2010

No XXVIII Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, de 06 de novembro de 2010, na sede do IPPP, na Rua Sérgio Magalhães, 54, bairro das Graças, palestra “Reflexões Sobre Psi”. Participação na Mesa Redonda “Problemas em Parapsicologia”, com Ronaldo Dantas Lins e Jalmir Freire Brelaz de Castro.

 

 

DIÁRIO DE PERNAMBUCO

16 de junho de 2010

Emoções de duas gerações da televisão pernambucana

ELIAS ROMA FILHO // jornalista

 

A presença de integrantes de duas gerações envolvidas na trajetória da televisão per­nambucana nesses últimos 50 anos, representou o momento de maior emoção durante o lançamento do livro Meio Século Depois – Televisão Pernambucana, de Jorge José Santana, ocorrido recentemente no Barrozo. Um reencontro festivo para muitos daqueles que protagonizaram os primeiros passos da TV neste estado, exaltando momentos de aventura e pioneirismo de um grupo de um grupo de pessoas que viveu esse desafio.

Lá estavam presentes Albuquerque Pereira, que interpretou o primeiro galã da Televisão local, junto com Carmem Tovar, nas apresentações do Grande Teatro da TV Rádio Clube, canal 6, primeira emissora inaugurada oficialmente na região, a pioneira. Depois fechada pelo governo.

Nomes como Manoel Malta, Rui Cabral, Luiz Ma­ranhão Filho, Roberto Nogueira, Roberto Barra­das, Aldemar Paiva, Aldo Paes Barreto, Adaura Barreto, Fernando Luiz Cascudo, Ednaldo Lucena, Isaltino Bezerra, João Alberto Martins Sobral, Joezil Barros, Ricardo Pinto, Jones Melo, Jorge Rodri­gues, José de Melo, Jorge Chau, Almeida Castro, Jo­sé de Melo, José Maria Marques, José de Souza Alen­car, José Mário Austregésilo, Paulo Morais, Lenivaldo Aragão, José Pimentel, José Santa Cruz, José Wilker, Linda Maria, Vera Ferraz, Ivana Fachine, Ste­lla Máris, Léa Campos, Marcus Macena, Ribas Ne­to, Marilene Silva, Samir Abou Hana, Walter Lins, Valter Rosa Borges, Vanda Phaelante e tantos ou­tros que no passado foram protagonistas da ascen­são da televisão pernambucana, num período de muito trabalho e vontade de vencer.

Entre os integrantes dessa geração recente des­tacamos os nomes de Graça Araújo, Francisco Jo­sé, Pedro Paulo, Eduardo Bandeira, Ana Menezes, Rembrandt Júnior, Beatriz Ivo, Bianca Carvalho, Bea­triz Castro, Ciro Bezerra, Josley Cardinot, Jota Fer­reira, Aline Grego, Eliana Victorio, Rhaldney San­tos, Ronan Drumond, Tarcísio Regueira, Toni Al­meida, Valdir Oliveira, Vicente Jorge e Geórgia Kyrillos. Todos esses fazem parte de um grupo que te­nho acompanhado nos últimos anos.

 

Lançamento do livro Agenda da Vida na sede do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas.

REVISTA BRASÍLIA EM DIA.

29 de maio a 04 de junho de 2010. Ano 14. Nº 695

 

Por Marcone Formiga

 

Nesta edição, Brasília Em Dia entrevista o estudioso Valter da Rosa Borges, um especialista em parapsicologia, que expõe suas relações com o Direito e recebe visitas em sua casa, em Recife (PE), de pessoas interessadas em se aprofundar no tema, que conhece profundamente. Ele reconhece, por exemplo, que é possível requisitar a paranormalidade em perícias judiciais, para subsidiar informações existentes nos autos do processo, auxiliando a magistratura e o Ministério Público em cada caso concreto.

Ressalta que no processo penal não prevalece a hierarquia de provas, podendo o magistrado expor a sua convicção pela livre apreciação de cada uma delas. “É, assim, evidente a admissibilidade das mensagens psicografadas como provas documentais, desde que se harmonizem com o conjunto de provas produzidas”, sugere Valter da Rosa Borges.

 

Há quase um mês, tomou forma em Brasília uma polêmica que deverá continuar, iniciada depois que a delegada Martha Vargas, ex-chefe da 1ª Delegacia de Polícia (DP), na Asa Sul, resolveu recorrer à telepata Maria Jaques para colaborar na investigação do assassinato do ministro aposentado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), José Guilherme Villela, de 73 anos; de sua esposa, Maria Carvalho Mendes Villela, de 69 anos; e da governanta do casal, Francisca Nascimento da Silva, de 58 anos.

O triplo homicídio ocorreu em 28 de agosto do ano passado, tendo como cenário um apartamento da SQS 113, onde todos moravam.

Pivô do episódio que culminou com o afastamento da delegada Martha Vargas da chefia da 1ª DP, a paranormal Rosa Maria Jaques prestou depoimento, no início deste mês, na Coordenação de Investigação de Crimes contra a Vida (Corvida), que assumiu a apuração sobre o crime, de grande impacto na sociedade da capital da República. A questão que prevalece é saber se uma telepata, realmente, pode contribuir com as investigações da polícia. A história registra casos em que parapsicólogos forenses ou investigadores psíquicos, que são sensitivos, já trabalharam em conjunto com a polícia na investigação de crimes de difícil solução, como tem sido este da 113 Sul.

A legislação americana, por exemplo, admite que a polícia inclua depoimentos nas investigações inclusive de médiuns ou sensitivos que se disponham a colaborar. Todavia, eles não têm o poder de proceder como “policiais” para a solução de crimes.

Nesta edição, Brasília Em Dia entrevista o estudioso Valter da Rosa Borges, um especialista em parapsicologia, que expõe suas relações com o Direito e recebe visitas em sua casa, em Recife (PE), de pessoas interessadas em se aprofundar no tema, que conhece profundamente. Ele reconhece, por exemplo, que é possível requisitar a paranormalidade em perícias judiciais, para subsidiar informações existentes nos autos do processo, auxiliando a magistratura e o Ministério Público em cada caso concreto.

Ressalta que no processo penal não prevalece a hierarquia de provas, podendo o magistrado expor a sua convicção pela livre apreciação de cada uma delas. “É, assim, evidente a admissibilidade das mensagens psicografadas como provas documentais, desde que se harmonizem com o conjunto de provas produzidas”, sugere Valter da Rosa Borges.

 

Leiam e confiram o tema, leitores.

 

– De que forma alguns fenômenos paranormais podem produzir consequências jurídicas?
– Teoricamente, somente quando a informação for admitida como originária do psiquismo inconsciente do paranormal ou do agente psi [qualquer pessoa envolvida no fenômeno paranormal, que constitui um dos conjuntos dos elementos que participam da função psi] e esteja coerente com o elenco de outras provas juridicamente admissíveis, reforçando-as ou esclarecendo melhor certos detalhes da argumentação. Nesse caso, não se trata de mediunidade, que consiste na comunicação entre vivos e mortos, mas de paranormalidade, que é uma aptidão do ser humano que permite que ele tome conhecimento de fatos passados, presentes e até futuros.

– O senhor pode citar alguns casos?

– Há casos em que paranormais ajudaram a polícia na investigação de homicídios e de desaparecimento de pessoas, com resultados quase sempre positivos. Os melhores desse gênero pertencem ao falecido Gerard Croiset, cujos serviços foram solicitados pela polícia de alguns países da Europa. Croiset tinha um índice alto de acertos na localização do paradeiro de crianças desaparecidas. Ele jamais alegou ter recebido a ajuda de “espíritos”.

– Em que circunstâncias no Brasil é possível se recorrer à paranormalidade?

– Poderemos, assim, cogitar da utilização da paranormalidade em perícias judiciais, a fim de subsidiar informações existentes nos autos ou pertinentes ao processo, auxiliando a magistratura e o Ministério Público em cada caso concreto. No elenco dos procedimentos periciais e até mesmo nas provas admitidas em direito, poder-se-á, ad futurum, incluir os recursos da paranormalidade. Se em alguns países se utiliza a paranormalidade na investigação policial alternativa, para desvendamento de crimes misteriosos e localização do paradeiro de pessoas desaparecidas, por que não se fazer o mesmo no Brasil?

– Quais são as relações interdisciplinares entre o direito e a parapsicologia?

– São relações interdisciplinares teóricas, porque juristas, magistrados, promotores de justiça e advogados não sabem que a parapsicologia é uma ciência e a confundem com o espiritismo. Além desses fenômenos paranormais ou aparentemente paranormais que provocaram a manifestação da Justiça, poderemos especular sobre outros, suscetíveis de gerar responsabilidades no campo penal ou na área dos direitos e das obrigações na órbita civil.

– Que fenômeno é esse?

– O fenômeno conhecido pelo nome de poltergeist é uma modalidade da ação do psiquismo inconsciente de uma pessoa sobre o mundo exterior que, em alguns casos, pode resultar em danos materiais para terceiros. Habitualmente, o agente é uma pessoa menor de idade, que, por isso, não pode ser responsabilizada civilmente por seus atos, embora os seus pais ou responsáveis respondam por eles. A responsabilidade civil por atos ilícitos, nesse caso, só é constituída a partir do momento em que o representante legal do menor, uma vez informado e orientado por um parapsicólogo a respeito do fenômeno, não adote as providências recomendadas por ele, permitindo a continuidade do fenômeno e a consequente deterioração do patrimônio alheio.

– Existe outro fenômeno?

– Outro fenômeno paranormal secularmente conhecido é o das casas mal-assombradas. Na Inglaterra, a Justiça já se pronunciou sobre casos dessa natureza, reconhecendo-os como causa de extinção de locação imobiliária. Mais de uma centena de casas, na Inglaterra, foram abandonadas porque eram mal-assombradas.

Nos arquivos da Corte de Apelação de Bordéus, foram encontrados diversos processos do século XVIII julgados e concernentes à rescisão de contratos de aluguel por motivo de assombração.

Os mais célebres comentaristas do direito francês tratam longamente dessa questão, mencionando a jurisprudência dos antigos tribunais de Bordéus e de Paris. Em Nápoles, no ano de 1907, o advogado Zingarapoli, patrocinando a causa da duquesa de Castelpoto contra a baronesa Laura Englen, defendeu, em juízo, a hipótese de que o locatário de uma casa infestada por espíritos tem o direito de pleitear a rescisão do contrato. As casas mal-assombradas foram reconhecidas, desde muitos séculos, pela jurisprudência europeia, como causa para a rescisão de contratos imobiliários.

– Qual é, neste caso, o direito do inquilino?

– Não se pode negar que um imóvel onde ocorram assombrações torna-se impróprio ao uso a que é destinado. E, em se tratando de alienação imobiliária, esse fenômeno paranormal lhe diminui o valor. Em tal caso, o comprador tem duas opções: ou promove a extinção do contrato ou propõe a redução do preço do imóvel. Se a mente humana, como constatou a pesquisa parapsicológica, age sobre o mundo exterior, parece-nos teoricamente possível que, por esse processo, uma pessoa influa sobre o organismo de outra, produzindo-lhe enfermidades e mesmo a morte.

– Por exemplo?

– Na Rússia, em 10 de março de 1970, um psiquiatra de Leningrado, tendo ouvido falar das experiências de Nina Kulagina, registradas pela eletrocardiografia, de influir psiquicamente no coração de um sapo, desafiou-a, por intermédio do doutor Genady Sergeyev, a tentar a mesma experiência com ele.

Sergeyev aceitou o desafio e colocou Kulagina e o psiquiatra sentados e afastados um do outro a uma distância de três metros, ligados a eletrocardiógrafos e observados por uma equipe médica.

Após aproximadamente dois minutos, o psiquiatra começou a apresentar sérias alterações cardíacas, evidenciando grande tensão emocional. A pulsação de Kulagina também se acelerou, mas a do psiquiatra subiu de maneira assustadora, apresentando risco para sua vida. Isso levou Sergeyev a interromper a experiência cinco minutos depois de seu início, temeroso de que o psiquiatra viesse a falecer. Se, psiquicamente, é possível produzir uma alteração cardíaca capaz de levar uma pessoa à morte, também é admissível que um agente psi lesione outros órgãos, produzindo distúrbios fisiológicos e desencadeando ou agravando patologias. Portanto, se a lesão corporal ou a morte de uma pessoa decorrer de uma ação paranormal voluntária do agente psi, o crime por ele cometido será de natureza dolosa, uma vez que o Direito reconheça a realidade da interação mente-matéria e estabeleça esse novo típico penal.

– O senhor pode descrever a primeira circunstância em que a Justiça brasileira foi solicitada a contribuir no campo do Direito Civil? Refiro-me ao caso da viúva do escritor Humberto de Campos.

Detalhe, por favor, este fato…

– A primeira ocasião em que a Justiça brasileira foi chamada a decidir sobre este caso insólito ocorreu no campo do Direito Civil, em 1944, quando a senhora Catarina Vergolino de Campos, viúva do escritor Humberto de Campos, ingressou em juízo com uma ação declaratória contra a Federação Espírita Brasileira e o médium Francisco Cândido Xavier, exigindo o pagamento de direitos autorais sobre as obras psicografadas pelo médium e atribuídas a seu falecido esposo. Pretendia que se declarasse judicialmente se as obras eram da lavra do espírito de Humberto de Campos e, em caso afirmativo, a quem pertenciam os direitos autorais. Na hipótese contrária, a Federação Espírita Brasileira e Francisco Cândido Xavier deveriam ser passíveis de sanção penal e proibidos de usar o nome de Humberto de Campos em qualquer publicação literária, estando ainda sujeitos ao pagamento por perdas e danos.

– Qual foi o resultado?

– Como era de se esperar, a ação foi julgada improcedente por sentença prolatada pelo juiz João Frederico Mourão Russel, sob fundamento de que o Poder Judiciário não é órgão de consulta para decidir sobre a existência ou não de um fato e, na hipótese dos autos, sobre a atividade intelectual de um morto. Inconformada, a autora agravou da decisão, a qual, no entanto, foi mantida, por seus jurídicos fundamentos, pelo Tribunal de Apelação do antigo Distrito Federal, tendo sido relator o ministro Álvaro Moutinho Ribeiro da Costa.

– Como foi a participação de Francisco Cândido Xavier em todo esse processo, psicografando obras literárias?

– À luz da parapsicologia, a atividade literária ou artística de um agente psi resulta de um processo criativo de seu psiquismo inconsciente, embora, em razão de sua crença espírita, ele acredite que seus trabalhos sejam da lavra de escritores, pintores e músicos falecidos. No Brasil, Francisco Cândido Xavier psicografou obras literárias no estilo de mais de uma centena de escritores e poetas brasileiros e portugueses já falecidos, podendo-se destacar, entre eles, Olavo Bilac, Cruz e Souza, Alphonsus de Guimarães, Augusto dos Anjos, Casimiro de Abreu, Emílio de Menezes, Guerra Junqueiro, João de Deus e Bocage. Os escritores Humberto de Campos e Monteiro Lobato ficaram deslumbrados com o desempenho literário do famoso médium brasileiro.

– De acordo com o Direito Penal, quais foram os casos ou as decisões judiciais resolvidas mediante comunicações mediúnicas psicografadas por Francisco Cândido Xavier?

– No nosso Direito Penal, há três casos cujas decisões judiciais se fundamentaram em comunicações mediúnicas psicografadas por Francisco Cândido Xavier nas quais os pretensos espíritos das vítimas de homicídio inocentaram os respectivos réus. Os casos são os seguintes: 1) crime de homicídio ocorrido em Goiânia de Campina, Goiás, no dia 8 de maio de 1976, praticado por José Divino Gomes contra Maurício Garcez Henriques; 2) crime de homicídio ocorrido em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, no dia primeiro de março de 1980, praticado por José Francisco Marcondes de Deus contra a sua esposa, Cleide Maria, ex-miss Campo Grande; 3) crime de homicídio ocorrido na localidade de Mandaguari, Paraná, no dia 21 de outubro de 1982, praticado pelo soldado da Polícia Militar Aparecido Andrade Branco, vulgo “Branquinho”, contra o deputado federal Heitor Cavalcante de Alencar Furtado. No primeiro caso, da 6ª Vara Criminal de Goiânia, Orimar de Bastos absolveu o réu, sob fundamento de que a mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, anexada aos autos, merecia credibilidade e nela “a vítima relata o fato e isenta de culpa o acusado”.

– Como o senhor interpretou a sentença?

– Trata-se de uma sentença equivocada à luz do Direito e sem qualquer respaldo na parapsicologia, por fundar-se numa hipótese extrajurídica e não científica, visto que a existência do espírito e sua pretensa interferência no mundo dos vivos não constituem matéria atinente a estas duas ciências. No segundo caso, o advogado do réu, devidamente autorizado pelo magistrado, entregou aos jurados cópias de três mensagens psicografadas por Francisco Cândido Xavier, nas quais o espírito da vítima afirmava que o seu esposo a matara acidentalmente.

– Por que o senhor defende que é juridicamente admissível, como provam judicial, mensagens psicografadas?

– No processo penal, não há hierarquia de provas, e o juiz formará a sua convicção pela livre apreciação de cada uma delas. É, assim, evidente a admissibilidade das mensagens psicografadas como prova documental, desde que se harmonize com o conjunto das provas produzidas. Nesse caso, não se discute se a mensagem psicografada se originou de uma pessoa falecida, pois não cabe ao juiz pronunciar-se sobre questões transcendentais: a sobrevivência post mortem não é uma questão jurídica.

Portanto, sob esse aspecto, não se deve atribuir a autoria da mensagem psicografada a um “espírito”, mas ao psiquismo inconsciente do psicógrafo. O cerne do problema é o reconhecimento jurídico de que a mente humana possui aptidões extraordinárias, capazes de tomar conhecimentos de fatos por meios não convencionais. A percepção extrassensorial é um fato exaustivamente estudado pela pesquisa científica no campo da parapsicologia.

– Um jurista se permitiria alhear-se a constatações de tanta importância para o entendimento mais aprofundado do ser humano?

– Não interessa a um magistrado investigar como um “médium” consegue o acesso a informações dessa natureza, mas sim a veracidade das informações, para que elas possam ser consideradas elemento probatório. Poder-se-ia contra-argumentar, alegando que a admissão desse tipo de prova abriria um perigoso precedente para o abuso de cartas psicografadas em procedimentos judiciais. É uma probabilidade viável, mas que seria analisada em cada caso concreto.

–  Por que se invalidaria essa prova sob a alegação de seu possível abuso?

– A prova é sempre uma questão delicada nas atividades policiais e judiciárias. Elas variam no que diz respeito ao grau de sua confiabilidade. A prova testemunhal é a mais frágil de todas, porque a percepção do ser humano é afetada por fatores culturais e emocionais, entre outros. Os laudos periciais não estão isentos de falhas e os então famosos detectores de mentira podem ser burlados, nos seus resultados, por certos tipos psicológicos.

Restam, então, as provas produzidas pelas impressões digitais e pelos testes de DNA. Até agora, eles não apresentaram falhas. Mas quem pode garantir que, em todas as circunstâncias, eles sejam infalíveis? Se o psiquismo humano, como as pesquisas parapsicológicas vêm comprovando, possui recursos cognitivos extraordinários, por que, então, excluir as informações fornecidas, por esse meio, na formação da prova judicial?

– Apesar de tudo, a parapsicologia ainda é vista com desconfiança?

– Qualquer fato novo que esteja em desacordo com o paradigma científico sempre desperta suspeitas nos cientistas ortodoxos. Principalmente naqueles em que as manifestações paranormais agridem a sua área científica. Não é fácil alguém aceitar que um fato novo venha a perturbar os postulados de sua especialização.

Esse fato sempre aconteceu na ciência e continuará sempre acontecendo. Apesar disso, cresce o número de cientistas interessados nos fenômenos parapsicológicos nas áreas da biologia, da medicina e da física quântica.

– É possível identificar um fenômeno paranormal? Caso seja, de que forma?

– Sim, mediante a adoção da metodologia científica em cada caso concreto. Pode tratar-se de pesquisa de casos espontâneos ou dos obtidos em experimentações controladas em laboratório.

– Em mais de 100 anos, o que a parapsicologia demonstra de forma incontestável?

– Em ciência, não há hipóteses incontestáveis, porque se elas assim o fossem não seriam científicas. Enquanto a explicação de um fato resistir às críticas que lhe forem feitas, ela pode subsistir durante anos e até séculos, mas, um dia, confrontar-se-á com fatos que a contrariem no todo ou em parte. Só o que é imutável é o dogma, porque é o sustentáculo da religião. Há fatos de natureza paranormal interpretados por hipóteses suscetíveis de contestação. Por isso, a parapsicologia é uma ciência cujos fenômenos que estuda são explicáveis pelas aptidões ainda pouco conhecidas do psiquismo inconsciente. Ela tem por objeto o estudo da mente humana e não se pronuncia sobre questões relativas à sobrevivência post mortem das pessoas, o que não impede que, pessoalmente, alguns parapsicólogos acreditem nela.

 

ENTREVISTA NO LIVRO “MEIO SÉCULO DEPOIS. TELEVISÃO PERNAMBUCANA. 1960-2010, ESCRITO POR JORGE JOSÉ B. DE SANTANA E PUBLICADO EM 2010

 

Textos escolhidos da entrevista. O autor omitiu as perguntas e publicou as respostas.

 

Promotor público, parapsicólogo e ensaísta, soube con­ciliar cultura e audiência entre consumidores da TV dos mais diversos níveis sociais. Assim foi o Valter que conheci no Canal-11 e que continua sendo simples na forma de expor pensamentos e defender ideias. Trabalhamos juntos na TV Uni­versitária no final da década de 60 e durante o período que passei lá acompanhei de perto o bem-sucedido projeto televisivo. Colhi suas impressões sobre o que representou aquela época no dia 9 de outubro de 2007 nos estúdios da Estação Sat.

Promotor público, parapsicólogo e ensaísta, soube con­ciliar cultura e audiência entre consumidores da TV dos mais diversos níveis sociais. Assim foi o Valter que conheci no Canal-11 e que continua sendo simples na forma de expor pensamentos e defender ideias. Trabalhamos juntos na TV Uni­versitária no final da década de 60 e durante o período que passei lá acompanhei de perto o bem-sucedido projeto televisivo. Colhi suas impressões sobre o que representou aquela época no dia 9 de outubro de 2007 nos estúdios da Estação Sat.

 

EXPERIÊNCIA GRATIFICANTE

 

Eu sou Valter Rodrigues da Rosa Borges, filho de Olím­pio Sátiro da Rosa Borges e Maria Fernandina Rodri­gues Borges, nascido em 15 de março de 1934 no bairro de São José, Recife-PE. Antes da TV Universitária eu era promotor público, o atual promotor de justiça. Fui convidado para fazer um programa de debates. Na ocasião, o nosso saudoso Mayerber de Carvalho disse: “Valter, ‘O Grande Júri’ é para três ou seis meses, por­que o povo não está acostumado a esse tipo de progra­ma de debate”. Durou 14 anos, de 1968 a 1982. Mas a TV era mais um hobby, porque eu tinha o Ministério Público, ensinava direito civil na Universidade Católi­ca e sociologia na Federal. Foi uma experiência muito gratificante trabalhar na primeira televisão educativa do Brasil. Até gente de São Paulo veio aprender conosco, porque lá não havia precedente.

 

A CAMINHADA

 

Estudei no Ginásio Pernambucano e na Escola Siquei­ra Campos, onde me submeti ao exame de admissão, que venci em primeiro lugar. Depois fui aluno dos colégios Oswaldo Cruz, Padre Félix e Porto Carreiro, onde fundei o Grêmio Cultural Joaquim Nabuco. Era uma reunião de jovens que se dedicavam à literatura. Flávio Guerra e Andrade Lima escreveram dois artigos elogiando aquela turma jovem que se preocupava com literatura. Escrevi até um livro sobre o grêmio. Fiz con­curso para promotor público porque não tinha vocação para advogado.

Passei em sexto lugar. Minha primeira comarca foi Petrolândia – hoje submersa. Aqui fundei, em 1973, o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas. Em 1978 fundei a primeira academia esta­dual de ciências do Brasil. Não sei se existe outra. Nessa época, eu estava fazendo o programa “O Grande Júri” e me aposentei como Procurador de Justiça. Agora es­tou totalmente dedicado a estudos, pesquisas e escri­ta de livros – tenho 16 títulos publicados e também um site. Quem quiser saber algo a meu respeito e obter  livro gratuito é só entrar no meu site, no qual ofereço vários livros de graça. De todos os meus livros, prefi­ro “Meditações ao Entardecer”, no qual procuro dizer muitas coisas em poucas palavras. Faço livros de aforis­mos, de máximas. O leitor, então, coloca dentro d’água e dissolve, porque ele mesmo vai fazer a decantação do tema, o desdobramento, vai refletir sobre aquilo. Tenho horror de ler um livro em que o autor escreve quinhen­tas páginas e, quando você espreme, vê que em cinco páginas caberia tudo aquilo.

 

SEM CENSURA

 

O programa “O Grande Júri” foi mágico. Procuramos debater assuntos variados com pessoas diferentes para que houvesse uma visão, vamos dizer, lateral dos temas. Não havia qualquer censura, embo­ra estivéssemos em plena ditadura militar. As vezes, Mayerber tremia no sapato: “O IV Exército vai censu­rar”. Nunca houve uma censura. E debatemos até com pessoas da esquerda sem que houvesse qualquer cons­trangimento das Forças Armadas. A preocupação nossa era oferecer um programa para a classe “A”, geralmente abandonada pela TV, cuja programação é feita para o “povão”. Nosso programa era de elite.

Mas, para minha surpresa, pessoas sim­ples assistiam a ele. Era feito ao vivo, daí o sabor do programa. Errou, estava erra­do e acabou-se. Em certo programa um pastor entusiasmou-se e foi recuando a cadeira, colocada sobre um tablado. A cadeira caiu do tablado com ele e tudo.

Dr. Ivo Dantas, que estava no programa, aproveitou a ocasião para comentar: “Estão vendo? O pastor caiu sob o peso dos meus argumentos”. Alguns temas iam além de um programa. Por exem­plo, o julgamento da Bíblia durou cinco meses. Eu queria tirar esse debate do ar e não conseguia, pois as pessoas me cobravam sua permanência. E olha que não saímos do Velho Testamento… Ou­tros temas se repetiram, como divórcio, eutanásia, aborto, temas tabus como adultério, prostituição. Eram assuntos que não tinham sido debatidos nas TVs comerciais. Eu fazia antes um histórico do tema, para que os debatedores se situassem, e o debate começa­va.

Foi um programa que realmente marcou época na televisão pernambucana. Hoje existe toda uma tec­nologia, mas eu não sei se temos a mesma qualidade da programação local daquela época, principal mente porque muitos programas de agora são importados do Sul, o que então não acontecia.

 

COLABORADORES

 

Várias personalidades do mundo intelectual parti­ciparam do programa: Vasconcelos Sobrinho, o ecólogo, o primeiro a denunciar a desertificação do Nordeste, cujo processo já estamos assistindo; Bezerra Coutinho; Pessoa de Morais; Geraldo Mariz; José Rafael de Menezes; Antônio Rafael de Menezes; Ivo Dantas; Ivo Caruso. No meu livro “O Grande Júri” consta a relação de todas aquelas pessoas que participaram do programa.

O livro está à disposição no meu site. Quem quiser fa­zer o download dele basta enviar um e-mail e eu mandarei o arquivo. Quando o programa acabava, geralmente depois da meia-noite, continuávamos o debate na frente da TV Universi­tária, na rua já deserta. Mas naque­la época não havia assalto nem se­questro. Eu chegava em casa à uma, uma e meia da manhã, por causa da discussão que se prolongava fora do ar. O fim de “O Grande Júri” é uma página muito obscura.

O programa começou a ser sucateado em termos de horário: ora era às nove horas, ora às dez, uma maneira indireta de dizer: “Chega, se despeça!” Fiquei bastante aborrecido e cancelei o programa”. De­veria ter havido uma atitude mais elegante de quem estava por trás de tudo aquilo: “Olha, Valter, está ha­vendo uma pressão para você tirar o programa do ar”, porque não teria problema nenhum. No final de um programa eu diria ao público que aquele era o último, que “O Gran­de Júri” já havia cumprido sua missão, agradeceria aos telespectadores e tudo bem. Mas como a coisa foi feita é que desgostou inclusive os telespecta­dores, que não foram avisados do fim súbito do programa, sem qualquer explicação da TV Univer­sitária.

 

VISÃO CULTURAL AMPLA

 

Tivemos naquela época um grande idealista, que era o reitor Paulo Maciel. A proposta dele era que a TV-U fosse voltada para a comunidade, uma espécie de por­ta-voz da cultura nordestina. Murilo Guimarães teve essa ideia e Paulo Maciel a incentivou: “Olha, Valter, qualquer problema que você tiver lá, venha aqui”.

Ele era realmente um reitor de visão cultural muito ampla. Via na TV Universitária um grande porta-voz da Universidade Federal de Pernambuco. Acho que o correto era fazer programas científicos com os profes­sores da UFPE e de outras universidades, para dar um tom acadêmico aos temas abordados. Por exemplo, o meio ambiente seria hoje um assunto formidável para ser debatido de maneira multidisciplinar.

 

TRAUMA

 

Minha infância foi muito fe­liz. Isso me deu confiança nos outros, porque nunca tive trauma. Minha juventu­de também. Tive só um trau­ma de adulto, que foi a per­da do meu filho, aos 4 anos de idade. Foi um momento de muito sofrimento. Mas daí em diante não tive mais problema. A gente constrói a própria felicidade.

 

AMIGOS

 

Amigos são aquelas pessoas com quem falamos como se fosse com nós mesmos. Temos muitos conhecidos, mas, amigos, temos muito poucos.

 

A MENTE HUMANA

 

Quando eu tinha meus 20 anos, li um livro de Fran­cisco Cândido Xavier intitulado “Parnaso do Alecrim” e fiquei vivamente impressionado, porque esse livro teve a chancela de Humberto de Campos e Agripino Grieco, reconhecendo o estilo dos poetas psicografados por Chico Xavier. Monteiro Lobato disse: “Se Chico Xavier produziu todos esses poemas de sua própria lavra, esse homem não merece apenas um lugar na Academia Brasileira de Letras, mas todos os lugares”. Então veja a importância desse livro. Ele me chamou a atenção para as aptidões da mente huma­na, estudada pela parapsicologia. Por isso, em 1973, eu fundei o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP.

 

POESOFIA

 

Ao deixar a TV, preenchi meu tempo com estudo da mente humana e da filosofia. Um dos meus livros, o “Ser Agora e Sempre”, um livro de poesia impreg­nado de filosofia, digamos de poesofia, que, aliás, não é novidade. Mário Quintana, por exemplo, era poeta e filósofo. Fernando Pessoa também. Foi uma das minhas grandes alegrias ter esse livro premiado em primeiro lugar pela Academia Pernambucana de Letras.

 

MANTER A FORMA

 

Acho muito bom o movimen­to literário do Recife, embo­ra não participe dele porque sou de temperamento monástico. Hoje a minha vida é na minha biblio­teca e com meus amigos. E, como resido a 50 metros do Parque da Jaqueira, passeio por lá e faço musculação na AABB, para manter a forma aos 73 anos.

 

REVOLUÇÃO FEMININA

 

A mulher deve estar presente na comunicação e em tudo o mais. Tenho impres­são de que haverá uma revolução feminina em pa­íses onde isso ainda não acontece, onde a mulher é reduzida à situação de mera dona de casa. Aliás, hoje 50% dos homens declararam que preferiam estar no lar. No lar se tem tudo hoje. Daqui a pou­co inventam um robô que faz comida, lava prato (risos).

 

VISÃO DOS LEGISLADORES

 

Nossas leis são péssimas. Há uma mudança per­manente na legislação e não houve melhoria na máquina judiciária. Os processos civis e penais ainda são verdadeiros mastodontes. Quer dizer, a Justiça ainda não está rápida como deveria, por causa de leis obsoletas e também da falta de uma estrutura melhor. Por exemplo, muitas coi­sas poderiam ser feitas por tele audiência, mas há muita resistência.

Para que deslocar o réu com todo um aparato policial quando ele poderia ser interroga­do pelo juiz numa tele audiência? Falta criativida­de e sobram péssimos legisladores. Lei não é para se mudar como a moda, como ocorre no Brasil. Os parlamentares legislam mal. Leis ordinárias são inseridas na Constituição. Por isso, em curto prazo, não vejo nenhuma melhoria da  atividade judiciária.

 

SINTONIZADO COM O MUNDO

 

Acho que o passado foi bom, mas o presente tam­bém é. Queria eu nascer agora, com todo esse avanço tecnológico, passando conhecimento atra­vés de vários recursos. A internet, por exemplo, é o grande processo democrático, porque ali se diz o que se pensa, sem nenhuma censura, não se de­pende de ninguém para publicar livros. E o que eu faço hoje. Tiro somente cinquenta exemplares com uma pessoa amiga minha que faz isso, distribuo com os amigos e coloco na internet, essa grande vitrine do mundo.

 

REGRESSO

 

Acho que o passado foi bom, mas o presente tam­bém é. Queria eu nascer agora, com todo esse avanço tecnológico, passando conhecimento atra­vés de vários recursos. A internet, por exemplo, é o grande processo democrático, porque ali se diz o que se pensa, sem nenhuma censura, não se de­pende de ninguém para publicar livros. E o que eu faço hoje. Tiro somente cinquenta exemplares com uma pessoa amiga minha que faz isso, distribuo com os amigos e coloco na internet, essa grande vitrine do mundo.

 

DESEDUCAÇÃO NO BRASIL

 

Cristovam Buarque tinha razão quando esteve em “O Grande Júri” e ainda tem razão. A grande revo­lução de qualquer país é a educação. Veja o exem­plo do Japão. Nós não investimos em educação, é só conversa fiada. Principalmente o ensino básico hoje é péssimo. Eu tive alunos que não sabiam nem escrever. Se eu fosse corrigir o português deles, seria uma catástrofe. Corrigia somente o assunto, direito civil, sociologia, porque eles cometiam erros de gra­mática inconcebíveis.

 

AS VARIÁVEIS

 

Eu não queria que os novos seguissem a minha car­reira. Há outras mais importantes. O mundo da in­formática é importantíssimo, bem como o da enge­nharia, pois estamos na época das megaconstruções e precisamos de engenheiros altamente credencia­dos. Precisamos de juristas – hoje pouquíssimos. Precisamos de médicos, hoje em pequeno número para atender a grande população. Temos médicos e advogados dirigindo táxi por falta de oportunidade no mercado de trabalho. Tudo isso por culpa do go­verno, que não investe maciçamente na educação.

 

FAMÍLIA, TV E O PRESENTE

 

A família está hoje em processo de desagregação. O que as novelas exploram não deixa de ser verdade. Mas não se deve mostrar o lado mau somente, porque isso é, de certa forma, contribuir para que ele continue mais forte. Desis­ti de ver a televisão aberta porque tem programa que desanima. Prefiro ver a TV por assinatura, pois seleciono documentários, e filmes, que a gente não encontra na televisão comercial. Assisto a noticiários e programas de debate, quando existem. Não sou saudosista, mas “agorista”. Vivo o agora. O passado é uma espécie de museu que a gente visita. Só se vive, basicamente, no presente.

 

 

Experiência de Quase Morte

Postado há 16th July 2010 por Marco Antonio Batista Cunha

Marcadores: escrito pela jornalista Ana Paula Miranda (ano 2007) Texto publicado no site Ultra Portal

http://consciencia-cristica.blogspot.com.br/2010/07/experiencia-de-quase-morte.html

 

“Um homem está morrendo e, quando chega ao ponto de maior aflição física, ouve seu médico declará-lo morto. Começa a ouvir um ruído desagradável, um zumbido alto ou toque de campainhas, e ao mesmo tempo se sente movendo muito rapidamente através de um longo e escuro túnel. (…) Assiste às tentativas de ressurreição deste ponto de vista inusitado em um estado de perturbação emocional. Depois de algum tempo, acalma-se vai se acostumando à sua estranha condição. (…) No entanto, descobre que precisa voltar para a Terra, que o momento da sua morte ainda não chegou.” Foi assim que o psiquiatra americano Dr. Raymond Moody Jr descreveu a EQM (Experiência de Quase Morte).

O Dr. Moody foi pioneiro em estudos sobre EQM com a publicação de seu livro Life After Life (A Vida depois da vida) em 1975, onde ele menciona o termo “Near-death experiences” (Experiências de Quase Morte) pela primeira vez, após estudar 150 casos de EFC (Experiências Fora do Corpo) relatados por pacientes que se encontravam em estado de coma ou tinham sido dados por mortos pelos médicos.

Segundo o parapsicólogo Valter da Rosa Borges é preciso perceber que nem toda EFC é uma EQM, mas que toda EQM é uma EFC. “Quando a EFC ocorre em situações nas quais uma pessoa é considerada clinicamente morta, ela passa a se denominar “experiência de quase morte” ou EQM. Em consequência, a EQM não é indício de sobrevivência post-mortem, porque se houvesse realmente morte estaríamos perante um caso de ressurreição. No entanto, todos os que passaram por essa experiência têm a certeza absoluta de que estiveram no mundo espiritual e que a morte não existe”, diz ele.

Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Gallup dos EUA vinte e dois milhões de americanos passaram por uma EQM entre 1980 a 1981. Mas as verdadeiras razões para o fenômeno da EQM ainda geram polêmica e dividem a sociedade, entre as explicações da ciência e das religiões.

Apesar de vários médicos conceituados como, por exemplo, o Dr. Moody e o Dr. Melvin Morse autor do livro Closer to the Light – Learning from the Children (Mais Perto da Luz – Aprendendo com as crianças) já terem publicado estudos sobre EQM, muitos médicos e cientistas não acreditam que a EQM seja uma experiência em que o espírito sai do corpo e experimenta sensações do que supostamente acontece quando o corpo morre ou do que o espírito encontra após a morte. “Muitos médicos e cientistas afirmam que a EQM, na verdade, é causada pela insuficiência de oxigênio no cérebro (hipóxia). Portanto, para eles, a EQM é um fenômeno fisiológico cerebral, e isso explicaria as imagens que os pacientes têm de seres de luz, túneis, experiências extracorpóreas (saída do corpo), etc.” explica o psicólogo e pesquisador Osvaldo Shimoda.

Segundo Valter da Rosa Borges, o neurocirurgião Wilder Penfield constatou que, estimulando o lobo temporal de alguns pacientes, durante uma cirurgia cerebral, eles tiveram a sensação de estarem deixando seus corpos. Mas apenas alguns dos pacientes tiveram essa sensação. Raymond Moody observou que as sensações de ser levado através de um túnel escuro foram reveladas com frequência por pacientes submetidos à anestesia (principalmente com éter).

O médico pediatra Melvin Morse ressalta que a experiência da luz não tem origem conhecida no cérebro. “Numerosos pesquisadores científicos têm documentado que cada elemento da EQM: a viagem pelo túnel, a visão de parentes mortos, a recapitulação da vida, visões do céu – pode ser localizado no lobo temporal direito.”, diz Valter da Rosa Borges.

Já para os espíritas as EQMs são uma prova de que existe vida após a morte. Segundo entrevista feita por Érika Silveira com o psiquiatra espírita Franklin Ribeiro publicado no site da revista Cristã de Espiritismo, A EQM, independentemente das “provas” científicas, a EQM evidencia a vida após a morte do corpo, assim como casos de xenoglossia responsiva (quando o médium responde em uma língua que não possui conhecimento), os casos sugestivos de reencarnação, a transcomunicação instrumental, a experiência fora do corpo, a regressão a vidas passadas etc.

O famoso psiquiatra Carl Gustav Jung disse: “Eu não acredito que a mente humana morra, porque está provado que a mente humana não conhece passado, nem presente, nem futuro; contudo, se ela pode prever acontecimentos futuros, está acima do tempo, e se está acima do tempo, não pode ficar trancafiada num corpo”.

Os evangélicos também creem na sobrevivência da alma, porém de uma maneira diferente que os espíritas. Como podemos ler no texto a seguir publicado pelo Pr. Airton Evangelista da Costa da Igreja Assembleia de Deus em seu site palavra da verdade. “Em Lucas 16.22 está escrito, conforme palavras de Jesus, que o mendigo Lázaro morreu e “foi levado pelos anjos para o seio de Abraão”. A alma do injusto rico seguiu para um lugar de tormentos. O apóstolo Paulo desejou “partir e estar com Cristo, o que é muito melhor” (Fp 1.23). Esta afirmação denota mudança imediata, sem interrupção, sem intervalo. Demonstra que Paulo sabia que a sua alma entraria imediatamente na presença de Deus. A imortalidade da alma não é doutrina estranha às sagradas Escrituras. Creio na verdade dita por Jesus: podem matar o corpo, mas a alma não morrerá”, escreveu Airton.

 

REVISTA SEXTO SENTIDO.

Nº 93, 16 de Junho de 2010

 

Assombrações e Parapsicologia em Pernambuco

 

Médiuns que materializam mãos no ar; médicos psíquicos que curam paralíticos; policiais treinados para investigar casas assombradas. Estes são alguns dos acontecimentos com os quais estão acostumados os parapsicólogos de Recife.

Por Pablo Villarrubia Mauso

 

O calor úmido e abafado era uma constante na belíssima capital de Pernambuco. O ônibus me deixou perto de uma lagoa pan­tanosa num bairro da cidade com mais de 4 milhões de habitantes, conhecida como “a Veneza brasileira”, devido a seus mui­tos canais e pontes. Bati na porta do chalé e fui recebido por Valter da Rosa Borges, possivelmente uma das maiores autorida­des ibero-americanas em parapsicologia cientifica.

Ali ficava a sede do Instituto Pernambu­cano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP), o centro de investigações paranormais mais importantes do Brasil, que conta com um contingente de 40 parapsicólogos experien­tes. O ambiente contrastava com o aspecto quase selvagem da região, que convidava à distração e ao ócio. Os homens que lá me aguardavam penetravam em espaços re­cônditos da mente humana com a serieda­de que o assunto requer.

No entanto, eu tentava assimilar as in­formações e vivências numa “casa assom­brada” que tinha visitado algumas horas antes da entrevista (ver quadro), quando Valter, presidente do IPPP, começou a pre­parar o “terreno” sobre o qual transcorreria nossa conversa. “Antes de falarmos sobre as atividades do Instituto”, ele disse, “vou contar a você algo que me chocou muito quando era jovem. Tinha meus 27 anos, em 1959, quando comecei a frequentar a casa de Maria José Lazera Duarte, uma médium de origem portuguesa que conheci por intermédio de meu cunhado. Aquilo era arrepiante. A mulher entrava em transe em semipenumbra e logo sentíamos que a tem­peratura ambiente da sala caía, e misteriosas luzes surgiam de repente no ar.

O pai-de-santo Eli, o primeiro agente psi investigado pelo IPPP em 1978.
Valter da Rosa Borges, uma das maiores autoridades ibero-americanas em parapsicologia cientifica, e o paranormal José Macedo Arruda, vice-presidente do IPPP

Nas primeiras sessões, começavam a cair flores do teto, geralmente cravos. Vinham do nada. Eu os levava para casa, para decorar as floreiras de minha esposa”.

Perguntei que outros fenôme­nos a médium provocava. “Algo tão raro”, ele continuou, “que até hoje não creio que exista. Numa das célebres sessões – que es­gotavam fisicamente a mulher -, ocorreu uma explosão de luz. Em seguida, formou-se uma nuvem que, crescendo, chegou ao teto e logo abaixou. Dentro de um compartimento de madeira surgiu uma mão luminosa que levantou a cortina e flu­tuou em pleno ar. Em seguida, chamou a atenção da médium, pegou um lenço e o agitou. Várias pessoas viram, estupefatas. Eu me levantei para comprovar se aquilo não era uma farsa, ainda que houvesse uma lâmpada elétrica acesa que nos per­mitia ver tudo à nossa volta relativamente bem. Eu me aproximei da mão e a agarrei, como se fosse apertar a mão de uma pessoa para cumprimentá-la. Era uma mão sóli­da, porém mole. Quando a apertei, ela fez o mesmo. Depois, estendi os dedos para ver se o pulso estava preso a um braço. Nes­se momento, senti um calafrio: a mão terminava ali, sem qualquer corpo a sustentando”.

Os fatos desconcertantes vivi­dos por Valter da Rosa Borges não ficavam nisso. Depois, a mão ectoplásmica, branca e luminosa, voou para o bolso da camisa de Valter. Dali tirou um pente e o jogou ao chão. A médium Maria José, em pleno transe, deu ordens para que a misteriosa mão levantasse a pesada mesa ao redor da qual estavam os convidados. Ela fez isso imediatamente, sem deslocar o centro de gravidade do objeto. Depois de levantá-la mais de meio metro do chão, soltou-a e ela caiu com um estrondo.

“Aquele ruído”, confessou o parapsicó­logo, “era capaz de despertar até os mortos. Contudo, Maria José continuava em tran­se, e logo a mão voltou ao compartimento e, de dentro dele, tirou um ramalhete, entregando-o a mim. Não pergunte por que me escolheu. Foi a única e mais incrível expe­riência de materialização com ectoplasma que cheguei a ver em mais de 60 anos de vida”.

ESSE FOI UM DOS ATRATIVOS QUE LEVOU Valter Borges a empreender uma das mais extensas trajetórias de investigações paranormais da América Latina, sem nos esquecermos da figura exponencial de Hernani Guimarães de Andrade, que também colaborou com o IPPP.

A experiência acumulada pelos mem­bros do Instituto – o mais antigo do gêne­ro no Brasil, criado em 1973 levou-os a colaborar estreitamente com a polícia per­nambucana em casos de pessoas desapare­cidas, em serviços de segurança de estado e com sua assessoria de radiestesia junto a órgãos governamentais de pesquisas de re­cursos minerais e hidrológicos, porém com pouco ou nenhum apoio.

“Em 1993, a Assembleia Legislativa do estado aprovou nossa sugestão de criar o Dia nacional do Parapsicólogo, fixada em 29 de julho de cada ano”, disse com or­gulho Borges. Mais do que a celebração, o presidente destaca a importância do reco­nhecimento oficial da parapsicologia pelo governo.

Borges é o responsável pela criação de um experimento parapsicológico inova­dor: o teste da cadeira vazia, inventado em 1981. Trata-se do aperfeiçoamento de um teste criado pelo célebre dr. Eugene Osty.

Consiste em substitui as cinco cartas Zener por cinco pessoas que se sentam ao acaso em cadeiras, cada uma correspondendo a uma carta. A pessoa investigada deve se manter num recinto fechado, enquanto as outras cinco ficam em outra sala. O exa­minado deve adivinhar o nome da pessoa que se senta em determinada cadeira. “A grande vantagem do teste”, explica Borges, “consiste em substituir símbolos, emocio­nalmente inertes, por pessoas, o que faz aumentar o índice de acertos”.

A instituição desenvolveu um projeto de investigação e treinamento em parapsico­logia para a força policial de Pernambuco, no qual se incluíam pesquisas de “casas assombradas” e de outros fatos insólitos que fossem comunicados à polícia. O IPPP também criou outro projeto para dar as­sistência a doentes hospitalizados que te­nham vivenciado experiências paranormais durante sua convalescência.

O IPPP também tem a intenção de re­gulamentar a profissão de parapsicólogo. Pernambuco é o único estado brasileiro que tem a atividade reconhecida, e seus prati­cantes podem se declarar autônomos e ter o benefício da Seguridade Social.

Nos últimos anos, o Instituto tem se dedicado a identificar entre os alunos de escolas públicas aqueles que tenham apti­dões paranormais, que apresentem talen­tos e habilidades excepcionais. “Ao mes­mo tempo”, explica Borges, “fazemos um acompanhamento psicológico e orientamos os professores com relação à forma de en­tender e tratar esses alunos”.

Com Borges estava seu amigo, o médico Ronaldo Lins Filgueira, membro ativo do Instituto. Ele comentava que, nas chamadas cirurgias psíquicas com uso de objetos cortantes, as infecções ocorrem apenas em 10 a 20 por cento dos pacien­tes operados. “Diz-se que muitos não usam antibióticos para comba­ter as infecções. Isso não é correto”, contou o médi­co. “Durante uma sessão realizada pelo cirurgião psíquico Edson Queiroz, eu verifiquei pessoalmente a entrega de uma bandeja repleta de anti-inflamatórios, analgésicos e antibi­óticos de vários tipos. Isso foi em 1984, no bairro do Pina, aqui em Recife”.

“Uma equipe de médicos do IPPP quis fazer estudos sobre Edson Queiroz e seus pacientes” contou Ronaldo.

“No entanto, o médium não permitiu. Ele queria fazer o estudo com sua equipe de médicos. Ainda assim, pudemos fazer algumas observações durante as ci­rurgias. Eu vi como ele empregava colírio anestésico, ao contrário do que ele pregava. Em outra oportunidade, o médium enfiou uma agulha no corpo de uma senhora e ela se queixou muito da dor. Um conhe­cido carnavalesco de Recife, Lúcio Catão, foi curar-se com Edson. Entrou com seus próprios pés e saiu de maca, inconsciente. Uma semana depois, morreu”.

Ronaldo garante que muitas infecções só se manifestam alguns dias após as in­tervenções cirúrgicas, quando o paciente já está em casa, “fora do controle de estatísti­cas hospitalares”.

“A realidade das mal denominadas ci­rurgias psíquicas é muito discutível”, expli­ca o médico e parapsicólogo. “Temos a hemóstase, o estancamento natural ou provo­cado da perda de sangue. Sabemos que, na hipnose, pode-se controlar a coagulação do sangue e, mais normalmente, a vasoconstrição, com a diminuição ou desapareci­mento do sangramento”.

Valter Borges, Pablo Villarrubia e Ronaldo Lins Filgueira, membro do Instituto.

Para Ronaldo, é um fato incontestável que Zé Arigó podia cortar as carnes e as vísceras com uma simples faca de cozinha suja, sem causar dor, provocando hemóstase e evitando o uso de pontos cirúrgicos. O famo­so médium brasileiro dizia operar sob a possessão do espírito de um médico alemão, o dr. Fritz. “Podia impedir o sangramento”, recorda Ronaldo, “apenas com uma palavra dita em tom de ordem”.

Ainda demonstrando esse ceticismo re­lativo, o médico acredita que podem exis­tir casos – ainda que raros -, de curas por ações “psicocinéticas”. “A mente possui o potencial de atuar sobre a matéria e a ener­gia”, observa Ronaldo. “Essa força é capaz de modificar moléculas, células e tecidos. Por outro lado, temos as curas por meios telepáticos, que induzem alterações psicofisiológicas e o consequente estado hipnóti­co que mobiliza os mecanismos endógenos que permitem restabelecer a saúde”.

“Ainda que a maior parte das curas seja psicossomática, conheço um caso que po­deríamos considerar de cura paranormal. Trata-se da desobstrução de uma artéria, realizada pelo pai-de-santo Eli. No mundo, só existem dois casos de cura espontânea desse tipo, mas aqui poderíamos explicá-lo por uma intervenção mental de Eli”.

 

Os Fantasmas de Recife

 

Justo quando começou a chover, entrei na anti­ga mansão que pertenceu a Gilberto Freyre, um dos maiores intelectuais brasileiros de todos os tempos e pai da moderna sociologia no Brasil. A bibliotecária da Fundação Gilberto Freyre – cuja sede fica na pró­pria mansão me recebeu e aconselhou que desse uma volta pela casa.

Livros e mais livros, recordações de viagens a outros continentes, pinturas de artistas famosos ou desconhecidos; enfim, todo o universo privado que rodeava a vida de Gilberto Freyre. Entrei em seu es­critório, que se manteve o mesmo desde sua morte. Meus olhos percorreram as estantes procurando por raridades bibliográficas, e percebi um senhor, inteira­mente vestido de branco. Estava sentado numa pol­trona de couro preto carcomido pelo tempo. Quando voltei a olhar para a poltrona, o homem já não estava lá. Como ele tinha saído sem que eu percebesse?

Esqueci o assunto até que voltei a encontrar a bibliotecária e lhe perguntei sobre o senhor vestido de branco. “Você não sabe?”, ela me disse, com um sorriso sincero. “É o nosso querido Gilberto Freyre. De vez em quando, ele vem ler em seu antigo escri­tório. Mas não fique surpreso; você não é o primeiro a vê-lo”.

Por um momento, achei que estavam zomban­do de mim. Inclusive, pensei em algum artifício de tecnologia moderna, como uma projeção holográfica ou algo do gênero. Ou então num ator contratado pela Fundação para assombrar os visitantes. Mas tudo isso me pareceu ainda mais ridículo, conhe­cendo a seriedade da entidade e seu trabalho edu­cacional mundialmente reconhecido.

Fiquei mais perto de uma explicação paranor­mal quando fiquei sabendo que Freyre tinha escrito um livro curioso, praticamente esquecido por seus biógrafos, chamado Assombrações do Recife Velho, publicado em 1974. O mestre documentou dezenas de casos de aparições fantasmais, entre eles casos de poltergeist, na capital do Pernambuco.

O repertório de assombrações é imenso: lobiso­mens; luzes erráticas que voam pelas ruas; mulheres vestidas de branco que surgem à meia-noite para le­var os desavisados ao “outro lado”; casas habitadas por fantasmas barulhentos etc. Um exemplo era o antigo casarão da esquina da Rua Marisco. Ali, seus proprietários viam vultos com forma humana entran­do e saindo dos aposentos; as portas se abriam e se fechavam sozinhas. Um jovem de 24 anos, em­pregado da mansão, um dia apareceu enforcado. A partir de então, os proprietários decidiram abandonar a “casa maldita”, pois atribuíam a morte do rapaz às terríveis assombrações que ali ocorriam.

Os fenômenos não se acalmaram com a fuga precipitada dos moradores. A polícia e até os solda­dos foram atacados por jorros de areia nos olhos, provenientes de lugar algum. Os policiais, que ha­viam lutado contra os famosos cangaceiros, deixa­vam a rua, apavorados… Os proprietários do imóvel decidiram derrubá-lo, e ali se construiu um cinema que, anos mais tarde, se transformou numa igreja protestante, sem que os espíritos brincalhões e vio­lentos voltassem a fazer das suas.

Stanley Krippner, famoso psicólogo norte-americano, que levou o Pai Eli para ser investigado na Universidade da Califórnia.

 

Terezinha Acioli Lins de Lima é membro da entidade e uma das parapsicólogas de maior prestígio do Brasil. Um de seus trabalhos mais originais se chama Paranormalidade e o Homem Primitivo: Hi­pótese Telepática, que apresentou durante o I Congresso Internacional e Brasileiro de Parapsicologia (Recife, 1997).

Ela elaborou sua hipótese sobre traba­lhos preexistentes, como o do antropólogo australiano Ronald Rose, que verificou o uso da telepatia entre povos “primitivos” para se comunicar a distância, assim como alguns estudos da famosa antropóloga Margareth Mead.

“Em 1975”, diz Terezinha, “na aldeia indígena Cassauá, no Amazonas, a 315km de Manaus, ocorreu um fenômeno psi: um caso interessante de clarividência precognitiva, ou seja, a visão ou conhecimento do mundo exterior, recebendo informações que não circularam pela mente de outra pessoa”. O caso é o de uma criança indí­gena de três anos, Wilson Heskaiyano, que foi levado de sua aldeia para ser atendido pelo médico Irineu Castro, pois estava mui­to desidratado. No dia seguinte, às 12h30, a criança morreu, e os pais pediram ao mé­dico que seu corpo fosse devolvido à aldeia para realizarem o funeral. Quando o médi­co e os pais chegaram ã aldeia, próxima do rio Nhamundá, todos os membros da tribo os esperavam e já tinham preparado o lo­cal em que a criança seria enterrada. “Mas o ocorrido não foi comunicado a ninguém na aldeia, pois estavam totalmente isolados no meio da selva”, diz a parapsicóloga.

“A telepatia já era empregada há 6.000 anos”, explica Terezinha, “segundo interpretações de alguns documentos egípcios. A paranormalidade foi importante no processo evolutivo humano e sua sobrevivên­cia, pois permitiu intensificar seu sentido de orientação nas selvas, desertos ou montanhas. É possível que a telepatia tenha precedido a linguagem oral. Mas a falta de uso de tais poderes, talvez devido ao de­senvolvimento da linguagem verbal, levou a uma atrofia”.

Segundo a investigadora, o ho­mem ocidental e sua cultura estão programados para reprimir e recha­çar as manifestações da “mentali­dade primitiva”, como a telepatia. “O fato de que a capacidade extrassensorial das crianças parece ser superior à dos adultos mostra que, efetivamente, todos nós nasce­mos com tais capacidades, e que a pressão educacional e social leva à inibição de suas manifestações”.

Ela também se baseia em algumas ex­periências realizadas por Michael Winkelman, no México, em 1970, entre dezenas de crianças. Sua con­clusão: quanto mais formal for a educação das crianças, menos re­sultados positivos elas obteriam nos testes de percepção extra-sensorial, como com as cartas Zener”.

TÊM SIDO MUITOS OS PARANORMAIS que passaram pelo IPPP. “Nós os tratamos como pessoas”, diz Bor­ges, “não como cobaias”. No início dos anos 1970, o parapsicólogo conheceu uma mulher – ex-noiva de um mem­bro do Instituto -, que, ao ver Uri Geller na televisão, começou a desenvolver po­deres semelhantes aos do famoso israelense. “Ela dobrava chaves com imensa facilidade. Foi a primeira ‘Uri Geller’ feminina de Per­nambuco”, recorda o estudioso, preferindo manter o nome dela em sigilo.

Contudo, o Pai Eli foi estudado por Bor­ges e sua equipe. “Foi o primeiro agente psi que investigamos. Em 1978, esse homem realizou uma cura extraordinária de uma pessoa desenganada pelos médicos, afli­gida por uma grave enfermidade cerebral. Depois de ter participado de um culto de umbanda oficiado pelo Pai Eli numa praia de Recife, o doente se curou totalmente”, recorda Borges, que realizou um rigoroso acompanhamento médico do paciente.

Os poderes curativos de Pai Eli como­veram até mesmo Stanley Krippner – o fa­moso investigador dos estados alterados de consciência -, que levou o pai-de-santo brasileiro aos Estados Unidos, à Universi­dade da Califórnia.

Outro paranormal destacado foi José Macedo Arruda, vice-presidente do IPPP, investigado pelo parapsicólogo Jeffrey Mishlove, nos Esta­dos Unidos. “Esse ho­mem”, lembra Borges, descobriu, aos 49 anos, que podia curar os outros. Um caso extraordinário foi o da cura de uma jovem paralítica que Macedo havia previamente le­vado ao transe”.

Como advogado em exercício, Borges se pre­ocupa com questões ju­rídicas da parapsicolo­gia. “Existem muitíssi­mas lacunas legais na parapsicologia”, explica. “Uma diz respeito aos direitos autorais de escritores, pintores e músicos que dizem receber inspiração dire­ta ou indireta dos espíritos dos mortos. Em 1944, a viúva de um importante poeta bra­sileiro, Humberto de Campos, moveu uma ação contra o famoso médium e psicógrafo Chico Xavier, pedindo a cobrança dos direi­tos autorais das obras psicografadas por Xa­vier. A ação foi considerada inválida, uma vez que o juiz considerou que o Poder Judiciário não era um órgão de consulta que pudesse decidir sobre a capacidade intelectual de um morto. Os direitos autorais, neste e em ou­tros casos, pertencem ao médium, pois não existem direitos do além”.

Segundo Borges, essa situação poderia mudar se um dia for admitido que existe vida após a morte e que podem ser reali­zadas comunicações comprovadas entre vivos e mortos. Nesse caso, médiuns como Chico Xavier, Luiz Antonio Gasparetto e Rosemary Brown seriam responsáveis pe­las manifestações artísticas e literárias que apresentem, pelo menos até que os faleci­dos confirmem, por meios legais, a autenti­cidade de tais manifestações.

VEJA

Abril.com.br. 29/10/2010 – 09:04

 

CELEBRIDADES

 

ATIVIDADE PARANORMAL MADE IN BRASIL

 

O Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, no Recife, é um dos centros de parapsicologia mais antigos do país.

Branca Nunes

Cena do filme Atividade Paranormal 2 (Divulgação)

Sem falar em demônios, espíritos ou outras obras do Além, Valter da Rosa Borges garante: todos esses fenômenos são perfeitamente normais – e muito mais comuns do que imaginamos.

Portas que se abrem e fecham sem ninguém por perto, garrafas vazias voando, luzes que se apagam subitamente, ruídos estranhos e figuras fantasmagóricas. Essas foram algumas das imagens que os espectadores de Atividade Paranormal 2, de Oren Peli, puderam conferir no fim de semana de estreia – na sexta-feira (22) – da sequência de um dos maiores fenômenos de bilheteria da história do cinema. Orçado em 15 mil dólares, o primeiro filme da série arrecadou 107 milhões de dólares ao redor do mundo. A continuação do suspense – que custou 3 milhões – faturou 41,5 milhões de dólares em três dias só nos Estados Unidos.

O primeiro filme conta a história de Katie (Katie Featherston), que desde criança convive com ruídos e sussurros assombrosos. Ao mudar-se para a casa do namorado, Micah (Micah Sloat), e depois que os dois decidem comprar uma câmera para registrar esses acontecimentos, as coisas evoluem até tornarem-se insuportáveis. Irmã de Katie, Kristi (Sprague Grayden) é a protagonista do segundo filme. Ao lado do marido, Daniel (Brian Boland), e de dois filhos, ela chega um dia à casa de campo e a encontra completamente revirada. Daniel decide investir em um sistema de segurança e instala câmeras em diversos cômodos e no lado de fora da casa. É por essas imagens que os espectadores acompanham a maior parte dos eventos sobrenaturais.

No Brasil, quem quiser contemplar cenas aterrorizantes da ficção pode se encaminhar a uma das 165 salas em que o filme estreou. Já se quiser entrar em contato com o assunto, pode, também, fazer uma visita ao Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP), no Recife, e conversar com o professor Valter da Rosa Borges, um de seus fundadores. Sem falar em demônios, espíritos ou outras obras do Além, Borges garante: todos esses fenômenos são perfeitamente normais – e muito mais comuns do que se imagina.

Inaugurado em 1973, o IPPP não poderia estar localizado em um lugar mais adequado. Uma das cidades brasileiras mais férteis em assombrações, a capital de Pernambuco teve parte de seus mistérios revelados no clássico Assombrações do Recife Velho, de Gilberto Freyre – também transformado em peça de teatro. O IPPP, uma das instituições especializadas em parapsicologia mais renomadas do Brasil, também organiza simpósios internacionais e cursos de formação e pós-graduação na área. Em 1985, foi declarado de Utilidade Pública Estadual pela Lei nº 9714 e, um ano depois, de Utilidade Pública Municipal pela Lei nº 14.840.

Enquanto Freire conta em seu livro histórias como a do barão perseguido pelo diabo, a do sobrado da Estrela e a do papafigo, Borges tem em seu enorme catálogo o episódio do Edifício Paris, considerado “o mais famoso dos ‘poltergeist’ que investigou”.

Ao contrário do que se imagina, raramente o poltergeist é uma figura visível. No livro Fenomenologia das Aparições, Borges revela que sua manifestação mais comum é pelo “movimento, aparecimento e desaparecimento de objetos, móveis que se quebram o se incendeiam, objetos que voam, pedras arremessadas aleatoriamente, água brotando de lugares onde não há encanamento e pessoas agredidas por algo invisível com dentadas e bofetadas”.

Os eventos começaram em dezembro de 1985, logo depois da morte por atropelamento de uma criança que morava no apartamento número 301, do Edifício Paris, na Avenida Cruz Cabugá, bairro de Santo Amaro, Recife. “Durante vários dias, garrafas vazias voavam pelo apartamento e caíam na área externa o prédio”, descreve Borges. Os moradores também presenciaram a combustão espontânea de objetos, a quebra de vidraças, o tilintar de panelas e outros barulhos bizarros.

A primeira reação da família foi pedir socorro a um padre. Depois de constatar a presença de um demônio e de benzer a casa, o clérigo se foi sem resultados a festejar. Chamado em seguida, o pastor fez que com todos “aceitassem Jesus”, mas não conseguiu convencer as assombrações a fazerem o mesmo. A mãe de santo cobrou 1.500 reais para despachar o Exu, que preferiu ficar, e um médium espírita decidiu: era o espírito da menina atropelada tentando se comunicar.

Depois de algumas perguntas à família, Borges concluiu que o estopim dos eventos era uma das empregadas da casa, uma garota de 12 anos, que testemunhara o atropelamento. Segundo acredita ele, por estar em transição da infância para a adolescência, a moça tornara-se ainda mais vulnerável e, inconscientemente, provocou os fenômenos paranormais. “Algumas pessoas, em vez de implodirem um turbilhão de sentimentos, explodem”, diz Borges. Passado algum tempo, o poltergeist desapareceu sem se despedir.

“A grande pergunta é: o que é a mente humana?”, intriga-se Borges. “Não sabemos o limite dela. Quando você diz que determinado evento é a ação de um fantasma, você faz uma economia de hipóteses. Eu trabalho com uma quantidade ilimitada delas. Não me restrinjo a uma verdade, a um dogma”. Assim, Borges e outros parapsicólogos estão mais preocupados em estabelecer o que produz os fenômenos paranormais, do que em determinar como eles são produzidos. “Pode ser a ação da mente e pode ser algo que não explicamos”.

Entre outros eventos, Borges presenciou a queda brusca de temperatura em ambientes fechados, flores caindo do teto, perfumes misteriosos, uma televisão ligada sem estar conectada na tomada e centenas de poltergeists – sua especialidade.

Segundo o professor, a maioria das pessoas já foi testemunha – ou será – de um evento paranormal durante a vida. O mais comum é a telepatia. “Quando você pensa em uma pessoa e o telefone toca, isso é uma relação mente a mente”, esclarece.

Nada que signifique, entretanto, a presença de demônios ou casos que terminem em morte. Em 37 anos de trabalho com a parapsicologia, Borges presenciou apenas um episódio com vítima: um pintinho atingido por uma pedra. Ao contrário dos filmes de terror que geralmente abordam o tema, a atividade paranormal made in Brasil é bem mais pacífica.

 

 

Rolar para cima