não é o caso”.
Na União Soviética – observa – estão sendo realizadas experiências no sentido de fazer o indivíduo controlar a energia espontânea para torná-la permanente.
Esse tipo de psicocinesia ocorre em geral em jovens adolescentes em início de fase de menstruação, desaparecendo depois. A presença do parapsicólogo é necessária para identificar nessas ocasiões, qual o epicentro, ou seja, a fonte irradiadora de energia capaz de movimentar objetos.
NA CABUGÁ
Foi exatamente esse o papel desempenhado por Válter Rosa Borges no caso do apartamento do Edifício Paris. Uma médica amiga da família, ao tomar conhecimento, do fenômeno, comunicou-se com o parapsicólogo e o convidou a presenciá-lo.
– Quando cheguei – conta Rosa Borges – me cerquei de toda cautela para saber se tudo não poderia estar sendo causado por uma brincadeira de mau gosto ou algo assim. Reuni toda a família num só cômodo, de modo a que todos os outros ficassem vazios e todos estivessem sob as minhas vistas. Permaneci no local de 14h30m até às 18h30m e, então, por duas vezes, vi vidros se quebrarem. Numa delas, em local afastado, uma garrafa se espatifou completamente, como se alguém a tivesse jogado no chão com toda força. Passei, então, a tentar identificar o epicentro. E quando afastei determinadas pessoas, o fenômeno deixou de ocorrer. Com o tempo, fui ganhando certeza de que eram elas as fontes.
Observa, no entanto, que “com isso não quero dizer que resolvi o problema”.
– Ele pode continuar, pode desaparecer. Ninguém sabe. Resta esperar”.
OBS. Dias depois, a família me informou que o poltergeist terminou e a paz retornou aos moradores do apartamento.
O SEMEADOR.
NOVEMBRO. 1985
A FÍSICA ADMITE A EXISTÊNCIA DE DEUS
Ocorreu, no dia 26 de outubro de 1985, com duração de 14 horas, o 1º Simpósio Brasileiro de Parapsicologia, Medicina e Espiritismo, promovido pela ASSOCIAÇÃO MÉDICO-ESPÍRITA DE SÃO PAULO, com o apoio do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas.
De acordo com as informações prestadas pela Dra. Maria Júlia B. Moraes Prieto Peres, Secretária Geral da AMESP, uma das responsáveis pelo evento, estiveram presentes representantes de 12 Estados brasileiros, além de participantes do Interior paulista e do Exterior.
O Salão de Convenções da Secretaria de Estado dos Negócios do Interior, no auditório Alceu Amoroso Lima, com lotação para 300 lugares, diante das caravanas que chegaram sem a prévia inscrição, tornou-se excessivamente pequeno e mais de 200 cadeiras foram improvisadas, além dos companheiros que se sentaram nos corredores.
O horário foi rigorosamente obedecido sob a responsabilidade dos coordenadores dos três temas abordados durante o Simpósio: drs. Antônio Ferreira Filho, dr. Abrahão Roberg e dr. Roberto Brólio. A mesa redonda teve a coordenação do dr. Ney Prieto Peres. As solenidades tiveram início às 8 horas, presididas pelo presidente da AMESP, dr. Antônio Ferreira Filho, com a prece inicial proferida pelo dr. prof. Hermínio A. Miranda.
Primeiro Tema
Sob a coordenação do presidente do dr. Antônio Ferreira Filho, o tema “PARAPSICOLOGIA e ESPIRITISMO” contou com a participação do dr. Walter da Rosa Borges, presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, membro do Conselho Superior da Federação Brasileira de Parapsicologia, presidente do Conselho Regional de Parapsicologia da 7ª Região, presidente da Academia Pernambucana de Ciências, prof. da Universidade Católica de Pernambuco e Promotor de Justiça, que expôs sobre “O Universo dos Fenômenos Paranormais e Mediúnicos” e “Demarcação das Áreas Paranormal e Mediúnica: Seus Aspectos nas Religiões e na Medicina.”
Discorreu sobre o objeto da Parapsicologia, como epistemológico e sua divisão, investigações psíquicas, as funções Psi-gama e Psi-kapa, demarcação das áreas da paranormalidade e mediúnica, controle dos fenômenos paranormais, entre outros. Fez uma vasta demonstração do estudo comparado, reportando-se a Holanda, França, União Soviética e Estados Unidos. Ainda expôs sobre regressões, terapias de vidas passadas, xenoglossia em crianças, que sugerem a reencarnação.
Médium Bom a Bom Médium
A parapsicologia, disse o palestrista, “lida tão só e exclusivamente com o homem enquanto ser biológico, histórico e temporal e não como homem na sua dimensão transcendental, na condição de espere, seja no seu nível ontológico próprio, seja nas suas relações com o mundo material. No espaço epistemológico da parapsicologia a hipótese do espírito como agente psíquico é absolutamente desnecessária. A Parapsicologia não nega nem afirma a existência extrafísica do homem e, por conseguinte, as questões ligadas a sua possível sobrevivência “post-mortem” e não as cogita porque transcendem os limites do seu domínio epistemológico.”
A sobrevivência, continuou Dr. Rosa Borges, poderá constituir-se matéria de especulação parapsicológica, se um dia o Espiritismo adquirir o “status” de ciência, estabelecendo-se, assim, uma franja de relações interdisciplinares entre a Doutrina Espírita, porque a parapsicologia não faz apenas fronteiras com a religião, notoriamente com a física e outras ciências.
Referindo-se à teoria parapsicológica, afirmou ser ainda do tipo “caixa-preta”, mediante a qual só é possível investigar as entradas e as saídas do sistema, ou seja, “não entendo de eletricidade, mas sei acender e apagar a luz”. Importa que o sensitivo (médium) saiba ligar e desligar a sua função.
Dentro desta conotação, para a Parapsicologia o importante é o médium bom, que apresenta fenômenos mediúnicos que propiciam o campo da investigação científica e não o bom médium evangelizado do Espiritismo kardecista.
Na segunda palestra, demarcando as áreas paranormal e mediúnica, fez severas análises dos livros de Allan Kardec, reportando-se também a Gabriel Delanne, Camille Flammarion, Aksakof, Ernesto Bozzano e outros estudiosos espiritualistas, espíritas e parapsicólogos. Concluiu que o Espiritismo não é ainda admitido como ciência pela comunidade científica, mas que, inegavelmente, desenvolveu-se extraordinariamente como religião, no Brasil, em especial.
O Espiritismo, segundo o palestrista parapsicólogo, é viável de ser reconhecido oficialmente como Ciência, desde que altere a formulação de seu objetivo, compatibilizando-se com as exigências metodológicas científicas.
A Física Admite A Existência de Deus
Ainda, dentro do lº tema, o dr. Ney Prieto Peres, através de projeção de slides e citações de livros, inclusive os da codificação e psicografado pelo famoso médium de Uberaba, Francisco Cândido Xavier, ofereceu aos participantes a oportunidade de receber uma magnífica aula sobre “Espírito, Corpo Espiritual e Físico”.
Sempre enfocando a matéria, dentro da colocação espírita kardecista, palmilhou através das ciências, principalmente dentro da Física, discorrendo sobre as suas mais recentes descobertas. Deteve-se nos estudos de William Crookes, Charles Richet, Conan Doyle, Camille Flammarion, Gabriel Delanne, Fritjof Capra (físico), Banerjee, Carlos Rubiat (físico), Isaac Newton e outros.
Hoje, disse o dr. Ney, a matéria considerada indivisível está sendo descoberta pela física. Físicos, como Jacques Safat e Fritjof Capra (autor do livro: “O Tao da Física” admitem uma consciência além do espaço-tempo, que preside tudo no universo que pode manifestar-se criando luz. Esta forma luminosa começa a gravitar em torno dela mesma, formando um colapso gravitacional que é um anel de luz, que cria um quantum de matéria, que seria a unidade fundamental da matéria, dando origem aos corpúsculos conhecidos.
Também, o físico Carlos Rubiat, (autor da experiência do próton com anti-proton), concluiu que “as descobertas que estão sendo feitas na ciência põem em evidência o fato de que a natureza é o resultado de uma concepção única, enorme e magnifica. Se querem chamar isto de bom Deus, o certo é que uma inteligência fez tudo isto.”
No estudo do corpo espiritual, denominado por Allan Kardec de Períspirito, o dr. Ney Prieto Peres trouxe o estudo de Isaac Newton, que tratou muito mais do espírito do que da matéria, distinguindo de acordo com os seus estudos dois tipos de luz: uma fenomênica, aquela que enxergamos com os nossos olhos materiais e uma luz virtual, que não vemos, que ele a chamou de luz numênica.
Analisou os livros da Codificação kardequiana, no tocante ao estudo do períspirito e suas propriedades, reportando-se ao fluido cósmico universal, matéria elementar primitiva.
O corpo espiritual, períspirito ou ainda psicossoma (segundo André Luiz), é conhecido desde a mais remota Antiguidade, e hoje se conhece mais de 50 sinônimos para designá-lo.
Segundo estudos que vêm sendo feitos com as Kirliangrafias, comprovou-se a existência de um campo magnético, que, nos seres vivos, se altera com os estados emocionais. Também é visível o escoamento da doação magnética das mãos do doador para o receptor.
Terminou a palestra lembrando as vestes nupciais, referidas na parábola do “Festim de Núpcias ou Festa de Bodas”, de Jesus, que, em virtude do pouco conhecimento daquela época, não poderia explicitar que as vestes nupciais referiam-se ao períspirito, que é o envoltório fluídico do homem, que se modifica segundo a graduação de sua moral, da pureza do seu coração, da prática da lei do amor e da caridade.
Debates
Primeiro tema: Foi amplamente debatido pelo dr. Alberto Lyra, prof. dr. Hermínio Miranda, prof. Reinaldo Pirani, dr. Denizard (de Porto Alegre), dr. Ary Lex, dr. Alexandre Sech (de Curitiba) e dr. Ney Pietro Peres.
O dr. Alexandre Sech refutou diversas colocações do dr. Rosa Borges, principalmente as críticas feitas aos livros de Allan Kardec.
Em referindo-se à colocação feita pelo dr. Ney, o dr. Hermínio Miranda fez a seguinte pergunta: “Sabemos que a velocidade da luz é de 300.000 km/segundo; será que este limite já não foi ultrapassado pela velocidade do espírito, ou seja, do pensamento? Não teríamos aí uma revolução na própria física?”
Ao que o dr. Ney respondeu: “Hoje, na física, temos um efeito chamado éter-hertz ou problema de Hertz, em que uma partícula de próton, quando fragmentada por uma ação nuclear, se divide em dois fótons de cargas contrárias, que começam a se distanciarem ao infinito, sendo que estes fótons têm um movimento chamado “spin”, girando em sentidos contrários. Se por um fato, um destes fótons mudar a posição do seu movimento, o outro, imediatamente, muda o seu movimento, independente da distância em que se encontram um do outro. Isto acontece mesmo que a distância seja de milhões de anos-luz, mostrando aí que existe um outro meio de comunicação entre as próprias partículas físicas, que podemos dizer, acontece tão rápido quanto a velocidade do pensamento.”
O dr. Ary Lex ficou com a posição do dr. Rosa Borges no tocante a imortalidade da alma, de que não é passível de investigação científica, lamentando que o Espiritismo no Brasil tenha-se tornado mais uma religião para as massas, como tantas outras, em detrimento às investigações científicas, acrescentando que ele, pessoalmente, não aceita mais do que 80% dos livros de André Luiz.
O dr. Ney esclareceu que em Física, da mesma maneira em que não se podem ver os corpúsculos dos átomos e se estudam através dos seus rastros, então, poder-se-á estudar os espíritos da mesma forma. Também, os fenômenos das comunicações com os mundos espirituais, se a Ciência não aceita os médiuns porque são passíveis do animismo, então através dos aparelhos eletrônicos poderão ser constatados este intercâmbio, como é o caso do aparelho “Spiricon”, em experiência. Aí, então, poderemos encontrar um campo fértil de investigação científica.
Ao final, concluiu Dr. Walter Rosa Borges que a sua intenção não é a de “puxar a brasa” para a Ciência e refutar o Espiritismo, mas de “dividir a brasa”, pois, embora a parapsicologia tenha o seu campo específico, juntos poderão realizar um trabalho altamente produtivo.
FOLHA ESPÍRITA
Dezembro. 1985.
MARCANTE SUCESSO DO 1° SIMPÓSIO DE PARAPSICOLOGIA, MEDICINA E ESPIRITISMO
Obteve grande sucesso o 1° Simpósio de Parapsicologia, Medicina e Espiritismo, não só pela elevada frequência como pelo alto nível cultural dos expositores, debatedores e dos assuntos expostos e debatidos, que suscitaram elevado interesse do grande público que superlotou o salão de Convenções da Secretaria de Estados dos Negócios do Interior, gentilmente cedida para esse evento pelo Sr. Secretário Dr. Chopin Tavares de Lima. Entre as autoridades médicas que se fizeram presentes, destacamos o Dr. Oswaldo Gianotti Filho, M.D. Presidente da Associação Paulista de Medicina. Os expositores foram: Eng° Hernani G. Andrade, Dr. Walter Rosa Borges, Prof. Hermínio C. Miranda, Dra. Marlene S. Nobre, Eng° Ney Prieto Peres e Dr. Freitas Nobre. Entre os debatedores estiveram presentes o Prof. Denizard Souza (da Faculdade de Medicina de Santa Maria, RS), Dr. A. Sech (Curitiba), Dr. Pedro O. Mundim (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), Dr. Jader Rodrigues de Paulo (Diretor Clínico do Hospital Espirita André Luiz, de Belo Horizonte), Dr. Ary Lex, Dr. Alberto Lyra, Dr. Péricles Nogueira, Dr. A. Rotberg, Dr. H.P. Vaiada. Dr. Rubens K. José. Dr. Roberto Brólio, Dr. Tedesco Marchese, Dra. M. Julia Peres, Ac. Paulo Negro Filho e outros.
A matéria deste Simpósio será publicada em próximo Boletim Médico Espírita.
OBJETIVOS DO EVENTO
O 1° Simpósio Brasileiro de Parapsicologia, Medicina e Espiritismo foi estruturado para reunir, numa sequência de temas que se inter-relacionam, as abordagens científica, filosófica, orgânica, psicológica e social da criatura humana, no seu contexto espirito-mente-corpo, na visão holística, ou espírito-períspirito-corpo, na visão kardecista.
O trabalho do Eng° Hernani Guimarães Andrade, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, mostrou: As Três Faces da Parapsicologia: a Face Soviética, a Face Ocidental e a Face Espírita Brasileira, na investigação da paranormalidade, dentro de uma evolução dialética. A abordagem soviética, baseia-se unicamente nas propriedades da matéria física; a ocidental tende para conceitos físicos com tendências metafísicas; a espírita-brasileira amplia o conceito de matéria, admitindo sua extensão além dos aspectos tridimensórios postulando um componente espiritual de matéria quintessenciada, repositório das experiências multidimensitório das experiências multidimen-programado. Por isso a Face Espírita Brasileira, além de reunir os aspectos cientifico e filosófico, integra-os numa visão comportamental ético-humanística que inevitavelmente leva a criatura a um posicionamento social de vida, no esforço de renovação interior pela vivência evangélica Terminou a palestra lembrando as vestes nupciais, referidas na parábola do “Festim de Núpcias ou Festa de Bodas”, de Jesus, que, em virtude do pouco conhecimento daquela época, não poderia explicitar que as vestes nupciais referiam-se ao períspirito, que é o envoltório fluídico do homem, que se modifica segundo a graduação de sua moral, da pureza do seu coração, da prática da lei do amor e da caridade.
PARAPSICOLOGIA E ESPIRITISMO
Os estudos do Prof. Dr. Valter da Rosa Borges, promotor de Justiça, pernambucano, professor universitário e presidente da Academia Pernambucana de Ciências, foram apresentados nas palestras: «O Universo dos Fenômenos Paranormais e Mediúnicos» e a «Demarcação das Áreas Paranormal e Mediúnica: Seus Aspectos nas Religiões e na Medicina», mostram o estreito e intrincado relacionamento entre os fenômenos paranormais conceituados na moderna Parapsicologia, os mediúnicos e os metapsiquicos que já foram estudados, entre outros, por Allan Kardec, Charles Richet, Camille Flammarion, William Crookes, Ernesto Bozzano, Alexandre Aksakof, Oliver Lodge, Gabriel Delanne, Albert de Rochas, Johann Friedrich Zollner, no ‘século passado e no começo deste. O Prof. Rosa Borges considera «médium aquele que habitualmente apresenta fenômenos paranormais», e assevera: «No entanto, há pessoas que são predispostas a passar por experiências paranormais, e outras que, esporadicamente, manifestam tais fenômenos».
Debates
Primeiro tema: Foi amplamente debatido pelo dr. Alberto Lyra, prof. dr. Hermínio Miranda, prof. Reinaldo Pirani, dr. Denizard (de Porto Alegre), dr. Ary Lex, dr. Alexandre Sech (de Curitiba) e dr. Ney Pietro Peres.
O dr. Alexandre Sech refutou diversas colocações do dr. Rosa Borges, principalmente as críticas feitas aos livros de Allan Kardec.
Em referindo-se à colocação feita pelo dr. Ney, o dr. Hermínio Miranda fez a seguinte pergunta: “Sabemos que a velocidade da luz é de 300.000 km/segundo; será que este limite já não foi ultrapassado pela velocidade do espírito, ou seja, do pensamento? Não teríamos aí uma revolução na própria física?”
Ao que o dr. Ney respondeu: “Hoje, na física, temos um efeito chamado éter-hertz ou problema de Hertz, em que uma partícula de próton, quando fragmentada por uma ação nuclear, se divide em dois fótons de cargas contrárias, que começam a se distanciarem ao infinito, sendo que estes fótons têm um movimento chamado “spin”, girando em sentidos contrários. Se por um fato, um destes fótons mudar a posição do seu movimento, o outro, imediatamente, muda o seu movimento, independente da distância em que se encontram um do outro. Isto acontece mesmo que a distância seja de milhões de anos-luz, mostrando aí que existe um outro meio de comunicação entre as próprias partículas físicas, que podemos dizer, acontece tão rápido quanto a velocidade do pensamento.”
O dr. Ary Lex ficou com a posição do dr. Rosa Borges no tocante a imortalidade da alma, de que não é passível de investigação científica, lamentando que o Espiritismo no Brasil tenha-se tornado mais uma religião para as massas, como tantas outras, em detrimento às investigações científicas, acrescentando que ele, pessoalmente, não aceita mais do que 80% dos livros de André Luiz.
DOR, DESTINO, EVOLUÇÃO PROGRESSO MORAL
Culminando naturalmente para as conclusões dos objetivos do evento, num importante momento de síntese, como mensagem a ser deixada a todos os participantes presentes, a Mesa Redonda com todos os palestrantes, condensa as colocações direcionadas no esclarecimento coerente e racional do porquê da «Dor, Destino, Evolução, Progresso Moral».
ENCERRAMENTO
Coube ao Dr. António Ferreira Filho, presidente da Associação Médico-Espirita de São Paulo a palestra de encerramento.
A pesquisa e o estudo dos fenômenos que nos farão conhecer a natureza intima de nós mesmos, só terão sentido maior se buscarmos a eles relacionar a problemática humana, encontrando os caminhos que nos levarão de retorno à «Casa do Pai», nas suas muitas moradas, na condição de «filhos pródigos», que depois de muito sofrer, valoriza o que Dele recebemos, colocando os seus talentos em benefício da comunidade planetária, multiplicando-os infinitamente.
Embora o evento tenha tratado substancialmente da fenomenologia, que tanto impressiona os nossos sentidos, como vem sendo pesquisada na Parapsicologia dos dias atuais, extrapolou dessa área para fazer considerações de ordem psíquica, biológica, psicológica, terapêutica, social, política e ético-religiosa, estruturadas na tese espírita que se fundamenta na existência do espírito, na sua sobrevivência, comunicabilidade, inter-relação com os vivos e o renascimento após a morte física.
A diretriz dada aos temas apresentados visou estabelecer um questionamento objetivo de vida, contribuindo de forma sólida para todos quantos buscam posicionar-se no mundo, de modo crescente, construtivo e operante, dentro de si mesmo e nos diversos campos de relacionamento: na família, no trabalho, na sociedade, para com a Pátria, com o Universo e para com Deus.
BOLETIM DO IPPP
INSTITUTO PERNAMBUCANO DE PESQUISAS PSICOBIOFÍSICAS
ANO I. Nº 1. ABRIL DE 1985
EXPERIMENTO FRACASSADO
Valter Rosa Borges
Em 1891, Frederic Myers deixou em poder de Oliver Lodge uma carta lacrada para ser aberta após a sua morte, com o propósito de se fazer um teste comprobatório de sobrevivência.
Com a morte de Myers, em 1901, o seu “espírito” três anos após, ou seja, em 1904, ditou o conteúdo da carta para a médium Sra. Verrall. Uma vez aberta a carta, verificou-se que a mensagem deixada por Myers, quando vivo, não conferia com a que fora transmitida por ele na condição de “espírito”.
Porque a médium não obteve êxito nessa experiência, os adversários da hipótese da sobrevivência rejubilaram-se com o fato, afirmando que o fracasso do teste era uma prova contundente da impossibilidade da continuidade da consciência post mortem.
Se ocorresse, porém, o contrário seriam os defensores da sobrevivência que exultariam com o fato, afirmando comprovada a sua hipótese.
Acontece, não obstante, que este tipo de experimento nada prova em favor da sobrevivência ou contra ela. O teste imaginado por Myers se mostrou Insuficiente para fazer esse tipo de prova.
Se a Sra. Verrall tivesse logrado êxito neste experimento, tal fato não provaria a sobrevivência de Myers, pois a médium poderia, por clarividência, ter-se informado do conteúdo da carta lacrada. Diz-se que o notável médium Ochorowicz jamais se equivocou neste tipo de experimento, conseguindo ver, quase sempre com exatidão o que estava contido em envelopes fechados. Ora, se a Sra. Verrall, dizendo-se sob a “influência” do ”espirito” de Myers, pudesse ler o conteúdo na carta lacrada que fora confiada a Oliver Lodge, o fato seria explicado pelo fenômeno da clarividência.
Cartas lacradas, códigos secretos, ou quaisquer procedimentos idênticos não constituem experimento crucial para a hipótese da sobrevivência, visto que tais segredos pedem ser desvendados pela faculdade de psi-gama de um bom médium, quer por telepatia, quer por clarividência.
Toda vez, portanto, que um fenômeno paranormal puder ser explicável pela própria capacidade da mente humana, a hipótese da sobrevivência deverá ser sumariamente descartada.
BOLETIM DO IPPP
INSTITUTO PERNAMBUCANO DE PESQUISAS PSICOBIOFÍSICAS
ANO I. Nº 3. OUTUBRO DE 1985
CURAS PARANORMAIS
Valter da Rosa Borges
O homem sempre obteve, de um modo ou de outro, através de processos denominados “naturais”, a cura para os seus males. É evidente, contudo, que os meios utilizados por essa terapêutica “natural” são empíricos e não obedecem a uma técnica orientada pela razão e pelo conhecimento. Além do mais, os resultados obtidos – alguns até extraordinários – são, na maioria dos casos, duvidosos, pois constituem, quase sempre, na simples remoção de sintoma E, nisto, é que consiste o grande perigo do curandeirismo: o mascaramento dos sintomas, impedindo a precisão do diagnóstico e comprometendo a possibilidade clínica da cura.
Indiscutível, portanto, a existência de uma terapêutica empírica que, através de procedimentos mágicos e apelos sugestivos, é capaz de, em proporção ignorada, restabelecer o equilíbrio orgânico de pessoas aparentemente doentes„ E, de propósito, utilizamos a expressão “aparentemente doentes”, porque, como demonstrou a medicina psicossomática, uma grande parte de nossas enfermidades é de natureza psíquica e emocional, e não orgânica. Assim, podemos dizer, de certo modo, que curandeirismo é uma arte de curar pela sugestão, mediante a manipulação de elementos mágicos suscetíveis de alterar o estado psíquico do paciente, com reflexos modificadores no seu funcionamento orgânico.
Podemos conceituar o curandeiro como aquele que pretende curar enfermidades pela virtude de seus pretensos poderes. Não raramente, ele se julga um ser excepcional, um missionário, uma pessoa poderosa, o que poderá levá-lo a uma impermeável megalomania e paranoia delirante.
Geralmente, o curandeiro é oriundo da classe pobre, sem qualquer preparo intelectual, desejoso de se afirmar na vida e sem qualquer preocupação quanto aos meios de atingir seus objetivos. E, quando se vê, de uma hora para outra, guindado a um certo “status” na sociedade, emprega todos os esforços para manter e até melhorar a posição conquistada Por isso, seja movido pela vaidade, seja movido pela cupidez, procura atuar em faixa própria, criando o seu grupo de adeptos. Promove a propaganda dos seus poderes é assume um ar de superioridade, impregnado de duvidoso misticismo, evitando, a todo custo, qualquer investigação sobre a autenticidade do seu carisma.
Todavia, nem todo aquele que se diz possuidor de poderes de cura realmente os possui. Na maioria dos casos, são pessoas dotadas de forte personalidade e de grande capacidade de persuasão. Via de regra, as curas obtidas por esses pretensos curandeiros – algumas de natureza orgânica – podem ser explicadas psicologicamente, embora ainda pouco se saiba dos mecanismos de interação entre a mente e o corpo. Ora, uma pessoa possuidora, assim, de tais atributos poderá contribuir, de maneira extraordinária, para uma mais ampla compreensão da terapêutica ortodoxa, e acadêmica, com o maior aproveitamento do elemento psíquico na gênese das curas. Se a fé pode curar, por que não a utilizar como eficaz adjutório na recuperação orgânica do paciente?
Por conseguinte, essas pessoas de excelente poder sugestivo e de rara habilidade em despertar a fé nas pessoas, deveriam, sem perda de tempo, ser aproveitadas pela Medicina, numa atividade paramédica, devidamente controlada. O perigo reside justamente no fato de se tolerar que esses curandeiros permaneçam a solta, iludindo, conscientemente ou não, os verdadeiros enfermos, prometendo-lhes alívio para os seus males com a simples remoção dos sintomas, mas, por outro lado, contribuindo para o agravamento das doenças tornando-as, não raras vezes, incuráveis. E há curandeiros que, num verdadeiro crime contra a saúde pública, chegam a proibir que os seus pacientes consultem médicos, ou lhes ordenam que suspendam a medicação, ou o tratamento a que vem se submetendo.
Mas, agora, é de se perguntar se, por acaso, não existem curas paranormais, curandeiros autênticos. Existem sim, mas são raros os casos e também raras essas pessoas.
Sem querer penetrar o domínio religioso, a Parapsicologia vem estudando, atentamente, os fenómenos, de curas paranormais e já pode assegurar a sua realidade. Sim, há curas paranormais. E também há pessoas que possuem um tipo de energia desconhecida, denominada do telergia, capaz de atuar fora de seu contexto orgânico e causar modificações nas coisas materiais e até nos seres vivos inclusive o próprio homem. Os fenômenos de psi-kapa são a prova irrefutável do misterioso poder que a mente humana possui de agir diretamente sobre o mundo exterior, prescindindo do concurso de sua instrumentação biológica.
Se uma pessoa possui telergia e procura aplicá-la em benefício de terceiros, ela é, realmente, um curandeiro. Mas, para o exercício seguro de sua faculdade, deve abster-se de atuar em faixa própria e permitir que a sua atividade terapêutica seja, permanentemente supervisionada por um médico. Só assim, a cura paranormal poderá constituir, futuramente, um excelente auxiliar da Medicina.
O trabalho do Instituto foi reconhecido fora do Estado, quando, na Folha Espírita do mês de janeiro, Karl W. Goldstein, (pseudônimo de Hernani Guimarães Andrade) em artigo intitulado “As Sociedades de Pesquisa Psíquica”, considerou o IPPP como uma das melhores instituições de Parapsicologia no Brasil.
Viagem, a passeio, a Fortaleza, Ceará. E a Maceió, Alagoas.