1988

DIÁRIO DE PERNAMBUCO

3 de janeiro de 1988

 

PESQUISADOR LANÇA PROPOSTA AOS QUE SE DIZEM ADIVINHOS

 

As inúmeras previ­sões feitas para este novo ano por babalorixás, car­tomantes e adivinhos de outras espécies, são ques­tionadas pela parapsico­logia, ciência surgida em 1953, que estuda fenôme­nos relacionados ao co­nhecimento prévio do futuro e paranormalidade. No Recife, o pesquisador Valter Rosa Borges, do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, lança uma proposta aos adivinhadores profis­sionais ou amadores.

Até o dia 15 deste mês envelopes lacrados, registrados em cartório e protocolados deverão ser entregues na sede do Ins­tituto – Rua da Concór­dia, 372, salas 46 e 47 – contendo previsões para o ano em curso, nos cam­pos do esporte, economia, invenções e descobertas científicas, entre outros temas.

– ‘‘A título de suges­tão – explica Rosa Borges – elaboramos sete per­guntas cujo nível de espe­cificidade, de acordo com os acertos alcançados, poderá determinar a vali­dade das previsões. “A data para abertura do envelope seria o dia 31 de dezembro deste ano, a menos que, por autorização expressa do autor das previsões, haja necessidade de violá-la antes do final do prazo”.

 

1) Quem será o ven­cedor da fórmula 1?

2) Qual o time que vencerá a Copa Brasil de fute­bol?

3) A que países pertencerão os detentores do prêmio Nobel da Paz, de Física, Química, Me­dicina e Literatura?

4) Terremotos: especificar local, dia, hora, número de vítimas e intensidade na escala Richter
5) De­terminar o índice anual da inflação brasileira de 88

6) Qual o número de ministros da Fazenda que passarão pelo gabi­nete e quais seus nomes?
7) Quais serão os princi­pais acontecimentos, in­venções e descobertas no campo científico?

São as questões que consti­tuem o desafio.

 

“BUZIÓLOGOS”

 

Prever o futuro – ou um acontecimento iso­lado que ainda irá acon­tecer é o fenômeno parapsicológico da precognição; diferente da previ­são porque não envolve uma escala lógica ou sequência de fatos que constituam o raciocínio capaz de supor – com base em fatos interliga­dos – o que certamente deverá acontecer. Dessa forma, os pesquisadores do Instituto diferenciam as previsões do que Rosa Borges chama, generica­mente, de “buziólogos”.

São considerados “buziólogos” aqueles profissionais ou amado­res que se utilizam de re­cursos como bola de cris­tal, cartas, borra de café ou mancias, em geral, para fazer previsões de fim de ano, com relação ao ano seguinte. Apesar de algumas dessas previ­sões se confirmarem, na maioria dos casos não há confirmação de sua vali­dade. Além da desvanta­gem de muitos charlatães aproveitarem para inva­dir o mercado.

O aparato mate­rial, como os próprios bú­zios ou a bola de cristal utilizada, pode real­mente estimular o in­consciente a uma precognição. Entretanto, de maneira geral, a coisa é muito sem consistência e nenhum desses métodos pode-se dizer seguro. Sobretudo, porque esse fenômeno comprovado pela parapsicologia, que é a precognição, manifesta-se em pou­quíssimas pessoas e não é frequente – alerta Rosa Borges.

 

OBS – Nenhum adivinho aceitou o desafio.

 

No VI Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, realizado no dia 8 de outubro, no auditório do Banco do Brasil, participei de duas mesas redondas: Parapsicologia – Ciência e Profissão com Ivo Cyro Caruso e Ronaldo Dantas Lins Filgueira, e Poltergeist, com Ivo Cyro Caruso. E também fiz uma palestra sobre a Projeção da Consciência, mais conhecido por experiência fora do corpo (EFC).

 

Fui professor do primeiro Curso de Pós-Graduação em Parapsicologia, ministrado pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – I.P.P.P. –

 

Palestra sobre Parapsicologia no II Curso de Atualização da Mulher, promovido pelo Clube Português do Recife, de 2 a 31 de março.

Conferência para delegados de polícia, médicos e peritos da Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco, no auditório da CELPE, no dia 25 de maio, abordando as aplicações práticas da paranormalidade nas investigações policiais. No dia seguinte, fui entrevistado pelo Jornal do Commercio sobre a conferência.

 

Participante, com Ivo Caruso, de um painel sobre técnicas de pesquisa em Parapsicologia, no dia 1º de agosto, no I Curso de Aperfeiçoamento Técnico Policial, promovido pela Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco.

 

Palestra sobre Parapsicologia, realizada no Rotary Club Recife-Brum, em 30 de agosto.

 

 

JORNAL DO COMMÉRCIO

28 de fevereiro de 1988

 

PARAPSICOLOGIA OU ESPIRITISMO?

 

Elizabeth Porto

 

A maioria dos brasileiros, por ignorância, continua confundindo a Parapsicologia com o Espiritismo, mesmo existindo muito diferença entre ciência e fé religiosa. “O fato vem prejudicando o nosso trabalho de investigação nos fenômenos paranormais”, observou o professor, parapsicólogo e presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP – Valter da Rosa Borges, responsável pelo curso de   Pós-Graduação, lato sensu, em Parapsicologia – primeiro no Nordeste – a ser realizado no próximo mês.

Pesquisador há 34 anos no campo da Parapsicologia, o professor e também procurador de Justiça, Valter da Rosa Borges explica que não é fácil estudar os fenômenos paranormais da mente humana porque a fé religiosa do povo no Brasil só aceita os conceitos dos centros espíritas. Enquanto o Espiritismo interpreta os fenômenos como produzidos por Espíritos através do inconsciente do médium, a Parapsicologia encara estes fenômenos causados unicamente pelo psiquismo inconsciente da pessoa humana, isto é, o indivíduo vivo. A paranormalidade tem como causa o próprio homem, agente psíquico e deflagrador desses fenômenos, esclarece Rosa Borges.

A Parapsicologia tem como objeto de estudo os fenômenos extraordinários incomuns da mente humana. Apesar de interligada com a Psicologia que estuda os desequilíbrios emocionais, ninguém é obrigado a ser psicólogo para exercer a função de parapsicólogo.

 

Telepatia

 

No entender de Rosa Borges, a mente humana é capaz de tomar conhecimento do que se passa no universo através da telepatia – outro tema discutido e analisado pela Parapsicologia -, da clarividência. “É possível uma pessoa saber um fato que vai acontecer no futuro e manipular alguém à distância telepaticamente. “A mente tem ação extra fora do seu organismo. Antes pensávamos o contrário, afirma o professor, garantindo que uma ação mental pode alterar a estrutura molecular afetando o equilíbrio de corpos de organismos vivos.

A telepatia apresenta uma curiosidade interessante: De todos os fenômenos de psigama é a que melhor se presta para uma abordagem experimental. “É muito difícil não se encontrar alguém que, ao menos uma vez na vida, não tenha passado por uma experiência telepática, aposta Rosa Borges, esclarecendo que numa pesquisa realizada pelo IPPP nas Universidades Federal e Católica de Pernambuco foram constatadas altíssimas incidências de telepatia numa faixa etária entre 18 e 30 anos. Adverte o professor, porém, que a pessoa pode manipular alguém até certo ponto através da telepatia. Temos uma imunologia tanto a nível orgânico que nos defende da manipulação telepática, acredita o pesquisador.

 

Fenômenos Paranormais

 

O processo de descoberta dos fenômenos paranormais é realizado pelos parapsicólogos através do relato de quem está vivendo a experiência. Quando descobrimos que uma pessoa é paranormal, iniciamos um trabalho de aconselhamento e orientação. Se há continuidade do fenômeno, a pessoa passa a ser considerada um talento parapsicológico, explica Rosa Borges, argumentando que neste caso o paranormal é treinado para identificar e familiarizar-se com essa faculdade, podendo ser útil à humanidade.

 

Investigação Bloqueada

 

No Recife, segundo Rosa Borges, existe dificuldade de pesquisa científica nos fenômenos paranormais porque há muita desinformação no povo. Quando alguém está passando por alguma experiência, geralmente, é conduzida para os centros espíritas e terreiros de umbanda, onde é doutrinada e passa a integrar a equipe de médiuns, avalia o pesquisador, ressaltando que os centros espíritas não se interessam por investigações desse porte. Por sua vez, a Parapsicologia também não pode pesquisar nos centros. “Os espíritas não permitem e não gostam do nosso trabalho. Trata-se de uma questão de fé religiosa, sentencia Rosa Borges.

 

Indiferença das Dificuldades

 

Para Rosa Borges, existe no Brasil muita dificuldade na pesquisa porque as próprias Universidades são indiferentes, por desinformação, de introduzirem a Parapsicologia como disciplina nos seus cursos. Por isto se confunde tanto Parapsicologia com espiritismo, critica Borges, confessando que ele mesmo começou seu interesse pela ciência quando frequentava centros espíritas na sua juventude. É bom salientar que existe muitos parapsicólogos de formação espírita e ainda condicionados às suas convicções religiosas. O mal não é ser espírita, budista ou protestante, mas não se misture ciência com crença religiosa. Infelizmente no Brasil, sempre acontece o contrário, alerta Rosa Borges.

 

Benefícios à Humanidade

 

Esclareceu Valter da Rosa Borges que toda ciência tem benefícios e perigo. Tudo depende da sua aplicação. “Acho ingênuo alguns parapsicólogos afirmarem que estamos desenvolvendo dez ou trinta porcento da capacidade da mente humana. Isto é uma inverdade. Estamos no começo das investigações. A Parapsicologia tem apenas 35 anos de nascimento oficial e toda a descoberta depende das circunstâncias da pesquisa científica de cada país, esclarece o professor, afirmando que nos Estados Unidos e na União Soviética a Parapsicologia tem destaque no campo médico. “A Parapsicologia é tão perigosa quanto a energia nuclear. Precisa apenas ser bem utilizada”.

 

Nascimento

 

A Parapsicologia nasceu oficialmente em 1953, por ocasião do I Congresso Internacional de Parapsicologia, realizado em Utrecht, na Holanda. Neste mesmo, foi criada na Universidade de Utrecht, a primeira cadeira de Parapsicologia. Em 1969 é reconhecida como ciência, com filiação da Parapsychological Assocciation a Ameican Association for Advancement of Science.

Existem na Europa, Estados Unidos e União Soviética cadeiras de Parapsicologia em Universidades. No Brasil, apenas a Faculdade de Ciências Bio-Psíquicas do Paraná oferece o curso de Pós-Graduação. Pernambuco será o primeiro Estado do Nordeste e segundo do país a oferecer o curso de Pós-Graduação, lato sensu, em Parapsicologia sob responsabilidade do IPPP.

 

Cursos

 

Disse Rosa Borges que o curso de Pós-Graduação é mais uma iniciativa pioneira do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas. “É gratificante mais uma realização do IPPP porque não foi fácil torna-lo realidade. Batalhamos 15 anos para fundar o IPPP, exalta o presidente entusiasmado. Outra novidade do Instituto é a aprovação do primeiro Conselho Regional de Parapsicologia pela Delegacia do Trabalho que regularizou a profissão em Pernambuco. “Somos também responsáveis pelo primeiro curso especial de Parapsicologia à Polícia Civil no Brasil, em convênio com a Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco. Policiais paranormais podem ajudar a desvendar crimes misteriosos, e desaparecimento de pessoas, esclarece Rosa Borges destacando a atuação da Parapsicologia na Polícia da Holanda, com 70% de acertos nas investigações criminais mais difíceis.

 

 

 

JORNAL DO COMMÉRCIO

26 de maio de 1988

 

PARAPSICOLOGIA AJUDA A ELUCIDAÇÃO DE CRIMES

 

Aluízio Arruda

 

Observar fotografias e até mesmo recompor restos mortais através de um processo de concentração, com o objetivo de identificar as vítimas de homicídios de autoria desconhecida, ajudam o paranormal na elucidação desses crimes. A afirmação é do promotor, professor e parapsicólogo, Valter da Rosa Borges, que ontem no auditório da CELPE, falou para os 122 delegados, médicos e peritos da Secretaria de Segurança Pública, reunidos em curso se aperfeiçoamento que vem sendo realizado desde o mês passado, visando enriquecer os conhecimentos daqueles profissionais e, consequentemente, trazer maiores benefícios à sociedade.

Durante a conferência que contou, ainda, com a presença do diretor da Academia de Polícia da SSP, Geraldo de Farias, o parapsicólogo Valter da Rosa Borges abordou diversos aspectos relacionados com a indagação do dia: Como a Parapsicologia pode auxiliar a Polícia no processo de investigação?

Na opinião do parapsicólogo, o paranormal poderia ser utilizado para uma investigação alternativa, de caráter meramente subsidiário, com a finalidade de auxiliar na descoberta de crimes misteriosos e do paradeiro de pessoas desaparecidas.

Durante a palestra ele sugeriu que os dirigentes da Secretaria de Segurança Pública procurassem treinar policiais – os que possuem aptidões paranormais – para serem utilizados durante investigações difíceis, no intuito de obterem, dessa forma, outas pistas para a elucidação do crime.

A elucidação de crimes, Rosa Borges acredita que nem sempre poderá acontecer, mas garante que a medida com certeza, ajudará e até mesmo encaminhará para novas pistas em que o policial poderá se basear, chegando finalmente aos verdadeiros culpados. Segundo ele, caso os paranormais conseguissem desvendar todos os crimes considerados de autoria desconhecida – fato que não pode acontecer, em virtude de cada paranormal ser dotado de limitações, – com certeza a criminalidade tenderia a diminuir.

O curso de aperfeiçoamento técnico e policial, coordenado pelo diretor da Academia da Polícia Civil, Geraldo de Farias e pela assessora de ensino, Olga Câmara, começou desde o dia 15 de abril, devendo finalizar no mês de junho. A cada dia é abordado um novo tema, objetivando aperfeiçoar aqueles profissionais. O curso consiste em conferências, aulas práticas com professores de Direito Criminal, além de visitas às empresas e instituições. Depois de alguns assuntos abordados, entre eles a problemática do menor abandonado, o presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, Valter da Rosa Borges, foi convidado a explicar de que maneira de que maneira a Parapsicologia poderia ajudar o policial em uma investigação, Rosa Borges, indagado por alguns participantes do curso sobre pesadelos, mal assombros e até mesmo a respeito da paranormalidade e mediunidade de Chico Xavier, terminou afastando-se do tema principal.

 

JORNAL BANDEPE

Maio, 1988 – Nº 83

JÁ NÃO SE FAZ ASSOMBRAÇÕES COMO ANTIGAMENTE

Texto de Gilson Oliveira

Quem tem medo de lobisomem ou papafigo?

 

Pelo menos nas cidades grandes, é bem provável que ninguém. Nem as crianças, cujos sustos e arrepios estão sintonizados, com exclusividade, nos monstros televisivos. Na verdade, pouco apavorantes, pois todo pirralho que se preza sabe a senha dos superpoderes: “Eu tenho a força!” Muitos meninos sequer ouviram falar naqueles seres de outro mundo – e tempo -, que se aproveitavam das sombras para sugar sangue no pescoço de moça bonita ou comer o fígado de criancinha rosada.

Os adultos, por sua vez, estão mais ligados nas assombrações do dia-a-dia, como a inflação, os assaltos e o fantasma de uma guerra nuclear. O próprio crescimento urbano se encarregou de espantar para lugares que talvez lhes parecessem mais sossegados (o mundo mal-assombrado de. onde saíram) os entes fantásticos que durante séculos fizeram do Recife uma das cidades mais ricas em histórias sobrenaturais em todo o mundo. Afinal, qual a mula-sem-cabeça que teria a ousadia de enfrentar o trânsito da avenida Conde da Boa Vista? Eram seres “sem-cabeça”, mas não tanto assim…

Embora não viva assom­brado por lobisomens, papafigos e outras figuras de­moníacas, o homem de hoje não deixou de sentir-se encantado por histórias relacionadas com esses seres. E não apenas com eles, se interessando cada vez mais – como que tomado por crescente e dialética ten­dência mística – por tudo que cheire a sobrenatural, como cartomancia, espiritismo e as­trologia. Até um dos símbolos do pragmatismo norte-americano, Ronald Reagan, não toma qualquer decisão importante sem antes fazer uma fezinha junto aos astrólogos, como de­monstrou o noticiário recente. Os europeus não ficam atrás, e Paris foi considerada, em estu­do realizado anos atrás, uma cidade onde o interesse pelo sobrenatural é uma coisa sobrenormal. A explicação dos sociólogos é o enjoo que as pessoas estão sentindo pelo racionalismo e a lógica que co­mandam as sociedades moder­nas.

Não faz muito tempo, o diabo esteve na moda, retirado das profundas do esquecimento pelo filme O Exorcista (há pou­cos dias reapresentado no Re­cife), baseado no romance ho­mônimo de William Peter Blatty. Para assisti-lo, as pessoas en­frentaram filas infernais, de tão longas, ou se submeteram à exploração dos cambistas, que, seja quem for o artista principal, sempre cobram um preço dos diabos. Mas valia a pena o sa­crifício: na saída do cinema, rostos de assustada alegria, as pessoas pareciam dizer umas às outras: “Quer apostar que minhas pernas tremeram mais que as suas?”

Por falar em perna, a car­reira do Exorcista no Recife não foi tão soberana como em ou­tros lugares. O seu reino foi di­vidido com um original e curioso personagem, criada pela imagi­nação e senso de humor per­nambucanos: a Perna Cabelu­da. Como o próprio nome indica’, a sobrenatural aparição era constituída, simplesmente, por um membro inferior, cheio de cabelos. Talvez a parte do cor­po perdida pelo Saci Pererê em remotas eras, a perna andou, em meados da década de 70, pelos jornais, rádios, televisões, literatura de cordel, bate-papos e medo de muita gente.

 

“POLTERGEIST“

 

Há pouco mais de dois anos, um fato assombroso – desta vez nem um pouco fictício – mexeu com os nervos do Re­cife. Conhecido como o “Caso do edifício Paris”, por ocorrer num prédio homônimo da Avenida Cruz Cabugá, quase no centro da cidade, o episódio chamou a atenção não apenas da população, mas da polícia, padres, pastores protestantes, espíritas, parapsicólogos e pais-de-santo. A solução do proble­ma – um invisível demônio que jogava pro ar e nas paredes tu­do que estivessem dentro do apartamento – foi atribuída a um representante da Parapsicolo­gia, Valter da Rosa Borges, presidente do Instituto Pernam­bucano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP), das mais res­peitadas entidades brasileiras do gênero.

Assinala Rosa Borges, calejado e bem-sucedido caça­dor de fantasmas recifenses, que a assombração do edifício Paris era do tipo que o cinema erroneamente consagrou como Poltergeist, cuja tradução é “fantasma batedor”. O equívoco do termo, segundo o parapsicólogo, reside no fato de que as forças desencadeadas em tais situações nada têm a ver com alma do outro mundo, e sim deste que, em maior ou menor grau, todos conhecem.

O agente do terror no “parisiense” prédio da Cruz Cabu­gá, era, de acordo com o presi­dente do IPPP, uma adoles­cente de 12 anos, que estava atravessando a fronteira bioló­gica do estado de menina para o de moça. Como a mudança não se processava normal­mente – a menstruação estava atrasando e isto provocava for­tes tensões emocionais -, a adolescente extravasava as energias acumuladas na forma que os parapsicólogos denomi­nam Psicocinesia Espontânea Recorrente.

Provocadora do fenôme­no de projeção violenta de ob­jetos ou complicações outras, a Psicocinesia (ação extracorpórea conduzida pela mente) Espontânea (por se dar inde­pendentemente da vontade do agente) Recorrente (se repete) pode ser curada, nos casos simples, através de exercícios físicos. Foi a receita passada para a mocinha do Caso Paris. Outros adolescentes, protago­nistas de episódios que deram bem mais dores de cabeça (e também noutras partes do cor­po), andaram praticando mais exercícios que atletas em pre­paração para as Olimpíadas de Seul. É o caso de crianças muito reprimidas pelos pais. Al­guns chegam a tocar fogo na casa, sendo os genitores os principais alvos de suas in­conscientes incendiárias ações.

– É claro – salienta Rosa Borges – que não bastam per­turbações ou atitudes repressi­vas dos pais para que ocorra o fenômeno. Se assim fosse, a todo instante estaria aconte­cendo casos de psicocinesia. É necessária a soma de vários fatores ainda não totalmente identificados pela Ciência.

Cena do filme O Exorcista, que reabriu a onda de filmes, livros e outras publicações de terror. O tema está sendo explorado com episódios novos e republicação de livros antigos. Recife, Olinda e numerosas cidades nordestinas são ricas de histórias fantásticas.

A Parapsicologia explica

 

Analisados à luz da Pa­rapsicologia, muitos fenômenos tidos como sobrenaturais adqui­rem feições naturais, dese­nhando-se um rosto humano – embora de características pou­co comuns – na moldura do fantástico. Como no caso em que pessoas, na hora da morte, aparecem a outras localizadas em pontos geograficamente distantes. Na concepção de Rosa Borges, o que acontece é uma “alucinação telepática”. Isto é, um relacionamento psí­quico tão intenso (principal­mente entre pessoas que se gostam muito) que chega a ge­rar imagens e dar sensações fí­sicas.

Da mesma forma, lugares considerados mal-assombrados são, sob o enfoque dos para­psicólogos, apenas depositários de determinados tipos de ener­gia mental. Palco, na maioria das vezes, de crimes, neles fi­cam gravadas as energias des­pendidas pelas vítimas nos momentos de agonia. Para que essas forças sejam ativadas, evocando as imagens das ce­nas que as geraram – e provo­cando, assim, assombrações – basta que pessoas sensíveis ao fenômeno da gravação energé­tica no espaço, geralmente portadores de faculdades paranormais, tenham contato com o ambiente.

Fundamentando suas teo­rias em testes científicos, como os realizados na área da Psicofotografia – em que a mente humana tem se mostrado capaz de gravar imagens em películas fotográficas -, Rosa Borges sa­lienta, no entanto, que suas ex­plicações estão sujeitas a revi­sões, “pois toda hipótese cientí­fica é necessariamente provisó­ria”.

Valter Rosa Borges

Tratando as aparições sem preocupação científica, e sim da forma como eram vistas antigamente pelas pessoas, o sociólogo Gilberto Freyre es­creveu Assombrações do Recife Velho, onde desfila uma seleção de maus espíritos e episódios que, muitos anos atrás, abalaram o sistema ner­voso da capital pernambucana, dando a entender que no Impé­rio, muito mais que o imperador, imperaram em terras recifenses seres pra lá de satânicos.

Lançado em 1951 e atualmente na terceira edição, o livro fez muitos intelectuais olharem para Gilberto Freyre com cara de bicho-papão ou outro tipo de assombração, insatisfeitos com o passeio do mestre de Apipucos pelas ruas simples, sombrias e tortuosas da tradição popular voltada para sobrenatural. Antevendo os ur­ros de lobisomem letrado dos eruditos ortodoxos, Freyre co­locou na introdução da obra ob­servações que não apenas a justificam intelectualmente, mas explicam seu espírito: “Os mis­térios que se prendem à história do Recife são muitos: sem eles o passado recifense tomaria o frio aspecto de uma história natural. E pobre da cidade ou do homem cuja história seja só história natural”.

Assombrado por seres de toda natureza – árvores, bi­chos, luzes estranhas, sobra­dos, carros e até ruas inteiras – o livro apresenta figuras como o Boca-de-Ouro, misto de diabo e gente, que, apesar de ter pro­vocado carreiras também no Sul do país, é recifense de “nascimento”. Sua primeira apa­rição se deu no início deste sé­culo, perante um boêmio que, na verdade, estava atrás de mulher. À procura de alguém do outro mundo, mas no bom sen­tido. Abordado, de repente, por um estranho de chapéu panamá encobrindo parte do rosto, o ra­paz não se fez de rogado em atender ao pedido de fogo para acender o cigarro. Só que, ain­da mais de repente, a estranha figura encheu o ar da madruga­da com horripilante gargalhada e mostrou um rosto podre de defunto, meio comido pelos vermes. Da boca cheia de dentes de ouro, saía insuportá­vel cheiro de carniça. “Correu o infeliz aprendiz de boêmio com toda força de suas pernas azeitadas pelo suor do medo”, mas depois de longa persegui­ção com gargalhadas de demô­nio zombeteiro, “caiu zonzo, desmaiado na calçada”.

Foi socorrido, ao amanhecer, pelo preto do leite, “o primeiro a ouvir a história: e, falador como ninguém, o primeiro a espalhá-la”.

Mas a maioria das histó­rias de Assombrações do Re­cife Velho se passou em mea­dos do século XIX. Só de lobi­somem existem duas. Uma contada a Gilberto Freyre pela própria vítima do bicho, uma ne­gra velha chamada Josefina Minha-Fé, que, pela beleza, fora na mocidade conhecida como “Josefina Meu Amor” e até “Meus Pecados”. O “Minha-Fé” surgiu depois que ela escapou do lobisomem do Poço da Pa­nela, “um não-sei-quê alvacento ou amarelento, levantando areia e espadanando terra; um não-sei-quê horrível; alguma coisa de que não se pôde ver a forma; nem se tinha olhos de gente ou de bicho. Só viu que era uma mancha amarelenta; que fedia; que começava a se agarrar como um grude nojento ao seu corpo. Mas um grude com den­tes duros e pontudos de lobo. Um lobo com a gula de comer viva e nua a meninota inteira depois de estraçalhar-lhe o vestido”.

O segundo lobisomem, morador do bairro de Beberibe, era bebedor de sangue. Segun­do o livro, o bicho (que na inti­midade era um velhote extre­mamente branco, tão pálido que o apelidaram “barata descasca­da”) se curou bebendo leite de uma jovem mulata. Não no copo ou na garrafa, mas diretamente na fonte: os seios. Um caso as­sombroso até para o Recife no­vo…

 

PARAPSICOLOGIA

 

Quando há 32 anos Valter da Rosa Borges presenciou um suposto fenômeno paranormal, denominado psicocinesia e que identifica o movimento de objetos por força de energia mental, estava determinado o surgimento de um dos mais conceituados parapsicólogos do Brasil

Mesmo tendo, posteriormente, obtido a gradua­ção como advogado e, atualmente, exercendo as fun­ções de Promotor de Justiça e professor de Direito Civil na Universidade Católica de Pernambuco, Val­ter da Rosa Borges nunca abandonou o estudo da parapsicologia e luta para que esta ciência seja re­conhecida em Pernambuco e seja elevada a nível acadêmico. Para isso, ele desenvolve um amplo traba­lho de conscientização e informação sobre o assunto, que inclui debates, palestras, seminários e demais atividades promovidas pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, sediado à rua da Con­córdia, 372, salas 46/47, do qual é o atual presidente.

 

No dia 19 de agosto, no auditório do Edifício do Memorial de Medicina, na praça Amaury de Medeiros, bairro do Derby, a Academia prestou homenagem à Universidade Federal de Pernambuco, na pessoa do seu Reitor Mozart Neves. Em nome da Academia, fiz a saudação ao reitor que, em seguida, discursou em agradecimento.

DIÁRIO DE PERNAMBUCO

Recife, domingo, 22 de maio de 1988

Paranormal quer explicação para seu poder

Manoel Barbosa

Parapsicólogos pernambucanos estão estudando cuidadosamente, e com certa perplexidade, os estranhos dons e a curiosa personalidade da paranormal Maria José Araújo de França, de 39 anos. Ela tem impressionado tam­bém círculos de estudiosos do oculto, e um grupo Rosacruz, composto por senhoras da sociedade, decidiu encaminhá-la para os mais acreditados especialistas do setor porque, embora com nível de conhecimentos elementar – nasceu em Palma­res e tem apenas o curso primário – revela um grau muito acima do normal no acerto de previsões sobretudo em quiromancia – a leitura das linhas das mãos.

Miúda de corpo, franzina, mas inacreditavelmente energética, Maria José ou tem muita sorte ou possui realmente fantásticos dons premonitórios: chegou ao ponto de acertar previsões sobre o destino do próprio Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, uma das mais sérias instituições de Pesquisas parapsicológicas do Brasil, presidida por Valter Rosa Borges e onde está sob ob­servação. Na sua primeira visita previu que a institui­ção iria receber notícias auspiciosas e, de fato – .”por coincidência”, como diz Valter Rosa Borges, – isso aconteceu logo a se­guir.

O que diferencia Maria José Araújo de França de outras pessoas que dizem possuir poderes paranormais é a ânsia de obter explicações. Ela quer ser pes­quisada, desafia os parap­sicólogos, deseja submeter-se a todo tipo de testes, não recusa nenhum desafio, seja de quem for, tem, realmente, uma audácia desarmante. Afirma que­rer continuar sendo pes­quisada no Instituto, quer o testemunho da Imprensa em todos os testes, não es­colhe condições nem impõe limites.

“Eu quero saber o que eu tenho. Não suporto mais ver as pessoas sentido coisas quando eu chego, nem elevadores parando e carro dando defeito. Quero saber tudo e estou disposta a qualquer teste ou prova a qualquer hora. Não aguento é mais conviver com essa força, essa energia, sem saber o que é, pois não sou espírita, sou ca­tólica, mas, isso é alguma coisa de estranho, e só há pouco vim a saber, numa palestra com médicos de Olinda, que se chama paranormalidade”, desabafa Maria José.

A ENERGIA

Maria José Araújo de França, atualmente, reside na Cidade Tabajara, loca­lidade que, por ora, não sabe se pertence a Olinda ou Paulista. Separada do marido, – “casei com 19 anos e não sabia muito das coisas da vida” -, tem qua­dro filhos. Sua casa é humilde. A maior parte do tempo, costura. Mas, sem­pre é interrompida por um número cada vez maior de pessoas que a visitam. Em geral, senhoras e jovens da sociedade que têm conhe­cimento de sua existência através dos círculos onde ela é pesquisada e têm in­formações sobre os seus dons fornecidas por pes­soas qualificadas. Não se importa de comparecer a reuniões de pesquisadores e de grupos de estudiosos onde se submete a testes, revela sua história e “lê mãos”.

Foi através de um grupo desses – Rosacruz -, que o DP manteve contato com a paranormal. Uma ‘senhora fez questão de re­lacionar apenas os contatos já mantidos por ela e, depois, afastou-se, para »que o repórter pudesse tirar as conclusões, realizando os testes que quisesse, onde quisesse e com quem quisesse.

Era isso o que Maria José pretendia.

No primeiro contato, não impressiona. Sua apa­rência é de uma mulher so­frida do Nordeste. Baixa, morena, trajada discreta­mente, mas com aquele quê de coqueteria que nem uma vida difícil anula: lábios pintados, brincos, uma discreta tentativa de compor a aparência o me­lhor possível. Quando ins­tada a falar, seu rosto se transforma. Responde ele­tricamente, com fran­queza, sem hesitar, seja o que for.

Seus enfoques reve­lam um mundo limitado de informações e, por­tanto, repleto de crendices ingênuas. Coisa que ela não compreende. Por isso mesmo sua história é es­tranha. A princípio, in­verossímil: diz que até os 11 anos de idade, lá em Palmares, na rua Nova, onde o pai era motorista de caminhão, sua vida era normal.

“Então, um dia vi um disco voador. Ele estava perto do rio. E entrou na água. Senti, naquele mo­mento, que ninguém devia entrar nela porque estava irradiada. E segurei meus irmãos e as outras crian­ças”, conta ela, sem pis­car, energética.

Como, então, com 11 anos, e em Palmares, 28 anos atrás, usou o termo “irradiado”?
“Não sei como. Mas eu sabia, eu sentia que aquela água estava assim.
E desde aquele dia, conta, passou a “sentir” as coisas com facilidade. A sentir-ver o passado, o pre­sente e o futuro nas mãos das pessoas.

“E é isso que eu quero que façam: procurem aquelas crianças da rua Nova, em Palmares, a vizi­nhança daquela época. Eu lia a mão de todos e dizia tudo. E acontecia”.
Quando veio para o Recife, esse “sentir’ foi as­sumindo novas formas.

“Muita coisa estra­nha passou a acontecer”, lembra ela”, e fiquei as­sustada. Passei a perceber coisas que ninguém via. Quer saber? Muitas. Olhe – e minha filha Fernanda está aí para testemunhar – o caso de Piedade: fui com ela e mais duas moças a um edifício. Quando íamos entrar no elevador, senti que não devíamos. Fiz tudo para que não entras­sem. Eles riram. Disse que não era brincadeira. Ten­tei segurá-las, que deixás­semos para outra hora. Mas não houve jeito. Re­sultado: no 12ç andar, o elevador parou. De vez. Havia energia, mas ele não abria a porta, nada funcio­nava. Gritamos, houve pâ­nico, os moradores do pré­dio fizeram tudo para nos ajudar. Nada. Só depois de muita concentração de mi­nha parte é que saímos, uma meia hora depois”.

Quando ela conta coi­sas desse tipo, seus olhos castanhos faíscam. E emenda com uma per­gunta sinceramente angus­tiada:

“Posso viver dessa maneira? Posso viver sem saber que tipo de coisa é essa”?
Ela conta – invocando testemunho das senhoras que a procuram – casos de automóveis que apresen­tam problemas na sua pre­sença. Não são todos, nem é com frequência. Mas, diz, há coisas como o carro de uma senhora de Boa Viagem cujo marcador de gasolina passou a indicar abastecimento completo, – com o tanque vazio.

Ela diz sentir-se as­sustada, confusa e incomo­dada com essas ocorrên­cias. Sua filha Fernanda, de 10 anos, parece aceitar tudo com naturalidade. E os filhos menores procuram tirar proveito – na escola. Acreditando que a mãe tem, de fato, toda energia benfazeja, eles subtraem seus retratos e vão com eles para a escola nos dias de prova. Talvez, com o estímulo, passam sempre. Algumas pessoas que vão à casa de Maria José também mantêm essa fé.

CORAGEM

Diante dos repórteres ela mantém o apelo para a intermediação junto a ins­titutos de pesquisa. Valter Rosa Borges vai continuar realizando observações so­bre ela, depois, tirar as conclusões.

Maria José é uma das raras paranormais sem mistério. Ao repórter, ela propôs:
– Faça, agora, o teste que quiser comigo.

Não é fácil, ao contrário do que se possa ima­ginar, aferir-se as condi­ções de um paranormal, assim, de chofre. Pergun­tamos amenidades. Ela res­ponde. Sem hesitar. Pedimos que ela lesse a mão do fotógrafo Francisco Silva,- um quarentão robusto. Rapidamente, ela disse:

– E… ele tem… seis, sete, oito, nove… dez filhos. Quantos!

Chico espantou-se porque nunca tinha visto a paranormal e ela jamais poderia saber nada sobre a sua vida. Mas ela completou com uma descrição pormenorizada de sua per­sonalidade, do seu modo de ser. E, à medida que fala, vai se entusiasmando, as palavras fluem de sua boca livremente, sem afe­tação, no linguajar normal, e os olhos brilham como se, de fato, estivesse vendo algo.

– E eu sinto mesmo, explica.

Quer saber o porquê.

E essa é a dificuldade que Valter Rosa Borges, acha que vai ter: encontrar- uma maneira adequada de explicar a Maria José, den­tro do seu universo de en­tendimento, todo o complexo de forças que podem; estar atuando nela. A facilidade inicial é que ela des­carta a influência espiritual, pois acredita que é um tipo de energia. E, nisso, sua intuição aproxima-se da parapsico­logia. Mesmo assim, os fe­nômenos paranormais, do ponto de vista científico, não são fáceis de explicar para quem tem um universo cultural restrito. Mas, a disposição dela, segundo Valter Rosa Borges, pode facilitar as coisas.

Dias depois dessa entrevista, “Mazé” compareceu ao IPPP com o propósito de ser investigada, mas a sua indisciplina, durante todos os testes, prejudicou uma avaliação correta de seu talento parapsicológico. Apesar disso, em algumas ocasiões, ela apresentou alguns fenômenos de telepatia.

 

JORNAL DO COMMERCIO
Recife — Sexta-Feira, 3 de Junho de 1988

Paranormal do Estado é cadastrado

Médiuns, videntes, telepatas, curandeiros ou qualquer pessoa que apresente talentos psíquicos pode­rão a partir de hoje, se inscrever para o cadastramento de paranormais, que está sendo promovido pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas.

O número crescente de pessoas interessadas em assuntos parapsicológicos levou o IPPP a cadastrar esses paranormais, os quais submetidos a uma bateria de testes, aplicada por sete pesquisadores, além de 23 estudiosos que com­põem a equipe do IPPP.

Após a investigação, o Instituto vai poder apresentar ao público quem é paranormal e como um cliente poderá utilizar os seus serviços sem entrar em conflito com as crenças religiosas de cada pes­soa. Segundo o presidente do Conselho Regional de Parapsicologia. Walter da Rosa Borges, o cadastramento e investigação da paranor­malidade vai impedir que a população seja enganada por pessoas com dotes parapsicológicos discutíveis.

Na opinião da Rosa Borges, mesmo as pessoas consideradas normais, podem eventualmente ex­perimentar algum fenômeno íncomum. Isso não quer dizer que essa pessoa esteja capacitada para fazer atendimento em massa. Para Rosa Borges, o paranormal é aquele capaz de captar informações do inconsciente de um cliente e estabelecer afinidade com um grande número de pessoas. Atualmente o IPPP está estudando a paranormalidade de um pai de santo, um espírita e um católico.

“Nós não vamos levar em con­sideração o aspecto moral do pa­ranormal. Como ele utiliza o dote, se cobra ou não pela consulta fica por conta dele”, esclareceu Rosa Borges. Ele lembrou, ainda, que o IPPP não vai indicar todos os casos para o paranormal. Se­gundo ele a maioria das pessoas apresentam problemas de fronteiras que elas geralmente não sabem se devem ser tratadas por psicólogos, psiquiatras ou paranormais.

Os interessados no credenciamento deverão procurar o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, na Rua da Concórdia. 372 todas as terças, quintas e sába­dos das 9 às 12h. O IPPP está pro­movendo o 1º Curso de pós-graduação lato sensu em Parapsicolo­gia do Norte e Nordeste com ori­entação da delegacia do MEC.

Todos os casos de assombra­ções, fantasmas e coisas semelhan­tes registradas nas delegacias de Polícia do Estado deverão ser in­vestigados pelos especialistas do IPPP, conforme acordo firmado entre a Secretaria de Segurança Pública/PE e o Instituto.

 

DIÁRIO DE PERNAMBUCO
Recife, sexta-feira, 30 de dezembro de 1988
 
Parapsicologia encerra curso de pós-graduação

Em novembro passado, foram encerradas as aulas da primeira turma do Curso de Pós-Graduação, lato sensu, especialização em Pa­rapsicologia, promovido pelo Insti­tuto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (I. P. P. P), conside­rado como uma das três melhores instituições de Parapsicologia no Brasil.

Do Curso – o primeiro do Nor­deste e do Norte pois só existe um similar na Faculdade de Ciências Biopsíquicas do Paraná com du­ração de 360 horas, participaram profissionais das mais diversas áreas universitárias, tais como mé­dicos, psicólogos, psiquiatras, enge­nheiros, advogados, pedagogos e sociólogos.

Para receber o certificado que os habilitará a exercer a profissão de parapsicólogo, os alunos terão o prazo de seis meses, a partir da data ao encerramento das aulas, para apresentar suas monografias e de­fesa de tese, perante uma banca examinadora constituída por pro­fessores que ministraram o referido Curso.

O mercado de trabalho do pa­rapsicólogo já está devidamente de­marcado. Assim, compete ao parap­sicólogo, entre outras atribuições, orientar, aconselhar e assistir a pes­soas, direta ou indiretamente, afe­tadas por manifestações, preparar e aplicar testes ou ensaios parapsicológicos, identificar e/ou treinar pes­soas dotadas de aptidões paranormais, cabendo-lhe, ainda, a investi­gação privativa dos fenômenos paranormais. Somente os parapsicólo­gos registrados no Conselho Regio­nal de Parapsicologia (Conrep), da 1ª Região, poderão, nos Estados do Nordeste, exercer suas atividades profissionais. Assim, para evitar prejuízos, as pessoas interessadas nos serviços de um parapsicólogo devem, antes de mais nada, consul­tar o Conrep, sediado, provisoria­mente, no mesmo endereço do Insti­tuto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas.

Em março, o I. P. P. P iniciará uma nova turma do Curso de Pós- Graduação, lato sensu, especializa­ção em Parapsicologia e, por isso, a partir de 7 de janeiro estará minis­trando um curso preparatório (Básico I e II, de Parapsicologia), destinado às pessoas portadoras de diploma universitário que desejam realizar seu pós-graduação em Pa­rapsicologia. Elas poderão obter in­formações mais detalhadas na pró­pria sede do I. P. P. P, na rua da Concórdia, 372, salas 46/47, 4º an­dar, no horário das 9 às 12 horas, ou, ainda, pelo telefone 231.2390.

Rolar para cima