No XXIV Simpósio Pernambucano de Parapsicologia. 29 de dezembro 2006. Local: Sede do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP – Rua Sérgio Guimarães, 54 – Espinheiro – Recife, fui o relator de duas Mesas Redondas: a) Aspectos sociológicos e Antropológicos da Morte. B) Há Indício de Sobrevivência Post-mortem?
Palestra na Academia Pernambucana de Ciências, sob o título “Filosofia Grega e o Pensamento Contemporâneo” no dia 3 de junho.
Palestra sobre o poder da mente no Rotary Club do Recife-Encanta Moça, no Hotel Marante, em Boa Viagem, no dia 31 de janeiro.
REVISTA MALU
28 de setembro de 2006
O dom de prever o futuro
Dá para mudar o destino?
Segundo o fundador e coordenador do IPPP, Valter da Rosa Borges, a premonição é chamada, atualmente, pela parapsicologia de precognição: a adivinhação de um fato que irá acontecer no futuro, relacionado ao próprio indivíduo, a outras pessoas ou a situações (como fenômenos naturais, por exemplo) normalmente imprevisíveis. Em aproximadamente 68% dos casos, ela acontece no sonho. “Um dos casos mais famosos foi o naufrágio do Titanic, vivenciado por algumas pessoas. Uma delas, John O. Connor, cancelou sua passagem e, assim, conseguiu escapar da tragédia” lembra, explicando que, dependendo da situação, é possível, sim, modificar o rumo dos acontecimentos. “Convencer os outros é extremamente difícil, porque muitas pessoas não acreditam” afirma Borges.
Habilidade de todos
O especialista em paranormalidade explica que qualquer pessoas, em algum momento da vida, pode passar por experiências precognitivas já que essa é uma habilidade latente no ser humano.
Conceitos em parapsicologia
Intuição. Termo usado pela linguagem popular para definir a possibilidade das pessoas de perceber, subitamente, soluções para problemas reais ou possíveis.
Precognição. Experiência parapsicológica, na qual uma pessoa adivinha um fato futuro, que irá acontecer com ela, com outras pessoas ou com relação a um fato imprevisível. É conhecida popularmente como “premonição”.
Paranormalidade. Aptidão que algumas pessoas, denominadas paranormais, têm de passar por experiências parapsicológicas, como a telepatia, a clarividência e a precognição, ou produzir fenômenos psicocinéticos.
Casos reais: poltergeist.
A equipe do IPPP investigou diversos casos de poltergeist no estado de Pernambuco: trata-se de um fenômeno que envolve a movimentação de objetos pelo espaço. Segundo o coordenador do instituto, já foram documentados casos de móveis atirados ao chão, objetos que se direcionam a alguém causando ferimentos, e até incêndios. “O fenômeno é, geralmente, provocado por uma pessoa em fase de transição biológica (menino-rapaz, menina-moça) e que, na maioria dos casos, apresenta problemas de natureza emocional. O mais recente caso de poltergeist que investigamos aconteceu no início do mês de setembro deste ano, no município de Passira, Pernambuco”, relata. De acordo com ele, é muito difícil filmar o fenômeno em ação. “Nesses casos, o parapsicólogo presta assistência à família aflita, orientando-a sobre a natureza do fenômeno e sobre formas de se comportar durante a sua ocorrência”, explica.
REVISTA DFATO
nº 1, abril/2006
Editada pela Associação do Ministério Público de Pernambuco. CIÊNCIA & SOCIEDADE.
CIÊNCIA & SOCIEDADE
Conhecer o futuro para controlar o próprio destino sempre foi, é e continuará sendo uma das grandes aspirações do gênero humano. Elas resultam das expectativas de um mundo melhor ou de um outro radicalmente diferente do atual, seja porque acreditamos num progresso interminável, seja porque o sistema atual do mundo é indesejável e deve ser modificado ou completamente destruído. Por isso, o homem se fez profeta para inventar o seu próprio futuro.
A ciência tem transformado o que antes parecia especulações visionárias em realizações ou probabilidades concretas. Assim, o cientista é um profeta singular que, ao invés de procurar entender os planos de Deus, cria os seus próprios projetos e tenta viabilizá-los. Diferentemente das pitonisas do passado, ele não aspira os gases oriundos da terra para augurar o futuro, mas se inspira nas ideias oriundas das profundezas do seu inconsciente, buscando construir para a humanidade, não apenas futuros possíveis, mas, principalmente, desejáveis. O seu otimismo em relação ao futuro se direciona no sentido de uma melhoria tecnológica da vida para o homem, embora nem sempre resulte em melhoria da qualidade de vida. Entre essas visões progressistas do futuro a ciência se propõe à construção de cidades autossuficientes nos oceanos e no espaço; à instalação estratégica de defesas bélicas contra possíveis choques do nosso planeta com asteroides; às teleportações de coisas e pessoas, minimizando o obstáculo do espaço; às viagens no tempo; à conquista do espaço exterior com a colonização de planetas do sistema solar e também de outros sistemas dentro da nossa galáxia e até fora dela; à extinção de todas as doenças e ao aumento indefinido da longevidade, com a manutenção da saúde e o retardamento ou mesmo a abolição do envelhecimento; à instalação de próteses ampliadoras das funções do corpo; à utilização de memória suplementar em chips implantados no cérebro; à ampliação funcional do vestuário à condição de nicho ecológico individual; à alimentação sintética, reduzindo a dependência do homem aos alimentos naturais, o que poderá resultar em alterações da fisiologia humana; à expansão, em nível inimaginável, da inteligência artificial, substituindo as atividades rotineiras do ser humano; à reconstrução genética, visando a melhoria biológica da espécie humana; à clonagem de órgãos, abolindo a necessidade de transplantes e próteses; à felicidade química e à abolição da dor física; à realidade virtual como sucedâneo, em certas situações, da realidade física.
Porém, a ciência sem consciência, poderá reverter toda essa perspectiva otimista, ensejando a desilusão e o desespero, decorrentes dos conflitos sociais resultante da mudança de normas e valores, a dissolução dos costumes, com o incremento da licenciosidade, da corrupção do poder, da escalada da desonestidade, do arrefecimento do sentimento religioso, da busca exacerbada dos bens materiais, do agravamento da pobreza, da fome, e do aumento insuportável da violência, desencadeando o aumento da criminalidade, dos conflitos sociais e das guerras.
O futuro da humanidade é, de certo modo, um constructo do psiquismo humano. Os futuros temíveis ou desejáveis podem se tornar prováveis, pois o homem, por sua capacidade de pensar as possibilidades do acontecer, é suscetível de ser vítima ou beneficiário do conhecimento científico e de suas aplicações tecnológicas.
O cientista não deve ser um gênio solitário, embora faça da sua solidão o cadinho de suas descobertas e inventos. O laboratório jamais deve ser um eremitério, mas uma sementeira para o cultivo de ideias oriundas das mais diversas áreas do conhecimento humano. A ciência não pode ser um sistema fechado, uma espécie de feudo epistemológico, mas um espaço tão amplo e limitado como o universo exterior, a fim de evitar o engessamento e a estratificação do paradigma da realidade. A natureza intrínseca da ciência é a provisoriedade do seu próprio conhecimento, em permanente compasso com a mutabilidade de todas as coisas. A fé na ciência é a consciência de sua própria inciência, pois como dizia Karl Popper, “o conhecimento é limitado, mas a ignorância é infinita”. Na verdade, quanto mais pensamos saber, mas nos conscientizamos das nossas limitações e do tamanho, cada vez maior, da nossa ignorância. Quanto mais adentramos a pesquisa da matéria, mais nos deparamos com a sua fundamental insubstancialidade. Quanto mais questionamos sobre a vida, mais nos apercebemos da insuficiência do seu paradigma biológico. E quanto mais ampliamos os nossos conhecimentos sobre a bioquímica e a anatomia cerebral mais nos conscientizamos do mistério da nossa consciência.
O conhecimento científico não deve ficar adstrito e restrito à privacidade dos laboratórios e às discussões entre cientistas, em sessões privadas, mas que deve ser levado à comunidade para que dele também se beneficie, melhorando a própria qualidade de vida.
Assim como a ciência ainda não encontrou o átomo no seu verdadeiro sentido etimológico, também ainda não se descobriu o homem em si, pois ele não é apenas a sua circunstância, como dizia Ortega y Gasset, mas também a sua relação. Assim, a nossa individualidade é a nossa relação com, o que resulta na constatação de que a solidão não faz parte da essencialidade do ser. Na verdade, fundamentalmente nenhum homem vive exclusivamente para si, enfeudado em sua privacidade inexpugnável, mas também para os outros, apesar dos outros e até contra os outros. Por mais que não nos queiramos resignar, o mundo é necessariamente o nosso anverso, a nossa contraparte. Aliás, hoje se postula que o universo é uma rede de interconexões de todas as coisas, onde tudo interage com tudo, o que importa na inadmissibilidade de ter o homem o privilégio de ser a única exceção.
Não se pode fugir ao truísmo denunciatório de uma sociedade em acelerada transição que mais se assemelha, notadamente no ocidente, ao processo entrópico de uma civilização em rumo equivocado, embevecida, no entanto, pelo brilho hipnótico das lantejoulas tecnológicas. A bem da verdade, de tanto cotejar a filosofia consumista, na orgia aquisitiva de bens e de valores transitórios, o homem perdeu o seu próprio endereço existencial, acometido de colapso amnésico de sua identidade transcendental.
Se, de um lado, o progresso científico e as comodidades tecnológicas aceleram, cada vez mais, o processo de irreversível planetarização, denominado por McLuhan de “aldeia global”, numa interação perigosamente homogeneizante das culturas mais díspares, por outro lado o espírito humano vem sofrendo um persistente abastardamento de seu ideário humanístico pelas facécias e falácias da mídia enlouquecida, na promoção da vulgaridade, do deboche, do estímulo à criminalidade, onde o filão do escândalo constitui a ratio essendi do marronismo jornalístico.
JORNAL CARTA FORENSE. Jornal Jurídico on line, edição 9/2006.
Utilização da psicografia como prova no processo penal
Valter da Rosa Borges
Conhecer o futuro para controlar o próprio destino sempre foi, é e continuará sendo uma das grandes aspirações do gênero humano. Elas resultam das expectativas de um mundo melhor ou de um outro radicalmente diferente do atual, seja porque acreditamos num progresso interminável, seja porque o sistema atual do mundo é indesejável e deve ser modificado ou completamente destruído. Por isso, o homem se fez profeta para inventar o seu próprio futuro.
A ciência tem transformado o que antes parecia especulações visionárias em realizações ou probabilidades concretas. Assim, o cientista é um profeta singular que, ao invés de procurar entender os planos de Deus, cria os seus próprios projetos e tenta viabilizá-los. Diferentemente das pitonisas do passado, ele não aspira os gases oriundos da terra para augurar o futuro, mas se inspira nas ideias oriundas das profundezas do seu inconsciente, buscando construir para a humanidade, não apenas futuros possíveis, mas, principalmente, desejáveis. O seu otimismo em relação ao futuro se direciona no sentido de uma melhoria tecnológica da vida para o homem, embora nem sempre resulte em melhoria da qualidade de vida. Entre essas visões progressistas do futuro a ciência se propõe à construção de cidades autossuficientes nos oceanos e no espaço; à instalação estratégica de defesas bélicas contra possíveis choques do nosso planeta com asteroides; às teleportações de coisas e pessoas, minimizando o obstáculo do espaço; às viagens no tempo; à conquista do espaço exterior com a colonização de planetas do sistema solar e também de outros sistemas dentro da nossa galáxia e até fora dela; à extinção de todas as doenças e ao aumento indefinido da longevidade, com a manutenção da saúde e o retardamento ou mesmo a abolição do envelhecimento; à instalação de próteses ampliadoras das funções do corpo; à utilização de memória suplementar em chips implantados no cérebro; à ampliação funcional do vestuário à condição de nicho ecológico individual; à alimentação sintética, reduzindo a dependência do homem aos alimentos naturais, o que poderá resultar em alterações da fisiologia humana; à expansão, em nível inimaginável, da inteligência artificial, substituindo as atividades rotineiras do ser humano; à reconstrução genética, visando a melhoria biológica da espécie humana; à clonagem de órgãos, abolindo a necessidade de transplantes e próteses; à felicidade química e à abolição da dor física; à realidade virtual como sucedâneo, em certas situações, da realidade física.
Porém, a ciência sem consciência, poderá reverter toda essa perspectiva otimista, ensejando a desilusão e o desespero, decorrentes dos conflitos sociais resultante da mudança de normas e valores, a dissolução dos costumes, com o incremento da licenciosidade, da corrupção do poder, da escalada da desonestidade, do arrefecimento do sentimento religioso, da busca exacerbada dos bens materiais, do agravamento da pobreza, da fome, e do aumento insuportável da violência, desencadeando o aumento da criminalidade, dos conflitos sociais e das guerras.
O futuro da humanidade é, de certo modo, um constructo do psiquismo humano. Os futuros temíveis ou desejáveis podem se tornar prováveis, pois o homem, por sua capacidade de pensar as possibilidades do acontecer, é suscetível de ser vítima ou beneficiário do conhecimento científico e de suas aplicações tecnológicas.
O cientista não deve ser um gênio solitário, embora faça da sua solidão o cadinho de suas descobertas e inventos. O laboratório jamais deve ser um eremitério, mas uma sementeira para o cultivo de ideias oriundas das mais diversas áreas do conhecimento humano. A ciência não pode ser um sistema fechado, uma espécie de feudo epistemológico, mas um espaço tão amplo e limitado como o universo exterior, a fim de evitar o engessamento e a estratificação do paradigma da realidade. A natureza intrínseca da ciência é a provisoriedade do seu próprio conhecimento, em permanente compasso com a mutabilidade de todas as coisas. A fé na ciência é a consciência de sua própria insciência, pois como dizia Karl Popper, “o conhecimento é limitado, mas a ignorância é infinita”.
Na verdade, quanto mais pensamos saber, mas nos conscientizamos das nossas limitações e do tamanho, cada vez maior, da nossa ignorância. Quanto mais adentramos a pesquisa da matéria, mais nos deparamos com a sua fundamental insubstancialidade. Quanto mais questionamos sobre a vida, mais nos apercebemos da insuficiência do seu paradigma biológico. E quanto mais ampliamos os nossos conhecimentos sobre a bioquímica e a anatomia cerebral mais nos conscientizamos do mistério da nossa consciência.
O conhecimento científico não deve ficar adstrito e restrito à privacidade dos laboratórios e às discussões entre cientistas, em sessões privadas, mas que deve ser levado à comunidade para que dele também se beneficie, melhorando a própria qualidade de vida.
Assim como a ciência ainda não encontrou o átomo no seu verdadeiro sentido etimológico, também ainda não se descobriu o homem em si, pois ele não é apenas a sua circunstância, como dizia Ortega y Gasset, mas também a sua relação. Assim, a nossa individualidade é a nossa relação com, o que resulta na constatação de que a solidão não faz parte da essencialidade do ser.
Na verdade, fundamentalmente nenhum homem vive exclusivamente para si, enfeudado em sua privacidade inexpugnável, mas também para os outros, apesar dos outros e até contra os outros. Por mais que não nos queiramos resignar, o mundo é necessariamente o nosso anverso, a nossa contraparte. Aliás, hoje se postula que o universo é uma rede de interconexões de todas as coisas, onde tudo interage com tudo, o que importa na inadmissibilidade de ter o homem o privilégio de ser a única exceção.
Não se pode fugir ao truísmo denunciatório de uma sociedade em acelerada transição que mais se assemelha, notadamente no ocidente, ao processo entrópico de uma civilização em rumo equivocado, embevecida, no entanto, pelo brilho hipnótico das lantejoulas tecnológicas. A bem da verdade, de tanto cotejar a filosofia consumista, na orgia aquisitiva de bens e de valores transitórios, o homem perdeu o seu próprio endereço existencial, acometido de colapso amnésico de sua identidade transcendental.
Se, de um lado, o progresso científico e as comodidades tecnológicas aceleram, cada vez mais, o processo de irreversível planetização, denominado por McLuhan de “aldeia global”, numa interação perigosamente homogeneizante das culturas mais díspares, por outro lado o espírito humano vem sofrendo um persistente abastardamento de seu ideário humanístico pelas facécias e falácias da mídia enlouquecida, na promoção da vulgaridade, do deboche, do estímulo à criminalidade, onde o filão do escândalo constitui a ratio essendi do marronismo jornalístico.
Publicado no meu livro A MENTE MÁGICA – 2015
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Lançamento do meu livro “O Grande Júri”, em 2007, na sede do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – I.P.P.P.
O Grande Júri, programa que criei, produzi e apresentei na TV Universitária Canal 11, representou, para mim, uma inesquecível e empolgante experiência intelectual, compartilhada com as pessoas mais expressivas da inteligência pernambucana.
Semanalmente, durante quase quatorze anos, com algumas breves interrupções, O Grande Júri constituiu uma opção real na televisão do nosso Estado e um território livre para a discussão de temas polêmicos, nas mais diversas áreas do conhecimento, até daqueles considerados como tabus. Mesmo em pleno regime militar, em nenhuma ocasião, o programa sofreu qualquer tipo de censura, quando discutiu criticamente temas ligados à política brasileira da época.
Fruto do reitorado do Prof. Murilo Guimarães e diligentemente dirigida pelo Prof. Manoel Caetano Queiroz de Andrade, a TV Universitária começou a prestar um inestimável serviço à comunidade no campo da educação formal e informal, obtendo prestígio e respeitabilidade, principalmente por se tratar de uma emissora sem os recursos técnicos necessários para se tornar uma televisão competitiva. E O Grande Júri passou a ser uma opção real por se diferenciar, qualitativamente, dos programas apresentados pelas televisões comerciais. Assim, durante mais de uma década de existência, a TV Universitária Canal 11 teve em O Grande Júri o seu maior referencial cultural e científico, revelando ao público as personalidades mais destacadas da vida intelectual de Pernambuco.
Procurei, de maneira objetiva e sintética, registrar essa pioneira experiência televisiva, que proporcionou um encontro semanal entre intelectuais e telespectadores na discussão de temas da mais alta significação filosófica, científica, religiosa e cultural. Apesar de seu alto nível, o programa alcançou todas as classes sociais pela seriedade e profundidade dos temas abordados. Pude constatar esse fato pelo conteúdo da farta correspondência, que me era enviada pelos telespectadores, fazendo comentários sobre os temas abordados e sugerindo assuntos para debates. Ainda hoje, passados vinte e quatro anos do término de O Grande Júri, sou abordado, vez por outra, por pessoas que assistiam ao programa para, saudosamente, me falarem sobre ele.
Como a quase totalidade dos programas de O Grande Júri era ao vivo, e os gravados, posteriormente, apagados, tive de me valer dos meus apontamentos e de minha memória, assim como dos jornais da época, para a reconstituição, infelizmente incompleta, dos temas debatidos e a relação dos nomes de seus participantes.
O meu propósito, portanto, ao escrever este livro, foi o de preservar a memória de um programa que, talvez um dia, mereça ser considerado um patrimônio imaterial da TV Universitária Canal 11, da Universidade Federal de Pernambuco e do Estado de Pernambuco.
A apresentação do livro foi feita pelo presidente da Academia Pernambucana de Ciências, Waldecy Fernandes Pinto.
APRESENTAÇÃO
O ser humano é o único na face da terra que possui as condições de efetuar a leitura de todas as coisas do mundo, no entorno do seu “Habitat”. Assim, na interpretação desta leitura, a sua capacidade de criar se amplia, dia a dia, no exercício desta vivência, com o animado e inanimado, o racional e o irracional.
O Prof. Valter da Rosa Borges, além dos seus predicados naturais, carrega, no seu caminhar entre nós, uma capacidade criativa, desenvolvida e alimentada, pela formatação do associativismo, que lhe é peculiar. No seu dia a dia, ele se dedica a estudos multidisciplinares e pesquisas de fenômenos psíquicos, envolvendo-se, também, com atividades que contribuam para o desenvolvimento da cultura e da ciência em Pernambuco.
Na sua caminhada e na leitura e interpretação das coisas do mundo ao seu redor, o Prof. Valter da Rosa Borges criou, organizou e dirigiu o programa O Grande Júri na TV Universitária Canal, da Universidade Federal de Pernambuco, no período de 1967 a 1984.
Fui, naquele tempo, um dos assíduos telespectadores de O Grande Júri, vibrando ao assistir, em cada programa, os debates sobre os temas mais variados da cultura e da ciência e que vieram contribuir para o enriquecimento dos conhecimentos não só de quem o assistia como de quem, nele, tomava parte.
Hoje, não mais como telespectador, porém no desempenho, com muita honra, das funções de Presidente da APC – Academia Pernambucana de Ciências, quero prestar o meu testemunho da brilhante trajetória de O Grande Júri, que inspirou a fundação, em 1978, daquela instituição, pelo Prof. Valter da Rosa Borges e por algumas das destacadas personalidades, que participaram, ativamente, do referido programa.
Os méritos do Prof. Valter da Rosa Borges, não ficaram só neste fato. Em 1973, ele fundou o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP -, uma instituição que tem por objetivo o estudo multidisciplinar da mente humana, principalmente no campo da parapsicologia, e que vem prestando inestimáveis serviços à comunidade pernambucana, nordestina, com extensão para o Brasil e o Exterior.
Este livro, que relata a história de O Grande Júri, revela, em seus textos e fotos, o valor e a objetividade de um homem dotado de capacidade criativa e associativa, que sabe transformar em realidade os seus sonhos e os seus ideais, e colocá-los a serviço da comunidade.
CAPA E CONTRACAPA DO LIVRO
ONTEM
Por muitos anos a televisão Universitária (TVU, canal 11) viveu do Grande Júri. Por duas décadas talvez, desde a inauguração… Se outro programa ali se impôs, com boa audiência, nenhum teve percurso tão longo, fez história cultural, bem de acordo os objetivos da emissora. Para assim se sustentar, em qualificação e em pontualidade, para repercutir e durar, precisou o Grande Júri, da energia organizada e do prestígio social de Valter da Rosa Borges, parapsicólogo e ensaísta, e em adequada profissão extensionada para a TVU, Promotor Público.
José Rafael de Menezes (Escritor)
O Grande Júri tem realizado quase o milagre de conciliar ótimo nível cultural e receptividade entre ouvintes surpreendentemente diversificados. E o que se pode chamar programa “quente”, atual, vivo, discutindo temas de impacto, presente – dentro da sobriedade que o caracteriza na discursão dos grandes problemas da região e do País.
E quero render minha homenagem pessoal a seu coordenador, o Dr. Válter Rosa Borges, responsável, desde a fundação do Canal 11, pela seleção dos assuntos a discutir, pelos convites aos participantes – muitos deles especialistas de renome nacional e até internacional – e pela direção, sempre muito cortês, erudita e democrática, do debate e do diálogo, permitindo ao telespectador formar sua própria opinião diante de pontos de vista ora em acordo, ora no contraste que tanto estimula o progresso do saber.
Roberto Motta (Antropólogo)
Assim é que programas como o Grande Júri merecem apoio e aplausos de todos. Não tem o dr. Walter Rosa Borges medido esforços no sentido de focalizar temas relevantes e reunir, em tomo deles, nomes de destaque, em todos os setores do conhecimento e atividades, quer de Pernambuco, quer de outros Estados da Federação. Embora relacione também assuntos de caráter técnico, científico, religioso e até mesmo filosófico, grande parte dos temas discutidos pelo Grande Júri pode ser assimilado pelo público em geral – e para isto os debates e informações são conduzidos em linguagem acessível, dentro mesmo dos padrões que caracterizam um canal de comunicação social.
Tem reunido o Grande Júri professores, estudantes, dirigentes universitários, técnicos, cientistas, autoridades governamentais. Cada um oferecendo sua contribuição pessoal, quer no esclarecimento, quer manifestando pontos de vista acerca de assuntos de interesse geral. Para se ter uma ideia, ultimamente, temas como divórcio, enchentes do Capibaribe, segurança do trabalho, entre outros, foram levados à tribuna do Grande Júri, suscitando debates empolgantes. Sob a coordenação segura e inteligente – e por que não dizer versátil – do dr. Walter Rosa Borges.
JORNAL UNIVERSITÁRIO, da Universidade Federal de Pernambuco. Julho -1977.
HOJE
Poderemos ter uma televisão melhor, mais digna e mais criativa (aberta ou paga, pública ou comercial), acompanhando a história, registrando as fases e os contratempos de um programa como O Grande Júri, embora, a meu ver, este programa só tenha existido, principalmente na época em que existiu, em razão da personalidade do seu criador e apresentador,
Valter da Rosa Borges poeta, filósofo, jurista era capaz de reunir os talentos mais diversos (especialistas, professores, artistas) e estimular os debates e as reflexões, sem fazer direcionamentos ideológicos. E tudo no programa começava (e terminava) na principal virtude do seu produtor e apresentador: a honestidade intelectual.
Sem imitar ninguém, com o seu estilo e a sua liberdade de pensador, Valter exercia o comando ao mesmo tempo erudito e democrático do programa, como bem registrou Roberto Mota, um dos seus melhores debatedores.
Nivaldo Mulatinho Juiz de Direito)
Se recuarmos no tempo para 20 anos atrás, vamos encontrar o telespectador que gostava de Cultura, ligado ao Canal 11, da TV Universitária, às sextas- feiras, para assistir ao GRANDE JÚRI. O programa tinha como criador e apresentador, Valter da Rosa Borges, ligado às coisas do Direito e, principalmente, aos poderes da mente e da inteligência. Escolhido o assunto, passava a convidar expoentes intelectuais de nossa cidade para compor a Mesa do Júri na qual o assunto era esmiuçado, debatido e, finalmente, exposto nos seus resultados, tal e qual uma sentença de jurados. A habilidade com que era conduzido, exigindo dos debatedores o máximo de suas argumentações, prendia o público cativo que já esperava pela outra semana no sentido de se enriquecer mais. O GRANDE JÚRI assumia um papel de seminário, onde cada um dos seus componentes abordava a questão escolhida, sob sua óptica, formando, ao final, um mosaico explicito, facilmente captável pelo telespectador. Advogados, médicos, psicólogos, engenheiros, teatrólogos, escritores, folcloristas, pensadores, filósofos, botânicos, técnicos, professores, políticos, sentiam-se honrados em poder participar de um programa cultural daquela categoria.
O GRANDE JÚRI fixou o seu nome na história da TV pernambucana, colocando seu criador e apresentador, Valter da Rosa Borges, no patamar invejável de sua inteligência.
Reinaldo Oliveira (médico)
Nascimento do meu bisneto Arthur.
Viagem, a passeio, a Águas de Lindóia, Serra Negra e Holambra, em São Paulo.