1993

Em 14 de janeiro, aposentei-me como 7º Procurador de Justiça, por tempo de serviço.

 

Conferencista do V Encontro Técnico: Aspectos Éticos e Estéticos no Campo das Altas Habilidades, promovido pelo Departamento de Psicologia e Fonoaudiologia da UNICAP, pela Secretaria de Educação de Pernambuco, através de seu Departamento de Educação Especial do MEC, e pela Associação Brasileira para Superdotados, realizado no auditório daquela Universidade, de 23 a 26 de agosto. Título da conferência: “A Criatividade, a Superdotação e a Paranormalidade”.

 

Palestra sobre Parapsicologia na IV Semana de Atualização em Psicologia, na Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (FACHO), promovido pelo Departamento de Psicologia daquela Faculdade e com o apoio do Conselho Regional de Psicologia, no dia 28 de outubro.

 

Em 22 de fevereiro, mais um encontro com Krippner e membros do Institute of Noetic Sciences, no Hotel Casa Grande e Senzala, em Boa Viagem.

 

Carlos Alberto Tinoco, no seu livro “Parapsicologia e Ciência. Origens e Limites do Conhecimento Parapsicológico” (Ed. Ibrasa, São Paulo. 1993) comentou e apoiou a minha proposta epistemológica para a Parapsicologia, apresentada em 1985, no IV Congresso Nacional de Parapsicologia e Psicotrônica, realizado em Brasília. Ele escreveu:

 

“Rosa Borges diz que o conhecimento paranormal, não podendo ser explicado pelo empirismo, pelo racionalis­mo, pelo apriorismo ou pelo intelectualismo, não deverá figurar numa relação como uma fonte de conhecimento, conforme consta do esquema anterior. Diz Rosa Borges que “o conhecimento paranormal possui características especiais que o distingue, nitidamente, dos demais pro­cessos gnosiológicos, e se origina de outras fontes que não aquelas do conhecimento normal, ou seja, a sensa­ção e a razão”. “E quais são as fontes do conhecimento paranormal? É aqui que situamos a nossa proposta epistemológica”. Propõe Borges que a clarividência e a precognição não são modalidades de fenômenos Psi­-gama, de acordo com Thouless e Wiesner (como será abordado no capítulo 5). Segundo Borges, a telepatia e a clarividência são fontes de conhecimento paranormal, enquanto a precognição integra uma das características do fenômeno Psi-gama: a atemporalidade. Borges inclui ao lado da clarividência e da telepatia como fontes do conhecimento a criptomnésia (termo criado por Richet para designar “conhecimento de coisas ocultas, fora do alcance dos sentidos”). Portanto, segundo Borges, o co­nhecimento paranormal possui duas fontes externas: a telepatia e a clarividência. Possuiria uma fonte interna, a criptomnésia. A proposta é interessante. Mas, o que seria a criptomnésia?

Para um entendimento mais profundo do assunto, é importante atentar para o que seja a essência do conheci­mento, de acordo com o exposto no início deste capítulo.

A ideia de conhecimento como uma imagem na men­te do sujeito permite, com certa reserva, a aceitação da ESP como uma forma de conhecimento, conforme cons­ta do esquema anterior, apesar de a ESP ser produzida a partir de fontes não normais, de acordo com Borges.

O conhecimento oriundo da ESP é diferente daquele procedente dos processos empíricos e/ou racionais. Os conhecimentos empírico e racional ou formas combina­das destes são aplicáveis ao conhecimento de natureza científica no sentido ocidental e moderno do termo. Esta forma de conhecimento é própria das diversas ciências, no sentido acadêmico que lhes é dado no mundo ocidental, saturadas de implicações sociais, conforme foi abordado no capítulo l. O conhecimento científico, no Ocidente, está associado à geração do poder político e econômico, do domínio da natureza.

Sem sombra de dúvidas, há outras formas de conhe­cimento que escapam à cosmovisão pragmatista da ciên­cia e da tecnologia. É o caso do conhecimento paranor­mal. A classificação especificada no esquema proposto pelo autor é meramente didática. O conhecimento asso­ciado à ESP não procede de fontes “normais”, como diz Borges, isto é, não procede da experiência ou da razão, combinadas ou isoladamente.

Qual é a natureza da fonte do conhecimento paradoxal, ou seja, qual é a natureza da função Psi? Uma maneira de responder a esta questão é analisar os fenô­menos por ela produzidos, ou seja, ESP e PK (psicocine­se). Se a função Psi produz precognição, clarividência, telepatia e PK, somos levados à conclusão de que a natureza da função Psi é não fisica.”

E concluiu:

“Ainda sobre a problemática da demarcação da para­psicologia, Rosa Borges sugere diferenças nas áreas de atuação da psicobiofísica, da parapsicologia e da psico­trônica. Sobre o assunto, Rosa Borges sugere a existên­cia dos seguintes campos de atuação:

“Psicologia: objeto – o estudo dos fenômenos comuns da mente humana e, no plano terapêu­tico, a solução dos distúrbios emocio­nais de conteúdo neurótico.

Psiquiatria: objeto – o estudo dos fenômenos patoló­gicos da mente humana e, em nível te­rapêutico, a resolução ou controle dos distúrbios de comportamento de conteú­do neurótico ou psicótico.

Parapsicologia: objeto – o estudo dos fenômenos inco­muns da mente humana, sua aplicação pragmática e orientação às pessoas per­turbadas por experiências paranormais. Com isso, nos posicionamos, de manei­ra clara e definitiva, contra a pretensão de uma Parapsicologia Clínica, pois o parapsicólogo só deverá fazer psicoterapia se for um psicólogo ou psiquiatra e somente na condição de psicólogo ou psiquiatra.

“Por conseguinte, são de competência exclusiva do parapsicólogo os fenômenos de telepatia, de clarividên­cia e de precognição e, futuramente, certos fenômenos ainda não aceitos oficialmente pela parapsicologia, por­que ainda em regime de cautelosa observação, como a projeção da consciência e a memória extracerebral”.

Reconhecendo o método como meio e não como fim, Rosa Borges admite que a parapsicologia necessita apri­morar mais a sua metodologia de trabalho, compatibilizando o controle das experiências com as peculiaridades de cada caso concreto, atentando para a especificidade da sua área de atuação, definida linhas atrás. É ainda Rosa Borges quem chama a atenção para o fato de que o campo psíquico é objeto comum de investigação da pa­rapsicologia, da psicologia e da psiquiatria, cada uma com suas especificidades, conforme já explicado, deven­do todo estudioso da mente humana ser considerado genericamente um psiquista. Nesse caso, segundo Bor­ges, os psiquistas, de acordo com suas áreas de atuação, deveriam ser denominados:

Parapsicólogos – se dedicados à área de atuação da parapsicologia; Psiquiatras – se dedicados à área de atuação da psiquiatria; Psicólogos – se dedicados à área de atuação da psicologia.”

 

Em 5 de abril de 1993, o Governador de Pernambuco, Dr. Joaquim Francisco de Freitas Cavalcanti, a respeito da homenagem prestada ao I.P.P.P. pela Revista Brasileira de Parapsicologia, dirigiu-me a seguinte carta:

 

Prezado Walter Rosa Borges

 

Com algum atraso, estou registrando e agradecendo o recebimento de sua carta e do primeiro número da Revista Brasileira de Parapsicologia. Registro, também, com a satisfação, o destaque dado na Revista ao Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas.

Ratifico nossas conversas anteriores, com respeito ao interesse que tenho a respeito dos estudos científicos da fenomenologia paranormal. A partir desse interesse, proponho-me a analisar com toda a simpatia os projetos que a equipe do I.P.P.P. está desenvolvendo para que o Estado dê pleno cumprimento ao preceituado no art. 144 da nossa Constituição.

Parabenizo-o pela sua atividade ligada ao estudo da ciência, da filosofia e da religião.
Cordialmente,
Joaquim Francisco

 

Em 24 de julho de 1993, o I.P.P.P., por minha sugestão, criou o Dia Nacional do Parapsicólogo em 29 de julho, com fundamento na data da realização do I Congresso Internacional de Parapsicologia, em Utrecht, na Holanda, de 29 de julho a 4 de agosto de 1953, no qual foi adotado oficialmente o nome de Parapsicologia para a nova ciência. A proposta do I.P.P.P.  foi aprovada pelas Federação Brasileira de Parapsicologia – FEBRAP – na pessoa de seu Presidente Geraldo dos Santos Sarti. A partir daí e, infalivelmente, todos os anos, o Instituto, o Conselho Regional de Parapsicologia – CONREP – e a Associação Pernambucana dos Parapsicólogos – ASPEP – vêm comemorando festivamente o Dia Nacional do Parapsicólogo. E, com o propósito de ampliar o alcance dessa data, a Comissão Organizadora do I Congresso Internacional e Brasileiro de Parapsicologia, realizado no Recife em 1997, procurou transformá-lo em Dia Internacional do Parapsicólogo, como um dos itens da Carta do Recife, ficando a questão a ser decidida, após um demorado fórum de discussão entre as principais instituições de Parapsicologia do mundo.

 

E, no dia 6 de outubro, o I.P.P.P. recebeu da Universidade de São Francisco, de Itatiba, São Paulo, o seguinte ofício:

Ao I.P.P.P. – Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas

Prezados Senhores:

A Universidade de São Francisco de Assis, na pessoa de seu diretor Frei Konrad Lindmeier, Campus Itatiba, vem parabenizar e apresentar suas congratulações pela instituição do “DIA DO PARAPSICÓLOGO”, comemorado no dia 29 de Julho.

É com grande alegria que passaremos a comemorar a grande data que homenageia o parapsicólogo.

Aproveitamos a oportunidade, para reiterarmos nossos protestos de alta estima e consideração.

Atenciosamente

Frei Konrad Lindmeier

Diretor – Fac. De Ciências Humanas

 

A nossa posição, estritamente científica, recebeu o reconhecimento da Revista Brasileira de Parapsicologia, que, em seu segundo número, Verão-1993, publicou artigo do psicólogo e parapsicólogo Wellington Zangari, intitulado Por que Paranormal?, no qual o articulista assevera que Valter da Rosa Borges, ao contrário do Pe. Oscar Quevedo e de Hernani Guimarães Andrade, “mantém a posição científica dos fenômenos parapsicológicos” e, por isso, encontra-se “mais próximo da Parapsicologia Internacional que aqueles últimos”.

 

No XI Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, realizado no Auditório República Pernambucana, no Centro de Convenções. Olinda, em 4 de dezembro de 1993, participo da Mesa Redonda “A Parapsicologia no Mundo e em Pernambuco”, juntamente com Terezinha Acioli Lins.

TECNOLOGIA DO COMPORTAMENTO.

12 de setembro de 1993

 

PARAPSICOLOGIA, UMA CIÊNCIA SEM MISTÉRIO

 

Valter da Rosa Borges

 

A Parapsicologia é uma ciência que, sob essa denominação, foi criada, quando da realização do 1º Congresso Internacional de Parapsicologia, de 29 de julho a 5 de agosto de 1963, na cidade de Utrecht, Holanda. Neste memorável congresso a que compareceram parapsicólogos de quatorze países, foi adotada a primeira classificação dos fenômenos paranormais, com a aprovação da proposta de Thouless e Wiesner. Na verdade, a Parapsicologia é a depositária eminentemente histórica da pesquisa de fenômenos insólitos, a partir da metade do século 19, suscitando acirradas polêmicas sobre a sua autenticidade e interpretação. Mesmo para os pesquisadores que consideram comprovada a sua realidade, existe uma radical discordância interpretativa: para uns, tais fenômenos eram de natureza espiritual, demonstrando a sobrevivência do ser humano através de sua intervenção no “mundo dos vivos”; para outros se tratava da evidência da extraordinária capacidade da mente humana, superando, em determinadas circunstâncias, os seus limites habituais.

O Espiritismo adotou a interpretação transcendentalista e, por isso, se firmou como religião. A Metapsíquica assumiu a postura imanentista e buscou transformar-se numa ciência, dando ênfase ao método qualitativo, mediante o qual um determinado fenômeno é válido, mesmo na sua singularidade, desde que exaustivamente comprovada a sua autenticidade. Para isto, se pesquisam as pessoas ostensivamente dotadas desta aptidão, os então chamados “grandes médiuns”, os quais eram submetidos as mais rigorosas e extremas condições de controle (algumas raiando até a paranoia metodológica) com o propósito de afastar a alegação de fraude, ilusão ou alucinação, como fatores de invalidação das pesquisas. Assim mesmo, apesar da constatação de elevado número de fraudes, erros de observação e insuficiência de controles adequados o material restante estabelece, em definitivo, a realidade dos fenômenos então chamados espíritas, metapsiquicos e, hoje, denominados paranormais.

A Parapsicologia representou uma ruptura metodológica na investigação desses fenômenos, graças ao trabalho do Dr. Joseph Banks Rhine (por isso, e com justiça, considerado o pai da Parapsicologia) que, adotando o método quantitativo-estatístico-matemático, conseguiu, com as suas pesquisas, criar condições favoráveis para lhe dar cunho de autenticidade.

A outra importante inovação de Rhine foi realizar seus experimentos com pessoas normais (embora, em algumas ocasiões, tenha trabalhado com paranormais), tendo constatado que, uma em cada cinco pessoas, apresenta este talento especial.

A Parapsicologia é uma ciência porque: a) adota uma metodologia científica na investigação dos fenômenos paranormais; b) foi reconhecida como tal pela comunidade científica, em 1969, quando a Parapsychological Association, dos Estados Unidos da América do Norte, foi aceita como membro da Sociedade Norte-Americana para o Progresso da Ciência. Infelizmente, no Brasil, o desenvolvimento da Parapsicologia vem sendo prejudicado por situações que a utilizam, como arma a serviço do sectarismo religioso. A Parapsicologia tem por objetivo a investigação dos fenômenos paranormais, que constituem um tipo de conhecimentos não adquiridos (ou seja, que não se originam dos dados dos sentidos e nem da atividade racional e da ação da mente sobre o mundo exterior, afetando os seres vivos e a matéria em geral, sem a utilização de quaisquer recursos físicos ou energéticos conhecidos. A Parapsicologia não trata de problemas transcendentais, como a sobrevivência post-mortem, da comunicação entre vivos e mortos, da reencarnação, de efeitos cármicos e outras questões semelhantes.

Temos enfatizado que a investigação parapsicológica alcançou um patamar mais elevado, direcionando-se para a intimidade da fenomenologia paranormal com a elaboração de modelos científicos mais ousados, visando a compreensão, cada vez maior, desta aptidão humana, no que diz respeito ao seu modus operandi.

É de suma importância conscientizar as pessoas, dotadas deste talento, de que não são seres especiais, titulares de um dom divino ou missão transcendental, prevenindo-as, assim, contra a megalomania e a tendência a mistificação.

Hoje, o papel do parapsicólogo assumiu um caráter mais abrangente. Ele não é mais apenas um pesquisador do paranormal, mas um educador, não só pelo conhecimento aprofundamento do psiquismo humano, mas também como pelo trabalho de formação de uma consciência moral na aplicação pragmática de seu talento especial.

 

CONHECIDO EXPLICA O DESCONHECIDO

 

A Parapsicologia, como toda ciência, procura explicar o desconhecido pelo conhecido, utilizando hipóteses científicas de maior abrangência operacional e especulativa. Por isso, estabelece, como postulado fundamental, que os fenômenos paranormais são produzidos pelo psiquismo humano, em nível inconsciente, na quase totalidade dos casos, o que resulta na necessidade de aprofundamento da investigação dos processos mentais, ampliando as relações polêmicas entre cérebro e mente, organismo e ambiente, num dinamismo dialético de alta complexidade cognitiva.

A Parapsicologia é hoje, inegavelmente, uma ciência de vanguarda, não só pela natureza do seu objeto, mas também por suas fecundas relações interdisciplinares com outras ciências, a religião e a filosofia, ensejando a elaboração de hipóteses audaciosas para a modelização operacional de seus fenômenos. Por isso, todos que a detratam, sejam quais forem os seus motivos, estão, irremediavelmente, na contramão do progresso e da História.

Em Pernambuco, desde 1973, ano de sua fundação, o nosso Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP – apesar de contar apenas com os seus parcos recursos, oriundos de cursos e mensalidades dos associados, vem realizando um importante trabalho no campo do ensino e da pesquisa em Parapsicologia.

Hoje, já conhecido internacionalmente, o IPPP apresenta uma grande folha de serviços prestados ao Estado, com a realização anual, desde 1983, de seus Simpósios Pernambucanos de Parapsicologia, de um Congresso Nacional de Parapsicologia e Psicotrônica (1986), de Cursos de Pós-Graduação em Parapsicologia, desde 1983, para a formação de parapsicólogos, da publicação de três livros (Introdução ao Paranormal, de Valter da Rosa Borges, em 1976, Parapsicologia: Um Novo Modelo, de Valter da Rosa Borges e Ivo Cyro Caruso, em 1986, e Manual de Parapsicologia, Valter da Rosa Borges, em 1992), além de atendimento às pessoas com problemas de natureza paranormal, e orientação e assistência a paranormais. O IPPP possui uma modesta biblioteca especializada, instrumentos de pesquisa artesanalmente confeccionados, e um grupo de professores e pesquisadores da mais alta qualificação. Dispõe de importantes projetos de investigação parapsicológica para aplicação em Pernambuco, visitando, principalmente, no campo social, beneficiando, não apenas as pessoas dotadas desta aptidão, mas também a própria comunidade. Porém, infelizmente, não conta com recursos materiais para por em execução seus projetos, pois não recebe qualquer apoio financeiro público ou privado.

 

A luta contra moinhos de vento

 

Assim, num misto de quixotismo e franciscanismo, costurando com as suas próprias linhas, o IPPP, apesar de todos os pesares, vem realizando, estoicamente, o seu trabalho de renovar o estudo e a pesquisa dos fenômenos paranormais em Pernambuco, o qual, em virtude disso, passou a ser considerado um dos polos mais importantes da Parapsicologia no Brasil, ao lado de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. O IPPP acredita que investir no homem, principalmente na sua capacidade psíquica, constitui o mais seguro investimento para o progresso material e espiritual do país.

O IPPP oferece, semestralmente, o Curso de Pós-Graduação, destinado à formação de parapsicólogos, podendo dele participar qualquer pessoa portadora de título universitário, em qualquer área acadêmica. Mais informações na sede do IPPP, Rua da União, 557, 4º andar, conjunto 402, somente aos sábados, no horário da manhã, ou pelo telefone 241.7402.

 

DIÁRIO DE PERNAMBUCO

18 de março de 1993

 

A TÉCNICA ALIADA À PARAPSICOLOGIA

 

Instituto pesquisa casos de natureza paranormal utilizando dispositivos eletrônicos

 

Para o presiden­te do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, Valter da Rosa Borges, “a Parapsicologia, é, ao mesmo tempo, uma ciência hu­mana e da natureza, investigando as manifestações incomuns ao psi­quismo humano nas suas relações com os seres vivos e a matéria em geral. E é uma ciência de extensa multidisciplinaridade, pois estabe­lece fronteiras de relações fenomenológicas com as mais diversas ciências”.

Mas, em que consiste a paranormalidade? Na visão de Borges, um estudioso do assunto desde 1954 e com o seu trabalho reconhe­cido, inclusive pelo americano Stanley Krippner, “a paranormalidade consiste num conhecer e num agir do ser humano além dos limi­tes habituais dos processos cogniti­vos e das extensões corporais”. E vai mais além ao afirmar que “é uma evidência do homem ser maior do que revela em seu desempenho habitual, em sua rotina biológica e psíquica”.

Quanto ao ser paranormal, o professor de Parapsicologia e pro­curador de Justiça cita-o no seu li­vro como “o normal incomum”. Em outras palavras, “tudo o que excede o comumente humano, per­manecendo humano e que a paranormalidade é uma aptidão perma­nente no ser humano, existente em todos os tempos e lugares, cuja manifestação está condicionada a fatores físicos e socioculturais”.

O IPPP dispõe de um modesto laboratório, constituído de aparelhagem simples e alguns dispositivos eletrônicos.

Borges: “O paranormal é o normal incomum, é tudo o que excede o comumente humano,            permanecendo humano”

 

Para o presiden­te do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, Valter da Rosa Borges, “a Parapsicologia, é, ao mesmo tempo, uma ciência hu­mana e da natureza, investigando as manifestações incomuns ao psi­quismo humano nas suas relações com os seres vivos e a matéria em geral. E é uma ciência de extensa multidisciplinaridade, pois estabe­lece fronteiras de relações fenomenológicas com as mais diversas ciências”.

Mas, em que consiste a paranormalidade? Na visão de Borges, um estudioso do assunto desde 1954 e com o seu trabalho reconhe­cido, inclusive pelo americano Stanley Krippner, “a paranormalidade consiste num conhecer e num agir do ser humano além dos limi­tes habituais dos processos cogniti­vos e das extensões corporais”. E vai mais além ao afirmar que “é uma evidência do homem ser maior do que revela em seu desempenho habitual, em sua rotina biológica e psíquica”.

Quanto ao ser paranormal, o professor de Parapsicologia e pro­curador de Justiça cita-o no seu li­vro como “o normal incomum”. Em outras palavras, “tudo o que excede o comumente humano, per­manecendo humano e que a paranormalidade é uma aptidão perma­nente no ser humano, existente em todos os tempos e lugares, cuja manifestação está condicionada a fatores físicos e socioculturais”.

 

História — No Manual de Parapsicologia (Companhia Edi­tora de Pernambuco. 266 páginas) é apresentado, além de uma abor­dagem didática do assunto de forma harmoniosa, o breve histórico da nova ciência. Na visão do dirigente do IPPP, cinco fases compõem a Parapsicologia, que vai do período pré-espírita à concepção atual, vinda do congresso na Holanda.

O primeiro período (1826-1856), chamado pré-espírita, come­ça com as experiências realizadas por Justinus Kerner com a paranor­mal alemã Frederica Hauffe, co­nhecida como a “vidente de Prevorst, e pelos fenômenos de toribismo em Hydesville, produzidos pelas irmãs Fox, em 1848. Na dé­cada de 50, inicia-se também a ma­nia das mesas girantes pela Europa.

O segundo período ou fase — Espiritismo — começa com a publi­cação em 1857 de O Livro dos Es­píritos, codificado por Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhe­cido pelo cognome de Allan Kardec. De 1882 a 1933, a fase da Metapsíquica, cuja paternidade é atri­buída a Charles Richet, e constitui na primeira tentativa de se estudar os fenômenos paranormais de for­ma científica.

Em 1934, com a publicação do livro Percepção Extra-Sensorial, de J. B. Rhine, tem início o perío­do de transição que vai permanecer até 1952. E em 1953, finalmente, a palavra Parapsicologia passa a de­signar oficialmente a nova ciência, durante congresso na Holanda e, ainda, a criação do primeiro Insti­tuto de Parapsicologia no mundo e com subsídio estatal.

No Brasil, três pesquisado­res são fontes de referências da Parapsicologia na atual fase: pa­dre Oscar Quevedo, Hernani Guimarães Andrade e Valter da Rosa Borges, à frente do IPPP, desde sua fundação em 1973. Aliás, o Instituto Pernambuco de Pesquisas Psicobiofísicas foi homenageado no primeiro nú­mero da revista brasileira de Parapsicologia, lançada em São Paulo, o ano passado.

Como uma instituição cien­tífica e cultural, sem fins lucra­tivos e declarada de utilidade pública, o IPPP é a única enti­dade, no Brasil, que vem, desde 1982 realizando, anualmente, simpósios de Parapsicologia. E também, juntamente com a Fa­culdade de Ciências Biopsíquicas do Paraná, a que apenas oferece no País cursos de gra­duação, lato sensu e especializa­ção em Parapsicologia.

O IPPP, que se mantém dos próprios recursos (oriundos de mensalidades dos sócios e das rendas dos seus cursos, simpó­sios e congressos), conta com um modesto laboratório, consti­tuído de uma aparelhagem sim­ples e alguns dispositivos ele­trônicos, entre os quais, pêndu­los de diversos modelos, bússolas, baralhos Zener, pirâ­mides e imãs. A partir de sua fundação até 1990, a instituição já investigou 149 casos de pes­soas com problemas de natureza paranormal, não somente no lo­cal da ocorrência (casos de “poltergeist”), como também em experimentação de laborató­rio. Entre os integrantes e pro­fessores do Instituto, estão, Ivo Cyro Caruso e Ronaldo Dantas.

 

TECNOLOGIA EM PERNAMBUCO

Recife – Ano I – Nº 2 – abril/1993

 

PARAPSICOLOGIA PESQUISA MORTE EM HOSPITAIS

 

MÉDICOS COM FORMAÇÃO EM PARAPSICOLOGIA PLANEJAM PESQUISA SOBRE EXPERIÊNCÍA PSÍQUÍCA NOS HOSPITAIS DO RECIFE. O PROJETO SERÁ APRESENTADO À SECRETARIA DE SAÚDE.

 

Uma equipe de médicos do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP, prepara uma pesquisa sobre ex­periências psíquicas nos hospitais do Recife envolvendo, sobretudo, casos de quase morte de pacientes e que depois se recuperam. O trabalho compreende pesquisa rigorosa com as equipes médicas que atuaram nos casos, incluindo entre­vistas minuciosas com enfermeiras e todo pessoal paramédico envolvido no atendimento antes e depois. A direção do IPPP vai entrar em contato com a Secretaria de Saúde do Esta­do para verificar a viabilidade da pesquisa. “Nossa preten­são é realizar um trabalho de alta envergadu­ra e de alto nível científico, com metodologia profissional”, afirma o parapsicólogo Valter Rosa Borges, presidente do IPPP. Ele espera a aprova­ção da Secretaria de Saúde em virtude da importância científica do projeto e a seriedade dos profissionais envolvi­dos. A equipe do IPPP é composta pelos médicos Luiz Carlos Oliveira Diniz, José Carlos Gomes, Wil­son Paz, Amanda Jardim e Ronaldo Dantas. Outro projeto em elaboração no Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísica prevê o cadastramento de paranormais nas comunidades. O le­vantamento será no CSU da Mustardinha se a Se­cretaria de Ação Social aprovar o projeto.

 

A LAMENTÁVEL PENÚRIA DE UMA PESQUISA QUE O MUNDO TODO RESPEITA

 

A parapsicologia praticada em Pernambuco está entre as mais respeitadas do mundo. O Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas realiza cursos frequentados por profissionais liberais de vários níveis. Entre eles, médicos, inclusive com cursos de pós-graduação em parapsicologia, que só são oferecidos no Brasil pelo IPPP e a Faculdade de Ciências Bio-Psíquicas do Paraná. O Artigo 174 da Constituição de Pernambuco, promulgada em 5 de outubro de 1989, inclui o paranormal entre as pessoas que devem ser assistidas pelo Poder Público. O Artigo 174 da Constituição de Pernambuco, promulgada em 5 de outubro de 1989, inclui o paranormal entre as pessoas que devem ser assistidas pelo Poder Público. O pesquisador norte-americano Stanley Krippner, um dos mais acreditados do mundo, no momento, já esteve no Recife por duas vezes nos últimos quatro anos, atraído pelo trabalho realizado por Valter Rosa Borges e sua equipe. Ele não entendeu por que não existem verbas para pesquisas científicas sobre a paranormalidade pernambucana, tendo os estudiosos de recorrer a dados coligidos no exterior. O IPPP realiza suas investigações sem dispor de quaisquer recursos. Por isso, nunca pôde realizar um levantamento sistemático de grande vulto.

 

PERNAMBUCO FAZ A MELHOR PARAPSICOLOGIA DO BRASIL

 

A única parapsicologia científica praticada no Brasil é a de Pernambuco. As outras duas correntes principais – do padre Oscar Quevedo e Ernani Guimarães de Andrade – são consideradas de tendência religiosa. Esse conceito, implícito entre os meios parapsicológicos brasileiros, é realçado de forma explícita num artigo publicado no último número da Revis­ta Brasileira de Parapsicologia assinado pelo seu editor-chefe Wellington Zangar, que também é psicólogo e psicanalista. Ele coloca Valter Rosa Borges como líder da corrente científica. O rigor científico e a fidelidade a recursos tecnoló­gicos para verificação de fenômenos incomuns que caracterizam a corrente pernambucana geram antagonismos não disfarçado em quase todas as áreas espiritualistas. O IPPP, com 20 anos de existência, nunca conseguiu acesso aos terreiros de xangô e centros espíritas do Re­cife. Sua tecnologia investigativa é rejeitada. Zangari, que é presidente do Instituto de Investigações Científicas em Para­psicologia, considera restrita a definição da pa­rapsicologia feita por Borges. Não concorda, em particular, com o conceito de paranormalidade do pernambucano, que é o de evento incomum de natureza psíquica, biológica e física atribuíveis a uma aptidão especial do ser humano. A chave da discordância está na colocação “aptidão es­pecial do ser humano”. As correntes religiosas, ou para-religiosas, pretendem ver transcendentalidade na manifestação paranormal. Nessa pretensão está subjacente o misticismo sob di­versas formas, o que termina por deturpar a manifestação paranormal e, com frequência, transforma o sensitivo num “milagreiro com po­deres divinos”. Ao desmistificar as mistificações, o método de Borges incomoda.

A tecnologia investigativa de Rosa Borges não se apoia apenas nos instrumentos e metodologia da parapsicologia. Para estabelecer parâmetros confiáveis, ele recorre à interdisciplinaridade de modo a prevenir-se contra toda possibilidade de equívoco. Afinal, como costuma dizer, a maior parte das sensações ”estranhas” experimentadas pelas pessoas não têm causa misteriosa e são consequência de alguma disfunção puramente orgânica, facilmente tratada quando identificada pelo especialista. Dentro desse método, antes de considerar um caso como paranormal, ele e sua equipe ouvem o diagnóstico de profissionais médicos. Um caso muito comum é o das visões de auras, mistificadas pelo esoterismo como pos­síveis mensagens, mas que não passam, quan­do examinadas pelo oftalmologista, de proble­mas no sistema visual. Esse rigor faz a parapsi­cologia de Pernambuco a mais científica do país.

 

 

JORNAL DO COMMERCIO

25 de abril de 1993

 

EXPLICAÇÃO PARA FENÔMENOS TIDOS COMO COISA DO ALÉM

 

Paranormal ganha assistência gratuita

 

Um grupo de médicos pós-graduados em Parapsicologia pretende dar assistência a pacientes que vivenciaram fenômenos paranormais, como os casos em que o indivíduo clinicamente morto percebe o que se passa ao seu redor, como se estivesse fora do corpo ou ainda se desloca para lugares mais distantes.

 

Luciana de Souza Leão

 

Pacientes de hospitais públicos que vivenciaram fenômenos paranormais, como experiência de quase morte (EQM), em que o indivíduo clinicamente morto percebe o que se passa ao seu redor como se estivesse fora do corpo, ou ainda se desloca para lugares mais distantes, poderão em pouco tempo ter um atendimento parapsicológico gratuito. A proposta é de um grupo de médicos pós-graduados em Parapsicologia, do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP), que pretende prestar assistência especializada, a estes pacientes, voltada para o conhecimento dos fenômenos psicobiofísicos, comumente considerados pelos espíritas como manifestações mediúnicas.

Os médicos querem realizar um levantamento e acompanhamento dos pacientes que dizem ter vivenciado estes fenômenos e ainda entre os profissionais dá área de saúde que diariamente têm contato com o doente. Os hospitais e unidades de terapia intensiva são locais em que se concentram pessoas com morte clínica aparente, anestesia cirúrgica, choque emocional, debilidade orgânica ou simplesmente fadiga, que caracterizam a EQM, por isso, os parapsicólogos acreditam que terão um campo fértil para estudos científicos.

Além disso, outros tipos de fenômenos também são registrados em hospitais, como o pipocar de uma lâmpada na ocasião em que um paciente morre ou ainda uma aparição vista por mais de uma pessoa. “O que os indivíduos não sabem é que este tipo de acontecimento é provocado por um paranormal, que normalmente desconhece o que são estes fatos estranhos”, afirma Valter da Rosa Borges, que dirige o IPPP, um dos cinco centros de estudos psicobiofísicos no Brasil.

Ele destaca que muitas pessoas procuram a orientação religiosa baseada no espiritismo para obter explicações. “Pensam logo que são espíritos lhe enviando mensagens e desconhecem que são as pessoas vivas que os provocam. O homem é capaz de conhecer o que se passa no universo sem a utilização de processos cognitivos convencionais e também agir sobre o mundo exterior, afetar os seres vivos e a matéria em geral”, diz o professor, citando seu livro “Manual de Parapsicologia”. O livro é utilizado por professores e alunos nos cursos básico e de pós-graduação lato sensu ministrados no instituto. Rosa Borges, considerado pelo presidente do Instituto de Investigações Científicas em Parapsicologia, Wellington Zangari, como o líder da corrente científica da Parapsicologia no Brasil, afirma que estas experiências em que o paciente vivencia a EQM não podem ser consideradas um contato com o “mundo de lá”, mas são vivências psíquicas e por isso é necessário haver correta orientação principalmente quando os fenômenos são esporádicos.

PROJEÇÃO DA MENTE

 

Entre os fenômenos paranormais mais comuns estão a telepatia (uma pessoa conhece o que se passa com outra), a precognição (conhecimento antecipado de fatos normalmente imprevisíveis) e a clarividência (informação obtida, do mundo exterior sem intermediação de qualquer fonte humana). Estes são os considerados psi-gama, quando são extraídos da mente dos outros e do mundo exterior o que interessa ao indivíduo paranormal.

Outros acontecimentos também são objeto de estudo da parapsicologia, como o dermografismo (aparecimento de sinais ou letras no corpo), personificação objetiva (em que o indivíduo projeta um duplo de si mesmo ou reproduz réplicas de pessoas falecidas), parapirogenia (combustão espontânea de objetos) e poltergeist (muitos fenômenos simultâneos desencadeados normalmente por adolescentes em fase de tensão). São os chamados psi-kapa, ações da mente sobre os seres vivos, o meio ambiente e a matéria em geral.

 

MÉDICO DIZ QUE NÃO HÁ MISTÉRIO

 

O médico Luiz Carlos Diniz faz parte do grupo de especialistas que está empenhado em acompanhar e pesquisar os fenômenos psicobiofísicos nos hospitais da rede estadual. Ele diz que há muito desconhecimento sobre a parapsicologia entre médicos e profissionais da área de saúde e que a morte — um verdadeiro tabu entre os médicos — e os fenômenos que a cerca terminam não sendo tratados como deveriam. “Queremos chegar mais perto e explicar que não existe tanto mistério assim. O local mais accessível é exatamente o hospital, por isso pretendemos fazer um levantamento estatístico e um acompanhamento científico dos casos evidenciados”, afirma.

Segundo ele, a sociedade ainda tem grande resistência a aceitar como dignos de estudos científicos fenômenos explicados pela parapsicologia. “O que acontece é que os pacientes passam a “ser mais religiosos diante de doenças ou males incuráveis e facilmente, dramatizam no inconsciente sobre a parte da vida que não aceitam. Alguns acham que estão desorientados ou precisariam de acompanhamento psicológico”, destaca. Nestes casos de evidentes fenômenos paranormais, o ideal seria a investigação dos casos para que muitas testemunhas possam dar credibilidade ao acontecimento e ainda uma descrição detalhada feita pela pessoa que vivenciou o fenômeno.

Assim, se verificaria se realmente aconteceram os fatos descritos ou foram apenas distúrbios psicológicos ou psíquicos. “Muitos pacientes dizem ter visto tudo numa cirurgia em que se sentiram fora do corpo, mas depois descobrimos que eles tiveram um tipo de alucinação por não conseguir descrever nada do que realmente aconteceu”, concluiu o médico.

 

TECNOLOGIA EM PERNAMBUCO

Recife – ANO I – Nº 3 – Maio/ 1993

 

MESSIAS DE BAIRRO TÊM HORROR À REALIDADE

 

Paranormais afastam-se dos pesquisadores do IPPP pelo temor de perderem a aura mística terem os poderes explicados como manifestações de dons que, se bem compreendidos, podem ser controlados e até otimizados para um uso. Preferem acreditar-se ou “enviados”. Saem dos laboratórios de pesquisa para montar de milagres ou liderar um grupo de adeptos. Para os pesquisadores é a megalomania típica de quase todos os paranormais. E isso impede que dons notáveis, mas normais, sejam aprimorados. O rigor na pesquisa parapsicológica não rejeita os fenômenos paranormais autênticos, nem se acomoda no mecanicismo. Acha que a realidade é mais poderosa do que o falso poder dos bruxos. E questiona até a metodologia espírita ortodoxa. O parapsicólogo Ivo Caruso acha que o transe mediúnico é só hipnotismo.

A incompatibilidade entre o universo esotérico do Recife e a pesquisa científica é responsável pelos equívocos e contradições que embrutecem o bom senso e favorecem o desvario de Ilusões na militância mística. Ao fundar o instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP, em 1º de Janeiro de 1973, o parapsicólogo Valter Rosa Borges estava movido pelo propósito de depurar as Investigações dos fenômenos paranormais das conotações exóticas. Sua Intenção era – e é ainda – conscientizar o paranormal/sensitivo sobre a real origem do seu dom. Esse raciocínio pretende educar psíquica e psicologicamente para que todo o mecanismo detonador dos poderes seja compreendido, controlado e otimizado. Para a equipe do IPPP, com Rosa Borges e Ivo Caruso à frente, a paranormalidade é um dom como outro qualquer – artístico, esportivo ou poético – e para ser melhor aproveitado depende de condições espe­ciais. O compositor, por exemplo, só compõe nos momentos de Inspiração (um dom), que, por sua vez, depende de um conjunto de circunstâncias; o atleta só apresenta bom desempenho devidamente condi­cionado por intenso treinamento etc. Com o paranormal seria mais ou menos a mesma coisa. Só que, como o dom envolve mecanismos complexos e profundos da mente, necessita de observação demorada para ter estabelecido todo o processo e, consequentemente, poder ser controlado.

Essa abordagem científica é rejeitada pelos centros espíritas, terreiros de umbanda e os paranormais. Em 20 anos de pesquisa no Recife, o IPPP só registra uns 100 casos de ocorrências mais ou menos positivas de dons. Mas, até esses casos não resistem à tentação carismática e a compulsão sacramental. Creem-se “eleitos“, escolhidos para uma “missão*.E fogem da pesquisa. Ressurgem, depois de algum tempo, como curandeiros numa tenda, num terreiro, num grupo ou simplesmente numa “clínica”.

Em geral, esse tipo de paranormal submete-se aos primeiros testes no IPPP, onde aparece ansioso para saber a origem de seus poderes e, logo depois, desaparece, frustrado pela insistência dos pesquisadores em humanizar seus dons e despi-los da aura sagrada ou mística.

Os 20 anos de pesquisas deixaram no pessoal do IPPP uma certeza: o paranormal, na quase totalidade dos casos, é dominado por uma insuperável megalomania. E esse fator o Incompatibiliza com a pesquisa científica. Frustra-o a Iminência da realidade. Ameaçado em sua ânsia crística, reage à metodologia da pesquisa, desacredita os pesquisadores, refugia-se mais profundamente no oculto – é dolorosa demais a desdeificação, é Intolerável a possibilidade de não ser um eleito de Deus.

A megalomania mística existe em níveis variados. É consequência do Impacto de eventos incomuns numa perso­nalidade normal. E sua Intensidade depende do grau de compreensão da pessoa envolvida. Mas, por mínima que seja, essa megalomania é inevitável e é a razão principal das defecções que ocorrem nos chamados grupos espi­ritualistas, inclusive nas correntes espíritas formais.

Um caso típico é da sensitiva Mazé. Seu nome real é Maria José. Vivia em Palmares, com marido e dois filhos. Há alguns anos passou a residir no Recife, depois de abandonar o marido. Dizia possuir poderes extranormais que a assustavam: na sua presença, alegava, carros paravam, elevadores não funciona­vam, as vezes motores explodiam. Dizia predizer, sem o menor esforço, passado e futuro das pessoas e ter uma estranha capacidade de influenciar beneficamente quem confiasse nela. Logo sua casinha da Cidade Tabajara passou a ser procurada por grande número de pessoas, boa parte delas senhoras da alta classe média. Inquieta, de personalidade elétrica e extremamente impulsiva, Mazé causava forte impressão e suas previsões, por coincidência ou não, tinham um grau elevado de acertos. Ela impressionou particularmente a uma senhora, adepta do esoterismo e Rosacruz, que a levou aos Jornais. Diário de Pernambuco e Jornal do Commércio publicaram amplas reporta­gens sobre Mazé. Nelas, ela fazia apelos para que a pesquisassem e descobrissem o que causava seus “poderes”. Foi levada ao IPPP. Só compareceu, porém, a duas sessões. Alegou que os pesquisa­dores “eram muito nervosos e não sabiam nada.” Atualmente, dá consultas, sempre mudando de endereço. O último deles foi num prédio da Rua do Riachuelo. Em torno dela esvoaça um grupo de crentes cada vez mais crescente.

 

Conceitos espíritas também são questionados

 

Seriedade científica não quer dizer cientificismo. O rigor metodológico e o extremo critério dos pesquisadores do IPPP também não podem ser confundidos com mecanicismo ou formalismo conceitual. Pelo contrário. O obje­tivo é dissolver sombras perturbadoras sobre o enigma existencial sem apoiar-se em escapismos, ilusões ou crenças anestesiantes. Isso não di­minui o fascínio, a magnificência e a formidável propriedade do verdadeiro dom paranormal. A realidade da totalidade dos poderes do ser hu­mano totalmente consciente e desenvolvido seria mais fantástica ainda do que a mágica irreal dos místicos improvisados. Do ponto de vista dessa epistemologia, não há privilégios no oculto. O acesso às forças adormecidas é livre. Não exis­tem barreiras Intransponíveis no caminho entre o físico e o psíquico, entre a mente e o corpo. Basta querer encontrar o rumo certo, reeducando-se, repensando-se, reencontrando-se, religando-se. É aceitável a participação de um indutor, de um professor/mestre reconhecidamente qualificado e com a capacidade para orientar o processo de reeducação. Mas só para orientar e conscientizar. O messias suburbano que, com uma compreen­são parcial e confusa do seu próprio dom preca­riamente desenvolvido, subjuga adeptos, aprisio­na admiradores e sujeita-os à dependência de suas “ forças “ é combatido. Assim como os que, com deliberada má intenção, dele tentam se aproveitar, como profissionais das crenças e do oculto.

Essa posição tem provocado muitas defecções, desconforto, dissidências. Participa­ram do núcleo inicial do IPPP (que teve como um dos cofundadores o falecido ecologista Vascon­celos Sobrinho), espiritualistas como Irmão Macedo (tido como um dos poucos autênticos paranormais de Pernambuco – ver matéria na página seguinte) e o médium/médico Édson Quei­roz. O próprio Valter Rosa Borges é espírita desde a juventude. No entanto, o desenrolar das pesqui­sas o afastaram, aos poucos, da ortodoxia espíri­ta. E, hoje, ele trabalha na reelaboração concei­tual do que chama de “neo-espiritismo“. Sua tese fere dogmas espíritas como a reencarnação ou sobrevivência da mente ao Inverter a noção de causalidade. Assim, considera mais viável inves­tigar a mente/espírito através do cérebro, abando­nando a posição estática tradicional do espiritis­mo. Já o vice-presidente do IPPP, parapsicólogo Ivo Caruso, não crê, sequer, na autenticidade dos transes mediúnicos, nem os admite como incor­poração, qualificando-os apenas como “auto hipnotismo”.

De certo modo, essa linha de raciocínio seguida pelos pesquisadores do IPPP tem paralelos com as descobertas da neurofisiologia moderna. Cor­rentes elétricas no cérebro são conhecidas há mais de 100 anos quando o cientista Inglês Richard Catton iniciou pesquisas nesse campo. Essas correntes, primeiramente mensuradas por Hans Berger no início deste século, fazem circular ondas alfa e beta responsáveis pelas funções humanas. Benjamin Libet, da Universidade da Califórnia, e Roger Sperry, do Instituto de Tec­nologia da Califórnia, chegaram recentemente conclusões espantosas com os seus experimen­tos. Eles descobriram que uma onda cerebral é desencadeada um terço de segundo antes dos neurônios dispararem as mensagens eletroquímicas para funcionamento de qualquer parte do organismo. É a constatação, prática, de que alguma coisa pensa o pensamento, como descon­fiavam os pesquisadores mais sérios do paranor­mal. Michael Gazzanlga, pesquisador do cérebro do Instituto de Tecnologia da Califórnia, mediu e observou a atividade cerebral de vários pacientes e tirou as dúvidas: o cérebro, essa maravilha da matéria, não passa de um Interprete de uma força maior que, efetivamente, da todas as ordens. Essa “força” é mente/espírlto? Gazzanlza não sabe. Seus eletrodos não têm sensibilidade para tanto.

Sua descoberta abriu margem para a seguinte hipótese: a paranormalidade seria um eventual acesso a essa área não material do cérebro? O caminho é investigar o paranormal, mesmo com o mais insignificante. Só que eles não querem. Preferem ser deuses.

 

TECNOLOGIA DA MENTE

11 – JULHO/1993

 

PARAPSICÓLOGO QUER MERCADO DE TRABALHO

 

Como um parapsicólogo deve ser remunerado e quais os critérios para essa remuneração? Qual a posição de um profissional de parapsicologia, formado num curso regular e reconhecido pelas instituições credenciadas, na hierarquia de tratamento de uma pessoa perturbada biopsiquicamente? Qual o mercado de trabalho especifico do parapsicólogo? Essas questões foram discutidas na última semana de julho por um grupo de parapsicólogos formados nos cursos de pós-graduação do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP. Discussões desse tipo surgem com o aumento do número de parapsicólogos formados pelo IPPP com a consequente necessidade de encontrar espaço para o exercício de sua especialidade. Ficou constatado que ainda existem preconceito e desinformação em relação aos objetivos da parapsicologia e do parapsicólogo, mesma situação da psicologia há alguns anos, quando a psiquiatria era a única ser reconhecida pelo consenso da sociedade como capaz de lidar com todos os problemas da mente humana, mesmo quando claramente não de origem física. Entre os próprios parapsicólogos esse preconceito provoca alguma inibição. Alguns deles são médicos e psicólogos que não hesitam admitir em público o uso de recursos como a hipnose, mas só em caráter reservado revelam a sua formação em parapsicologia.

 

União dos contrários

 

Toda essa efervescência é sintoma da nova fase da parapsicologia em Pernambuco. O reduzido grupo de apaixonados pesquisadores reunidos em torno de Valter da Rosa Borges, presidente do IPPP há mais de 20 anos, e de Ivo Caruso, que o vem acom­panhando desde os anos 80, ampliou-se considera­velmente. A nova sede da Rua Dom Henrique, 221, 2° andar, Boa Vista, passou a ser um ponto de en­contro entre pesquisadores veteranos, parapsicólogos recém formados, estudantes dos cursos de parapsicologia e paranormais. A natureza das con­versas também mudou substancialmente. No prin­cipio, eram mais encontros de “mestres” e alunos ou eventuais pacientes em busca de explicação pa­ra suas anomalias. O ambiente era puramente for­mal. Hoje, é de dinâmica interação. Com a forma­ção de novos quadros, os “mestres” deixaram de ser aquele objeto central de reverência inconsciente e automática. Agora, participam de um grupo, embora com a aura de pioneiros. O próprio Rosa Borges acha que é necessário passar a direção do IPPP para outro parapsicólogo. “Quero ficar apenas no Conselho. É preciso que alguém, com mais vigor, dê continuidade a esse trabalho. E o Ronaldo é um dos mais qualificados para isso”, diz ele. Entende que, no momento, há muito a fazer, sobretudo no âmbito da divulgação dos verdadeiros propósitos da parapsicologia. Lamenta que, de um modo geral, exista quase total desinformação sobre essa ciência, razão maior do preconceito. Compreende, no entanto, que essa é uma condição típica de toda espe­cialidade de vanguarda até chegar ao estágio de as­similação plena pelo contexto social e transformar-se em paradigma.

Dentro desse quadro, o ambiente no Instituto Per­nambucano de Pesquisas Psicobiofísicas não é só de abordagens sobre pesquisas, nem as ações se caracterizam mais pelo jogo entre pesquisado e pes­quisador. A parapsicologia está incorporada no co­tidiano e as anormalidades dos seres normais, co­mo já estão comprovadas, são encaradas sem sur­presa. O paranormal deixa de ser visto como pro­duto de uma pesquisa, uma curiosidade científica, para integrar-se ao ambiente.

“É interessante, até, a conversação entre os paranormais. Quando eles trocam impressões sobre os dons, podem chegar a muitas conclusões importan­tes. Diante de um igual, o paranormal sente menos inibição, se comporta de forma mais natural. Quan­do os vejo conversando, não interfiro, nem procuro saber de que se trata. Deixo-os à vontade”, observa o presidente do IPPP.

Com esse ambiente, o próprio paranormal está sendo mobilizado para tratar de casos especiais – o de pessoas abaladas por dons que não compreen­de e as deixam assustadas a ponto de desequilibrá-las emocionalmente. Nada melhor do que um para­normal para conscientizá-las. Além dos casos em que há necessidade da aplicação dos poderes para obter a cura de um mal. Acolhido no Instituto de forma natural, os paranormais não se distinguem, aparentemente, dos parapsicólogos, inclusive quan­do formam grupos de atendimento.

 

A tabela impossível

 

A questão da remuneração do parapsicólogo e intimamente ligada à identidade profissional e ao conhecimento da especialidade como uma área das ciências do comportamento – a do comportamento não natural. No decorrer das discussões entre parapsicólogos do IPPP foram levantados alguns aspectos bem específicos do critério de remuneração. Cobrar por hora, como os psicólogos? Em tratando de casos paranormais, é impossível enquadrar a situação por esse parâmetro. Geralmente pessoas perturbadas por fenômenos que não compreendem necessitam de um atendimento mais profundado. E há muitas diferenças de caso a caso. Nos de Poltergeist, por exemplo, que é a ocorrência de fenômenos materiais numa área sem aparente causa física, o parapsicólogo tem de identificar qual a pessoa no ambiente que produz, sem saber, a manifestação. Normalmente, a causa da geração das ocorrências é a intensa energia irradiada por uma pessoa em grande estado de tensão (quase sempre em fase de transição biológica, como na adolescência) ou por problemas psicológicos profun­dos. É um trabalho de detetive, que exige muita paciência e argúcia, identificar o agente. No Recife, um dos casos mais exemplificativos, por esse aspecto, foi o do Edifício Paris, na Avenida Cruz Cabugá, ocorrido há cerca de cinco anos. Num dos apartamentos ocorriam manifestações estranhas, com objetos sendo arremessados de um lado para o outro sem nenhuma força física para impulsioná-los. Houve muito estardalhaço da Imprensa. Ao chegar no local, a equipe do IPPP verificou tratar-se de um caso típico de Poltergeist Cuidou, então, de identificar qual das pessoas residentes no apar­tamento era o agente. Depois de várias horas de investigações descobriu: era a empregada domés­tica, uma jovem. Em situações desse tipo, o parapsicólogo ajuda o agente causador a compre­ender o fenómeno, levando-o progressivamente a controlá-lo até sua eliminação completa. Para os parapsicólogos, numa tabela de remuneração um caso de Poltergeist não pode ter o critério de hora ou tempo por que é um problema sem prazo para ser solucionado.

Como profissão, a parapsicologia ainda tem muitos problemas a superar. Um deles é a interpretação das pessoas. Ao contrário dos curandeiros e esoteristas em geral, o parapsicólogo com muita frequência destrói as Ilusões e crenças das pessoas com quem lida. Sua função é expurgar de todas conota­ções místicas os casos de que trata, reduzindo-os a ocorrências com causas puramente naturais, embo­ra excepcionais e inusitadas. Esse comportamento nem sempre é aceito e há sempre os casos das pessoas que, decepcionadas, vão em busca dos centros espíritas ou terreiros de umbanda. Do outro lado, estão os que confundem parapsicologia com esoterismo e espiritismo. É essa difícil e singular conjuntura que os parapsicólogos desejam superar. E isso só será possível, entendem, com divulgação maciça a respeito da real função da parapsicologia como ciência e do parapsicólogo como profissional qualificado para lidar com o supernatural.

 

Diário de Pernambuco

Recife, terça-feira, 12 de outubro de 1993

Livros pernambucanos em destaque

Marcus Prado

 

Sem leitura não há resenha critica. Sem anotações à margem do texto não há também elaboração de matéria jornalística, que deve ser necessariamente leve, sintética e o máximo possível informativa como convém no noticiário cultural da Imprensa. Para esse objetivo, fizemos uma seleção de livros lançados recentemente, e à margem de cada um anotamos fragmentos representativos como sugestão para as resenhas a serem publicadas muito em breve. Para que o leitor compartilhe também de nossa escolha — na expectativa de que ela foi acertada – citamos aqui o que ficou à margem do traço da caneta do colunista.

Singularíssima Pessoa — de Luiz Carlos Albuquerque, edição da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria. “Existem (…) alguns ele- mentos que, devidamente manipulados, podem conduzir à conclusão e um processo esquizofrênico em curso, no caso de Augusto dos Anjos”. (…) Augusto demonstra em vários momentos uma angústia do humano, uma consciência de fragi­lidade, e lamenta essa condição tão limitadora, como se sonhasse pai­rar acima de vicissitudes tão peque­nas como as que envolvem a exis­tência da humanidade sofredora”.

Narrativas, de Marco Polo Gui­marães (Edição do autor): “No dia 28 de setembro de 1991 — um sá­bado ensolarado — o pintor Joelson plantou 53 guarda-sóis pintados à mão nas areias da praia de Boa Viagem. (…) Mais que isso, Joel­son literalmente guardou o Sol, o vento, o mar nos seus guarda-sóis. Aprisionou o verão. Tornou-se portátil”.

Pássaro mulher no voo da Pai­xão, de André Campos (Edição da autora). Página por página, a poe­sia de Andrea Campos é um canto de amor paixão. Todo livro está em chamas. E um incêndio como um raio em fuga sobre o capinzal res­seco. Incêndio de poesia. Incêndio sem limites, que incendeia o voo do pássaro na alvorada ao conquis­tar as alturas, Incêndio inflamado, daí nascer numa dramática explo­são”. (Do redator desta coluna no Prefácio que escreveu para o livro  “Pássaro Mulher”).

O Sertão Medieval — Origens europeias do Teatro de Ariano Suassuna, de Lígia Vassalo (Edi­tora Francisco Alves). “A tradição religiosa pode ter chegado a Ariano Suassuna por múltiplas vias. Supo­mos algumas como a religiosidade própria do sertanejo, dependente ou não dos inúmeros folhetos que apontam milagres e moralidades, ou ainda fontes cultas do teatro cristão, a exemplo de Gil Vicente e Calderón de la Barca. Não esque­çamos, além disso, que o dramatur­go paraibano conhece bastante bem a Bíblia, e não só devido à sua for­mação protestante como por opção pessoal, (…)Como quer que seja, encontramos em sua obra vários itens que se prendem à tradição re­ligiosa”.

Manual de Parapsicologia — de Valter Rosa Borges — Edição do Instituto Pernambucano de Pesqui­sas Psicobiofísicas. “A experiência paranormal é geralmente espontâ­nea. Ela é acionada por necessida­des profundas do psiquismo incons­ciente. Por isso, o fenômeno para normal é imprevisível, em regra, o que dificulta, sobremaneira, o seu controle”.

O Sorvete e outras histórias — Carlos Drummond de Andrade (Editora Ática). “A doida habitava um chalé no centro do jardim mal­tratado. E a rua descia para o cór­rego, onde os meninos costumavam banhar-se. Era só aquele chalezinho, à esquerda, entre o barranco e um chão abandonado; à direita, o muro de um grande quintal. E na rua, tornada maior pelo silêncio, o burro pastava. Rua cheia de capim, pedras soltas, num declive áspero. Onde estava o fiscal, que não man­dava capiná-la”.

O Ofício da Busca — e outros Ofícios, poesia, de Waldimir Maia Leite. “Venho de uma batalha/(en­tre minha mãe e meu pai)/ onde fui único vencedor”.

Rarefato, de Frederico Barbosa (apontado por este colunista como um dos cinco mais importantes poetas da literatura pernambucana de todas as épocas): “Manchado de sangue o pano./ Vaza a vida pelos laços/ tramando desenho insano,/ que se apaga a cada traço”.

 

 

DIÁRIO DE PERNAMBUCO

Recife, 15 de outubro de 1993

 

PARANORMALIDADE: DOM OU LOUCURA?

Intuições, pressentimentos, visões do passado e do futuro. Há séculos esses e outros tipos de manifestações da mente hu­mana vêm sendo atribuídos aos bruxos, aos espíritos e até a distúrbios como a lou­cura. Na época da Inquisição, a Igreja Ca­tólica queimou na fogueira, taxando de bruxas, muitas mulheres que diziam passar por algumas dessas experiências incomuns. Joana D‘Arc foi uma delas. Morreu queimada em praça pública por ser, além de guerreira, considerada feiticeira.

Tempos depois, as pessoas que passa­vam por essas experiências ou eram exor­cizadas por padres, que atribuíam os fenô­menos ao demônio, ou eram internadas co­mo loucas,, em clínicas e hospitais psiquiátricos. No início do século passado começaram a surgir os primeiros estudos a respeito de fenômenos iguais ou parecidos aos atribuídos às “bruxas” do século XIV.

 

Parapsicologia— Até hoje, religião e pa­ranormalidade se confundem, até porque, quando se fala em crença, as coisas sem­pre se complicam. A parapsicologia diz que os fenômenos da feitiçaria, como o vodu, os despachos — utilizados no can­domblé — e os espirituais, como a mediunidade e a psicografia — capacidade de re­produzir a letra de uma pessoa desconheci­da, morta ou viva, desenvolvida por Chico Xavier são considerados fenômenos parapsicológicos. O espiritismo, a feitiçaria não são objetos de estudo da Parapsicologia. Os parapsicólogos, veem esses fenômenos à luz de uma ciência e não de uma crença.

O caso da visão dos meninos de Fáti­ma, que viram a santa num pequena cida­de de Portugal, também é considerado um fenômeno paranormal. “O que aconteceu com os meninos foi uma alucinação telepá­tica. Um dos meninos teve a alucinação e induziu os outros, através da mente, a te­rem a mesma visão”, explica Ronaldo Dantas. A telepatia é um dos fenômenos paranormais mais frequentes. Ela dá a um indivíduo capacidade de conhecer psiqui­camente o que se passa com outro, mesmo que ele não esteja presente.

Telepatia— O fenômeno telepático acon­tece entre duas mentes, onde um dos indi­víduos, o telepata receptor, experimenta os sentimentos, ideias, vontades emitidas por outra mente. É o que acontece entre os dois garotos paranormais, Alef (Felipe Folgosi) e Fred (Nico Pug.), da novela global das sete, Olho no Olho. Ambos são paranormais e têm aptidões especiais de ouvir pensamentos (a chamada alucinação telepática auditiva), prever acontecimentos (fenômeno chamado pela Parapsicologia de precognição) e se comunicar através da mente, num processo telepático.

A precognição é o conhecimento ante­cipado de fatos normalmente imprevisí­veis. Como aconteceu com Alef, que viu, do quarto da clínica onde estava internado, o acidente que levou seu pai (Marcos Pau­lo) à morte, no momento em que tudo acontecia. Na novela, Alef, vivido por Fe­lipe Folgosi, chegou a ficar internado nu­ma clínica psiquiátrica por quatro anos. Os pais, e até os médicos, confundiram para­normalidade com loucura.

Visões— “A identificação de uma pessoa paranormal é feita através da constatação da realidade. Se o indivíduo diz estar ten­do visões, a parapsicologia procura cons­tatar se elas são reais, isto é, se são previ­sões de algo que depois realmente acontece ­ ou puras alucinações, que caracterizariam um distúrbio mental”, explica o vice-presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísica: Ronaldo Dantas Lins.

Segundo o parapsicólogo Valter da Rosa Borges, autor de vários livros sobre parapsicólogo Valter da Rosa Borges, autor de vários livros sobre parapsicologia presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, todas as pessoas, pelo menos uma vez na vida, já passaram ou vão passar por uma experiência paranormal. ‘‘A ciência só não conseguiu ainda saber por que um indivíduo mantém essas experiências por toda vida e outras não”, explica o parapsicólogo. A paranormalidade é uma aptidão do ser humano de manifestar poderes incomuns nas relações consigo mesmo, com outras pessoas e d mais seres vivos, assim como a matéria em geral.

Perigo— A ação de um paranormal não restringe unicamente ao abstrato ou a 0utra mente, os objetos e seres vivos em geral podem ser atingidos pelo poder de uma pessoa com aptidões paranormais. A Parapsicologia chama essa aptidão de fenômenos de psi -kapa. É o caso de pessoas que conseguem, através do poder da mente, mover objetos, como na cena, que foi ao ar na semana passada, da novela Olho no Olho em que o paranormal Fred conseguiu teleguiar um caminhão para atropelar padre Guido (Tony Ramos) e, o também paranormal, Alef.

A briga paranormal de Fred (Nico Puig), manipulado por César (Reginaldo Faria), com Alef (Felipe Folgosi) é perigosa já que a paranormalidade dá uma sensação de poder e superioridade a quem possui, caso de Fred. Alef acaba se prejudicando porque não tem noção da sua própria aptidão. Caso a história acontece na vida rei o mais sensato, tanto para Alef quanto para Fred, seria buscar auxílio de um parapsicólogo que ajudaria os garotos a com ver com suas paranormalidades. Mas, novela, o final, ainda longe, das duas personagens com suas potencialidades pai normais, está nas mãos do escritor Antônio Calmon, autor de Olho no Olho. Daqui até lá, vale conferir o show de efeitos que misturam realidade e ficção.

 

JORNAL DO COMMERCIO

16 de outubro de 1993

 

VIDENTES JÁ SABEM O QUE O CLIENTE QUER OUVIR

 

O parapsicólogo Valter da Rosa Borges, 59, estuda fenômenos paranormais há 40 anos. É fundador do Instituto Per­nambucano de Pesquisas Psicobiofísicas e já publicou três li­vros sobre o assunto. Apesar de dizer que as videntes não são objeto de estudo da ciência, dá sua opinião: “O que há nes­sas consultas é uma relação mente a mente. É pura telepa­tia”, diz.

Para Borges, as videntes usam técnicas para provocar a ação do inconsciente. Essas técnicas podem ser as cartas, os búzios, entre outras. “Com a experiência que elas têm, já sabem o que os clientes querem ouvir”, explica. “Além do mais, os motivos que levam as pessoas a procurá-las são sem­pre os mesmos”. Segundo o pa­rapsicólogo, os homens vão mais por problemas financei­ros. As mulheres, pela vida afetiva.

E por que tanta gente acredita nas videntes? De acordo com Borges, o brasileiro é, por natureza, um ser místico, lúdico, que acredita em soluções, milagrosas e na fantasia. Por exemplo: o jogador de futebol já entra em campo se benzendo. “Temos uma estreita relação com o transcendental (além do universo físico) “, define.

A parapsicologia não nega que uma cartomante possa ter poderes paranormais. Afinal, a paranormalidade é uma aptidão do ser humano. Mas para fazer tal afirmação, precisaria submeter esse dom a um estudo. E aí é que surgem as dificuldades. Borges explica que essas pessoas fogem da investigação científica por temerem a quebra do encanto. “A coisa mais difícil é fazer uma investigação num terreiro de Umbanda ou num centro espírita” observa.

Até hoje, não se sabe o limite da capacidade da mente humana coisa é certa: “To­dos os fenômenos paranormais são produzidos pelo nosso inconsciente”, diz o parapsicólogo. Quanto à veracidade ou não das informações passadas por uma vidente, aí vai um recado: “O futuro não está pronto. O que existe é o presente. E o passado está na memória. Logo, não se pode prever o que vai acontecer, mas apenas conjecturar sobre o futuro”.

 

Diário de Pernambuco
19 de novembro de 1993

Um encontro de Parapsicologia em Pernambuco

 

O Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas — IPPP — realizará, no dia 4 de dezembro, no auditório República Pernambucana, no Centro de Convenções, das 8 às 18 horas, o XI Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, onde serão comemorados os 20 anos de fundação desta instituição e os 40 anos do nascimento da Parapsicologia.O Simpósio fará uma panorâ­mica da história da Parapsicologia no mundo e, particularmente, em Pernambuco, apresentando as ativi­dades desenvolvidas pelo IPPP, co­mo também por outros grupos que desenvolvem pesquisas especializa­das no campo da projeciologia e da transcomunicação instrumental. Além disso, os paranormais “Ir­mão Macedo” e “Pai Eli” farão um relato de suas experiências pa­ranormais.

O nome Parapsicologia foi adotado, oficialmente, por ocasião do 1° Congresso Internacional de Parapsicologia que se realizou em Utreque, na Holanda, de 29 de ju­nho a 5 de agosto de 1953 e, presi­dido por Gardner Murphy, psicólo­go e diretor das investigações da Fundação Menninger de Topeka (Kansas, USA), contou com a par­ticipação dos mais destacados pa­rapsicólogos de quatorze países.

Numa iniciativa pioneira, o IPPP escolheu o dia 29 de junho, como o dia do Parapsicólogo, contan­do, de imediato, com a aprovação da Federação Brasileira de Parapsi­cologia.

Fenômenos — Graças ao trabalho que vem desenvolvendo o IPPP no campo do estudo e das pesquisas dos fenômenos paranormais, Per­nambuco é considerado como um dos polos de maior desenvolvimen­to da Parapsicologia no Brasil, ao lado do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, fato este reconhecido, in­clusive, pela Revista Brasileira de Parapsicologia, editada em São Pau­lo.

O Simpósio é aberto ao público em geral, pois a sua finalidade pri­mordial é esclarecer o leigo sobre a fenomenologia paranormal. Tanto assim que, para informar as pesso­as desavisadas sobre a real natureza da paranormal idade, o último tema a ser debatido no aludido Simpósio se referirá ao tratamento que vem sendo dado aos fenômenos parapsicológicos no cinema e na TV, notadamente nas novelas.

As inscrições para o Simpósio poderão ser feitas na Livraria Sín­tese (rua do Riachuelo, 202) ou se­de do IPPP (rua da União, 557/ 402).

 

DIÁRIO  DE PERNAMBUCO
29 de julho de 1993

 

JOÃO ALBERTO

Parapsicólogo

Para comemorar o Dia Nacional do Pa­rapsicólogo, o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas realiza hoje, das 19 às 20 horas, na sede da entidade, uma mesa-redonda com a participação dos pa­rapsicólogos Valter Rosa Borges, Ivo Cyro Caruso, Ronaldo Dantas Lins, entre outros, para debater o papel do Parapsicólogo na sociedade moderna.

O Dia Nacional do parapsicólogo foi instituído este ano pelo IPPP, com a apro­vação da Federação Brasileira de Parapsico­logia. A data aprovada representa o dia do início do I Congresso Internacional de Pa­rapsicologia, realizado em Utrecht, na Ho­landa, no período de 29 de julho a 05 de agosto de 1953.

 

 

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