1986

Criei, no IPPP, o Seminário dos Múltiplos Saberes – SMS –  um fórum de debates em todos os campos do conhecimento humano e que contou, e ainda conta, com a participação dos seus sócios e convidados.

A primeira reunião se realizou no dia 3 de novembro, com a minha palestra intitulada “Experiências Psíquicas na Morte Iminente”.

 

Palestra “A Literatura Paranormal”, em 20 de janeiro na reunião pública do IPPP.

 

O Jornal Espírita, de janeiro, noticiou o I Simpósio de Parapsicologia, Medicina e Espiritismo, realizado em São Paulo, em 1985, e do qual fui um dos conferencistas oficiais.

FANTASMAS

Reclamo, Nº 3 – Janeiro de 1986

Walter da Rosa Borges tranquilizou a família afetada utilizando a parapsicologia

O pacato edifício Paris viu, no apartamento 301, fenômenos que lembram Poltergeist.

Caso do Paris era paranormal

 

Chegou-se a pensar em maus espíritos. Foram várias sessões de quebra misteriosa de vidros no edifício Paris, em Santo Amaro. Chamaram o padre da igrejinha da Piedade. Quem desvendou o mistério foi um parapsicólogo.

 

Eram 15 horas do dia de Na­tal (25.12.85), quando os mo­radores do edifício Paris, na avenida Cruz Cabugá, em Santo Amaro (próximo ao centro do Recife), notaram que algo estranho se passava no local. E que vidros de remédio e garrafas apareciam e estouravam por todos os lados do prédio, sobretudo, no apartamento, 301, onde a quebra a quebra desses objetos era extrema.

Espantada com o que acontecia, a dona do apartamento 301, conhecida apenas por “dona Toinha”, 73 anos, procurou os vizinhos do terceiro andar e perguntou o que eles poderiam fazer. A partir daí chamaram a polícia para olhar se algum desordeiro jogava objetos no prédio. Depois de remexer todo o local e não achar explicação para o caso, a polícia que viu muitos vidros se quebrarem à sua frente, “lavou as mãos” e foi embora.

Ao aumentar a intensidade do quebra-quebra, a família de dona Toinha, que, segundo os vizinhos, é católica e mui­to praticante, chamou o padre Guedes, da igreja da Pie­dade, no mesmo bairro. O pa­dre Guedes rezou e jogou água benta em vários locais “para espantar os maus espíritos”. A essa altura, grande parte dos moradores do edifício já havia visitado o apartamento e a área externa do prédio e constatado que se tratava de algum mistério.

Já perto da meia-noite, vendo que o problema não es­tava solucionado, os seis mo­radores do 301 deixaram o apartamento e foram dormir em outro, no sexto andar, onde mora a nutricionista Lúcia irmã de dona Toinha. Foi quando, segundo os moradores do 302 e do 303, o barulho parou e todos puderam dormir um pouco. Foi uma noite meio chata, porque não sabíamos o que poderia ocor­rer até as seis horas. Quem sa­be um vidro não poderia se quebrar no nosso corpo e cortar” — contou Maria Cris­tina, do 302

Quando os moradores acor­daram, na quinta-feira, tudo continuava calmo, até que a família de dona Toinha vol­tou ao 301 e a quebra de vi­dros recomeçou. Até aí a im­prensa não estava informada do caso, mas o radialista Samir Abou Hana, que mora no edifício Paris e tem um pro­grama na Rádio Globo pela manhã, divulgou a notícia e curiosos e repórteres dos mais diversos meios de comunica­ção foram para o local.

Os repórteres da Rádio Globo e do jornal O Globo foram dos primeiros a chegar e conseguiram se “refugiar” nos corredores do edifício pa­ra registrar o fenômeno. Ven­do que o prédio estava sendo totalmente ocupado por re­pórteres, a família de dona Toinha pediu aos porteiros e ao síndico que não permi­tissem mais a entrada de jor­nalistas e fizessem os que es­tavam nos corredores aban­donar a área, pois não queria nenhuma divulgação sobre a que estava acontecendo.

O padre foi chamado no novamente ao 301 e, trancado com os moradores do apar­tamento, que não recebiam mais ninguém, rezou outra vez, mas o quebra-quebra continuou. Ao deixar o local, o padre Guedes não quis dar entrevista e disse que não tinha visto nada, mesmo al­guns vidros aparecendo mis­teriosamente aos seus pés e se quebrando.

Vendo que o problema continuava, a presidente do Sindicato dos Médicos de Per­nambuco, Léa Correia, que é amiga dos moradores do 301, levou o parapsicólogo Walter da Rosa Borges para conver­sar com a família e conven­cê-la de que o fenômeno não tinha nenhuma relação com a morte da filha adotiva de do­na Toinha, ocorrida há dois meses. A menina, de três anos, foi atropelada na praia de Maria Farinha, em Paulis­ta, deixando sua família bas­tante traumatizada.

Enquanto o parapsicólogo conversava com os morado­res, um deles — Manoel Bor­ges — deixou o apartamento e desceu pela escada, sendo acompanhado por dois repór­teres. Manoel Borges, que ves­tia calça azul e camisa branca, não quis pronunciar uma só palavra, mas estava chorando e acenou para quatro pessoas que estavam na portaria do edifício.

Por volta das 15 horas espírita Maria Nazaré Rapo, que pertence ao Núcleo Espírita Centelha de Jesus, chega ao edifício para rezar e oferecer ajuda à família do 301 mas a sua colaboração não foi aceita. De acordo com ela problema que estava atingindo os moradores só seria solvido através do espiritismo o que contrariou a opinião Léa Correia, que achou se tratar de um problema causado por fatores parapsicológicos. Mesmo assim, a espírita disse ainda na portaria, que se for necessária a sua ajuda, poderiam procurá-la.

Depois de conversar por mais de quatro horas com família de dona Toinha. Walter da Rosa Borges deixou apartamento. O quebra-quebra parou após as 18 horas tudo voltou ao normal.

Segundo o parapsicólogo, a quebra de objetos é um fenômeno paranormal, causado pela liberação de uma energia do próprio organismo de um dos moradores do apartamento. Ele disse que o fenômeno se apresenta em várias modalidades, podendo também ser maléfico ou benéfico. No caso do apartamento, o fenômeno foi classificado como benéfico, por não ter causado maiores danos materiais.

“Esse fenômeno é classificado de psicocinesia espontânea recorrente e ocorre em pessoas no período da puberdade; apesar de ser normal não é muito comum. Na fase da puberdade, os jovens passam por uma profunda transformação hormonal e um desequilíbrio orgânico, mas geralmente pouco duradouro” explicou Walter da Rosa Borges.

Para ele, quando se localiza o epicentro (pessoa que está causando o problema) deve-se evitar fortes emoções. No caso do apartamento 301 do edifício Paris, o epicentro era uma menina de 12 anos, cujo nome ele não quis revela mas garantiu que o mistério acabou e a família poderá ficar sossegada.

 

O jornalista Severino Barbosa, abordando o tema “poltergeist”, publicou no Diário de Pernambuco de 1986, uma reportagem sobre o caso do Edifício Paris, a qual intitulou Visagens e assombrações continuam a desafiar o homem do século XX. Poltergeist, o fantasma brincalhão

Gravura antiga mostrando as diabruras do “Poltergeist”, o fantasma geist”, tentando uma mulher adormecida. Ao lado, um “Incubo”, irmão diabólico do “Poltergeist“

Desde anteontem, véspera do Natal, que coisas estranhas, como vidros e garrafas jogados em todas as direções, vêm acontecendo no apartamento 301 do Edifício Paris, na Avenida Cruz Cabugá. Repórte­res, padres, pastores evangélicos, médicos, policiais, fotógrafos e curiosos que acorreram ao local, vendo garrafas, vidros de remédios e ou­tros vasilhames, sendo atirados de um canto a outro do apartamento, sem que ninguém notasse quem os fazia, e sem outra explicação para o fenômeno, passaram a atribuir-lhe caráter sobrenatural. Ninguém, por exemplo, soube explicar de onde vi­nham os vidros de remédios, “jogados não se sabe por quem”, a fazer trajetórias estranhas, como sair do terceiro andar e atingir um banheiro do quarto andar; nem como um des­ses vidros “voou” da sala e foi espatifar-se nas costas de uma das filhas de D. Antônia, proprietária do apartamento; nem como uma garrafa atingiu o ombro de um dos moradores do prédio, que se achava no banheiro do quarto andar. Che­gando ao local, padre Guedes, vi­gário de Santo Amaro, viu dois li­tros de água-benta se arrebentarem, “ninguém sabe como”, antes que desse início ao exorcismo, e um pastor da Assembleia de Deus, ante a barafunda inexplicável, não vaci­lou em taxa-la de “coisa de Belzebu”.

Mas não causou maiores atro­pelos, a notícia divulgada pelo DIÁ­RIO DE PERNAMBUCO, na sua edição de 27 de dezembro último, porque tais fatos, embora misteriosos e nem sempre comuns (os últimos aqui registrados, acon­teceram em outubro de 1979, na Fa­zenda Pelo Sinal, em São José de Mipibu, no Rio Grande do Norte; e em junho de 1981, no Sítio Aguas Brancas, em São Lourenço da Mata, Pernambuco), talvez não mereçam muito crédito por parte do público, já tão corrompido pela des­crença dos dias que correm.

Preocuparam-se mais os adep­tos dos cultos espiritualísticos, como a Federação Espírita e o Cen­tro Espírita Centelha de Jesus, que se dispuseram com invocações e preces, “a acabar as perturbações daquela alma, que está deixando aflita a família”. Ganharam mais importância, porém, os fenômenos do Ed. Paris, com a visita do para­psicólogo Valter Rosa Borges, presi­dente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, que deu ao caso as dimensões reais indispensáveis, qualificando-o como uma manifestação de Psicocinesia Espontânea Recorrente, cuja sigla em inglês é PRPK, e que é as vezes, segundo ele erradamente, classifi­cado como Poltergeist.

Depois de presenciar in loco o quebra-quebra de vidros e o voo de várias garrafas, e de reunir toda a família, “para ter certeza de que to­dos estavam sob sua observação, o parapsicólogo rechaçou as ideias “ultrapassadas” de assombração, coisa do outro mundo e almas pe­nadas, dizendo haver localizado o epicentro do fenômeno e que tudo não passava de uma manifestação evidente, embora bastante rara, de Telergia:

“Os fenômenos são provocados por pessoas, que, involuntaria­mente irradiam energia, ou Telergia, segundo o termo técnico da Parapsicologia. São duas jovens as causadoras do evento. Mas, achando-se a família muito trauma­tizada, é conveniente que se mante­nha sigilo sobre seus nomes. Na União Soviética estão sendo realiza­das experiências no sentido de fazer o indivíduo controlar a energia es­pontânea, responsável por tais fa­tos”.

E numa revelação que nos faz lembrar Os Demônios de Loudun (Vide Aldous Huxley), o parapsicólogo esclarece que esse tipo de psicocinesia, ocorre em geral em jovens adolescentes em início da fase de menstruação. O que dá certamente aos leigos, além do mistério, um sa­bor de erotismo.

 

FENÔMENOS

 

“É muito natural, e até dever nosso, duvidar da manifestação dos defuntos, desde que não se faça a prova. A nossa tendência é para considerar suspeitas, todas as nar­rativas ligadas a manifestações de mortos. A isso nos autorizam a im­probabilidade aparente e a raridade das provas. Não tenho, porém, a priori, mais razão para desconfiar de um fato psíquico, que de um sábio, de um professor, desde que o fato me seja provado. E são, em re­lação às manifestações dos mortos, inumeráveis os casos testemunha­dos e provados. Neste momento es­tamos a ver, pessoas ignorantes ou de má fé, pretenderem que todos es­ses relatos de aparições e comunica­ções de mortos, procedem de ele­mentos destituídos de valor intelec­tual. Poder-se-á tal coisa dizer de um Cícero, um Montaigne, um La Rochefoucauld, um Goethe, todos, enfim, que tanto se preocuparam com este assunto?”.

Justificando a realidade dos fenômenos, Camille Flammarion (“Les Maisons Hantées”) lembra Guilherme de Auvergne, bispo de Paris, falecido em 1249, segundo o qual, um Espírito batedor se havia introduzido numa casa do distrito de St. Paul, e atirava pedras que quebravam as vidraças: “Pedro Mamoris, professor de Teologia, au­tor do “Flagellum Maleficarum”, registra o mesmo caso. Certo Espírito atirava pedras, arrastava móveis, quebrava louças, chegava mesmo a atingir de leve as pessoas, sem que se pudesse saber como agia. A esse tempo, o Cura de St. Paul, Jean Delorme, chegara ao lo­cal munido de velas bentas, água benta e água gregoriana, percor­rendo os aposentos atingidos, re­zando e exorcizando, para espantar os demônios”.

Tal a veracidade dos casos re­latados e seu crédito perante a Jus­tiça, que Flammarion cita o caso do advogado Zingaropoli, defendendo a Duquesa de Castelpoto contra a Baronesa Laura Englen, em 1907, cujo fundamento era: “Se o loca­tário de uma casa infestada pelos Espíritos, tem direito a pleitear a rescisão do Contrato”. Não argu­mentava no vazio o causídico napo­litano, que acabou vitorioso, espo­sando tese do jurisconsulto Alfenus numa correspondência de Saint-Nicolas-du-Port, perto de Nancy, o “Paris-Journal”, publicou o se­guinte: “A criada da Taverne Parisien, nesta cidade, uma guapa cam­ponesa de suas dezoito primaveras chamada Germaine, quando descia à adega, foi atacada por uma verda­deira chuva de pedras. Nos dois dias seguintes, a coisa piorou, cho­vendo sobre Germaine, mal ela che­gava à adega, além de pedras, peda­ços de ferro, ganchos, pregos e cacos de vidros. Examinada a questão, em parecer do Dr. Boucher, a Socie­dade de Estudos Psíquicos de Nancy, concluiu que se tratava de um caso de mediunidade, provo­cado pelos espíritos que atuavam sobre Germaine. Tal diagnóstico, porém não convenceu a população, que julga tratar-se, talvez com certa razão, de manifestações diabóli­cas”.

Não precisa ir tão longe. Em 8 de dezembro de 1976, a “Folha da Tarde”, de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, contou a história de Claudir de Quadros, de 8 anos, que foi apedrejado e mordido por um fantasma. E o fantasma, segundo o semanário gaúcho, era o próprio Diabo.

POLTERGEIST

 

Como se pode concluir, a pala­vra é alemã (de Geist, espírito e Polterer, perturbador, dando Poltergeist), aplicando-se às “as­sombrações”, tais como pancadas, (Digesto, Gotofred, 1857): “Si causa fuisset cur periculum timeret, quamvis periculum vere non fuisset, tamem non debere mercedem’’.

 

SATANISMO

 

Na Idade Média, a importância de tais fenômenos chegou ao exa­gero, em face da preponderância da literatura demonológica. Essas ma­nifestações misteriosas, distúrbios e prejuízos causados aos moradores de uma casa, aterrorizavam mais ainda pela convicção enraizada de uma origem satânica. Basta folhear os livros mais conhecidos da Demonologia, tais como o Malleus de Sprenger, O Formicarius de Nider, o Disquisitiones magicae do Padre Martinho del Rio, bem como os dos teólogos protestantes da época, a começar por Lutero, para ver até que ponto se acreditava nos poderes do diabo, responsável por todas as confusões, tragédias e malefícios.

Grimaldi Ginesio, em sua “Istoria delle leggi e magistrati del regno di Napoli”, publicada em 1857, anota como jurisprudência firmada: “Sucedendo que, na casa alugada, o locatário, levado pelo terror pânico, se julgue assaltado por espíritos malignos, chamados em Nápoles de Monacelli, permite-se-lhe a mudança isento de qualquer indenização”.

Mas tais fenômenos, tidos por satânicos, não ficaram apenas na Idade Média. Em 6 de abril de 1910, ruídos de serras, talheres, garrafas atiradas contra as pessoas, ou vi­dros que se espatifam sem que nin­guém saiba por quem, a não ser por espíritos malignos, segundo os exorcistas e por isso aparentados com o diabo; ou por “almas infeli­zes” e “penadas”, no dizer dos de­fensores da doutrina de Allan Kardec. Comuns nas lendas bávaras, ou entre os remanescentes teutões das margens do Báltico, ganharam dos alemães o apelido de Poltergeist, e a fama que os confunde com o Diabo.

Nos tempos modernos, milhões de teses, as mais esdrúxulas, têm sido evocadas para explicar os Fatos Inexplicáveis, como se per­cebe em “Human Personality and its Survival of Bodily Death” de F.W.H. Myers, e mais recente­mente, em “The Personality of Man” do Dr. G.N.M. Tyrell, onde os “mistérios” e “fenômenos”, têm simples definições materialísticas.

Por outro lado, falam os técni­cos em Energia Comprimida; e o Prof. A.R.G. Owen, de Cambridge, diz que, embora se trate de “mani­festações psíquicas”, os “fenôme­nos” resultam de “uma espécie de energia subconsciente”, em geral proveniente de um adolescente excitado”. Daí pregarem os sexólogos o “amor livre” e a masturbação (Kraft-Ebing, Masters-Johnson, Kinsey), como forma de extravasar essa “energia”. O que cheira a libi­dinagem.

“Os diabos saíram de cena diz Aldous Huxley, mas junto com eles (Magna est veritas legitir praevalebit) diluiu-se qualquer tipo de reflexão importante em relação aos fenômenos aos mesmos atribuídos. E lembra Urbano Grandier, o Monge Maldito, nos versos de Ronsard: “Quand au temple, nous serons les dévots pour louer Dieu. Mais quand au lit, nous seron les lacifs qui pratiquent folâtrements les draps mignardises”.

Dos Poltergeist dizem que, além dos quebra-quebras, também imitam os Íncubos e Súcubos que atacam à noite as donzelas desprevenidas. Daí ser bom antes dormir (para quem faz da virgindade uma virtude), lavar-se com água benta. E rezar com fé o Esconjuro de São Cipriano.

Afinal de contas, desde tempos milenares que os descrentes duvidam do poder de Satanás. Mas,  como disse Charles Baudelaire “La plus belle ruse du Diable, é de nous persuader qu’il n’existe pas”. (“A maior arma do Diabo é convencer que ele não existe”) Quem disso duvidar, que visite Apartamento 301, do Ed. Paris.

Mas não esqueça de levar consigo o Malleus Maleficarum. E um garrafão de água benta.

 

De 27 a 29 de janeiro, participei, juntamente com Ivo Cyro Caruso e Geraldo Leite, do Ciclo de Palestras sobre Parapsicologia e Psicologia Transpessoal, promovido pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas no Clube Internacional do Recife.

 

No dia 28 de maio, na Federação das Indústrias de Pernambuco – FIEPE -, na Avenida Cruz Cabugá, 767, bairro de Santo Amaro, dei posse aos acadêmicos Badogílio Rodrigues Maciel, Carlos Eugênio Gantois, Érico Iglésias Cavalcanti Melo, Erivam Félix Vieira, Everaldo Moreira Veras, Pe. Ferdinand Azevedo, Fernando Gonçalves, Francisco Eduardo Bezerra de A. Lima, Guaracy Lyra da Fonsêca, Jalmir Freire Brelaz de Castro, José Roberto de Melo, Luiz Carlos Oliveira Diniz, Margarida Maria Félix da Silva, Mauro Carneiro Assis do Rego, Reginaldo Cordeiro do Nascimento, Ronaldo Dantas Lins Filgueira e Waldemir Oliveira Lins. Reinaldo de Oliveira fez a saudação aos novos acadêmicos e, em nome destes, discursou Érico Iglésias Cavalcanti de Melo. Na mesma solenidade, a Academia Pernambucana de Ciência e a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco – FIESP-, representadas respectivamente por Valter da Rosa Borges e Armando Monteiro Neto, assinaram um convênio de parceria com a finalidade de elaborar um programa de desenvolvimento econômico e cientifico para o nosso Estado.

No mês seguinte, no dia 1º de junho, em solenidade simples, na sede do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, realizei a posse do acadêmico Fernando Jorge Simão dos Santos Figueira.

 

Reuniões públicas do IPPP: 6 de janeiro: Mesa redonda Um Novo Modelo para a Parapsicologia, juntamente com Ivo Cyro Caruso; 20 de janeiro – Literatura Paranormal; e 29 de janeiro – O Homem à Luz da Parapsicologia.

 

DIÁRIO DE PERNAMBUCO

12 de agosto de 1986

O PODER DO INCONSCIENTE SERÁ DEBATIDO À LUZ DO DIREITO

Nossos juristas ainda não se deram conta da importância fundamental do inconsciente no comportamento humano. Para o legislador, prevalece a presunção de que o homem é o que é em nível consciente.

À luz da Psicologia, este é um pensamento anacrônico. No começo do século XX, Freud já demonstrava a predo­minância do inconsciente so­bre o consciente no direcionamento da conduta humana. Se um dia o Direito Civil admitir a importância do inconsciente nas relações jurídicas, muita coisa será modificada – ga­rante o promotor Válter da Rosa Borges, presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas.

Segundo ele, que está or­ganizando os preparativos do V Congresso Brasileiro de Pa­rapsicologia e Psicotrônica, a ter lugar no Recife, no período de 3 a 5 de outubro, no Clube Internacional, a Parapsicolo­gia já comprovou, exaustiva­mente, que as pessoas se in­fluenciam reciprocamente por processos telepáticos. “Consequentemente, em certas cir­cunstâncias, um indivíduo pode ser manipulado telepaticamente por outrem, sem que tome conhecimento dessa in­fluência, e pratique um ato jurídico em desacordo com seus interesses. Embora apa­rentemente espontâneo, o seu consentimento, na verdade, es­tava viciado. E o vício de con­sentimento importa na anulabilidade do ato jurídico”.

Neste caso, afirma o pro­motor, se um dia o Di­reito Civil admitir a importância do inconsciente nas relações jurídicas e sua manipulação por processos telepáticos, então será obrigado a reconhecer essa modalidade de manipulação psíquica como um novo vício do consenti­mento, ao lado do erro, da coação, do dolo, da simulação e da fraude.

Embora estabelecendo áreas de contato mais estreitas com a Psicologia, a Psiquia­tria, a Medicina e a Física, a Parapsicologia é uma ciência de extensa interdisciplinaridade. Em relação ao Direito, esse relacionamento se situa num contexto, até o momento, teórico, mas de grande polêmica, como no exemplo dado.

 

“TALENTO”

 

Oficialmente nascida em 1953, por ocasião do Congresso Internacional de Ciências Psí­quicas, realizado em Utrecht, na Holanda, a Parapsicologia é uma ciência que tem por objeto o estudo e a pesquisa do fe­nômeno paranormal, que é uma manifestação de uma ap­tidão psíquica especial. “Uma espécie de talento, apenas encontrável num reduzidíssimo número de pessoas” – acres­centa Rosa Borges.

A Parapsicologia – diz – estuda os poderes extraordi­nários da mente humana, con­sistindo numa forma especial de percepção da realidade – te­lepatia, clarividência e precognição – e numa ação, sem in­termediários físicos ou energé­ticos, sobre o mundo exterior. “Assim, a investigação parapsicológica só diz respeito ao ho­mem vivo, biológico, histórico, temporal, excluindo do seu domínio objetal as questões pertinentes à sobrevivência, à imortalidade, às comunicações mediúnicas ou com seres extraplanetários”.

Quanto ao Congresso Bra­sileiro de Parapsicologia, pro­movido pelo Instituto de Pernambucano de Pes­quisas Psicobiofísicas, sob a coordenação do Instituto de Assuntos Cul­turais da FUNDAJ, Rosa Borges é de opinião que este será um passo decisivo para o desenvol­vimento da Parapsicologia, não apenas em Pernambuco, mas em toda a Região, deba­tendo os problemas teóricos e as aplicações práticas da fenomenologia paranormal. Esta será a primeira vez que se rea­liza no Nordeste um encontro desse porte, que reunirá as mais destacadas personalida­des no campo da investigação dos fenômenos paranormais, representando os Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Pa­raná, Pernambuco, Pará e Ala­goas.

Destaca Válter da Rosa Borges que este Congresso de­verá se constituir num marco histórico para a pesquisa parapsicológica no Estado, sobre­tudo devido ao apoio de impor­tantes instituições científicas e culturais de Pernambuco, a exemplo da Fundação Joa­quim Nabuco, Academia Per­nambucana de Ciências, Aca­demia Pernambucana de Me­dicina, Academia de Letras e Artes de Pernambuco, Fundarpe, UBE-PE, Funeso, Prefeitura Municipal do Recife, Secretaria de Educação de Pernambuco, Secretaria de Trabalho e Ação Social e Banerj.

Quanto aos participantes do encontro, estarão presentes, entre outros: Mário Amaral Machado, presidente da Fede­ração Brasileira de Parapsico­logia; Glória Lintz Machado, do Instituto de Parapsicologia ; do Rio de Janeiro; Ney Prieto Peres, do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas; Octávio Melchiades Ulysses, da Faculdade de Ciências Biopsíquicas do Paraná; António Jorge Thor, do Instituto Pa­raense de Parapsicologia; e José Mendonça Teixeira, do Instituto Alagoano de Pesqui­sas Psicobiofísicas.

As inscrições para o V Congresso Brasileiro de Parap­sicologia e Psicotrônica e IV Simpósio Pernambucano de Parapsicologia acham-se aber­tas à rua da Concórdia, 372 -salas 46/47 – Boa Vista e na rua Henrique Dias, 609 – Derbi, telefone: 222-3266.

Neste evento, pronunciei uma Conferência “Parapsicologia: Uma Avaliação Crítica Fenomenológica” e que foi publicada no meu livro A MENTE MÁGICA – 2015.

 

O SEMEADOR.

Setembro de 1986

www.comunidadeespirita.com.br/

AS DETURPAÇÕES INVADEM O ESPIRITISMO

Ary Lex

Busquemos, em primeiro lugar, o Prof. Dr. Valter da Rosa Borges, Presidente do Conselho Regional de Parapsicologia, da 7ª Região, e Professor de Direito Civil na Universidade Católica de Pernambuco. No Boletim Médico Espírita nº 4 – Julho de 1986, páginas 24 a 39, elucida ele: “A Parapsicologia é a Ciência que tem por objeto o estudo e a pesquisa do fenômeno paranormal.” Por enquanto é uma ciência de investigação:

“A Parapsicologia, oficialmente nascida no célebre Congresso Internacional de Ciências Psíquicas, realizado em Utrecht (Holanda), em 1953, é a sucessora legítima de um vasto e valioso patrimônio fenomenológico, herdado, principalmente, da Metapsíquica. Cautelosamente, os pesquisadores, reunidos em Utrecht, oficializando o nascimento da Parapsicologia; apenas admitiram como cientificamente comprovados os fenômenos da telepatia, clarividência, precognição e psicocinesia, assim como aprovando a classificação proposta por Thouless e Wiesner, dividindo os fenômenos paranormais em duas modalidades: psi-gama, para os fenômenos de conhecimento paranormal e psi-kapa, para os fenômenos que evidenciam a ação da mente humana sobre o mundo exterior, sem a utilização de qualquer força conhecida”.

“No espaço epistemológico da Parapsicologia, a hipótese de Espírito como agente psi é absolutamente desnecessária. A Parapsicologia não nega, nem afirma a existência extrafísica do homem e, por conseguinte, as questões ligadas à sua possível sobrevivência post-mortem.”

“Sob o ponto de vista da terminologia espírita, a Parapsicologia apenas se ocupa dos fenômenos chamados “anímicos”. Animismo e paranormalidade são, portanto, sinônimos.

A vocação para o fantástico, o paralogismo do pensamento mágico, os devaneios do imaginário são armadilhas sutis, capazes de aprisionar, por seu fascínio, as mentalidades de reduzido espírito crítico.”

“Muitos são os parapsicólogos que estão desorientados quanto ao objeto da Parapsicologia, concentrando a sua atenção e os seus esforços em áreas que não dizem respeito à investigação parapsicológica.”

Como prova do que afirma o Prof. Rosa Borges, está a notícia publicada no jornal “O Estado de S. Paulo”, do dia 22 de setembro de 1987: “RIO – Cerca de 400 parapsicólogos estão inscritos no 1 º Congresso Argentino-Brasileiro de Parapsicologia Aplicada, que será realizado de 23 de outubro a 1 º de novembro no Riocentro. O encontro, que tem apoio da Fundação Argentino-Brasileira para a Integração e o Intercâmbio Comercial, Turístico e Cultural discutirá temas como tarô, piramidologia, psicotrônica, espiritismo, umbanda, terapia do pensamento, neutralização de radiações e magia.”

 

 

DIÁRIO DE PERNAMBUCO

21 de[i] setembro de 1986

Parapsicólogos brasileiros reúnem-se aqui, em outubro

Constante de 15 pales­tras e conferências abor­dando temas da maior im­portância e atualidade serão realizados, entre os dias 3 e 5 de outubro vindouro, nos sa­lões do Clube Internacional do Recife, o V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica e IV Sim­pósio Pernambucano de Pa­rapsicologia, de iniciativa do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP. Após a instalação solene dos eventos, que acontecerá às 20 horas do dia três, o pro­fessor Valter da Rosa Borges proferirá palestra sobre “Pa­rapsicologia: Uma Avaliação Crítica Fenomenológica”, após o que o dr. Waldo Vieira, do Rio de Janeiro, discorrerá sobre “Bioenergia e Projeção Consciente”. Cinco conferências serão proferidas na manhã do sábado: “Parapsicologia: Uma Visão Humanista (pelo sr. José Mendonça Tei­xeira), “Terapia de Vivên­cias Passadas: Uma Abordagem Parapsicológica (sra. Maria Júlia M. Prieto Peres), “Campos Bioenergéticos e Informação Paranormal” (Ney Prieto Peres), “Alucinógenos e não Aluci­nógenos Amazônicos que Aguçam a Paranormalidade” (Antônio Jorge Thor) e “Problemas nas Aplicações Práticas da Parapsicologia” (Ivo Cyro Caruso).

À tarde, outras quatro palestras serão realizadas, dando ênfase aos temas “A Psicologia e os Estados Am­pliados de Consciência – Psicologia Transpessoal e Parapsicologia” (sra. Neyda Nerbas Ulyssea), “Aspectos Práticos de Aplicação Pro­fissional da Parapsicologia (professor Octávio Melchiades Ulyssea), “Aplicações da Parapsicologia no Campo Médico” (dra. Glória Lintz Machado), “Uma Reavalia­ção do Efeito Kirlian” (pro­fessor Mário Amaral Ma­chado) e “Metateoria Psicônica: Generalização do Princípio de Incerteza e Teo­ria da Relatividade His­tórica” (Geraldo dos Santos Sarti).

 

Fiz a abertura do V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica e IV Simpósio Per­nambucano de Parapsicolo­gia, que se realizou, de 3 a 5 de outubro, no salão do Clube Internacional do Recife.

A minha conferência “Parapsicologia: Uma Avaliação Crítica Fenomenológica” foi publicada no meu livro A MENTE MÁGICA em 2015.

O evento teve um retumbante sucesso com a presença de um público de 810 pessoas, não só de Pernambuco, mas de vários Estados do Brasil.

DIÁRIO DE PERNAMBUCO

6 de outubro de 1986

 

Simpósio sobre parapsicologia

 

No V Congresso Brasi­leiro de Parapsicologia e Psicotrônica e IV Simpósio Per­nambucano de Parapsicolo­gia, no Clube Internacional do Recife, o professor Válter da Rosa Borges, disse que o Brasil é o País que possui maior número de parapsi­cólogos do mundo. Justificou seu pensa­mento, ressaltando que há certos povos que apresentam características marcantes como se fosse a expressão do seu próprio povo. “A Alema­nha é fértil em gênios musi­cais e literários. Neste sen­tido, o Brasil pode-se dar ao luxo de ser fértil em paranormais”.

Falando para uma plateia de 500 congressistas de todos os Estados do País, o professor chamou a atenção dos parapsicólogos para a necessidade de uma revisão do modelo oficial da parap­sicologia, porque ciência é um conhecimento provisório e, consequentemente, quando os modelos envelhe­cem, é necessário que se faça uma nova reapreciação de fatos e classificações para que hipóteses mais abran­gentes e férteis possam ex­plicar esse conjunto de fa­tos

A parapsicologia é uma ciência nova e por sua ex­tensa interdisciplinaridade está sujeita a revisões perió­dicas porque, somente agora, começamos a deslum­brar o extraordinário mundo que é a mente humana.

Indagado sobre o que falta para que a parapsicolo­gia seja considerada uma ciência no Brasil, o professor disse que resta apenas para o País o reconhecimento de se­tores científicos que estão atrasados em relação ao mundo científico europeu e norte-americano, onde a pa­rapsicologia goza de status de ciência, “Tanto assim, que a Associação de Parapsi­cologia dos Estados Unidos foi admitida, em 1969, como membro da Associação Norte-Americana para o Progresso da Ciência”, afir­mou.

A dra. Maria Júlia que tem sua agenda de consultas com­pleta até maio do próximo ano, participou ontem do Congres­so como conferencista, através da palestra “Terapia Regressiva a Vivências Passadas”, quando falou de sua experiência nessa área. Com dados e relatórios disse que conseguiu até agora 80% de sucesso no tratamento dos pacientes. 10% desistem por vários motivos como mu­dança de cidade, 5%, obtêm re­sultados regulares e 5% ne­nhum resultado.

TERAPIA REGRESSIVA

“Trata-se de uma técnica psicoterápica relativamente no­va no Brasil, que utiliza como recurso terapêutico a regres­são, processo pelo qual o ser humano é levado a retroceder a estágios anteriores da vida, com o objetivo de detectar a nível inconsciente, vivências traumáticas das existências passadas vida intrauterina, nas­cimento, primeira infância ou outras, responsáveis por nume­rosas manifestações patológicas, psíquicas, psicossomáticas, or­gânicas e desajustes comportamentais. Assim, a reencarnação que até há pouco tempo era abordada somente sob o aspecto religioso, filosófico ou científico, constitui agora um instrumento terapêutico intro­duzido por Morris Netherton, PhD, autor do livro Past Life Therapy, traduzido ao português com o título de “Vidas Passadas em Terapia”, afirmou a médica.

Citou ela que a “terapia re­gressiva reencarnatória abre no­vos parâmetros no campo dos recursos terapêuticos, consti­tuindo mais um instrumento a ser usado pelo profissional, quer isoladamente, quer acopla­do a outras técnicas psicoterápicas para obter melhores resultados para seu paciente. Não é aplicada em hipótese ne­nhuma para satisfazer curiosi­dades fúteis e pessoais, de des­cobrir o que foi de importante no passado ou confirmar im­precisas informações de carto­mantes e videntes. A sua indi­cação é somente para fins te­rapêuticos, na vigência de sin­tomas psicopatológicos, doen­ças psicogênicas, neuroses”, etc.

Para complementar a expli­cação da terapia, a dra. Maria Júlia relatou um dos casos. Um economista, J.P.Q., 28 anos, casado, apresentava co­mo queixa principal medo de ter convulsão epiléptica, mau relacionamento com a mãe, choro frequente e espontâneo e afastamento do serviço. Nega­va incidente emocional que pu­desse ter desencadeado esse quadro. (EEG normais — e exame clínico e neurológico nor­mais em 12/2/85 e 10/5/85).

Na primeira vivência dele durante o tratamento regressi­vo “vê-se atravessando uma rua, onde tem uma crise convulsi­va, passando um caminhão imediatamente sobre sua cabe­ça. Sente abrir a cabeça ao meio, vivência a cena de mor­te, com aquela mesma sensa­ção de que está saindo algo da cabeça; vivência com grande conteúdo emocional: choro, contrações musculares generali­zadas (não convulsiva)”. Na vivência intrauterina “vê-se no último útero materno, na fa­zenda de seu avô, onde mãe ca­minhando distraída, bate em um trator parado, tem uma tontura e caí. Nesse instante, ela deseja ardentemente que com aquela queda ela possa perder a criança, que é indesejada. Ele se revolta, fica an­gustiado e chora”.

Na vida intrauterina o eco­nomista chega a sentir a hora do nascimento e também um momento traumatizante na primeira infância quando cai de uma bicicleta e fratura a tíbia. Após 8 sessões, teve alta em 12/6/86. A dra. Maria Júlia faz o acompanhamento por te­lefone e as informações da mãe dele são de que está tudo normal agora, tanto na vida pes­soal quanto no trabalho.

Espiritismo

Muitos espíritas afirmam que a religião do futuro é a kardecista, pois a tendência é as pessoas de todo o mundo.. se interessarem cada vez mais por ela. Para a dra. Maria Jú­lia esse pensamento poderá vir a tornar-se realidade, face ao grande número de adeptos e frisa que isso se deve “à evolu­ção da cultura do povo e maior abertura aos conheci­mentos religiosos e filosóficos em geral.

Ressalta ela que espiritismo é um só kardecista, codificado por Alan Kardec, em 1815. Na sua opinião, as outras reli­giões mediúnicas são resultan­tes do sincretismo religioso afro-brasileiro, “e nós kardecistas, respeitamos todas, mas não as consideramos espiritis­mo”, concluiu.

O Congresso de parapsico­logia é uma oportunidade para todas as pessoas que têm curiosidade em saber mais sobre o assunto, começar a se interessar ou rejeitar. Há espaço hoje pe­la manhã, porque o Congresso está sendo realizado na área onde ocorrem os bailes de car­naval do Internacional. Quem não tiver tempo pode se dirigir ao Instituto de Pesquisas Psicobiofísicas de Pernambuco lo­calizado á rua da Concórdia, 372, 4º andar, salas 46/47.

 

JORNAL DO COMMERCIO
Recife — Domingo, 5 de outubro de 1986

Parapsicólogos discutem práticas aplicaçõe e o sentido dessa ciência

 

Izaura Alves

Iniciado sexta-feira, encer­ra-se hoje, no Clube internacional do Recife, o V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica e IV Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, com o apoio da Fundação Joaquim Nabuco, que tem como objetivo discutir os problemas teóricos e aplicações práticas da Parapsicologia, além de consci­entizar sobre o sentido específi­co da ciência.

Hoje, às 8h terão início as teses e comunicados. As 10h haverá uma mesa-redonda so­bre “A Parapsicologia no Bra­sil” e em seguida serão tiradas as conclusõeg do conclave, quando os presentes serão convocados para o VI Congresso Bra­sileiro e o V Simpósio Pernam­bucano de Parapsicologia.
Segundo o professor Valter da Rosa Borges, presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, a pa­rapsicologia é uma ciência que tem por objeto o estudo e a pesquisa dos chamados fenôme­nos paranormais. Um parapsi­cólogo não é necessariamente um paranormal ou médium, entretanto o médium é a con­dirão do fenômeno paranormal.

Para o parapsicólogo o fe­nômeno é produzido pela pró­pria mente do médium — a ní­vel inconsciente — já que a parapsicologia estuda o ser hu­mano enquanto ser vivo. Já o espiritismo estuda o fenôme­no como ocorrência de estágios anteriores da vida atual do médium, daí o surgimento de terapias como a “regressiva a existências passadas” que reali­zam médicos reconhecidos in­ternacionalmente, como a dra. Maria Júlia Moraes Peres, à rua Maestro Cardim, 887, São Pau­lo, CEP 01323.

A dra. Maria Júlia que tem sua agenda de consultas com­pleta até maio do próximo ano, participou ontem do Congres­so como conferencista, através da palestra “Terapia Regressiva a Vivências Passadas”, quando falou de sua experiência nessa área. Com dados e relatórios disse que conseguiu até agora 80% de sucesso no tratamento dos pacientes. 10% desistem por vários motivos como mu­dança de cidade, 5%, obtêm re­sultados regulareg e 5% ne­nhum resultado.

TERAPIA REGRESSIVA

“Trata-se de uma técnica psicoterápica relativamente no­va no Brasil, que utiliza como recurso terapêutico a regres­são, processo pelo qual o ser humano é levado a retroceder a estágios anteriores da vida, com o objetivo de detectar a nível inconsciente, vivências traumáticas das existências passadas vida intra-uterina, nas­cimento, primeira infância ou outras, responsáveis por nume­rosas manifestações patológicas, psíquicas, psicossomáticas, or­gânicas e desajustes comportamentais. Asisim, a reencamação que até há pouco tempo era abordada somente sob o aspecto religioso, filosófico ou científico, constitui agora um instrumento terapêutico intro­duzido por Morris Netherton, PhD, autor do livro Past Life Therapy, traduzido ao português com o título de “Vidas Passadas em Terapia”, afirmou a médica.

Citou ela que a “terapia re­gressiva reencamatória abre no­vos parâmetros no campo dos recursos terapêuticos, consti­tuindo mais um instrumento a ser usado pelo profissional, quer isoladamente, quer acopla­do a outras técnicas psicoterápicas para obter melhores resultados para seu paciente. Não é aplicada em hipótese ne­nhuma para satisfazer curiosi­dades fúteis e pessoais, de des­cobrir o que foi de importante no passado ou confirmar im­precisas informações de carto­mantes e videntes. A sua indi­cação é somente para fins te­rapêuticos, na vigência de sin­tomas psicopatológicos, doen­ças psicogênicas, neuroses”, etc.

Para complementar a expli­cação da terapia, a dra. Maria Júíia relatou um dos casos. Um economista, J.P.Q., 28 anos, casado, apresentava co­mo queixa principal medo de ter convulsão epiléptica, mau relacionamento com a mãe, choro frequente e espontâneo e afastamento do serviço. Nega­va incidente emocional que pu­desse ter desencadeado esse quadro. (EEG normais — e exame clínico e neurológico nor­mais em 12/2/85 e 10/5/85).

Na primeira vivência dele durante o tratamento regressi­vo “vê-se atravessando uma rua, onde tem uma crise convulsi­va, passando um caminhão imediatamente sobre sua cabe­ça. Sente abrir a cabeça ao meio, vivência a cena de mor­te, com aquela mesma sensa­ção de que está saindo algo da cabeça; vivência com grande conteúdo emocional: choro, contrações musculares generali­zadas (não convulsiva)”. Na vivtència intrauterina “vê-se no último útero materno, na fa­zenda de seu avô, onde mãe ca­minhando distraída, bate em um trator parado, tem uma tontura e caí. Nesse instantete, ela deseja ardentemente que com aquela queda ela possa perder a criança, que é indesejada. Ele se revolta, fica an­gustiado e chora”.

Na vida intrauterina o eco­nomista chega a sentir a hora do nascimento e também um momento traumatizante na primeira infância quando cai de uma bicicleta e fratura a tíbia. Após 8 sessões, teve alta em 12/6/86. A dra. Maria Júlia faz o acompanhamento por te­lefone e as informações da mãe dele são de que está tudo normal agora, tanto na vida pes­soal quanto no trabalho.

Espiritismo

Muitos espíritas afirmam que a religião do futuro é a kardecista, pois a tendência é as pessoas de todo o mundo.. se interessarem cada vez mais por ela. Para a dra. Maria Jú­lia esse pensamento poderá vir a tornar-se realidade, face ao grande número de adeptos e frisa que isso se deve “à evolu­ção da cultura do povo e maior abertura aos conheci­mentos religiosos e filosóficos em geral.

Ressalta ela que espiritismo é um só kardecista, codificado por Alan Kardec. em 1815. Na sua opinião, as outras reli­giões mediúnicas são resultan­tes do sincretismo religioso  a- fro-brasileiro, “e nós kardecistas, respeitamos todas, mas não as consideramos espiritis­mo”, concluiu.

O Congresso de parapsico­logia é uma oportunidade para todas as pessoas que têm curiosidade em saber mais sobre o assunto, começar a se interessar ou rejeitar. Há espaço hoje pe­la manhã, porque o Congresso está sendo realizado na área onde ocorrem os bailes de car­naval do Internacional. Quem não tiver tempo pode se dirigir ao Instituto de Pesquisas Pslcobiofísicas de Pernambuco lo­calizado á rua da Concórdia, 372, 49 andar, salas 46/47.

 

JORNAL DO COMMERCIO

17 de dezembro de 1986

 

PARAPSICOLOGIA

 

Quando há 32 anos Valter da Rosa Borges presenciou um suposto fenômeno paranormal, denominado psicocinesia e que identifica o movimento de objetos por força de energia mental, estava determinado o surgimento de um dos mais conceituados parapsicólogos do Brasil

Mesmo tendo, posteriormente, obtido a gradua­ção como advogado e, atualmente, exercendo as fun­ções de Promotor de Justiça e professor de Direito Civil na Universidade Católica de Pernambuco, Val­ter da Rosa Borges nunca abandonou o estudo da parapsicologia e luta para que esta ciência seja re­conhecida em Pernambuco e seja elevada a nível acadêmico. Para isso, ele desenvolve um amplo traba­lho de conscientização e informação sobre o assunto, que inclui debates, palestras, seminários e demais atividades promovidas pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, sediado à rua da Con­córdia, 372, salas 46/47, do qual é o atual presidente.

 

UMA COISA DO OUTRO MUNDO?

 

Valter da Rosa Bor­ges, em entrevista para o JORNAL DO COMMERCIO, explica, em linhas gerais, as ba­ses dessa ciência fascinante e ainda desconhe­cida por muitos.

P — Existe alguma diferença entre a Para­psicologia e o Espiritis­mo?

R — A Parapsicolo­gia é uma ciência, nasci­da oficialmente em 1953, e tem por objeto a inves­tigação dos fenômenos paranormais.

O Espiritismo, por sua vez, é uma doutrina que segundo seu fundador Allan Kardec, trata da natureza, destino e origem dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal. A Parapsicologia es­tuda os fenômenos ex­traordinários da mente humana como telepatia, clarividência, precognição e psicocinesia e, portanto, lida tão so­mente com o homem vi­vo. Assim não é de sua competência discutir as questões ligadas à sobrevivência, à comunicação entre vivos e mortos e à reencarnação. O parapsicólogo, por conseguinte, pode ser espírita, católi­co, protestante ou mate­rialista. O que ele não po­de é misturar suas con­vicções religiosas ou filo­sóficas com as pesquisas parapsicológicas.

P — Dizem que o homem só está utilizando 30% dos seus poderes mentais. O que se deve fazer para que ele desen­volva a totalidade destes poderes?

R – Inicialmente é preciso que se esclareça que esta afirmação não tem qualquer base cientí­fica. Não sabemos qual a capacidade total da men­te humana e, em conse­quência, é rematada toli­ce estabelecer percen­tuais sobre a utilização de suas potencialidades.

Não sabemos os li­mites da mente humana, o que não quer dizer que o nosso psiquismo tenha poderes ilimitados. O que nos cabe fazer é uti­lizar, pragmaticamente, as nossas potencialidades psíquicas, mediante treinamento dirigido e siste­mático, nos moldes dos melhores laboratórios de Parapsicologia. Essas técnicas, porém, variam de conformidade com o tipo de paranormalidade apresentado pela pessoa e também na conformidade de suas característi­cas psicológicas.

P — Sabe-se que a Parapsicologia está muito desenvolvida em países como os Estados Unidos e a União Soviética. E no Brasil, como está a Parapsicologia?

R — No Brasil, a Parapsicologia ainda en­contra sérios obstáculos aos seu desenvolvimento, principalmente em razão do entranhado misticismo do nosso povo. Mas, ape­sar disso e de outros fatores mais específicos, já se começa a formar uma comunidade científica de parapsicólogos, espalha­das em institutos de pa­rapsicologia em alguns Estados do Brasil, notadamente Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Per­nambuco. A Associação Brasileira de Parapsicolo­gia — ABRAP — congre­ga os melhores pesquisa­dores da paranormalidade em nosso País e a Fede­ração Brasileira de Parapsicologia – FEBRAP – reúne importantes institutos do género, entre eles o Instituto Pernam­bucano de Pesquisas Bio­físicas — I.P.P.B. — o qual, em outubro deste ano, no Clube Internacio­nal do Recife, promoveu com êxito o V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica, com a participação de estudio­sos e interessados de quase todos os Estados do Brasil.

P — Como é que se sabe que uma pessoa é médium. Todas as pes­soas possuem esse dom?

R — Não há crité­rios objetivos para se de­terminar se uma pessoa possui talentos paranormais a não ser mediante a experimentação. É certo que todo ser humano é passível de passar por experiências paranormais. Mas, raros são aqueles que, frequentemente, manifestam esses fenômenos. Por isso, a pesquisa parapsicológica só demonstra resultados satisfatórios quando rea­lizada com pessoas que apresentam alto índice de manifestação desses fenômenos. E tais pessoas constituem uma dolorosa exceção.

P — Ouvimos falar maravilhas sobre deter­minados médiuns. Eles realizam prodígios difí­ceis de se acreditar. Não é possível que alguns desses fenômenos não passam de mistificação?

R — Infelizmente, quase todos os famosos médiuns fraudaram ou foram suspeitos de práti­cas fraudulentas. Muitos foram pegos em flagran­te delito. Outros proce­deram de modo a justifi­car dúvidas sobre a au­tenticidade de seus fenômenos. Poucos foram os médiuns que se deixaram submeter ou foram sub­metidos a rigoroso e ir­repreensível controle ex­perimental. O saldo, porém, é altamente positivo. A pesquisa parapsicológica demonstrou que a mente humana é capaz de obter conhecimentos do mundo exterior por processos extrassensoriais, alterando os parâ­metros habituais de tem­po e espaço e também pode agir sobre seres vi­vos e a matéria em geral, modificando as suas pro­priedades, por afetar as suas estruturas molecula­res.

P — Sabemos que o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas foi considerado pelo parapsicólogo Karl W. Goldstein, como um dos três melhores institutos de parapsicologia do Bra­sil. O que é que faz o I.P.P.P.?

R — O Instituto Per­nambucano de Pesquisas Psicobiofísicas foi funda­do em 1973 e é uma so­ciedade civil, de natureza científica, sem fins lucra­tivos, que tem como fi­nalidade o estudo e a pes­quisa dos fenômenos paranormais e o desenvolvi­mento da Parapsicologia em Pernambuco. Como representante no Nordes­te da FEBRAP, o I.P.P.P. já realizou vários con­gressos de Parapsicolo­gia e promove regular­mente cursos básicos de parapsicologia. Breve­mente, o I.P.P.P. estará concluindo um convênio com a Universidade Ca­tólica de Pernambuco pa­ra ministrar, no próximo ano, naquela Universida­de, um Curso de Exten­são em Parapsicologia, destinado, exclusivamen­te, aos portadores de diploma universitário. Além disso, o I.P.P.P. realiza investigações de fenômenos paranormais es­pontâneos, como o famo­so caso do “poltergeist” do edifício Paris, na Avenida Cruz Cabugá, e sub­mete a experimentação de laboratório as pessoas que se dizem portadoras de faculdades paranormais. O Departamento de Psicoterapia do I. P. P. P. assessora o Departa­mento Científico nas pes­quisas parapsicológicas, provendo o reajustamen­to emocional e psicológi­co das pessoas que estão passando por experiên­cias paranormais. Tam­bém brevemente, o Insti­tuto estará firmando con­vênio com a Secretaria de Educação do Estado para assistência ao super­dotado e, especialmente, ao superdotado paranormal.

P — A faculdade paranormal tem alguma uti­lidade?

R — É o mesmo que perguntar: o talento ar­tístico ou literário tem alguma utilidade a não ser o prazer estético que proporciona? O homem não se mede pelos resul­tados econômicos de suas atividades. A paranormalidade, no entanto, não é apenas uma ocasião de deleite como apelo às ne­cessidades do maravilho­so que existe em cada pessoa. O seu alcance é ainda maior, pois descor­tina, para o homem novas perspectivas de domínio sobre a natureza. Uma pessoa assim dotada é ca­paz de, em certas oca­siões, tomar conhecimen­to de fatos distantes não apenas no espaço — cla­rividência — mas tam­bém no tempo — precognição. Pode, em contato com objetos pertencentes a pessoas desaparecidas, descobrir o seu paradei­ro. Ou, de posse de uma localizar veios d’água ou jazidas de minérios. Pode, ainda, sob diversos mo­dos, agir sobre a matéria e, com isto, sob certos aspectos, substituir instrumentos e ferramentas convencionais. Infelizmente, esses extraordinários poderes da mente humana são passíveis de destinação inadequada, ameaçando a liberdade e a segurança das pessoas, visto que podem ser utilizados — como vem ocor­rendo nos Estados Uni­dos e na Rússia – para finalidades militares. Agora que homem, pelas pesquisas parapsicológicas, descobriu que a men­te não age sobre a maté­ria utilizando apenas re­cursos materiais, mas pode fazê-lo diretamente, afetando o universo atô­mico, com reflexos ime­diatos nos complexos moleculares e celulares, pas­sa a compreender a ne­cessidade de se autoconhecer cada vez mais para melhor controlar os seus poderes. Porque, em certos aspectos, muito mais perigosa do que a guerra termonuclear, se­rá, ao menos teoricamente, uma guerra psíquica, cujas dimensões talvez ultrapassem as mais arro­jadas ficções científicas. Os mais belos sonhos da humanidade às vezes se tornam pesadelos. Inven­tos e descobertas que pa­reciam uma esperança para a melhoria do pró­prio homem se tornaram ocasiões de terríveis so­frimentos coletivos. Santos Dumont suicidou-se porque o avião não se li­mitou à aproximação pa­cífica dos povos. Seria, então, indesculpável in­genuidade pensar que o homem, no estágio moral em que se encontra, so­mente utilizará os seus poderes paranormais para o benefício da humanidade.

 

Palestra sobre Parapsicologia na Loja Maçônica Cavaleiros da Luz, em 27 de fevereiro.

 

Eu e Ivo Cyro Caruso fizemos palestras sobre Parapsicologia no Curso de Atualização da Mulher, realizado no Clube Português, no mês de maio.

 

Palestra sobre Parapsicologia no Rotary Club do Recife, no dia 13 de novembro.

 

Ministrei Curso Básico de Parapsicologia na AMORC, Loja-Recife, à Av. Santos Dumont.

 

Palestra sobre Parapsicologia para os mações, na Livraria Síntese, e divulgada no Jornal União, na sua edição Abril/Maio/86

No dia 26 de setembro, eu e Ivo Cyro Caruso fizemos o lançamento do nosso livro Parapsicologia: um Novo Modelo (e outras Teses), na Galeria Metropolitana.

Título de Habilitação em Parapsicologia, em 29 de março, concedido pela Federação Brasileira de Parapsicologia e pela Associação Brasileira de Parapsicologia. Este título também foi concedido a Ivo Cyro Caruso.

Criei o Seminário dos Múltiplos Saberes (SMS) que contou com a participação das figuras mais importantes da intelectualidade pernambucana e, por ser aberto ao público, suas sessões eram bastante concorridas.

A primeira dessas reuniões se realizou no dia 3 de novembro de 1986 com a minha palestra intitulada “Experiências Psíquicas na Morte Iminente”. A partir da sétima reunião, o SMS passou a reunir-se na sede do I.P.P.P. na rua da Concórdia.

 

PARAPSICOLOGIA, CIÊNCIA CONFUNDIDA COM BRUXARIA

Reclamo. A Revista Nordestina.

 

Ano I, N° 11, outubro de 1986.

Ciência

A parapsicologia ou psicobiofísica é uma ciência ainda nos seus primeiros passos. Estuda os fenômenos paranormais e é frequentemente confundida com bruxaria ou espiritismo.

Parapsicologia: ciência confundida com bruxaria

Rosa Borges: são poucos os autênticos paranormais

O convidado chegou quan­do todos já estavam à me­sa do almoço. Ele apenas deu bom dia e imediata­mente os talheres se entortaram. A veracidade desta história pode ser confirmada pelo anfitrião do almo­ço, o industrial Duílio Cabral da Costa. O estranho hóspede era Thomas Green Morton, um mineiro de 39 anos, cujo nome é uma homena­gem ao descobridor da anestesia ge­ral. Ele já realizou tantas proezas que muita gente importante o esco­lheu para guru, a exemplo de Henfil, Baby Consuelo e Pepeu Gomes.

Na verdade, Thomas é um paranormal. Os fenômenos de paranormalidade se tornaram populares de­pois dos shows de Uri Geller pela TV americana e, logo depois, em to­do o mundo. Durante algum tempo depois do sucesso de Geller, muita gente tentava entortar coisas em casa, mas os frequentes fracassos acabaram por matar a novidade. De um modo geral as pessoas passam por experiências paranormais. O que não significa que sejam dotadas de tais poderes. O mais frequente dos fenômenos incomuns é a telepa­tia, sobretudo entre mãe e filho, mas ainda assim, eventual.

A curiosidade em torno do tema “parapsicologia” é grande, mas são poucos os que se dedicam a estu­dá-lo com seriedade. Neste mês, aqui no Recife, o Clube Interna­cional será sede do V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica, um encontro que promete variadas abordagens do assunto, mas sempre com preocupação cien­tífica. O presidente do Instituto Pernambucano de Psicobiofísica, Walter Rosa Borges, chama a aten­ção para o fato da comunidade cien­tífica internacional já haver reco­nhecido a parapsicologia como ciência, mas ainda assim ela é pouco compreendida. A maioria das pes­soas relega essa ciência ao campo da bruxaria ou do misticismo bara­to. O que ocorre com frequência, esclarece Walter, é que são poucos os autênticos paranormais, e muitas vezes, eles acabam por se envolver em mal-entendidos, atuam em am­bientes impróprios ou chegam mes­mo a cometer fraudes, para não per­der o prestígio ou para garantir o ganha-pão. O desprestígio maior da ciência corre por conta dos impos­tores que, aí sim, são muitos.

 

CIA E KGB

 

Nos países do chamado 1º Mundo, Estados Unidos e União Soviética por exemplo, a parapsicologia já al­cançou outro estágio de importân­cia, embora também sejam frequentes as fraudes.

Os serviços secretos americano e soviético, mais precisamente a CIA e a KGB, têm usado paranormais em suas missões. Eles se utilizam da manipulação da mente, espionagem por meio da clarividência, percep­ção de pessoas, objetos ou fatos fí­sicos independentemente dos senti­dos comuns. Um dos fatos mais marcantes da história da utilização dos paranormais aconteceu em Mos­cou. Stálin, ao saber que o polonês naturalizado russo Wolff Messing era paranormal, propôs um teste definitivo: Wolff deveria roubar o banco central de Moscou e entrar no gabinete de Stálin sem a senha obrigatória. Wolff descontou um cheque em branco no banco e sim­plesmente apareceu no gabinete do líder soviético. Mais tarde explicou que o caixa do banco pagou o cheque submetido a uma alucinação telepá­tica. E os guardas do gabinete se convenceram de que ele, Wolff, era nada menos que Béria, na época o braço direito de Stálin.

Claro que nada disso vai aconte­cer no congresso. Mas certamente o público ficará muitíssimo mais informado a respeito de parapsico­logia. Ninguém vai chegar em casa e começar a entortar talheres, mas igualmente ninguém mais vai rezar o credo ao ver um paranormal.

(Moema Luna)

RECLAMO — n° 11 — Outubro/86

 

JORNAL DO COMMERCIO

17 de dezembro de 1986

PARAPSICOLOGOGIA

 

Quando há 32 anos Valter da Rosa Borges presenciou um suposto fenômeno paranormal, denominado psicocinesia e que identifica o movimento de objetos por força de energia mental, estava determinado o surgimento de um dos mais conceituados parapsicólogos do Brasil

Mesmo tendo, posteriormente, obtido a gradua­ção como advogado e, atualmente, exercendo as fun­ções de Promotor de Justiça e professor de Direito Civil na Universidade Católica de Pernambuco, Val­ter da Rosa Borges nunca abandonou o estudo da parapsicologia e luta para que esta ciência seja re­conhecida em Pernambuco e seja elevada a nível acadêmico. Para isso, ele desenvolve um amplo traba­lho de conscientização e informação sobre o assunto, que inclui debates, palestras, seminários e demais atividades promovidas pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, sediado à rua da Con­córdia. 372. salas 46/47, do qual é o atual presidente.

 

UMA COISA DO OUTRO MUNDO?

 

Valter da Rosa Bor­ges, em entrevista para o JORNAL DO COMMERCIO, explica, em linhas gerais, as ba­ses dessa ciência fascinante e ainda desconhe­cida por muitos.

 

P — Existe alguma diferença entre a Para­psicologia e o Espiritis­mo?

R — A Parapsicolo­gia é uma ciência, nasci­da oficialmente em 1953, e tem por objeto a inves­tigação dos fenômenos paranormais.

O Espiritismo, por sua vez, é uma doutrina que segundo seu fundador Allan Kardec, trata da natureza, destino e origem dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal. A Parapsicologia es­tuda os fenômenos ex­traordinários da mente humana como telepatia, clarividência, precognição e psicocinesia e, portanto, lida tão so­mente com o homem vi­vo. Assim não é de sua competência discutir as questões ligadas à sobrevivência, à comunicação entre vivos e mortos e à reencarnação. O parapsicólogo, por conseguinte, pode ser espírita, católi­co, protestante ou mate­rialista. O que ele não po­de é misturar suas con­vicções religiosas ou filo­sóficas com as pesquisas parapsicológicas.

P — Dizem que o homem só está utilizando 30% dos seus poderes mentais. O que se deve fazer para que ele desen­volva a totalidade destes poderes?

R – Inicialmente é preciso que se esclareça que esta afirmação não tem qualquer base cientí­fica. Não sabemos qual a capacidade total da men­te humana e, em conse­quência, é rematada toli­ce estabelecer percen­tuais sobre a utilização de suas potencialidades.

Não sabemos os li­mites da mente humana, o que não quer dizer que o nosso psiquismo tenha poderes ilimitados. O que nos cabe fazer é uti­lizar, pragmaticamente, as nossas potencialidades psíquicas, mediante treinamento dirigido e siste­mático, nos moldes dos melhores laboratórios de Parapsicologia. Essas técnicas, porém, variam de conformidade com o tipo de paranormalidade apresentado pela pessoa e também na conformidade de suas característi­cas psicológicas.

P — Sabe-se que a Parapsicologia está muito desenvolvida em países como os Estados Unidos e a União Soviética. E no Brasil, como está a Parapsicologia?

R — No Brasil, a Parapsicologia ainda en­contra sérios obstáculos ao seu desenvolvimento, principalmente em razão do entranhado misticismo do nosso povo. Mas, ape­sar disso e de outros fatores mais específicos, já se começa a formar uma comunidade científica de parapsicólogos, espalha­das em institutos de pa­rapsicologia em alguns Estados do Brasil, notadamente Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Per­nambuco. A Associação Brasileira de Parapsicolo­gia — ABRAP — congre­ga os melhores pesquisa­dores da paranormalidade em nosso País e a Fede­ração Brasileira de Parapsicologia – FEBRAP – reúne importantes institutos do género, entre eles o Instituto Pernam­bucano de Pesquisas Bio­físicas — I.P.P.B. — o qual, em outubro deste ano, no Clube Internacio­nal do Recife, promoveu com êxito o V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica, com a participação de estudio­sos e interessados de quase todos os Estados do Brasil.

P — Como é que se sabe que uma pessoa é médium. Todas as pes­soas possuem esse dom?

R — Não há crité­rios objetivos para se de­terminar se uma pessoa possui talentos paranormais a não ser mediante a experimentação. É certo que todo ser humano é passível de passar por experiências paranormais. Mas, raros são aqueles que, frequentemente, manifestam esses fenômenos. Por isso, a pesquisa parapsicológica só demonstra resultados satisfatórios quando rea­lizada com pessoas que apresentam alto índice de manifestação desses fenômenos. E tais pessoas constituem uma dolorosa exceção.

P — Ouvimos falar maravilhas sobre deter­minados médiuns. Eles realizam prodígios difí­ceis de se acreditar. Não é possível que alguns desses fenômenos não passam de mistificação?

R — Infelizmente, quase todos os famosos médiuns fraudaram ou foram suspeitos de práti­cas fraudulentas. Muitos foram pegos em flagran­te delito. Outros proce­deram de modo a justifi­car dúvidas sobre a au­tenticidade de seus fenômenos. Poucos foram os médiuns que se deixaram submeter ou foram sub­metidos a rigoroso e ir­repreensível controle ex­perimental. O saldo, porém, é altamente positivo. A pesquisa parapsicológica demonstrou que a mente humana é capaz de obter conhecimentos do mundo exterior por processos extrassensoriais, alterando os parâ­metros habituais de tem­po e espaço e também pode agir sobre seres vi­vos e a matéria em geral, modificando as suas pro­priedades, por afetar as suas estruturas molecula­res.

P — Sabemos que o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas foi considerado pelo parapsicólogo Karl W. Goldstein, como um dos três melhores institutos de parapsicologia do Bra­sil. O que é que faz o I.P.P.P.?

R — O Instituto Per­nambucano de Pesquisas Psicobiofísicas foi funda­do em 1973 e é uma so­ciedade civil, de natureza científica, sem fins lucra­tivos, que tem como fi­nalidade o estudo e a pes­quisa dos fenômenos paranormais e o desenvolvi­mento da Parapsicologia em Pernambuco. Como representante no Nordes­te da FEBRAP, o I.P.P.P. já realizou vários con­gressos de Parapsicolo­gia e promove regular­mente cursos básicos de parapsicologia. Breve­mente, o I.P.P.P. estará concluindo um convênio com a Universidade Ca­tólica de Pernambuco pa­ra ministrar, no próximo ano, naquela Universida­de, um Curso de Exten­são em Parapsicologia, destinado, exclusivamen­te, aos portadores de diploma universitário. Além disso, o I.P.P.P. realiza investigações de fenômenos paranormais es­pontâneos, como o famo­so caso do “poltergeist” do edifício Paris, na Avenida Cruz Cabugá, e sub­mete a experimentação de laboratório as pessoas que se dizem portadoras de faculdades paranormais. O Departamento de Psicoterapia do I. P. P. P. assessora o Departa­mento Científico nas pes­quisas parapsicológicas, provendo o reajustamen­to emocional e psicológi­co das pessoas que estão passando por experiên­cias paranormais. Tam­bém brevemente, o Insti­tuto estará firmando con­vênio com a Secretaria de Educação do Estado para assistência ao super­dotado e, especialmente, ao superdotado paranormal.

P — A faculdade paranormal tem alguma uti­lidade?

R — É o mesmo que perguntar: o talento ar­tístico ou literário tem alguma utilidade a não ser o prazer estético que proporciona? O homem não se mede pelos resul­tados econômicos de suas atividades. A paranormalidade, no entanto, não é apenas uma ocasião de deleite como apelo às ne­cessidades do maravilho­so que existe em cada pessoa. O seu alcance é ainda maior, pois descor­tina, para o homem novas perspectivas de domínio sobre a natureza. Uma pessoa assim dotada é ca­paz de, em certas oca­siões, tomar conhecimen­to de fatos distantes não apenas no espaço — cla­rividência — mas tam­bém no tempo — precognição. Pode, em contato com objetos pertencentes a pessoas desaparecidas, descobrir o seu paradei­ro. Ou, de posse de uma localizar veios d’água ou jazidas de minérios. Pode, ainda, sob diversos mo­dos, agir sobre a matéria e, com isto, sob certos aspectos, substituir instrumentos e ferramentas convencionais. Infelizmente, esses extraordinários poderes da mente humana são passíveis de destinação inadequada, ameaçando a liberdade e a segurança das pessoas, visto que podem ser utilizados — como vem ocor­rendo nos Estados Uni­dos e na Rússia – para finalidades militares. Agora que homem, pelas pesquisas parapsicológicas, descobriu que a men­te não age sobre a maté­ria utilizando apenas re­cursos materiais, mas pode fazê-lo diretamente, afetando o universo atô­mico, com reflexos ime­diatos nos complexos moleculares e celulares, pas­sa a compreender a ne­cessidade de se autoconhecer cada vez mais para melhor controlar os seus poderes. Porque, em certos aspectos, muito mais perigosa do que a guerra termonuclear, se­rá, ao menos teoricamente, uma guerra psíquica, cujas dimensões talvez ultrapassem as mais arro­jadas ficções científicas. Os mais belos sonhos da humanidade às vezes se tornam pesadelos. Inven­tos e descobertas que pa­reciam uma esperança para a melhoria do pró­prio homem se tornaram ocasiões de terríveis so­frimentos coletivos. Santos Dumont suicidou-se porque o avião não se li­mitou à aproximação pa­cífica dos povos. Seria, então, indesculpável in­genuidade pensar que o homem, no estágio moral em que se encontra, so­mente utilizará os seus poderes paranormais para o benefício da humanidade.

 

Em 1986, com o término do nosso terceiro mandato, convocamos uma Assembleia Geral que se realizou no 26 de fevereiro de 1986, na sede do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, onde foi eleita a Diretoria da APC para o biênio 1987/1988, a qual ficou assim constituída: Presidente – Sylvio José Ferreira; 1º Vice-Presidente – Atílio Dall’Olio; 2º Vice-Presidente – Roberto Mota; Secretário Geral – Geraldo Arruda; 1º Secretário – José Barbosa de Oliveira Filho; 2º Secretário – Reinaldo de Oliveira; Tesoureiro – Osvaldo Santos Melo. Para o Conselho Fiscal foram eleitos, como efetivos, Valter da Rosa Borges, Ivo Cyro Caruso e Geraldo Fonseca Lima, e, como suplentes, Célio Spinelli, Lamartine de Holanda Júnior e João Beltrão Neto.

 

A Câmara Municipal do Recife aprovou o Requerimento no 263, de 25.03.86, do Vereador Mauro Ferreira Lima, consignando voto de congratulações pelos relevantes serviços prestados pelo IPPP, no campo da investigação científica dos fenômenos paranormais, ao Estado de Pernambuco.

E a Assembleia Legislativa de Pernambuco aprovou o Requerimento no 2.909, de 11.04.86 do Deputado Ribeiro Godoy e o Requerimento no 2.960, do Deputado Hugo Martins, consignando votos de congratulações pelos relevantes serviços prestados ao Estado pelo IPPP.

Recebo o Título de Habilitação em Parapsicologia, em 29 de março de 1986, concedido pela Federação Brasileira de Parapsicologia e pela Associação Brasileira de Parapsicologia.

Morte do meu irmão Fernando da Rosa Borges em 1º de maio.

 

Viagem, a passeio, a Manaus, Amazonas.

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