1994

No XII Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, no dia 3 de dezembro de 1994, no
auditório República Pernambucana no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, fui relator da Mesa Redonda intitulada “Gasparetto”.

 

Conferencista no 1º Psi Nordeste – Simpósio PSI do Nordeste, Psicologia, Psiquiatria, Psicanálise e Terapias Energéticas, realizado no Centro de Convenções, de 26 a 29 de maio

 

TECNOLOGIA DO COMPORTAMENTO

  1. JANEIRO.94

 

Entrevista com Valter da Rosa Borges sobre as dificuldades financeiras para a pesquisa em Parapsicologia.

 

Burocracia veta pesquisa com sensitivo

 

Capacitar policiais de Pernambuco para atuar em casos de paranormalidade é um projeto que só não se tornou realidade porque quando ele estava na iminência de ser adotado pela Secretaria de Segurança Pública, em fins de 1987, o seu então titular general Evilásio Gondim, foi exonerado do cargo. O Projeto de Investigação e Treinamento em Parapsicologia nas Atividades de Polícia, elaborado pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP – foi a segunda tentativa frustrada de incluir na administração do estadual procedimentos científicos na abordagem das questões paranormais. Um ano antes, no início de 1996, aquela entidade de pesquisa apresentou à Secretaria de Educação do Estado o Projeto de Assistência ao Superdotado e Paranormal. O objetivo era identificar e orientar superdotados e sensitivos encontrados na rede escolar estadual, numa primeira fase, na área metropolitana do Recife. Houve iniciativa na Câmara Municipal do Recife para adotar o projeto no município, saíram apelos da Assembleia Legislativa para a divulgação do projeto em todos os Centros Sociais Urbanos, o então secretário estadual de Educação, Alexandre Krause transformou-o em convênio com o IPPP, mas três meses depois, já no governo de Miguel Arraes todas as providências foram sustadas.

Essas duas tentativas frustradas foram inspiradas em observações das equipes do Instituto que esse ano completa 21 anos. Há muitas ocorrências estranhas transformadas em casos policiais ou fonte de boatos alucinatórios que poderiam ser solucionados se houvesse pessoal habilitado. Um desses casos está registrado nos arquivos do IPPP em 1978, Recife ficou em polvorosa com as notícias sobre um fantasma assustador na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco. Depois de muito alvoroço e noticiário desencontrado, o parapsicólogo Valter da Rosa Borges foi chamado a investigar o caso. E ele descobriu sem muito esforço que o fantasma estava na imaginação de um funcionário da Universidade com graves problemas psiquiátricos. Acreditando-se um fantasma, ele fantasiava-se e praticava todo tipo de assombrações. O velho prédio da Faculdade fornecia o ambiente ideal. Em 1985, a paranormalidade voltou a figurar em primeiro plano na imprensa do Recife. A polícia foi chamada para investigar estranhos no Edifício Paris, na Av. Cruz Cabugá. Um pastor protestante e um médium também foram convocados e não atinaram com uma explicação. Por fim, Rosa Borges foi convidado a ir ao local pela então presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, Lea Correia e esclareceu tudo. Tratava-se de um caso típico de poltergeist, provocado por uma doméstica de 11 anos com problemas emocionais. Com a família devidamente conscientizada, tudo se normalizou em três dias. A intervenção mais polêmica, no entanto, foi em 1982. Convidado pela Federação Espírita de Pernambuco para pesquisar as cirurgias espirituais do médico Edson Queiroz, o IPPP estabeleceu um modelo para controle científico do fenômeno. A assessoria do médium não aceitou a proposta e o caso transformou-se em polêmica acirrada pela imprensa. Casos assim convenceram os pesquisadores da necessidade de divulgar o conhecimento da paranormalidade. No caso das escolas houve uma base bem sólida. De 1978 a 1985, entrevistas om estudantes universitários da Universidade Católica de Pernambuco – Unicap, da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, da Universidade de Pernambuco e da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda – Facho foram consideradas estatisticamente significativas. Tornado sistemático esse tipo de ação no universo maior da rede estadual de ensino poderia ser proveitoso. A burocracia vetou.

 

Velhas máquinas na pesquisa do novo

 

Para pesquisar o paranormal também é necessário equipamento. Nos países onde a parapsicologia é uma ciência de prestígio, os laboratórios são sofisticados. O do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas é dos mais simples. Sem recursos externos, contando apenas com o dinheiro das mensalidades dos seus cursos e dos eventos promovidos eventualmente, a entidade se vira como pode. Entre a aparelhagem simples e dispositivos eletrônicos, estão pêndulos de diversos modelos, “dual rod”, bússolas, baralhos Zener, dados, psicômetros, (26 tubos contendo cada um metais e uma esfera de madeira como testemunho do metal contido no tubo, sendo cinco metais diferentes distribuídos aleatoriamente) pirâmides de mármore e de vidro, imãs fortes, etc. Os mais sofisticados são os eletrônicos, montados pela própria equipe de pesquisadores sob a orientação de Ivo Cyro Caruso, incluindo metrônomos, eletroscópio à válvula, eletroscópio transistorizado, detector de ondas alfa (de 10 a 11 hz de operação)  detector de acupontos (pontos de acupuntura), dado eletrônico, sequencial aleatório de 1 a 6 (tipo painel), detector de campo eletromagnético, medidor de resistência da pele (que é usado em experiência com plantas), máquina Kirlian (versão 1976), gerador de ruído branco, gerador de barras (a acoplar a TV para acompanhar variações da resistência da pele), etc.

Há carência de equipamentos mais avançados, de uso rotineiro em laboratório de pesquisa do exterior. Os dedicados parapsicólogos pernambucanos suprem suas deficiências de equipamento com engenho e criatividade. Eles também procuram se manter permanentemente atualizados, realizando duas vezes por mês reuniões de estudo. Essas reuniões são promovidas pelo Departamento Científico da entidade, dirigido pelo médico Luiz Carlos Diniz.

O esforço para divulgar o aspecto científico da parapsicologia é quase uma obsessão. Em 1975, Valter da Rosa Borges realizou, pela primeira vez, um curso básico de parapsicologia pela televisão – a Universitária do Recife. Em 1982, o IPPP começou a realizar sistematicamente seus cursos básicos de parapsicologia, de caráter informativo e destinado ao público em geral. Esse esforço de disseminação deu origem, cinco anos depois, ao processo de formação de parapsicólogos e a constituição de uma comunidade científica especializada e de alto nível de qualificação profissional. Essa iniciativa teve o apoio da então delegada do MEC, de Pernambuco, professora Creuza Aragão que designou o professor Luiz Augusto Rodrigues da Cruz para orientar a criação de um curso de pós-graduação em Parapsicologia. Em 1988, foi iniciada a primeira turma do curso de graduação (latu senso) Especialização em Parapsicologia, com 31 alunos de diversas graduações universitárias. Exemplo do caráter extremamente rigoroso do Curso está em que apenas cinco alunos das três turmas (1988, 1989 e 1990) apresentaram defesa pública de suas monografias e foram aprovados com distinção. Foram o engenheiro Jalmir Brelaz Freira de Castro, o médico Luiz Carlos Diniz, a professora Terezinha Acioli Lins, o psicólogo Luciano da Fonseca Lins e o sociólogo Erivam Felix. Das bancas examinadoras participaram pesquisadores de renome internacional como o parapsicólogo padre Oscar Quevedo e a sensitiva russa Barbara Ivanova. O grupo ainda teve fôlego para realizar vários eventos nos seus sofridos 21 anos de existência.

 

TECNOLOGIA EM PERNAMBUCO

Recife, junho de 1994. Ano II, Nº 12

Seção: Tecnologia da Mente

 

ROSA BORGES PROPÕE METAFÍSICA DA REALIDADE

 

O Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP está se defrontando com questões que o estão forçando a desviar-se, um pouco, do rígido esquema de estudos e pesquisas executado em mais de 20 anos e a dedicar atenção também a áreas que, por ironia, são da competência das pessoas ali pesquisadas. Treinados para investigações científicas, os pesquisadores estão sendo solicitados cada vez com mais intensidade para tratar de problemas existenciais e espirituais. O presidente do IPPP, parapsicólogo Valter da Rosa Borges, explica: “Ultimamente estamos sendo procurados por pessoas em busca de uma visão metafísica da realidade, desvinculada das religiões institucionalizadas. Elas têm o senso crítico acurado e, por isso, estão insatisfeitas com soluções dogmáticas para os problemas transcendentais e suas crises existenciais. Acontece que a parapsicologia, como ciência, não pode responder a essas indagações que, por sua natureza, não se adequam à metodologia científica.” É uma situação constrangedora.

Muitas dessas pessoas parecem angustiadas e necessitadas realmen­te de orientação, o que não é especialidade dos pesquisadores do IPPP, cuja função é a de tentar encontrar explicação científica para fenômenos paranormais. No entanto, pondera o presidente da entidade:

“Acontece que estas questões são de importância fundamental para o ser humano, pois representam uma orientação significativa para a própria existência. Refletindo sobre essa problemática emergente, resolvemos ampliar o atendimento no IPPP a essas pessoas, porém de maneira informal, mediante entrevistas previamente marcadas, onde essas questões são reavaliadas à luz de um novo modelo metafísico da realidade, com fundamento na experiência mística e nas especula­ções mais ousadas do campo científico. Neste modelo que ora adota­mos, nada se impõe e tudo se propõe, consistindo numa permanente aventura gnosiológica, onde só a busca é definitiva.” Sempre dentro da metodologia básica adotada pelo instituto durante todos esses anos,

Rosa Borges diz tratar-se de uma espécie de fé experimental, vivenciada como proposta e revista criticamente em suas consequências e resultados. “Segundo ele, “não há qualquer compromisso com o mo­delo proposto, porque este, embora definido conceitualmente, jamais será definitivo, pois a sua vocação não é o fechamento do círculo, mas a abertura da espiral. O Modelo Metafísico da Realidade não é uma escola, mas uma proposta de aprendizado compartilhado, onde não há doutrina nem mestres, mas o diálogo crítico sobre a própria aventura de existir. Com essa nova iniciativa, o IPPP passa a investir no homem integral, sem concorrer com as religiões institucionalizadas, mas resgatando e reavaliando o ensinamento e a experiência dos grandes místicos da humanidade em todos os tem­pos. “Ciência, Religião e Filosofia são modos e formas de apreender e compreender a realidade e a utilização de cada uma delas, no seu domínio específico, constitui a atividade característica do homem integral.” Uma equipe de parapsicólogos, psicólogos e psiquiatras fará o atendimento. É uma equipe interdisciplinar, abran­gendo todo o campo do psiquismo humano. Em casos especiais, o atendimento pode ser assessorado por paranormais credenciados pelo IPPP, que tem sua sede atualmente na Rua Dom Hen­rique, 221, 2º an­dar, Boa Vista.

 

UMA FORMA DE VIRAR O MISTICISMO PELO AVESSO

 

Para entender, bem, o significado da “metafísica da realida­de” proposta por Valter da Rosa Borges é preciso lembrar que, até então, ele e o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas se mantinham altamente críticos em relação à metafísica. Desconfiavam, mesmo, de tudo o que se relacionasse com metafísica. Mas a proposta não é uma rendição, um voltar atrás. É, isso sim, uma reconceituação. Ou uma logicização da angústia mística, numa tentativa de racionalizar as ansiedades espirituais, pondo-as em sintonia com os fenômenos da existência. Rosa Bor­ges parece estar agindo diante da metafísica do mesmo modo como faz com a paranormalidade, colocando-a na condição de um fenômeno passível de ser compreendido, quantificado, como mais uma condi­ção normal – embora mal conhecida – do ser humano. Seria uma desmistificação da metafísica.

O IPPP passa por processos de reconceituação também em relação à sua matéria básica, a paranormalidade. Em lugar de apenas subme­ter paranormais a experiências para tentar descobrir os mecanismos físicos dos seus dons, está indo mais além. Por exemplo: foi iniciado em julho um curso teórico e prático de paranormalidade. É destinado a pessoas dotadas de aptidões paranormais e àquelas que desejam averiguar se possuem talento parapsicológico. A parte teórica consta de aulas sobre a natureza da paranormalidade e as características da personalidade do paranormal, assim como das peculiaridades da pesquisa deste campo científico. A parte prática é constituída de testes e de procedimentos facilitadores da experiên­cia paranormal. Há, ainda, outro serviço em anda­mento: o trabalho de cadastramento de paranormais de Pernambuco. Os que forem cadastrados no mês de julho receberão uma carteira, fornecida pelo ins­tituto. Para quem quiser se cadastrar e adquirir o direito de ter uma carteira atestando sua condição de paranormal, há necessidade de submeter-se a testes com a equipe de parapsicólogos.

O IPPP decidiu instituir o Dia do Parapsicólogo, em 29 de julho. A data foi escolhida por ter sido de 29 de julho a cinco de agosto de 1953 que se realizou o 1º Congresso Internacional de Parapsicologia em Utreque, Holanda, marcando oficialmente o nasci­mento dessa nova ciência. Na ocasião, será realiza­da uma reunião na sede do instituto com discussões sobre mercado de trabalho para parapsicólogo e as atividades específicas da nova profissão.

 

O APOIO AOS QUE TÊM DOM

 

Mesmo com seve­ras limitações fi­nanceiras, o insti­tuto vem prestan­do assistência gra­tuita a paranormais, instruindo-os através de cursos básicos e parapsicologia e familiarizando-os, com treinamentos especiais, com seus dons psíquicos. Até o momento não foi cumprido o Art. 174 da Constituição de Pernambuco, determinando que o Estado e os municípios prestem assistência social ao paranormal, direta ou indiretamente, através de instituições devidamente credenciadas. A Constituição de Pernambuco é a única no mundo a reconhecer o valor social da pessoa dotada de aptidão paranormal. O anseio do IPPP é para que o Governo do Estado e prefeituras, através das Secretarias de Educação, de Saúde e de Trabalho e Ação Social, estabeleçam convênio com a instituição para prestar assistência ao paranormal em Pernambuco. Na avaliação dos seus pesquisadores, os custos para a manutenção de convênios desse tipo seriam insignificantes e os benefícios inestimáveis.

Parapsicólogo quer mercado de trabalho

Como um parapsicólogo deve ser remunerado e quais os critérios para essa remuneração? Qual a posição de um profissional de parapsicologia, formado num curso regular e reconhecido pelas instituições credenciadas, na hierarquia de tratamento de uma pessoa perturbada biopslquicamente? Qual o mercado de trabalho especifico do parapsicólogo? Essas questões foram discutidas na última semana de julho por um grupo de parapsicólogos formados nos cursos de pós-graduação do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofisicas – IPPP Discussões desse tipo surgem com o aumento do número de parapsicólogos formados pelo IPPP com a consequente necessi­dade de encontrar espaço para o exercício de sua especialidade. Ficou constatado que ainda existem preconceito e desinformação em relação aos objetivos da parapsicologia e do parapsicólogo, mesma situação da psicologia há alguns anos, quando a psiquiatria era a única ser reconhecida peio consenso da sociedade como capaz de lidar com todos os problemas da mente humana, mesmo quando claramente não de origem física. Entre os próprios parapsicólogos esse preconceito provoca alguma inibição. Alguns deles são mé­dicos e psicólogos que não hesitam admitir em público o uso de recursos como a hipnose, mas só em caráter reservado revelam a sua formação em parapsicologia.

Após formar várias turmas, o IPPP muda perfil de suas atividades ao buscar identificar qual a real situação de suas equipes no mercado de trabalho e promove debates sobre práticas da profissão, inclusive tabelas para remunerar serviços, assim  como critérios para cobrança.

União dos contrários

Toda essa efervescência é sintoma da nova fase da parapsicologia em Pernambuco. O reduzido grupo de apaixonados pesquisadores reunidos em torno de Valter da Rosa Borges, presidente do IPPP há mais de 20 anos, e de Ivo Caruzo, que o vem acom­panhando desde os anos 80, ampliou-se considera­velmente. A nova sede da Rua Dom Henrique, 221, 2° andar, Boa Vista, passou a ser um ponto de en­contro entre pesquisadores veteranos, parapsicó­logos recém formados, estudantes dos cursos de parapsicologia e paranormais. A natureza das con­versas também mudou substancialmente. No prin­cipio, eram mais encontros de “mestres” e alunos ou eventuais pacientes em busca de explicação pa­ra suas anomalias. O ambiente era puramente for­mal. Hoje, é de dinâmica interação. Com a forma­ção de novos quadros, os “mestres” deixaram de ser aquele objeto central de reverência inconsciente e automática. Agora, participam de um grupo, em­bora com a aura de pioneiros. O próprio Rosa Bor­ges acha que é necessário passar a direção do IPPP para outro parapsicólogo. “Quero ficar apenas no Conselho. É preciso que alguém, “com mais vigor, dê continuidade a esse trabalho. E o Ronaldo é um dos mais qualificados para isso”, diz ele. Entende que , no momento, há muito a fazer, sobretudo no âmbito da divulgação dos verdadeiros propósitos da parapsicologia. Lamenta que, de um modo geral, exista quase total desinformação sobre essa ciência, razão maior do preconceito. Compreende, no entan- do, que essa é uma condição típica de toda espe­cialidade de vanguarda até chegar ao estágio de assimilacão plena pelo contexto social e transformar-se em paradigma.
Dentro desse quadro, o ambiente no Instituto Per­nambucano de Pesquisas Psicobioflsicas não é só de abordagens sobre pesquisas, nem as açóes se caracterizam mais pelo jogo entre pesquisado e pes­quisador. A parapsicologia está incorporada no co­tidiano e as anormalidades dos seres normais, co­mo já estão comprovadas, são encaradas sem sur­presa. O paranormal deixa de ser visto como pro­duto de uma pesquisa, uma curiosidade cientifica, para integrar-se ao ambiente.

“É interessante, até, a conversação entre os para­normais. Quando eles trocam Impressões sobre os dons, podem chegar a muitas conclusões importan­tes. Diante de um igual, o paranormal sente menos inibição, se comporta de forma mais natural. Quan­do os vejo conversando, não interfiro, nem procuro saber de que se trata. Deixo-os à vontade”, observa o presidente do IPPP.

 

A tabela impossível

A questão da remuneração do parapsicólogo está intimamente ligada à identidade profissional e ao re­conhecimento da especialidade como uma área das ciências do comportamento – a do comportamento não natural. No decorrer das discussões entre os parapsicólogos do IPPP foram levantados alguns aspectos bem específicos do critério de remunera­ção. Cobrar por hora, como os psicólogos? Em se tratando de casos paranormais, é impossível enqua­drar a situação por esse parâmetro. Geralmente as pessoas perturbadas por fenômenos que não com­preendem necessitam de um atendimento mais aprofundado. E há muitas diferenças de caso para caso. Nos de Poltergeist, por exemplo, que é a ocor­rência de fenômenos materiais numa área sem aparente causa física, o parapsicólogo tem de identi­ficar qual a pessoa no ambiente que produz, sem saber, a manifestação. Normalmente, a causa da geração das ocorrências é a intensa energia irradiada por uma pessoa em grande estado de tensão (qua­se sempre em fase de transição biológica, como na adolescência) ou por problemas psicológicos profun­dos. É um trabalho de detetive, que exige muita paciência e argúcia, identificar o agente. No Recife, um dos casos mais exemplificativos, por esse aspecto, foi o do Edifício Paris, na Avenida Cruz Cabugá, ocorrido há cerca de cinco anos. Num dos apartamentos ocorriam manifestações estranhas, com objetos sendo arremessados de um lado para o outro sem nenhuma força física para impulsioná-los. Houve muito estardalhaço da Imprensa. Ao chegar no local, a equipe do IPPP verificou tratar-se de um caso típico de Poltergeist. Cuidou, então, de identificar qual das pessoas residentes no apar­tamento era o agente. Depois de várias horas de investigações descobriu: era a empregada domés­tica, uma jovem. Em situações desse tipo, o pa­rapsicólogo ajuda o agente causador a compre­ender o fenômeno, levando-o progressivamente a controlá-lo até sua eliminação completa. Para os parapsicólogos, numa tabela de remuneração um caso de Poltergeist não pode ter o critério de hora ou tempo por que é um problema sem prazo para ser solucionado.

Como profissão, a parapsicologia ainda tem muitos problemas a superar. Um deles é a interpretação das pessoas. Ao contrário dos curandeiros e esoteristas em geral, o parapsicólogo com muita frequência destrói as ilusões e crenças das pessoas com quem lida. Sua função é expurgar de todas as conota­ções místicas os casos de que trata, reduzindo-os a ocorrências com causas puramente naturais, embo­ra excepcionais e inusitadas. Esse comportamento nem sempre é aceito e há sempre os casos das pessoas que, decepcionadas, vão em busca dos centros espiritas ou terreiros de umbanda. Do outro lado, estão os que confundem parapsicologia com esoterismo e espiritismo. É essa difícil e singular conjuntura que os parapsicólogos desejam superar E isso só será possível, entendem, com divulgação maciça a respeito da real função da parapsicologia como ciência e do parapsicólogo como profissional qualificado para lidar com o supernatural.

 

DIÁRIO DE PERNAMBUCO
18 de fevereiro de 1994

Mais  um  Curso  de  Parapsicologia

Com início previsto para o dia 2 de março, na Sede do Ins­tituto Pernambucano de Pesqui­sas Psicobiofísicas-IPPP locali­zado à Rua da União, 557 con­junto 402, na Boa Vista, mais uma série de cursos destinados a alunos e profissionais de psico­logia, letras, medicina, outras profissões e o públi­co em geral.

Três turmas se­rão formadas no mês de março, nas 3a, 4a e sábados, nos horários da ma­nhã e noite. As tur­mas das 3as e 4as feiras serão limita­das a 20 alunos e a turma do sábado a 10 vagas e as inscri­ções poderão ser feitas na Livraria Síntese, à Rua do Riachuelo, 202, Boa Vista. Ministrarão os cursos os profes­sores: Valter Rosa Borges, Terezinha Acioli Lins, Jalmir Brelaz e Ronaldo Dantas.

O professor Valter da Rosa Borges coordenará o curso.

Alguns temas que serão abordados durante o Curso: Parapsicologia: con­ceito e objeto; Clas­sificação dos fenômenos paranormais; O Agente Psi; Personalidade; Natureza e Características; Telepatia; Cla­rividência; Precognição; Criptomnésia; Psicofonia; Psicografia; Psicopictografia; Xenoglossia; Personalidade subjetiva; Aparição; Projeção da consciên­cia; Memória extra cerebral; Telergia e ectoplasmia; Dermografismo; Estigmatização, Hipertermia; Incombustibilidade; Autoparapirogenia; Osmogênese; Fotogênese; Personificação objetiva; A aceleração germi­nal; Levitação; Radiestesia ou Rabdomancia; Curas e doenças paranormais; Psicocinesia ou Telecinesia; Pneumatografia ou Es­crita Direta; Escotografia ou Fo­tografia Transcendental; Grava­ção paranormal em fita magnética; Pneumatofonia ou Voz direta; Toribismo; Parapirogenia; Efeito Geller; Metafanismo ou transporte; Transmu­tação; Poltergeist e Hipóteses em Parapsicologia.

Serão conferidos certifica­dos de frequência aos Partici­pantes do Curso.

Atuação — O Instituto Per­nambucano de Pesquisas Psicobiofísicas dirigida pelo profes­sor Valter da Rosa Borges, tem como objetivos o estudo e a pes­quisa dos fenômenos paranor­mais, o ensino e a divulgarão da Parapsicologia em Pernambuco. Nesse campo, a sua atuação tem sido constante, com a realização de vários cursos — como o Bá­sico de Parapsicologia e o de pós-graduação, lato sensu, espe­cialização na mesma área. Intro­dução à Hipnose, Introdução à Mitologia Grega e Sensibiliza­ção e Crescimento Pessoal.

Desde 1983, o IPPP vem realizando, anualmente, o seu Simpósio Pernambucano de Pa­rapsicologia em 85, realizou o I Congresso Nordestino de Parap­sicologia e, no ano seguinte, o V Congresso Brasileiro de Pa­rapsicologia e Psicotrônica. Mensalmente, a instituição pro­move conferências sobre temas interdisciplinares, abrangendo todas as áreas de conhecimento. Paralelamente, desenvolve ou­tras atividades, como teste e treinamentos parapsicológicos, investigação de fenômenos para­normais, consultas, orientação e a aconselhamento. Fornece lau­dos, perícias e pareceres técni­cos, além de cadastrar paranor­mais.

O professor Valter Rosa Borges publicou, através do Ins­tituto, três livros: Introdução ao Paranormal, Manual de Parapsi­cologia e Parapsicologia: um Novo Modelo (e outras teses), em coautoria com Ivo Cyro Caruso.

 

Em 1º de agosto de 1994, conheci o psicopictógrafo Jacques Andrade, num programa de debate na TV Universitária Canal 11, do qual participei com José Roberto de Melo e o jornalista espírita Jones Melo, sobre o tema Cura Paranormal – Além da Medicina. De logo, Jacques demonstrou o seu interesse em ser pesquisado pelo IPPP, dizendo que há muito tempo desejava entrar em contato comigo. Prometi-lhe que, na primeira oportunidade, a equipe do Instituto entraria em contato com ele para iniciar a pesquisa. No ano seguinte, ele foi pesquisado pela equipe do IPPP.

 

Prefacio o livro “A Feitiçaria. Aspectos Psigâmicos de um Problema Sócio Cultural”, de Erivam Félix Vieira.

 

Viagens, a passeio, na Espanha (Madri, Barcelona, Saragoça e Burgos), na França (Paris, Chartres, Nice e Amboise) em Luxemburgo, na Inglaterra (Londres e Canterbury), na Bélgica (Bruxelas e Bruges), na Holanda (Amsterdam), na Suíça (Zurique, Lucerna e Schaffhausen) em Liechtenstein (Vaduz), na Áustria (Viena, Innsbruck e Salzburg) na Itália (Roma, Veneza, Florença, Assis e Pisa) e no Vaticano.

 

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