Criei, no IPPP, o Seminário dos Múltiplos Saberes – SMS – um fórum de debates em todos os campos do conhecimento humano e que contou, e ainda conta, com a participação dos seus sócios e convidados.
A primeira reunião se realizou no dia 3 de novembro, com a minha palestra intitulada “Experiências Psíquicas na Morte Iminente”.
Palestra “A Literatura Paranormal”, em 20 de janeiro na reunião pública do IPPP.
O Jornal Espírita, de janeiro, noticiou o I Simpósio de Parapsicologia, Medicina e Espiritismo, realizado em São Paulo, em 1985, e do qual fui um dos conferencistas oficiais.
FANTASMAS
Reclamo, Nº 3 – Janeiro de 1986
Walter da Rosa Borges tranquilizou a família afetada utilizando a parapsicologia
O pacato edifício Paris viu, no apartamento 301, fenômenos que lembram Poltergeist.
Caso do Paris era paranormal
Chegou-se a pensar em maus espíritos. Foram várias sessões de quebra misteriosa de vidros no edifício Paris, em Santo Amaro. Chamaram o padre da igrejinha da Piedade. Quem desvendou o mistério foi um parapsicólogo.
Eram 15 horas do dia de Natal (25.12.85), quando os moradores do edifício Paris, na avenida Cruz Cabugá, em Santo Amaro (próximo ao centro do Recife), notaram que algo estranho se passava no local. E que vidros de remédio e garrafas apareciam e estouravam por todos os lados do prédio, sobretudo, no apartamento, 301, onde a quebra a quebra desses objetos era extrema.
Espantada com o que acontecia, a dona do apartamento 301, conhecida apenas por “dona Toinha”, 73 anos, procurou os vizinhos do terceiro andar e perguntou o que eles poderiam fazer. A partir daí chamaram a polícia para olhar se algum desordeiro jogava objetos no prédio. Depois de remexer todo o local e não achar explicação para o caso, a polícia que viu muitos vidros se quebrarem à sua frente, “lavou as mãos” e foi embora.
Ao aumentar a intensidade do quebra-quebra, a família de dona Toinha, que, segundo os vizinhos, é católica e muito praticante, chamou o padre Guedes, da igreja da Piedade, no mesmo bairro. O padre Guedes rezou e jogou água benta em vários locais “para espantar os maus espíritos”. A essa altura, grande parte dos moradores do edifício já havia visitado o apartamento e a área externa do prédio e constatado que se tratava de algum mistério.
Já perto da meia-noite, vendo que o problema não estava solucionado, os seis moradores do 301 deixaram o apartamento e foram dormir em outro, no sexto andar, onde mora a nutricionista Lúcia irmã de dona Toinha. Foi quando, segundo os moradores do 302 e do 303, o barulho parou e todos puderam dormir um pouco. Foi uma noite meio chata, porque não sabíamos o que poderia ocorrer até as seis horas. Quem sabe um vidro não poderia se quebrar no nosso corpo e cortar” — contou Maria Cristina, do 302
Quando os moradores acordaram, na quinta-feira, tudo continuava calmo, até que a família de dona Toinha voltou ao 301 e a quebra de vidros recomeçou. Até aí a imprensa não estava informada do caso, mas o radialista Samir Abou Hana, que mora no edifício Paris e tem um programa na Rádio Globo pela manhã, divulgou a notícia e curiosos e repórteres dos mais diversos meios de comunicação foram para o local.
Os repórteres da Rádio Globo e do jornal O Globo foram dos primeiros a chegar e conseguiram se “refugiar” nos corredores do edifício para registrar o fenômeno. Vendo que o prédio estava sendo totalmente ocupado por repórteres, a família de dona Toinha pediu aos porteiros e ao síndico que não permitissem mais a entrada de jornalistas e fizessem os que estavam nos corredores abandonar a área, pois não queria nenhuma divulgação sobre a que estava acontecendo.
O padre foi chamado no novamente ao 301 e, trancado com os moradores do apartamento, que não recebiam mais ninguém, rezou outra vez, mas o quebra-quebra continuou. Ao deixar o local, o padre Guedes não quis dar entrevista e disse que não tinha visto nada, mesmo alguns vidros aparecendo misteriosamente aos seus pés e se quebrando.
Vendo que o problema continuava, a presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, Léa Correia, que é amiga dos moradores do 301, levou o parapsicólogo Walter da Rosa Borges para conversar com a família e convencê-la de que o fenômeno não tinha nenhuma relação com a morte da filha adotiva de dona Toinha, ocorrida há dois meses. A menina, de três anos, foi atropelada na praia de Maria Farinha, em Paulista, deixando sua família bastante traumatizada.
Enquanto o parapsicólogo conversava com os moradores, um deles — Manoel Borges — deixou o apartamento e desceu pela escada, sendo acompanhado por dois repórteres. Manoel Borges, que vestia calça azul e camisa branca, não quis pronunciar uma só palavra, mas estava chorando e acenou para quatro pessoas que estavam na portaria do edifício.
Por volta das 15 horas espírita Maria Nazaré Rapo, que pertence ao Núcleo Espírita Centelha de Jesus, chega ao edifício para rezar e oferecer ajuda à família do 301 mas a sua colaboração não foi aceita. De acordo com ela problema que estava atingindo os moradores só seria solvido através do espiritismo o que contrariou a opinião Léa Correia, que achou se tratar de um problema causado por fatores parapsicológicos. Mesmo assim, a espírita disse ainda na portaria, que se for necessária a sua ajuda, poderiam procurá-la.
Depois de conversar por mais de quatro horas com família de dona Toinha. Walter da Rosa Borges deixou apartamento. O quebra-quebra parou após as 18 horas tudo voltou ao normal.
Segundo o parapsicólogo, a quebra de objetos é um fenômeno paranormal, causado pela liberação de uma energia do próprio organismo de um dos moradores do apartamento. Ele disse que o fenômeno se apresenta em várias modalidades, podendo também ser maléfico ou benéfico. No caso do apartamento, o fenômeno foi classificado como benéfico, por não ter causado maiores danos materiais.
“Esse fenômeno é classificado de psicocinesia espontânea recorrente e ocorre em pessoas no período da puberdade; apesar de ser normal não é muito comum. Na fase da puberdade, os jovens passam por uma profunda transformação hormonal e um desequilíbrio orgânico, mas geralmente pouco duradouro” explicou Walter da Rosa Borges.
Para ele, quando se localiza o epicentro (pessoa que está causando o problema) deve-se evitar fortes emoções. No caso do apartamento 301 do edifício Paris, o epicentro era uma menina de 12 anos, cujo nome ele não quis revela mas garantiu que o mistério acabou e a família poderá ficar sossegada.
O jornalista Severino Barbosa, abordando o tema “poltergeist”, publicou no Diário de Pernambuco de 1986, uma reportagem sobre o caso do Edifício Paris, a qual intitulou Visagens e assombrações continuam a desafiar o homem do século XX. Poltergeist, o fantasma brincalhão
Gravura antiga mostrando as diabruras do “Poltergeist”, o fantasma geist”, tentando uma mulher adormecida. Ao lado, um “Incubo”, irmão diabólico do “Poltergeist“
Desde anteontem, véspera do Natal, que coisas estranhas, como vidros e garrafas jogados em todas as direções, vêm acontecendo no apartamento 301 do Edifício Paris, na Avenida Cruz Cabugá. Repórteres, padres, pastores evangélicos, médicos, policiais, fotógrafos e curiosos que acorreram ao local, vendo garrafas, vidros de remédios e outros vasilhames, sendo atirados de um canto a outro do apartamento, sem que ninguém notasse quem os fazia, e sem outra explicação para o fenômeno, passaram a atribuir-lhe caráter sobrenatural. Ninguém, por exemplo, soube explicar de onde vinham os vidros de remédios, “jogados não se sabe por quem”, a fazer trajetórias estranhas, como sair do terceiro andar e atingir um banheiro do quarto andar; nem como um desses vidros “voou” da sala e foi espatifar-se nas costas de uma das filhas de D. Antônia, proprietária do apartamento; nem como uma garrafa atingiu o ombro de um dos moradores do prédio, que se achava no banheiro do quarto andar. Chegando ao local, padre Guedes, vigário de Santo Amaro, viu dois litros de água-benta se arrebentarem, “ninguém sabe como”, antes que desse início ao exorcismo, e um pastor da Assembleia de Deus, ante a barafunda inexplicável, não vacilou em taxa-la de “coisa de Belzebu”.
Mas não causou maiores atropelos, a notícia divulgada pelo DIÁRIO DE PERNAMBUCO, na sua edição de 27 de dezembro último, porque tais fatos, embora misteriosos e nem sempre comuns (os últimos aqui registrados, aconteceram em outubro de 1979, na Fazenda Pelo Sinal, em São José de Mipibu, no Rio Grande do Norte; e em junho de 1981, no Sítio Aguas Brancas, em São Lourenço da Mata, Pernambuco), talvez não mereçam muito crédito por parte do público, já tão corrompido pela descrença dos dias que correm.
Preocuparam-se mais os adeptos dos cultos espiritualísticos, como a Federação Espírita e o Centro Espírita Centelha de Jesus, que se dispuseram com invocações e preces, “a acabar as perturbações daquela alma, que está deixando aflita a família”. Ganharam mais importância, porém, os fenômenos do Ed. Paris, com a visita do parapsicólogo Valter Rosa Borges, presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, que deu ao caso as dimensões reais indispensáveis, qualificando-o como uma manifestação de Psicocinesia Espontânea Recorrente, cuja sigla em inglês é PRPK, e que é as vezes, segundo ele erradamente, classificado como Poltergeist.
Depois de presenciar in loco o quebra-quebra de vidros e o voo de várias garrafas, e de reunir toda a família, “para ter certeza de que todos estavam sob sua observação, o parapsicólogo rechaçou as ideias “ultrapassadas” de assombração, coisa do outro mundo e almas penadas, dizendo haver localizado o epicentro do fenômeno e que tudo não passava de uma manifestação evidente, embora bastante rara, de Telergia:
“Os fenômenos são provocados por pessoas, que, involuntariamente irradiam energia, ou Telergia, segundo o termo técnico da Parapsicologia. São duas jovens as causadoras do evento. Mas, achando-se a família muito traumatizada, é conveniente que se mantenha sigilo sobre seus nomes. Na União Soviética estão sendo realizadas experiências no sentido de fazer o indivíduo controlar a energia espontânea, responsável por tais fatos”.
E numa revelação que nos faz lembrar Os Demônios de Loudun (Vide Aldous Huxley), o parapsicólogo esclarece que esse tipo de psicocinesia, ocorre em geral em jovens adolescentes em início da fase de menstruação. O que dá certamente aos leigos, além do mistério, um sabor de erotismo.
FENÔMENOS
“É muito natural, e até dever nosso, duvidar da manifestação dos defuntos, desde que não se faça a prova. A nossa tendência é para considerar suspeitas, todas as narrativas ligadas a manifestações de mortos. A isso nos autorizam a improbabilidade aparente e a raridade das provas. Não tenho, porém, a priori, mais razão para desconfiar de um fato psíquico, que de um sábio, de um professor, desde que o fato me seja provado. E são, em relação às manifestações dos mortos, inumeráveis os casos testemunhados e provados. Neste momento estamos a ver, pessoas ignorantes ou de má fé, pretenderem que todos esses relatos de aparições e comunicações de mortos, procedem de elementos destituídos de valor intelectual. Poder-se-á tal coisa dizer de um Cícero, um Montaigne, um La Rochefoucauld, um Goethe, todos, enfim, que tanto se preocuparam com este assunto?”.
Justificando a realidade dos fenômenos, Camille Flammarion (“Les Maisons Hantées”) lembra Guilherme de Auvergne, bispo de Paris, falecido em 1249, segundo o qual, um Espírito batedor se havia introduzido numa casa do distrito de St. Paul, e atirava pedras que quebravam as vidraças: “Pedro Mamoris, professor de Teologia, autor do “Flagellum Maleficarum”, registra o mesmo caso. Certo Espírito atirava pedras, arrastava móveis, quebrava louças, chegava mesmo a atingir de leve as pessoas, sem que se pudesse saber como agia. A esse tempo, o Cura de St. Paul, Jean Delorme, chegara ao local munido de velas bentas, água benta e água gregoriana, percorrendo os aposentos atingidos, rezando e exorcizando, para espantar os demônios”.
Tal a veracidade dos casos relatados e seu crédito perante a Justiça, que Flammarion cita o caso do advogado Zingaropoli, defendendo a Duquesa de Castelpoto contra a Baronesa Laura Englen, em 1907, cujo fundamento era: “Se o locatário de uma casa infestada pelos Espíritos, tem direito a pleitear a rescisão do Contrato”. Não argumentava no vazio o causídico napolitano, que acabou vitorioso, esposando tese do jurisconsulto Alfenus numa correspondência de Saint-Nicolas-du-Port, perto de Nancy, o “Paris-Journal”, publicou o seguinte: “A criada da Taverne Parisien, nesta cidade, uma guapa camponesa de suas dezoito primaveras chamada Germaine, quando descia à adega, foi atacada por uma verdadeira chuva de pedras. Nos dois dias seguintes, a coisa piorou, chovendo sobre Germaine, mal ela chegava à adega, além de pedras, pedaços de ferro, ganchos, pregos e cacos de vidros. Examinada a questão, em parecer do Dr. Boucher, a Sociedade de Estudos Psíquicos de Nancy, concluiu que se tratava de um caso de mediunidade, provocado pelos espíritos que atuavam sobre Germaine. Tal diagnóstico, porém não convenceu a população, que julga tratar-se, talvez com certa razão, de manifestações diabólicas”.
Não precisa ir tão longe. Em 8 de dezembro de 1976, a “Folha da Tarde”, de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, contou a história de Claudir de Quadros, de 8 anos, que foi apedrejado e mordido por um fantasma. E o fantasma, segundo o semanário gaúcho, era o próprio Diabo.
POLTERGEIST
Como se pode concluir, a palavra é alemã (de Geist, espírito e Polterer, perturbador, dando Poltergeist), aplicando-se às “assombrações”, tais como pancadas, (Digesto, Gotofred, 1857): “Si causa fuisset cur periculum timeret, quamvis periculum vere non fuisset, tamem non debere mercedem’’.
SATANISMO
Na Idade Média, a importância de tais fenômenos chegou ao exagero, em face da preponderância da literatura demonológica. Essas manifestações misteriosas, distúrbios e prejuízos causados aos moradores de uma casa, aterrorizavam mais ainda pela convicção enraizada de uma origem satânica. Basta folhear os livros mais conhecidos da Demonologia, tais como o Malleus de Sprenger, O Formicarius de Nider, o Disquisitiones magicae do Padre Martinho del Rio, bem como os dos teólogos protestantes da época, a começar por Lutero, para ver até que ponto se acreditava nos poderes do diabo, responsável por todas as confusões, tragédias e malefícios.
Grimaldi Ginesio, em sua “Istoria delle leggi e magistrati del regno di Napoli”, publicada em 1857, anota como jurisprudência firmada: “Sucedendo que, na casa alugada, o locatário, levado pelo terror pânico, se julgue assaltado por espíritos malignos, chamados em Nápoles de Monacelli, permite-se-lhe a mudança isento de qualquer indenização”.
Mas tais fenômenos, tidos por satânicos, não ficaram apenas na Idade Média. Em 6 de abril de 1910, ruídos de serras, talheres, garrafas atiradas contra as pessoas, ou vidros que se espatifam sem que ninguém saiba por quem, a não ser por espíritos malignos, segundo os exorcistas e por isso aparentados com o diabo; ou por “almas infelizes” e “penadas”, no dizer dos defensores da doutrina de Allan Kardec. Comuns nas lendas bávaras, ou entre os remanescentes teutões das margens do Báltico, ganharam dos alemães o apelido de Poltergeist, e a fama que os confunde com o Diabo.
Nos tempos modernos, milhões de teses, as mais esdrúxulas, têm sido evocadas para explicar os Fatos Inexplicáveis, como se percebe em “Human Personality and its Survival of Bodily Death” de F.W.H. Myers, e mais recentemente, em “The Personality of Man” do Dr. G.N.M. Tyrell, onde os “mistérios” e “fenômenos”, têm simples definições materialísticas.
Por outro lado, falam os técnicos em Energia Comprimida; e o Prof. A.R.G. Owen, de Cambridge, diz que, embora se trate de “manifestações psíquicas”, os “fenômenos” resultam de “uma espécie de energia subconsciente”, em geral proveniente de um adolescente excitado”. Daí pregarem os sexólogos o “amor livre” e a masturbação (Kraft-Ebing, Masters-Johnson, Kinsey), como forma de extravasar essa “energia”. O que cheira a libidinagem.
“Os diabos saíram de cena diz Aldous Huxley, mas junto com eles (Magna est veritas legitir praevalebit) diluiu-se qualquer tipo de reflexão importante em relação aos fenômenos aos mesmos atribuídos. E lembra Urbano Grandier, o Monge Maldito, nos versos de Ronsard: “Quand au temple, nous serons les dévots pour louer Dieu. Mais quand au lit, nous seron les lacifs qui pratiquent folâtrements les draps mignardises”.
Dos Poltergeist dizem que, além dos quebra-quebras, também imitam os Íncubos e Súcubos que atacam à noite as donzelas desprevenidas. Daí ser bom antes dormir (para quem faz da virgindade uma virtude), lavar-se com água benta. E rezar com fé o Esconjuro de São Cipriano.
Afinal de contas, desde tempos milenares que os descrentes duvidam do poder de Satanás. Mas, como disse Charles Baudelaire “La plus belle ruse du Diable, é de nous persuader qu’il n’existe pas”. (“A maior arma do Diabo é convencer que ele não existe”) Quem disso duvidar, que visite Apartamento 301, do Ed. Paris.
Mas não esqueça de levar consigo o Malleus Maleficarum. E um garrafão de água benta.
De 27 a 29 de janeiro, participei, juntamente com Ivo Cyro Caruso e Geraldo Leite, do Ciclo de Palestras sobre Parapsicologia e Psicologia Transpessoal, promovido pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas no Clube Internacional do Recife.
No dia 28 de maio, na Federação das Indústrias de Pernambuco – FIEPE -, na Avenida Cruz Cabugá, 767, bairro de Santo Amaro, dei posse aos acadêmicos Badogílio Rodrigues Maciel, Carlos Eugênio Gantois, Érico Iglésias Cavalcanti Melo, Erivam Félix Vieira, Everaldo Moreira Veras, Pe. Ferdinand Azevedo, Fernando Gonçalves, Francisco Eduardo Bezerra de A. Lima, Guaracy Lyra da Fonsêca, Jalmir Freire Brelaz de Castro, José Roberto de Melo, Luiz Carlos Oliveira Diniz, Margarida Maria Félix da Silva, Mauro Carneiro Assis do Rego, Reginaldo Cordeiro do Nascimento, Ronaldo Dantas Lins Filgueira e Waldemir Oliveira Lins. Reinaldo de Oliveira fez a saudação aos novos acadêmicos e, em nome destes, discursou Érico Iglésias Cavalcanti de Melo. Na mesma solenidade, a Academia Pernambucana de Ciência e a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco – FIESP-, representadas respectivamente por Valter da Rosa Borges e Armando Monteiro Neto, assinaram um convênio de parceria com a finalidade de elaborar um programa de desenvolvimento econômico e cientifico para o nosso Estado.
No mês seguinte, no dia 1º de junho, em solenidade simples, na sede do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, realizei a posse do acadêmico Fernando Jorge Simão dos Santos Figueira.
Reuniões públicas do IPPP: 6 de janeiro: Mesa redonda Um Novo Modelo para a Parapsicologia, juntamente com Ivo Cyro Caruso; 20 de janeiro – Literatura Paranormal; e 29 de janeiro – O Homem à Luz da Parapsicologia.
DIÁRIO DE PERNAMBUCO
12 de agosto de 1986
O PODER DO INCONSCIENTE SERÁ DEBATIDO À LUZ DO DIREITO
Nossos juristas ainda não se deram conta da importância fundamental do inconsciente no comportamento humano. Para o legislador, prevalece a presunção de que o homem é o que é em nível consciente.
À luz da Psicologia, este é um pensamento anacrônico. No começo do século XX, Freud já demonstrava a predominância do inconsciente sobre o consciente no direcionamento da conduta humana. Se um dia o Direito Civil admitir a importância do inconsciente nas relações jurídicas, muita coisa será modificada – garante o promotor Válter da Rosa Borges, presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas. |
Segundo ele, que está organizando os preparativos do V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica, a ter lugar no Recife, no período de 3 a 5 de outubro, no Clube Internacional, a Parapsicologia já comprovou, exaustivamente, que as pessoas se influenciam reciprocamente por processos telepáticos. “Consequentemente, em certas circunstâncias, um indivíduo pode ser manipulado telepaticamente por outrem, sem que tome conhecimento dessa influência, e pratique um ato jurídico em desacordo com seus interesses. Embora aparentemente espontâneo, o seu consentimento, na verdade, estava viciado. E o vício de consentimento importa na anulabilidade do ato jurídico”.
Neste caso, afirma o promotor, se um dia o Direito Civil admitir a importância do inconsciente nas relações jurídicas e sua manipulação por processos telepáticos, então será obrigado a reconhecer essa modalidade de manipulação psíquica como um novo vício do consentimento, ao lado do erro, da coação, do dolo, da simulação e da fraude.
Embora estabelecendo áreas de contato mais estreitas com a Psicologia, a Psiquiatria, a Medicina e a Física, a Parapsicologia é uma ciência de extensa interdisciplinaridade. Em relação ao Direito, esse relacionamento se situa num contexto, até o momento, teórico, mas de grande polêmica, como no exemplo dado.
“TALENTO”
Oficialmente nascida em 1953, por ocasião do Congresso Internacional de Ciências Psíquicas, realizado em Utrecht, na Holanda, a Parapsicologia é uma ciência que tem por objeto o estudo e a pesquisa do fenômeno paranormal, que é uma manifestação de uma aptidão psíquica especial. “Uma espécie de talento, apenas encontrável num reduzidíssimo número de pessoas” – acrescenta Rosa Borges.
A Parapsicologia – diz – estuda os poderes extraordinários da mente humana, consistindo numa forma especial de percepção da realidade – telepatia, clarividência e precognição – e numa ação, sem intermediários físicos ou energéticos, sobre o mundo exterior. “Assim, a investigação parapsicológica só diz respeito ao homem vivo, biológico, histórico, temporal, excluindo do seu domínio objetal as questões pertinentes à sobrevivência, à imortalidade, às comunicações mediúnicas ou com seres extraplanetários”.
Quanto ao Congresso Brasileiro de Parapsicologia, promovido pelo Instituto de Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, sob a coordenação do Instituto de Assuntos Culturais da FUNDAJ, Rosa Borges é de opinião que este será um passo decisivo para o desenvolvimento da Parapsicologia, não apenas em Pernambuco, mas em toda a Região, debatendo os problemas teóricos e as aplicações práticas da fenomenologia paranormal. Esta será a primeira vez que se realiza no Nordeste um encontro desse porte, que reunirá as mais destacadas personalidades no campo da investigação dos fenômenos paranormais, representando os Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Pernambuco, Pará e Alagoas.
Destaca Válter da Rosa Borges que este Congresso deverá se constituir num marco histórico para a pesquisa parapsicológica no Estado, sobretudo devido ao apoio de importantes instituições científicas e culturais de Pernambuco, a exemplo da Fundação Joaquim Nabuco, Academia Pernambucana de Ciências, Academia Pernambucana de Medicina, Academia de Letras e Artes de Pernambuco, Fundarpe, UBE-PE, Funeso, Prefeitura Municipal do Recife, Secretaria de Educação de Pernambuco, Secretaria de Trabalho e Ação Social e Banerj.
Quanto aos participantes do encontro, estarão presentes, entre outros: Mário Amaral Machado, presidente da Federação Brasileira de Parapsicologia; Glória Lintz Machado, do Instituto de Parapsicologia ; do Rio de Janeiro; Ney Prieto Peres, do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas; Octávio Melchiades Ulysses, da Faculdade de Ciências Biopsíquicas do Paraná; António Jorge Thor, do Instituto Paraense de Parapsicologia; e José Mendonça Teixeira, do Instituto Alagoano de Pesquisas Psicobiofísicas.
As inscrições para o V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica e IV Simpósio Pernambucano de Parapsicologia acham-se abertas à rua da Concórdia, 372 -salas 46/47 – Boa Vista e na rua Henrique Dias, 609 – Derbi, telefone: 222-3266.
Neste evento, pronunciei uma Conferência “Parapsicologia: Uma Avaliação Crítica Fenomenológica” e que foi publicada no meu livro A MENTE MÁGICA – 2015.
O SEMEADOR.
Setembro de 1986
www.comunidadeespirita.com.br/
AS DETURPAÇÕES INVADEM O ESPIRITISMO
Ary Lex
Busquemos, em primeiro lugar, o Prof. Dr. Valter da Rosa Borges, Presidente do Conselho Regional de Parapsicologia, da 7ª Região, e Professor de Direito Civil na Universidade Católica de Pernambuco. No Boletim Médico Espírita nº 4 – Julho de 1986, páginas 24 a 39, elucida ele: “A Parapsicologia é a Ciência que tem por objeto o estudo e a pesquisa do fenômeno paranormal.” Por enquanto é uma ciência de investigação:
“A Parapsicologia, oficialmente nascida no célebre Congresso Internacional de Ciências Psíquicas, realizado em Utrecht (Holanda), em 1953, é a sucessora legítima de um vasto e valioso patrimônio fenomenológico, herdado, principalmente, da Metapsíquica. Cautelosamente, os pesquisadores, reunidos em Utrecht, oficializando o nascimento da Parapsicologia; apenas admitiram como cientificamente comprovados os fenômenos da telepatia, clarividência, precognição e psicocinesia, assim como aprovando a classificação proposta por Thouless e Wiesner, dividindo os fenômenos paranormais em duas modalidades: psi-gama, para os fenômenos de conhecimento paranormal e psi-kapa, para os fenômenos que evidenciam a ação da mente humana sobre o mundo exterior, sem a utilização de qualquer força conhecida”.
“No espaço epistemológico da Parapsicologia, a hipótese de Espírito como agente psi é absolutamente desnecessária. A Parapsicologia não nega, nem afirma a existência extrafísica do homem e, por conseguinte, as questões ligadas à sua possível sobrevivência post-mortem.”
“Sob o ponto de vista da terminologia espírita, a Parapsicologia apenas se ocupa dos fenômenos chamados “anímicos”. Animismo e paranormalidade são, portanto, sinônimos.
A vocação para o fantástico, o paralogismo do pensamento mágico, os devaneios do imaginário são armadilhas sutis, capazes de aprisionar, por seu fascínio, as mentalidades de reduzido espírito crítico.”
“Muitos são os parapsicólogos que estão desorientados quanto ao objeto da Parapsicologia, concentrando a sua atenção e os seus esforços em áreas que não dizem respeito à investigação parapsicológica.”
Como prova do que afirma o Prof. Rosa Borges, está a notícia publicada no jornal “O Estado de S. Paulo”, do dia 22 de setembro de 1987: “RIO – Cerca de 400 parapsicólogos estão inscritos no 1 º Congresso Argentino-Brasileiro de Parapsicologia Aplicada, que será realizado de 23 de outubro a 1 º de novembro no Riocentro. O encontro, que tem apoio da Fundação Argentino-Brasileira para a Integração e o Intercâmbio Comercial, Turístico e Cultural discutirá temas como tarô, piramidologia, psicotrônica, espiritismo, umbanda, terapia do pensamento, neutralização de radiações e magia.”
DIÁRIO DE PERNAMBUCO
21 de[i] setembro de 1986
Parapsicólogos brasileiros reúnem-se aqui, em outubro
Constante de 15 palestras e conferências abordando temas da maior importância e atualidade serão realizados, entre os dias 3 e 5 de outubro vindouro, nos salões do Clube Internacional do Recife, o V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica e IV Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, de iniciativa do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP. Após a instalação solene dos eventos, que acontecerá às 20 horas do dia três, o professor Valter da Rosa Borges proferirá palestra sobre “Parapsicologia: Uma Avaliação Crítica Fenomenológica”, após o que o dr. Waldo Vieira, do Rio de Janeiro, discorrerá sobre “Bioenergia e Projeção Consciente”. Cinco conferências serão proferidas na manhã do sábado: “Parapsicologia: Uma Visão Humanista (pelo sr. José Mendonça Teixeira), “Terapia de Vivências Passadas: Uma Abordagem Parapsicológica (sra. Maria Júlia M. Prieto Peres), “Campos Bioenergéticos e Informação Paranormal” (Ney Prieto Peres), “Alucinógenos e não Alucinógenos Amazônicos que Aguçam a Paranormalidade” (Antônio Jorge Thor) e “Problemas nas Aplicações Práticas da Parapsicologia” (Ivo Cyro Caruso).
À tarde, outras quatro palestras serão realizadas, dando ênfase aos temas “A Psicologia e os Estados Ampliados de Consciência – Psicologia Transpessoal e Parapsicologia” (sra. Neyda Nerbas Ulyssea), “Aspectos Práticos de Aplicação Profissional da Parapsicologia (professor Octávio Melchiades Ulyssea), “Aplicações da Parapsicologia no Campo Médico” (dra. Glória Lintz Machado), “Uma Reavaliação do Efeito Kirlian” (professor Mário Amaral Machado) e “Metateoria Psicônica: Generalização do Princípio de Incerteza e Teoria da Relatividade Histórica” (Geraldo dos Santos Sarti).
Fiz a abertura do V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica e IV Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, que se realizou, de 3 a 5 de outubro, no salão do Clube Internacional do Recife.
A minha conferência “Parapsicologia: Uma Avaliação Crítica Fenomenológica” foi publicada no meu livro A MENTE MÁGICA em 2015.
O evento teve um retumbante sucesso com a presença de um público de 810 pessoas, não só de Pernambuco, mas de vários Estados do Brasil.
DIÁRIO DE PERNAMBUCO
6 de outubro de 1986
Simpósio sobre parapsicologia
No V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica e IV Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, no Clube Internacional do Recife, o professor Válter da Rosa Borges, disse que o Brasil é o País que possui maior número de parapsicólogos do mundo. Justificou seu pensamento, ressaltando que há certos povos que apresentam características marcantes como se fosse a expressão do seu próprio povo. “A Alemanha é fértil em gênios musicais e literários. Neste sentido, o Brasil pode-se dar ao luxo de ser fértil em paranormais”.
Falando para uma plateia de 500 congressistas de todos os Estados do País, o professor chamou a atenção dos parapsicólogos para a necessidade de uma revisão do modelo oficial da parapsicologia, porque ciência é um conhecimento provisório e, consequentemente, quando os modelos envelhecem, é necessário que se faça uma nova reapreciação de fatos e classificações para que hipóteses mais abrangentes e férteis possam explicar esse conjunto de fatos
A parapsicologia é uma ciência nova e por sua extensa interdisciplinaridade está sujeita a revisões periódicas porque, somente agora, começamos a deslumbrar o extraordinário mundo que é a mente humana.
Indagado sobre o que falta para que a parapsicologia seja considerada uma ciência no Brasil, o professor disse que resta apenas para o País o reconhecimento de setores científicos que estão atrasados em relação ao mundo científico europeu e norte-americano, onde a parapsicologia goza de status de ciência, “Tanto assim, que a Associação de Parapsicologia dos Estados Unidos foi admitida, em 1969, como membro da Associação Norte-Americana para o Progresso da Ciência”, afirmou.
A dra. Maria Júlia que tem sua agenda de consultas completa até maio do próximo ano, participou ontem do Congresso como conferencista, através da palestra “Terapia Regressiva a Vivências Passadas”, quando falou de sua experiência nessa área. Com dados e relatórios disse que conseguiu até agora 80% de sucesso no tratamento dos pacientes. 10% desistem por vários motivos como mudança de cidade, 5%, obtêm resultados regulares e 5% nenhum resultado.
TERAPIA REGRESSIVA
“Trata-se de uma técnica psicoterápica relativamente nova no Brasil, que utiliza como recurso terapêutico a regressão, processo pelo qual o ser humano é levado a retroceder a estágios anteriores da vida, com o objetivo de detectar a nível inconsciente, vivências traumáticas das existências passadas vida intrauterina, nascimento, primeira infância ou outras, responsáveis por numerosas manifestações patológicas, psíquicas, psicossomáticas, orgânicas e desajustes comportamentais. Assim, a reencarnação que até há pouco tempo era abordada somente sob o aspecto religioso, filosófico ou científico, constitui agora um instrumento terapêutico introduzido por Morris Netherton, PhD, autor do livro Past Life Therapy, traduzido ao português com o título de “Vidas Passadas em Terapia”, afirmou a médica.
Citou ela que a “terapia regressiva reencarnatória abre novos parâmetros no campo dos recursos terapêuticos, constituindo mais um instrumento a ser usado pelo profissional, quer isoladamente, quer acoplado a outras técnicas psicoterápicas para obter melhores resultados para seu paciente. Não é aplicada em hipótese nenhuma para satisfazer curiosidades fúteis e pessoais, de descobrir o que foi de importante no passado ou confirmar imprecisas informações de cartomantes e videntes. A sua indicação é somente para fins terapêuticos, na vigência de sintomas psicopatológicos, doenças psicogênicas, neuroses”, etc.
Para complementar a explicação da terapia, a dra. Maria Júlia relatou um dos casos. Um economista, J.P.Q., 28 anos, casado, apresentava como queixa principal medo de ter convulsão epiléptica, mau relacionamento com a mãe, choro frequente e espontâneo e afastamento do serviço. Negava incidente emocional que pudesse ter desencadeado esse quadro. (EEG normais — e exame clínico e neurológico normais em 12/2/85 e 10/5/85).
Na primeira vivência dele durante o tratamento regressivo “vê-se atravessando uma rua, onde tem uma crise convulsiva, passando um caminhão imediatamente sobre sua cabeça. Sente abrir a cabeça ao meio, vivência a cena de morte, com aquela mesma sensação de que está saindo algo da cabeça; vivência com grande conteúdo emocional: choro, contrações musculares generalizadas (não convulsiva)”. Na vivência intrauterina “vê-se no último útero materno, na fazenda de seu avô, onde mãe caminhando distraída, bate em um trator parado, tem uma tontura e caí. Nesse instante, ela deseja ardentemente que com aquela queda ela possa perder a criança, que é indesejada. Ele se revolta, fica angustiado e chora”.
Na vida intrauterina o economista chega a sentir a hora do nascimento e também um momento traumatizante na primeira infância quando cai de uma bicicleta e fratura a tíbia. Após 8 sessões, teve alta em 12/6/86. A dra. Maria Júlia faz o acompanhamento por telefone e as informações da mãe dele são de que está tudo normal agora, tanto na vida pessoal quanto no trabalho.
Espiritismo
Muitos espíritas afirmam que a religião do futuro é a kardecista, pois a tendência é as pessoas de todo o mundo.. se interessarem cada vez mais por ela. Para a dra. Maria Júlia esse pensamento poderá vir a tornar-se realidade, face ao grande número de adeptos e frisa que isso se deve “à evolução da cultura do povo e maior abertura aos conhecimentos religiosos e filosóficos em geral.
Ressalta ela que espiritismo é um só kardecista, codificado por Alan Kardec, em 1815. Na sua opinião, as outras religiões mediúnicas são resultantes do sincretismo religioso afro-brasileiro, “e nós kardecistas, respeitamos todas, mas não as consideramos espiritismo”, concluiu.
O Congresso de parapsicologia é uma oportunidade para todas as pessoas que têm curiosidade em saber mais sobre o assunto, começar a se interessar ou rejeitar. Há espaço hoje pela manhã, porque o Congresso está sendo realizado na área onde ocorrem os bailes de carnaval do Internacional. Quem não tiver tempo pode se dirigir ao Instituto de Pesquisas Psicobiofísicas de Pernambuco localizado á rua da Concórdia, 372, 4º andar, salas 46/47.
JORNAL DO COMMERCIO
Recife — Domingo, 5 de outubro de 1986
Parapsicólogos discutem práticas aplicaçõe e o sentido dessa ciência
Izaura Alves
Iniciado sexta-feira, encerra-se hoje, no Clube internacional do Recife, o V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica e IV Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, com o apoio da Fundação Joaquim Nabuco, que tem como objetivo discutir os problemas teóricos e aplicações práticas da Parapsicologia, além de conscientizar sobre o sentido específico da ciência.
Hoje, às 8h terão início as teses e comunicados. As 10h haverá uma mesa-redonda sobre “A Parapsicologia no Brasil” e em seguida serão tiradas as conclusõeg do conclave, quando os presentes serão convocados para o VI Congresso Brasileiro e o V Simpósio Pernambucano de Parapsicologia.
Segundo o professor Valter da Rosa Borges, presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, a parapsicologia é uma ciência que tem por objeto o estudo e a pesquisa dos chamados fenômenos paranormais. Um parapsicólogo não é necessariamente um paranormal ou médium, entretanto o médium é a condirão do fenômeno paranormal.
Para o parapsicólogo o fenômeno é produzido pela própria mente do médium — a nível inconsciente — já que a parapsicologia estuda o ser humano enquanto ser vivo. Já o espiritismo estuda o fenômeno como ocorrência de estágios anteriores da vida atual do médium, daí o surgimento de terapias como a “regressiva a existências passadas” que realizam médicos reconhecidos internacionalmente, como a dra. Maria Júlia Moraes Peres, à rua Maestro Cardim, 887, São Paulo, CEP 01323.
A dra. Maria Júlia que tem sua agenda de consultas completa até maio do próximo ano, participou ontem do Congresso como conferencista, através da palestra “Terapia Regressiva a Vivências Passadas”, quando falou de sua experiência nessa área. Com dados e relatórios disse que conseguiu até agora 80% de sucesso no tratamento dos pacientes. 10% desistem por vários motivos como mudança de cidade, 5%, obtêm resultados regulareg e 5% nenhum resultado.
TERAPIA REGRESSIVA
“Trata-se de uma técnica psicoterápica relativamente nova no Brasil, que utiliza como recurso terapêutico a regressão, processo pelo qual o ser humano é levado a retroceder a estágios anteriores da vida, com o objetivo de detectar a nível inconsciente, vivências traumáticas das existências passadas vida intra-uterina, nascimento, primeira infância ou outras, responsáveis por numerosas manifestações patológicas, psíquicas, psicossomáticas, orgânicas e desajustes comportamentais. Asisim, a reencamação que até há pouco tempo era abordada somente sob o aspecto religioso, filosófico ou científico, constitui agora um instrumento terapêutico introduzido por Morris Netherton, PhD, autor do livro Past Life Therapy, traduzido ao português com o título de “Vidas Passadas em Terapia”, afirmou a médica.
Citou ela que a “terapia regressiva reencamatória abre novos parâmetros no campo dos recursos terapêuticos, constituindo mais um instrumento a ser usado pelo profissional, quer isoladamente, quer acoplado a outras técnicas psicoterápicas para obter melhores resultados para seu paciente. Não é aplicada em hipótese nenhuma para satisfazer curiosidades fúteis e pessoais, de descobrir o que foi de importante no passado ou confirmar imprecisas informações de cartomantes e videntes. A sua indicação é somente para fins terapêuticos, na vigência de sintomas psicopatológicos, doenças psicogênicas, neuroses”, etc.
Para complementar a explicação da terapia, a dra. Maria Júíia relatou um dos casos. Um economista, J.P.Q., 28 anos, casado, apresentava como queixa principal medo de ter convulsão epiléptica, mau relacionamento com a mãe, choro frequente e espontâneo e afastamento do serviço. Negava incidente emocional que pudesse ter desencadeado esse quadro. (EEG normais — e exame clínico e neurológico normais em 12/2/85 e 10/5/85).
Na primeira vivência dele durante o tratamento regressivo “vê-se atravessando uma rua, onde tem uma crise convulsiva, passando um caminhão imediatamente sobre sua cabeça. Sente abrir a cabeça ao meio, vivência a cena de morte, com aquela mesma sensação de que está saindo algo da cabeça; vivência com grande conteúdo emocional: choro, contrações musculares generalizadas (não convulsiva)”. Na vivtència intrauterina “vê-se no último útero materno, na fazenda de seu avô, onde mãe caminhando distraída, bate em um trator parado, tem uma tontura e caí. Nesse instantete, ela deseja ardentemente que com aquela queda ela possa perder a criança, que é indesejada. Ele se revolta, fica angustiado e chora”.
Na vida intrauterina o economista chega a sentir a hora do nascimento e também um momento traumatizante na primeira infância quando cai de uma bicicleta e fratura a tíbia. Após 8 sessões, teve alta em 12/6/86. A dra. Maria Júlia faz o acompanhamento por telefone e as informações da mãe dele são de que está tudo normal agora, tanto na vida pessoal quanto no trabalho.
Espiritismo
Muitos espíritas afirmam que a religião do futuro é a kardecista, pois a tendência é as pessoas de todo o mundo.. se interessarem cada vez mais por ela. Para a dra. Maria Júlia esse pensamento poderá vir a tornar-se realidade, face ao grande número de adeptos e frisa que isso se deve “à evolução da cultura do povo e maior abertura aos conhecimentos religiosos e filosóficos em geral.
Ressalta ela que espiritismo é um só kardecista, codificado por Alan Kardec. em 1815. Na sua opinião, as outras religiões mediúnicas são resultantes do sincretismo religioso a- fro-brasileiro, “e nós kardecistas, respeitamos todas, mas não as consideramos espiritismo”, concluiu.
O Congresso de parapsicologia é uma oportunidade para todas as pessoas que têm curiosidade em saber mais sobre o assunto, começar a se interessar ou rejeitar. Há espaço hoje pela manhã, porque o Congresso está sendo realizado na área onde ocorrem os bailes de carnaval do Internacional. Quem não tiver tempo pode se dirigir ao Instituto de Pesquisas Pslcobiofísicas de Pernambuco localizado á rua da Concórdia, 372, 49 andar, salas 46/47.
JORNAL DO COMMERCIO
17 de dezembro de 1986
PARAPSICOLOGIA
Quando há 32 anos Valter da Rosa Borges presenciou um suposto fenômeno paranormal, denominado psicocinesia e que identifica o movimento de objetos por força de energia mental, estava determinado o surgimento de um dos mais conceituados parapsicólogos do Brasil
Mesmo tendo, posteriormente, obtido a graduação como advogado e, atualmente, exercendo as funções de Promotor de Justiça e professor de Direito Civil na Universidade Católica de Pernambuco, Valter da Rosa Borges nunca abandonou o estudo da parapsicologia e luta para que esta ciência seja reconhecida em Pernambuco e seja elevada a nível acadêmico. Para isso, ele desenvolve um amplo trabalho de conscientização e informação sobre o assunto, que inclui debates, palestras, seminários e demais atividades promovidas pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, sediado à rua da Concórdia, 372, salas 46/47, do qual é o atual presidente.
UMA COISA DO OUTRO MUNDO?
Valter da Rosa Borges, em entrevista para o JORNAL DO COMMERCIO, explica, em linhas gerais, as bases dessa ciência fascinante e ainda desconhecida por muitos.
P — Existe alguma diferença entre a Parapsicologia e o Espiritismo?
R — A Parapsicologia é uma ciência, nascida oficialmente em 1953, e tem por objeto a investigação dos fenômenos paranormais.
O Espiritismo, por sua vez, é uma doutrina que segundo seu fundador Allan Kardec, trata da natureza, destino e origem dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal. A Parapsicologia estuda os fenômenos extraordinários da mente humana como telepatia, clarividência, precognição e psicocinesia e, portanto, lida tão somente com o homem vivo. Assim não é de sua competência discutir as questões ligadas à sobrevivência, à comunicação entre vivos e mortos e à reencarnação. O parapsicólogo, por conseguinte, pode ser espírita, católico, protestante ou materialista. O que ele não pode é misturar suas convicções religiosas ou filosóficas com as pesquisas parapsicológicas.
P — Dizem que o homem só está utilizando 30% dos seus poderes mentais. O que se deve fazer para que ele desenvolva a totalidade destes poderes?
R – Inicialmente é preciso que se esclareça que esta afirmação não tem qualquer base científica. Não sabemos qual a capacidade total da mente humana e, em consequência, é rematada tolice estabelecer percentuais sobre a utilização de suas potencialidades.
Não sabemos os limites da mente humana, o que não quer dizer que o nosso psiquismo tenha poderes ilimitados. O que nos cabe fazer é utilizar, pragmaticamente, as nossas potencialidades psíquicas, mediante treinamento dirigido e sistemático, nos moldes dos melhores laboratórios de Parapsicologia. Essas técnicas, porém, variam de conformidade com o tipo de paranormalidade apresentado pela pessoa e também na conformidade de suas características psicológicas.
P — Sabe-se que a Parapsicologia está muito desenvolvida em países como os Estados Unidos e a União Soviética. E no Brasil, como está a Parapsicologia?
R — No Brasil, a Parapsicologia ainda encontra sérios obstáculos aos seu desenvolvimento, principalmente em razão do entranhado misticismo do nosso povo. Mas, apesar disso e de outros fatores mais específicos, já se começa a formar uma comunidade científica de parapsicólogos, espalhadas em institutos de parapsicologia em alguns Estados do Brasil, notadamente Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Pernambuco. A Associação Brasileira de Parapsicologia — ABRAP — congrega os melhores pesquisadores da paranormalidade em nosso País e a Federação Brasileira de Parapsicologia – FEBRAP – reúne importantes institutos do género, entre eles o Instituto Pernambucano de Pesquisas Biofísicas — I.P.P.B. — o qual, em outubro deste ano, no Clube Internacional do Recife, promoveu com êxito o V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica, com a participação de estudiosos e interessados de quase todos os Estados do Brasil.
P — Como é que se sabe que uma pessoa é médium. Todas as pessoas possuem esse dom?
R — Não há critérios objetivos para se determinar se uma pessoa possui talentos paranormais a não ser mediante a experimentação. É certo que todo ser humano é passível de passar por experiências paranormais. Mas, raros são aqueles que, frequentemente, manifestam esses fenômenos. Por isso, a pesquisa parapsicológica só demonstra resultados satisfatórios quando realizada com pessoas que apresentam alto índice de manifestação desses fenômenos. E tais pessoas constituem uma dolorosa exceção.
P — Ouvimos falar maravilhas sobre determinados médiuns. Eles realizam prodígios difíceis de se acreditar. Não é possível que alguns desses fenômenos não passam de mistificação?
R — Infelizmente, quase todos os famosos médiuns fraudaram ou foram suspeitos de práticas fraudulentas. Muitos foram pegos em flagrante delito. Outros procederam de modo a justificar dúvidas sobre a autenticidade de seus fenômenos. Poucos foram os médiuns que se deixaram submeter ou foram submetidos a rigoroso e irrepreensível controle experimental. O saldo, porém, é altamente positivo. A pesquisa parapsicológica demonstrou que a mente humana é capaz de obter conhecimentos do mundo exterior por processos extrassensoriais, alterando os parâmetros habituais de tempo e espaço e também pode agir sobre seres vivos e a matéria em geral, modificando as suas propriedades, por afetar as suas estruturas moleculares.
P — Sabemos que o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas foi considerado pelo parapsicólogo Karl W. Goldstein, como um dos três melhores institutos de parapsicologia do Brasil. O que é que faz o I.P.P.P.?
R — O Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas foi fundado em 1973 e é uma sociedade civil, de natureza científica, sem fins lucrativos, que tem como finalidade o estudo e a pesquisa dos fenômenos paranormais e o desenvolvimento da Parapsicologia em Pernambuco. Como representante no Nordeste da FEBRAP, o I.P.P.P. já realizou vários congressos de Parapsicologia e promove regularmente cursos básicos de parapsicologia. Brevemente, o I.P.P.P. estará concluindo um convênio com a Universidade Católica de Pernambuco para ministrar, no próximo ano, naquela Universidade, um Curso de Extensão em Parapsicologia, destinado, exclusivamente, aos portadores de diploma universitário. Além disso, o I.P.P.P. realiza investigações de fenômenos paranormais espontâneos, como o famoso caso do “poltergeist” do edifício Paris, na Avenida Cruz Cabugá, e submete a experimentação de laboratório as pessoas que se dizem portadoras de faculdades paranormais. O Departamento de Psicoterapia do I. P. P. P. assessora o Departamento Científico nas pesquisas parapsicológicas, provendo o reajustamento emocional e psicológico das pessoas que estão passando por experiências paranormais. Também brevemente, o Instituto estará firmando convênio com a Secretaria de Educação do Estado para assistência ao superdotado e, especialmente, ao superdotado paranormal.
P — A faculdade paranormal tem alguma utilidade?
R — É o mesmo que perguntar: o talento artístico ou literário tem alguma utilidade a não ser o prazer estético que proporciona? O homem não se mede pelos resultados econômicos de suas atividades. A paranormalidade, no entanto, não é apenas uma ocasião de deleite como apelo às necessidades do maravilhoso que existe em cada pessoa. O seu alcance é ainda maior, pois descortina, para o homem novas perspectivas de domínio sobre a natureza. Uma pessoa assim dotada é capaz de, em certas ocasiões, tomar conhecimento de fatos distantes não apenas no espaço — clarividência — mas também no tempo — precognição. Pode, em contato com objetos pertencentes a pessoas desaparecidas, descobrir o seu paradeiro. Ou, de posse de uma localizar veios d’água ou jazidas de minérios. Pode, ainda, sob diversos modos, agir sobre a matéria e, com isto, sob certos aspectos, substituir instrumentos e ferramentas convencionais. Infelizmente, esses extraordinários poderes da mente humana são passíveis de destinação inadequada, ameaçando a liberdade e a segurança das pessoas, visto que podem ser utilizados — como vem ocorrendo nos Estados Unidos e na Rússia – para finalidades militares. Agora que homem, pelas pesquisas parapsicológicas, descobriu que a mente não age sobre a matéria utilizando apenas recursos materiais, mas pode fazê-lo diretamente, afetando o universo atômico, com reflexos imediatos nos complexos moleculares e celulares, passa a compreender a necessidade de se autoconhecer cada vez mais para melhor controlar os seus poderes. Porque, em certos aspectos, muito mais perigosa do que a guerra termonuclear, será, ao menos teoricamente, uma guerra psíquica, cujas dimensões talvez ultrapassem as mais arrojadas ficções científicas. Os mais belos sonhos da humanidade às vezes se tornam pesadelos. Inventos e descobertas que pareciam uma esperança para a melhoria do próprio homem se tornaram ocasiões de terríveis sofrimentos coletivos. Santos Dumont suicidou-se porque o avião não se limitou à aproximação pacífica dos povos. Seria, então, indesculpável ingenuidade pensar que o homem, no estágio moral em que se encontra, somente utilizará os seus poderes paranormais para o benefício da humanidade.
Palestra sobre Parapsicologia na Loja Maçônica Cavaleiros da Luz, em 27 de fevereiro.
Eu e Ivo Cyro Caruso fizemos palestras sobre Parapsicologia no Curso de Atualização da Mulher, realizado no Clube Português, no mês de maio.
Palestra sobre Parapsicologia no Rotary Club do Recife, no dia 13 de novembro.
Ministrei Curso Básico de Parapsicologia na AMORC, Loja-Recife, à Av. Santos Dumont.
Palestra sobre Parapsicologia para os mações, na Livraria Síntese, e divulgada no Jornal União, na sua edição Abril/Maio/86
No dia 26 de setembro, eu e Ivo Cyro Caruso fizemos o lançamento do nosso livro Parapsicologia: um Novo Modelo (e outras Teses), na Galeria Metropolitana.
Título de Habilitação em Parapsicologia, em 29 de março, concedido pela Federação Brasileira de Parapsicologia e pela Associação Brasileira de Parapsicologia. Este título também foi concedido a Ivo Cyro Caruso. |
Criei o Seminário dos Múltiplos Saberes (SMS) que contou com a participação das figuras mais importantes da intelectualidade pernambucana e, por ser aberto ao público, suas sessões eram bastante concorridas.
A primeira dessas reuniões se realizou no dia 3 de novembro de 1986 com a minha palestra intitulada “Experiências Psíquicas na Morte Iminente”. A partir da sétima reunião, o SMS passou a reunir-se na sede do I.P.P.P. na rua da Concórdia.
PARAPSICOLOGIA, CIÊNCIA CONFUNDIDA COM BRUXARIA
Reclamo. A Revista Nordestina.
Ano I, N° 11, outubro de 1986.
Ciência
A parapsicologia ou psicobiofísica é uma ciência ainda nos seus primeiros passos. Estuda os fenômenos paranormais e é frequentemente confundida com bruxaria ou espiritismo.
Parapsicologia: ciência confundida com bruxaria
O convidado chegou quando todos já estavam à mesa do almoço. Ele apenas deu bom dia e imediatamente os talheres se entortaram. A veracidade desta história pode ser confirmada pelo anfitrião do almoço, o industrial Duílio Cabral da Costa. O estranho hóspede era Thomas Green Morton, um mineiro de 39 anos, cujo nome é uma homenagem ao descobridor da anestesia geral. Ele já realizou tantas proezas que muita gente importante o escolheu para guru, a exemplo de Henfil, Baby Consuelo e Pepeu Gomes.
Na verdade, Thomas é um paranormal. Os fenômenos de paranormalidade se tornaram populares depois dos shows de Uri Geller pela TV americana e, logo depois, em todo o mundo. Durante algum tempo depois do sucesso de Geller, muita gente tentava entortar coisas em casa, mas os frequentes fracassos acabaram por matar a novidade. De um modo geral as pessoas passam por experiências paranormais. O que não significa que sejam dotadas de tais poderes. O mais frequente dos fenômenos incomuns é a telepatia, sobretudo entre mãe e filho, mas ainda assim, eventual.
A curiosidade em torno do tema “parapsicologia” é grande, mas são poucos os que se dedicam a estudá-lo com seriedade. Neste mês, aqui no Recife, o Clube Internacional será sede do V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica, um encontro que promete variadas abordagens do assunto, mas sempre com preocupação científica. O presidente do Instituto Pernambucano de Psicobiofísica, Walter Rosa Borges, chama a atenção para o fato da comunidade científica internacional já haver reconhecido a parapsicologia como ciência, mas ainda assim ela é pouco compreendida. A maioria das pessoas relega essa ciência ao campo da bruxaria ou do misticismo barato. O que ocorre com frequência, esclarece Walter, é que são poucos os autênticos paranormais, e muitas vezes, eles acabam por se envolver em mal-entendidos, atuam em ambientes impróprios ou chegam mesmo a cometer fraudes, para não perder o prestígio ou para garantir o ganha-pão. O desprestígio maior da ciência corre por conta dos impostores que, aí sim, são muitos.
CIA E KGB
Nos países do chamado 1º Mundo, Estados Unidos e União Soviética por exemplo, a parapsicologia já alcançou outro estágio de importância, embora também sejam frequentes as fraudes.
Os serviços secretos americano e soviético, mais precisamente a CIA e a KGB, têm usado paranormais em suas missões. Eles se utilizam da manipulação da mente, espionagem por meio da clarividência, percepção de pessoas, objetos ou fatos físicos independentemente dos sentidos comuns. Um dos fatos mais marcantes da história da utilização dos paranormais aconteceu em Moscou. Stálin, ao saber que o polonês naturalizado russo Wolff Messing era paranormal, propôs um teste definitivo: Wolff deveria roubar o banco central de Moscou e entrar no gabinete de Stálin sem a senha obrigatória. Wolff descontou um cheque em branco no banco e simplesmente apareceu no gabinete do líder soviético. Mais tarde explicou que o caixa do banco pagou o cheque submetido a uma alucinação telepática. E os guardas do gabinete se convenceram de que ele, Wolff, era nada menos que Béria, na época o braço direito de Stálin.
Claro que nada disso vai acontecer no congresso. Mas certamente o público ficará muitíssimo mais informado a respeito de parapsicologia. Ninguém vai chegar em casa e começar a entortar talheres, mas igualmente ninguém mais vai rezar o credo ao ver um paranormal.
(Moema Luna)
RECLAMO — n° 11 — Outubro/86
JORNAL DO COMMERCIO
17 de dezembro de 1986
PARAPSICOLOGOGIA
Quando há 32 anos Valter da Rosa Borges presenciou um suposto fenômeno paranormal, denominado psicocinesia e que identifica o movimento de objetos por força de energia mental, estava determinado o surgimento de um dos mais conceituados parapsicólogos do Brasil
Mesmo tendo, posteriormente, obtido a graduação como advogado e, atualmente, exercendo as funções de Promotor de Justiça e professor de Direito Civil na Universidade Católica de Pernambuco, Valter da Rosa Borges nunca abandonou o estudo da parapsicologia e luta para que esta ciência seja reconhecida em Pernambuco e seja elevada a nível acadêmico. Para isso, ele desenvolve um amplo trabalho de conscientização e informação sobre o assunto, que inclui debates, palestras, seminários e demais atividades promovidas pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, sediado à rua da Concórdia. 372. salas 46/47, do qual é o atual presidente.
UMA COISA DO OUTRO MUNDO?
Valter da Rosa Borges, em entrevista para o JORNAL DO COMMERCIO, explica, em linhas gerais, as bases dessa ciência fascinante e ainda desconhecida por muitos.
P — Existe alguma diferença entre a Parapsicologia e o Espiritismo?
R — A Parapsicologia é uma ciência, nascida oficialmente em 1953, e tem por objeto a investigação dos fenômenos paranormais.
O Espiritismo, por sua vez, é uma doutrina que segundo seu fundador Allan Kardec, trata da natureza, destino e origem dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal. A Parapsicologia estuda os fenômenos extraordinários da mente humana como telepatia, clarividência, precognição e psicocinesia e, portanto, lida tão somente com o homem vivo. Assim não é de sua competência discutir as questões ligadas à sobrevivência, à comunicação entre vivos e mortos e à reencarnação. O parapsicólogo, por conseguinte, pode ser espírita, católico, protestante ou materialista. O que ele não pode é misturar suas convicções religiosas ou filosóficas com as pesquisas parapsicológicas.
P — Dizem que o homem só está utilizando 30% dos seus poderes mentais. O que se deve fazer para que ele desenvolva a totalidade destes poderes?
R – Inicialmente é preciso que se esclareça que esta afirmação não tem qualquer base científica. Não sabemos qual a capacidade total da mente humana e, em consequência, é rematada tolice estabelecer percentuais sobre a utilização de suas potencialidades.
Não sabemos os limites da mente humana, o que não quer dizer que o nosso psiquismo tenha poderes ilimitados. O que nos cabe fazer é utilizar, pragmaticamente, as nossas potencialidades psíquicas, mediante treinamento dirigido e sistemático, nos moldes dos melhores laboratórios de Parapsicologia. Essas técnicas, porém, variam de conformidade com o tipo de paranormalidade apresentado pela pessoa e também na conformidade de suas características psicológicas.
P — Sabe-se que a Parapsicologia está muito desenvolvida em países como os Estados Unidos e a União Soviética. E no Brasil, como está a Parapsicologia?
R — No Brasil, a Parapsicologia ainda encontra sérios obstáculos ao seu desenvolvimento, principalmente em razão do entranhado misticismo do nosso povo. Mas, apesar disso e de outros fatores mais específicos, já se começa a formar uma comunidade científica de parapsicólogos, espalhadas em institutos de parapsicologia em alguns Estados do Brasil, notadamente Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Pernambuco. A Associação Brasileira de Parapsicologia — ABRAP — congrega os melhores pesquisadores da paranormalidade em nosso País e a Federação Brasileira de Parapsicologia – FEBRAP – reúne importantes institutos do género, entre eles o Instituto Pernambucano de Pesquisas Biofísicas — I.P.P.B. — o qual, em outubro deste ano, no Clube Internacional do Recife, promoveu com êxito o V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica, com a participação de estudiosos e interessados de quase todos os Estados do Brasil.
P — Como é que se sabe que uma pessoa é médium. Todas as pessoas possuem esse dom?
R — Não há critérios objetivos para se determinar se uma pessoa possui talentos paranormais a não ser mediante a experimentação. É certo que todo ser humano é passível de passar por experiências paranormais. Mas, raros são aqueles que, frequentemente, manifestam esses fenômenos. Por isso, a pesquisa parapsicológica só demonstra resultados satisfatórios quando realizada com pessoas que apresentam alto índice de manifestação desses fenômenos. E tais pessoas constituem uma dolorosa exceção.
P — Ouvimos falar maravilhas sobre determinados médiuns. Eles realizam prodígios difíceis de se acreditar. Não é possível que alguns desses fenômenos não passam de mistificação?
R — Infelizmente, quase todos os famosos médiuns fraudaram ou foram suspeitos de práticas fraudulentas. Muitos foram pegos em flagrante delito. Outros procederam de modo a justificar dúvidas sobre a autenticidade de seus fenômenos. Poucos foram os médiuns que se deixaram submeter ou foram submetidos a rigoroso e irrepreensível controle experimental. O saldo, porém, é altamente positivo. A pesquisa parapsicológica demonstrou que a mente humana é capaz de obter conhecimentos do mundo exterior por processos extrassensoriais, alterando os parâmetros habituais de tempo e espaço e também pode agir sobre seres vivos e a matéria em geral, modificando as suas propriedades, por afetar as suas estruturas moleculares.
P — Sabemos que o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas foi considerado pelo parapsicólogo Karl W. Goldstein, como um dos três melhores institutos de parapsicologia do Brasil. O que é que faz o I.P.P.P.?
R — O Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas foi fundado em 1973 e é uma sociedade civil, de natureza científica, sem fins lucrativos, que tem como finalidade o estudo e a pesquisa dos fenômenos paranormais e o desenvolvimento da Parapsicologia em Pernambuco. Como representante no Nordeste da FEBRAP, o I.P.P.P. já realizou vários congressos de Parapsicologia e promove regularmente cursos básicos de parapsicologia. Brevemente, o I.P.P.P. estará concluindo um convênio com a Universidade Católica de Pernambuco para ministrar, no próximo ano, naquela Universidade, um Curso de Extensão em Parapsicologia, destinado, exclusivamente, aos portadores de diploma universitário. Além disso, o I.P.P.P. realiza investigações de fenômenos paranormais espontâneos, como o famoso caso do “poltergeist” do edifício Paris, na Avenida Cruz Cabugá, e submete a experimentação de laboratório as pessoas que se dizem portadoras de faculdades paranormais. O Departamento de Psicoterapia do I. P. P. P. assessora o Departamento Científico nas pesquisas parapsicológicas, provendo o reajustamento emocional e psicológico das pessoas que estão passando por experiências paranormais. Também brevemente, o Instituto estará firmando convênio com a Secretaria de Educação do Estado para assistência ao superdotado e, especialmente, ao superdotado paranormal.
P — A faculdade paranormal tem alguma utilidade?
R — É o mesmo que perguntar: o talento artístico ou literário tem alguma utilidade a não ser o prazer estético que proporciona? O homem não se mede pelos resultados econômicos de suas atividades. A paranormalidade, no entanto, não é apenas uma ocasião de deleite como apelo às necessidades do maravilhoso que existe em cada pessoa. O seu alcance é ainda maior, pois descortina, para o homem novas perspectivas de domínio sobre a natureza. Uma pessoa assim dotada é capaz de, em certas ocasiões, tomar conhecimento de fatos distantes não apenas no espaço — clarividência — mas também no tempo — precognição. Pode, em contato com objetos pertencentes a pessoas desaparecidas, descobrir o seu paradeiro. Ou, de posse de uma localizar veios d’água ou jazidas de minérios. Pode, ainda, sob diversos modos, agir sobre a matéria e, com isto, sob certos aspectos, substituir instrumentos e ferramentas convencionais. Infelizmente, esses extraordinários poderes da mente humana são passíveis de destinação inadequada, ameaçando a liberdade e a segurança das pessoas, visto que podem ser utilizados — como vem ocorrendo nos Estados Unidos e na Rússia – para finalidades militares. Agora que homem, pelas pesquisas parapsicológicas, descobriu que a mente não age sobre a matéria utilizando apenas recursos materiais, mas pode fazê-lo diretamente, afetando o universo atômico, com reflexos imediatos nos complexos moleculares e celulares, passa a compreender a necessidade de se autoconhecer cada vez mais para melhor controlar os seus poderes. Porque, em certos aspectos, muito mais perigosa do que a guerra termonuclear, será, ao menos teoricamente, uma guerra psíquica, cujas dimensões talvez ultrapassem as mais arrojadas ficções científicas. Os mais belos sonhos da humanidade às vezes se tornam pesadelos. Inventos e descobertas que pareciam uma esperança para a melhoria do próprio homem se tornaram ocasiões de terríveis sofrimentos coletivos. Santos Dumont suicidou-se porque o avião não se limitou à aproximação pacífica dos povos. Seria, então, indesculpável ingenuidade pensar que o homem, no estágio moral em que se encontra, somente utilizará os seus poderes paranormais para o benefício da humanidade.
Em 1986, com o término do nosso terceiro mandato, convocamos uma Assembleia Geral que se realizou no 26 de fevereiro de 1986, na sede do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, onde foi eleita a Diretoria da APC para o biênio 1987/1988, a qual ficou assim constituída: Presidente – Sylvio José Ferreira; 1º Vice-Presidente – Atílio Dall’Olio; 2º Vice-Presidente – Roberto Mota; Secretário Geral – Geraldo Arruda; 1º Secretário – José Barbosa de Oliveira Filho; 2º Secretário – Reinaldo de Oliveira; Tesoureiro – Osvaldo Santos Melo. Para o Conselho Fiscal foram eleitos, como efetivos, Valter da Rosa Borges, Ivo Cyro Caruso e Geraldo Fonseca Lima, e, como suplentes, Célio Spinelli, Lamartine de Holanda Júnior e João Beltrão Neto.
A Câmara Municipal do Recife aprovou o Requerimento no 263, de 25.03.86, do Vereador Mauro Ferreira Lima, consignando voto de congratulações pelos relevantes serviços prestados pelo IPPP, no campo da investigação científica dos fenômenos paranormais, ao Estado de Pernambuco.
E a Assembleia Legislativa de Pernambuco aprovou o Requerimento no 2.909, de 11.04.86 do Deputado Ribeiro Godoy e o Requerimento no 2.960, do Deputado Hugo Martins, consignando votos de congratulações pelos relevantes serviços prestados ao Estado pelo IPPP.
Recebo o Título de Habilitação em Parapsicologia, em 29 de março de 1986, concedido pela Federação Brasileira de Parapsicologia e pela Associação Brasileira de Parapsicologia.
Morte do meu irmão Fernando da Rosa Borges em 1º de maio.
Viagem, a passeio, a Manaus, Amazonas.