1989

No VII Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, realizado em 30 de setembro de 1989, no auditório da Universidade Católica de Pernambuco, fiz uma palestra intitulada “Aparição – Uma Abordagem Parapsicológica”, que, depois, publiquei no meu livro A MENTE MÁGICA, publicado em 2015. E participei de Mesa Redonda “A Parapsicologia e seus Problemas” com Ivo Cyro Caruso, Ronaldo Dantas Lins, Pe. Oscar González-Quevedo e Geraldo dos Santos Sarti.

Fiz parte da Banca Examinadora juntamente com Ivo Cyro Caruso, Ronaldo Dantas Lins Filgueira, Padre Oscar Gonzalez Quevedo, representante do Centro Latino Americano de Parapsicologia  (CLAP) e Geraldo dos Santos Sarti, representante da Associação Brasileira de Parapsicologia (ABRAP), que examinou e aprovou com distinção as teses apresentadas por Jalmir Freire Brelaz de Castro e Luiz Carlos de Oliveira Diniz, alunos da primeira turma de Pós-Graduação em Parapsicologia, ministrado pelo I.P.P.P.

DIÁRIO DE PERNAMBUCO

1º de janeiro de 1989

Parapsicólogo duvida dos profetas de plantão

À luz da Parapsicologia, as previsões feitas por astrólogos, tarólogos, numerólogos, cartomantes, pais-de-santo não têm qualquer embasamento científico, segundo garante o professor e parapsicólogo Valter Rosa Borges. Por conta disso, ele faz um alerta à população, no sentido de “não dar crédito ao que disserem “os profissionais do futuro”, que, quando chamados por nós do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, para adivinhação dos fatos, fazem “vista grossa”. Agora mesmo, estou à disposição deles, mas tenho certeza de que não aparecerá um. Ano passado, formulei o convite, esperei e… nada. E, desta vez, não será diferente”.

Graça Prado

Na opinião do parapsicólogo, “o ideal seria esse pessoal submeter-se a um teste, que seria realizado à base de questionários com perguntas de diversos tipos e assuntos. Eles responderiam a tudo, colocaríamos todo o material num envelope e, na presença da Imprensa, deixaríamos numa instituição idônea para, no primeiro dia do ano seguinte, abrirmos para proceder a uma conferência. Agora, como sabem que não têm o talento de adivinhar o futuro, preferem não levar o convite a sério. Mas continuo às ordens para fazer uma investigação paranormal.”

PRECOGNIÇÃO

Para o professor Rosa Borges “a Parapsicologia não explica a previsão. O que existe é o que chamamos de precognição, que significa o conhecimento antecipado do futuro. É um fenômeno paranormal raríssimo e que, por isso, só acontece em casos excepcionais. Só uma vez ou outra é que a pessoa pode tomar conhecimento de um fato futuro, ter condições de fazer até uma previsão, digamos assim, de fatos presentes. Trabalhando com a mente, quem garante que não o conseguirá? Agora, essa previsão todo final de ano não dá para suportar. Até porque o termo previsão não tem nada de paranormal. É tão genérico, que poderá acontecer.

– No ano passado – completou – fiz um desafio aos que lidam com o futuro, formulei questões específicas, por exemplo, com relação aos terremotos, em que continentes seriam registrados, os lugares, o número de mortos, o índice na Escala Richter. Quis saber também quem seria o campeão da Copa União, levando-se em conta que o do ano 86 fora o Coritiba e o do ano passado o Sport Clube do Recife. Ninguém venha me dizer que acertaria, porque não há como acreditar, pois é mais sabido de que esses títulos nunca, jamais, em tempo algum se cogitou que ficaria com uma equipe não as do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais ou Porto Alegre. Mas ninguém aceitou o desafio, o que significa que dão informações que se aplicam a qualquer coisa ou pessoa. Quer uma prova? A morte de Carlos Lacerda foi badalada por todos que se dão ao luxo de prever o futuro. Engraçado é que o fato aconteceu justamente quando ninguém mais falou. Dá para entender? No ano em que ninguém teceu comentário, o homem se foi.

ANTECIPAÇÃO

No entender do professor, “é possível tomarmos conhecimento antecipado das coisas. Por que não? A norte-americana Jeane Dickson, por exemplo, previu as mortes de Martin Luther King, do presidente Kennedy, do senador Robert Kennedy. Na época, seu índice de acertos ficou ente 60 e 70%. A búlgara Mitrova, de quem dizem maravilhas, tem um índice bem maior, chegando até 90%. Mas isso não quer garantir nada”.

Segundo fez ver, o grande problema do brasileiro é que “ele é mágico por natureza. Nessa época, inclusive, dá-se ao luxo de consultar astrólogos, pais-de-santo, numerólogos, uma plêiade de pessoas que se autodenominam com poderes transcendentais, forças paranormais, mas que, no final das coisas, dizem apenas aquilo que a pessoa estava crente que iria ouvir. Sendo assim, o normal é se associar os fatos futuros àquilo que já se supunha, poderia ser dito através dos números, das cartas, dos búzios. Não é uma questão de paranormalidade. No fundo, no fundo, pode ser que alguma daquelas coisas aconteça. Ninguém sabe”.

IMPROVISO

– O brasileiro vive numa situação de improviso – assegura Rosa Borges, “apelando para o acaso. E os espertalhões disso se aproveitam para tirar pronto. Na verdade, o povo vive o Além e esquece o aquém. Em função da crise socioeconômica e de tantas mazelas que o país vem enfrentando, ele está precisando mesmo é de consolação. Agora, o pior é que ele vai busca-la justamente através dos fenômenos abstratos. Previsões, no meu entender, criam desconforto, alimentam falsas esperanças. E essas pessoas que trabalham com isso valem-se da ingenuidade dos outros para obter proveito. Apegam-se à religiosidade entranhada do povo, que não acredita na inexistência do valor científico desse fenômeno, e tudo bem. Cada um com uma interpretação, diferente dos fatos, ganha terreno nessa área, procurando levar a melhor”.

Via de regra, o parapsicólogo Valter Rosa Borges sugere que a previsão do futuro não deve ser matéria de preocupação popular. Conforme explicou,” é um assunto que está sendo estudado à luz da Parapsicologia, como algo capaz de adivinhar um fato. O conhecimento antecipado do futuro é um registro esporádico… imagine profissionais da previsiologia adivinhar o futuro”. E até engraçado e bastante curioso. Agora, enquanto o povo procurar no além as soluções mágicas para resolver seus problemas, fatalmente não terá condições de encontra-las. Mesmo assim, é importante lembrar que não devem dar crédito ao que dizem os previsionistas. Afinal de contas, pelo que se tem conhecimento, o índice de acerto nunca fora além dos 5%, o que prova a inexistência da coisa e, consequentemente, deixa em aberto um caminho para o descrédito. Não acreditem em “previsões”. Elas não têm embasamento científico algum!

DIÁRIO DE PERNAMBUCO

5 de março de 1989

PARAPSICOLOGIA QUER DIREITO DE SER CIÊNCIA

A inclusão da Parapsicologia como uma das disciplinas da Universidade de Brasília deu novo alento ao professor Valter Rosa Borges, fundador e atual presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – I.P.P.P. – por considerar necessário “evitar confundir pesquisa parapsicológica com Espiritismo”.

Incluído entre os pesquisadores mais sérios e rigorosos do Brasil, ao ponto de questionar a paranormalidade do médico espiritualista Edson Queiroz, que diz realizar curas e intervenções cirúrgicas incorporando o espírito do médico alemão “Dr. Fritz”, Valter Rosa Borges ressalva não entrar na questão espírita, em si e inclusive respeitar a crença.

“Porém”, esclarece, “a Parapsicologia é uma disciplina estritamente científica e nada tem a ver com curas milagrosas ou inquietações exis­tenciais. Seu objetivo é detectar a existência de energias ainda desconhecidas, mas perfeitamente quantificáveis e materiais que algumas pessoas têm como dom ou a capacidade de possuir e dominar. Vejo com muita inquietação a crescente mistificação em torno da Parapsicologia”.

Profissão

A Parapsicologia, diz Valter Rosa Borges, como ciência, vem se desenvolvendo, de maneira extraordinária, nos Estados Unidos e na União Soviética. “No Brasil, contudo, ela não apresenta o mesmo ritmo de crescimento, embora existam, nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Pernambuco instituições de Parapsicologia à altura das tradições cientificas, tais como o Instituto de Parapsicologia do Rio de Janeiro, o Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, a Faculdade de Ciências Bio-Psíquicas do Paraná e o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas”.

A Parapsicologia é uma ciência, mas pode ser considerada também como uma profissão?

“Sim, responde Valter Rosa Borges, o parapsicólogo pode ser um cientista puro, preocupado com especulações teóricas e elaboração de modelos abrangentes com o propósito de sistematizar a complexa fenomenologia paranormal. Pode ser, também, um pesquisador dedicado à pre­paração e aplicação de testes parapsicológicos, visando   à melhoria do controle experimental e à investigação de casos de natureza paranormal. Pode, ainda, dedicar-se ao magistério, transmitindo seus conhecimentos especializados na formação científica de novos parapsicólogos. E pode, finalmente, atuar como consultor psíquico, na orientação e assistência a pessoas que estejam, direta ou indiretamente, envolvidas em experiências paranormais. Além disso, é da competência do parapsicólogo o treinamento de pessoas dotadas de talentos parapsicológicos e a elaboração de laudos periciais, sempre que, assim, se fizer necessário. Como se vê, num rápido esboço, o campo de atividades do parapsicólogo é muito vasto, delimitando, com segurança, o seu 1993”.

Informa que, desde 1983 com a criação da Federação Brasileira de Parapsicologia (Febrap), “da qual o nosso Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas é membro filiado e fundador, se iniciou o movimento de reconhecimento e de preparação de parapsicólogos, visando à formação e disciplinamento de uma comunidade científica dedicada ao estudo e à pesquisa dos fenômenos paranormais. De logo, foram criados os Conselhos Regionais de Parapsicologia, os quais, embora com existência meramente fática, já vêm constituindo um fator de desenvolvimento da Parapsicologia em alguns Estados do Brasil. O Recife, por exemplo, é a sede da 7ª Região do Conselho Regional de Parapsicologia (Conrep), abrangendo toda a região nordestina, à exceção do Maranhão e da Bahia. Ficou estabelecido, em decisões tomadas pela Federação Brasileira de Parapsicologia (Febrap) e as instituições a ela filiadas, que parapsicólogo é todo aquele que, como tal, seja reconhecido por sociedades de Parap­sicologia credenciadas, entre as quais se destacam a Associação Brasileira de Parapsicologia, o Instituto de Parapsicologia do Rio de Janeiro e o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas. Compete, porém, aos Conreps o registro das pessoas consideradas habilitadas, desde que satisfeitos certos requisitos básicos, entre eles, o exercício satisfatório de atividades em Parapsicologia num período mínimo de cinco anos, antes de 1963, participação, como conferencista oficial, de con­gressos nacionais de Parapsicologia, publicação de obras especializadas e de valor científico comprovado. Porém, o requisito mais importante é, atualmente, a conclusão de curso de pós-graduação, lato sensu, em Parapsicologia. Assim, somente em caráter excepcionalíssimo, uma pessoa, sem diploma universitário, pode ser reconhecida como parapsicólogo por um dos Conselhos Regionais de Parapsicologia”.

Quanto ao curso, ele salienta:

“O Curso de Pós-Graduação em Parapsicologia, oferecido pelo I. P. P. P. tem a duração de 360 horas e se exige que o candidato, além de portador de diploma universitário, tenha concluído o Curso de Parapsicologia, Básico II, oferecido pelo Instituto ou certificado de curso semelhante ministrado por outra instituição.”

JORNAL DO COMMERCIO

29 de maio de 1989

POLÍCIA CAÇA FANTASMAS

 

O projeto de mobilizar policiais em busca dos fantasmas, que parecia suspenso depois da exonera­ção do general Evilásio Gondim, será retomado agora pelo secretário de Segurança Almeida Filho. Já há uma equipe técnica estudando o projeto e logo sairá um parecer conclusivo. O repórter Kaike Nanne caiu em campo e ouviu o cientista Valter Rosa Borges (ex-materialista, ex-Rosa-Cruz, ex-espírita e agora promotor público). Borges está certo de que é tudo papo furado. “Não há mortos fazendo assombrações, mas pessoas vivas; não tem Satanás nem espírito querendo se comunicar”. Mas que a po­lícia vai trabalhar no tema, vai. (Última Página)

Gasparzinho, Pluft e toda raça de fantasminhas estão com os dias contados. Agora, até os tiras estão de olho neles.

Kaike Nanne

Não consta que o general Evilásio Gondim costu­masse caçar fantasmas. É certo, porém, que seu interesse por “assombrações” superava os limites da mera curiosidade. Preocupado como deveria pro­ceder a Polícia Civil caso um maldoso fantasminha fosse pego e autuado em flagrante delito — o que seria, ao mesmo tempo, uma complicada questão para a Justi­ça — o então secretário da Segu­rança Pública resolveu tomar sé­rias medidas. Da sala 8 X 8 no segundo andar da SSP, que ocu­pou de março de 87 a janeiro deste ano, Gondim expediu cir­cular às delegacias, determinan­do que “todos os casos de as­sombrações, fantasmas ou coisas semelhantes, fossem investiga­dos por especialistas”.

Nem tão distante assim do tempo da “caça às bruxas”, o general resolveu instituir a caça aos fantasmas, a partir de um projeto elaborado pelo Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, o IPPP. “Os poli­ciais simplesmente não sabiam o que fazer quando chegavam nu­ma casa e viam garrafas voando e se espatifando na parede ou cadeiras se mexendo sozi­nhas…”, revela a doutora Olga Câmara, assessora de ensino da Academia de Polícia Civil, que analisou o projeto do IPPP e o apresentou ao general Gondim.

A proposta de capacitar agentes de polícia a extermina­rem com os mal assombros, deixou entusiasmado o general. Pouco tempo depois, a equipe do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas dava palestras a dele­gados, peritos e agentes, expli­cando que o “capiroto” não sai­ria dos seus cuidados, no Infer­no, para atormentar ninguém por aqui. Os parapsicólogos, então, contraindicaram a prática a que os policiais habitualmente recorriam: a recomendação de que pessoas envolvidas no caso procurassem um centro espírita ou um terreiro de umbanda.

Ficou estabelecido qualquer fantasma/arruaceiro seria notificado às delegacias de plantão que, por sua vez, acionariam Os Caça-fantasmas. Poli­ciais treinados tomariam as pro­vidências imediatas – “os pri­meiros socorros” – até que os especialistas do IPPP chegassem.

O Projeto de Investigação e Treinamento em Parapsicologia nas Atividades de Polícia previa, ainda, a realização de uma bate­ria de testes com agentes, bus­cando identificar aqueles que ti­vessem aptidões paranormais. Esses indivíduos seriam prepara­dos para utilizarem seus recursos parapsicológicos na investigação alternativa de crimes misteriosos e na localização do paradeiro de pessoas desaparecidas.

“Fenômenos paranormais como a Psicometria — que é a capacidade, de, apenas, tocando um objeto, fornecer detalhes sobre a pessoa que o possui – ou a precognição – habilidade para pre­ver acontecimentos — seriam ferramentas a mais nas investi­gações, quando utilizados por policiais treinados”, explica o presidente do IPPP, o parapsicólogo Valter da Rosa Borges, 55. “Os serviços secretos dos Esta­dos Unidos e da União Soviéti­ca, a Cia e a KGB, já há muito tempo recrutam paranormais pa­ra utilizarem suas habilidades a serviço da espionagem internacional. No Brasil, nosso projeto — que propunha um convênio com a Secretaria da Segurança Pública – é pioneiro”, orgulha-se Borges, para logo depois lamentar o fato de o projeto encontrar-se, atualmente, empoeirado em algum armário da SSP.

Borges revelou que o gene­ral Gondim teve que superar muitos entraves, dentro do Go­verno, para dar o pontapé ini­cial do que seria, posteriormente, um convênio entre a insti­tuição científica e a Secretaria. O Instituto iria entrar com os re­cursos técnicos e o Governo com as despesas operacionais. O en­tusiasmo era tanto, que até a as­sessora de ensino da Academia de Polícia, Olga Câmara, ingres­sou no curso de pós-graduação em parapsicologia ministrado pe­lo IPPP. “Mas aí o general Gondim foi exonerado do cargo e o projeto estancou”, lembra Bor­ges.

Entretanto, sem usar de precognição, é possível prever a breve concretização do projeto Caça-fantasmas e Investigações Parapsicológicas. É que o atual secretário da Segurança Pública, o deputado Almeida Filho, mos­tra-se tão interessado quanto o general Gondim: “Nós já temos uma equipe técnica que está es­tudando o projeto e deverá emi­tir parecer tão logo concluam as avaliações”, disse Almeida Fi­lho, que pode vir a ser mais um caça-fantasma.

Noções de como assustar um mal assombro

Ex-materialista, ex-rosa-cruz, ex-espírita, ele agora é apenas cien­tista. Com 35 anos de batente, o parapsicólogo Valter Rodrigues da Rosa Borges, 55, é também promo­tor de Justiça, professor de Direito Civil da Universidade Católica de Pernambuco e presidente do Insti­tuto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (Rua da Concórdia, 372, salas 46 e 47). Além de tudo, é um caçador de fantasmas convicto de que “são pessoas vivas que fa­zem assombrações, morto não faz assombração nenhuma”.

“Todo fenômeno paranormal é produzido pela mente humana. Não tem Satanás, nem tem espírito querendo se comunicar”, garante Borges, que frequentemente rece­be críticas de outras correntes da parapsicologia. “Acusam-me de cientificista, porque eu defendo que o agente causal de todo e qualquer fenômeno paranormal é sempre um homem vivo, nunca um defunto. Acredito na vida após a morte, mas não se pode misturar fé com inves­tigação científica”.

Existem parapsicólogos adep­tos do espiritismo que creem no chamado agente teta – a ação de espíritos que habitam outra di­mensão, interferindo no cotidiano do ser vivo. Esses, olham de viés para o doutor Borges.

Fantasma x Tiras

Mas foi assim, com experiência puramente científica, que Borges conseguiu vencer muitos fantasminhas. Um caso que teve reper­cussão nacional foi o do Edifício Paris. O prédio fica na Avenida Cruz Cabugá, em Santo Amaro. No natal de 1985, garrafas e vidros vazios começaram a voar pelo apartamento 301, espatifando-se nas paredes e no chão. O padre Guedes, da Igreja da Piedade, foi convidado pela família para benzer o local. E lá foi o padre, rezou, re­zou, benzeu, benzeu, disse que era o Diabo quem estava agindo, se foi, e o “Diabo”, mau-caráter que é, continuou atirando garrafas no ar.

Depois foi a vez de uma mãe-de-santo. Chegou na portaria do edifício, disse que tinham feito um despacho, e que poderia fazer outro para neutralizar o que provocava o mal. Cobrava pelos serviços a importância de 1.500 cruzeiros. Esta não passou da portaria, já que a família de “dona Toinha” – assim era conhecida a proprietária do 301, uma senhora de 73 anos – era toda católica.

Todas as aprontações do “diabinho” eram observadas pelos poli­ciais, que haviam sido chamados ao local desde o início do quebra-que­bra e adotaram a postura de mero espectadores. Quem apresentou o último recurso foi Léa Correia, então presidente do Sindicato dos Médicos, que também morava no Paris. Ela sugeriu que o doutor Borges fosse convocado para anali­sar o fenômeno. A família, já em pânico, nem teria como recusar o auxílio.

Depois de algum tempo de conversa com os moradores do apartamento 301, Borges logo desfez o mistério. A psi-kapa – ação extracorpórea da mente – era cau­sada pela babá de uma das netas de dona Toinha. Com 12 anos e enfrentando sérios conflitos na famí­lia, ela passou a morar e trabalhar na “casa adotiva”. Quando a crian­ça que era submetida a seus cuida­dos morreu atropelada na praia de Maria Farinha – cena a qual presenciou – a babá percebeu-se nula enquanto agente naquela sua se­gunda família.

Os parapsicólogos com tendên­cias ao espiritismo diriam que o espírito da neta de dona Toinha es­taria querendo “baixar” e que a babá deveria desenvolver sua provável mediunidade. Borges ra­ciocinou cientificamente: “Trata­va-se de um fenômeno de psicocinesia espontânea recorrente, ou se­ja, a movimentação de objetos através da ação da mente, que acontece involuntariamente e repe­tidas vezes. Geralmente, quem de­senvolve são meninas ou meninos que atravessam a puberdade, quan­do experimentam profundas trans­formações fisiológicas. Esse fator aliado a graves traumas emocionais, pode fazer liberar essa energia pa­ranormal”.

No caso da babá do 301, o choque emocional fez com que ela deflagrasse o fenômeno. A reco­mendação de Borges foi elementar. Primeiro, ninguém deveria dizer nada à garota, para que ela não se sentisse culpada e, ao mesmo tem­po, assustada – o que poderia pro­vocar a continuação daquele Pol­tergeist benéfico (“na verdade, era um pedido de socorro e não uma revolta, o que provocaria um fenô­meno maléfico”). A segunda reco­mendação foi que a família subme­tesse a garota à prática intensiva de esportes, assim ela liberaria suas energias por outros canais. Pronto, estava morta a assombração que, durante vários dias, atormentou os moradores do Edifício Paris e virou manchete de todos os jornais da ci­dade.

Casos de Poltergeist maléficos, envolvendo púberes, também foram registrados, como o de um garoto que desenvolvia parapirogenia. Aonde quer que fosse, algum obje­to incendiava-se. Em Bonito, uma mocinha, involuntariamente, fazia objetos dispararem ao ar. “O dele­gado via os tijolos sendo atirados pro céu e ficava morrendo de me­do”, recorda Borges, que também resolveu o caso. Eis um caçador de fantasmas que assusta qualquer mal assombro

JORNAL DO COMMERCIO.

30 de setembro de 1989

CIÊNCIA E RELIGIÃO SE ENCONTRAM NA UNICAP

Objetos que voam pela casa, móveis incendiados sem explicação, “fantasmas”: os fenômenos paranormais são o tema dos parapsicólogos que fazem hoje o seu Simpósio, no Recife

 

A Parapsicologia chega à Universidade

 

Durante todo o dia de hoje o au­ditório Antônio Vieira – no Bloco G da Universidade Católica de Per­nambuco – viverá uma discussão que se coloca na encruzilhada entre o co­nhecimento científico e as crenças religiosas, pois 6 lá que acontece, a partir das 8h30min, o 7º Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, organizado pelo Instituto Pernambu­cano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP).

Estimulados pelo fato de a Uni­versidade de São Paulo ter concedido a pós-graduação à professora Ade­laide Peter Lessa – que em 1988 apresentou uma tese baseada em fun­damentos parapsicológicos – os pa­rapsicólogos e estudantes de parapsi­cologia de Pernambuco e de outros Estados do Nordeste devem fazer deste 1° Simpósio um marco na luta que vêm enfrentando para transfor­mar a Parapsicologia numa Ciência com lugar nas Universidades. A Uni­versidade de Brasília (UnB) está im­plantando um curso na área, e poderá se transformar na primeira Universi­dade brasileira a fazê-lo.

 

A ciência e as crenças

 

“Parapsicologia é a Ciência que tem como objeto de pesquisa os fenômenos paranormais, e fenôme­nos paranormais são tudo aquilo que acontece e não pode ser explicado à luz da análise racional, dos sentimen­tos normais”, esclarece o promotor de justiça Válter Rosa Borges, 55 anos – 16 deles como presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP).

Objetos que voam pela casa, móveis incendiados sem motivo apa­rente, ectoplasmas que saem da boca, nariz e ouvidos das pessoas dese­nhando figuras fantasmagóricas no espaço. Tudo isso são fenômenos chamados paranormais e, quando analisados por religiosos, espíritas, umbandistas ou babalorixás do can­domblé, são apontados como “mani­festações do além – do espírito dos mortos”.

 

Rosa Borges: além do racional

 

Válter Rosa Borges explica que “a Parapsicologia, como Ciência, aborda esses fenômenos paranormais como manifestações do organismo humano vivo, e não dos mortos”. Se­gundo ele, “é necessário fazer dis­tinção entre os dogmas religiosos e a Ciência, cujos postulados se baseiam na experimentação”. Rosa Borges assegura que todos os fenômenos pesquisados pelos parapsicólogos – como Poltergeist e telepatia – podem ser comprovados e experimentados na prática”.

 

Os fenômenos

 

Poltergeist (“duendes”, “diabre­tes”, em alemão) não é apenas nome de filme de sucesso no cinema. O IPPP já tratou cerca de 20 casos do fenômeno no Recife e o professor Valter Rosa Borges diz que “o tra­balho sempre foi feito de forma pro­fissional, com respeito ao recato das famílias”. O fenômeno de Poltergeist geralmente ocorre com pessoas que estão na fase de transição biológica — 98% dos casos ocorrem com adoles­centes que estão passando da infância para a puberdade. As manifestações do Poltergeist são externadas pela ocorrência de pancadas misteriosas, desaparecimento e deslocamento de objetos e até incêndios autóctones de papéis, vasos e móveis. Válter Rosa Borges afirma que “o Poltergeist na­da mais é do que energia em abundância dentro de um organismo, e uma forma de eliminá-la é fazer exercícios físicos programados”. Nas mulheres, o Poltergeist cessa quando chega a menstruação.

Se o Poltergeist tem uma expli­cação fácil de ser compreendida, o mesmo não acontece com os ecto­plasmas, substâncias orgânicas libe­radas pelos paranormais que, soltas no espaço, formam figuras. “As fi­guras compostas pelo ectoplasma são, na verdade, imagens que estão gravadas no inconsciente do para­normal”, esclarece Rosa Borges.

A troca de informações mentais à distância (telepatia) ou a movimen­tação de objetos sem existir a neces­sidade de tocá-los (telecinese) também são outros fenômenos pes­quisados por parapsicólogos. O pre­sidente do IPPP conta que há um ano “um grupo de 18 médiuns de um ter­reiro de-umbanda procurou o Institu­to Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas para testar seus poderes. Feito o teste e ouvidas as explicações dos parapsicólogos, nenhum deles continuou no terreiro”. Para Rosa Borges, “isto é um exemplo da distância que deve existir entre dogmatismo e a necessidade de experimentação da Ciência”.

 

Discriminação universitária

 

Apesar de a Universidade de Brasília estar implantando o primeiro curso universitário regular de Parapsicologia, ainda há discriminações a este ramo de conhecimento nos meios acadêmicos. O Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas tem um curso de pós-graduação em Parapsicologia lato sensu, ou seja, ainda não reconhecido oficialmente pelo Ministério da Educação. “O tratamento concedido à Parapsicologia no Brasil é atrasado como o país, pois na Europa e nos Estados Unidos mais de 200 Universidades já reconhecem a Ciência”, diz Rosa Borges. O Simpósio de hoje, além de integrar os parapsicólogos do Recife, vai servir para que dois alunos formados pelo IPPP apresentem suas teses de pós-graduação em Parapsicologia.

 

DIÁRIO DE PERNAMBUCO

1 de outubro de 1989

ROSA BORGES: PARAPSICÓLOGOS NÃO SÃO BEM VISTOS

 

“A formação do parapsicólogo, em Pernambuco”, “Conceitos e Informação em Parapsicologia” e “Apa­rição e Revitalização é Milagre?”, foram alguns dos temas discutidos no VII Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, realizado durante todo o dia de on­tem, no auditório do bloco “G” da UNICAP. Apesar do reduzido número de pessoas que compareceu ao en­contro, fato que surpreendeu o presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP), Valter da Rosa Borges, a parapsicologia, segundo seus adeptos, vem chamando cada vez mais a atenção das pessoas.

O estudo desta ciência não é algo fácil e passa pela eterna luta do homem com o desconhecido, que, no caso, é a própria mente. Valter da Rosa Borges explica que a parapsicologia trabalha com fe­nômenos incomuns da mente hu­mana, como telepatia (comunica­ção entre seres através do pensa­mento), clarividência (percepção de fatos à distância) e psicocinesia (ação da mente sobre o mundo ex­terior).

A abertura dos trabalhos do simpósio contou com palestras de três estudantes do Instituto sobre a formação do parapsicólogo, em Pernambuco. De acordo com Val­ter da Rosa Borges, este curso tem sido procurado por muitos profis­sionais, apesar de ainda não ter sido reconhecido pelo MEC. Advo­gados, engenheiros, psicólogos, pe­dagogos e médicos, são algumas das profissões dos que vão ao IPPP para uma pós-graduação ou cursos básicos sobre parapsicologia.

 

MISTURA

 

No Brasil, mesmo com os pa­rapsicólogos defendendo os avan­ços que a ciência está conse­guindo, existe uma grande mis­tura de assuntos que não dizem res­peito à parapsicologia. Como explicou Rosa Borges, “há uma contaminação dentro desta ciência com assuntos sobre sobrevivência do espírito, imortalidade e, principalmente, temas e fatos atribuídos à religiosidade. “Somos chamados de organicistas, materialistas, en­tre outros desígnios, e não somos bem vistos”, reconhece o parapsi­cólogo.

Esta posição é fácil de ser entendida até pelas próprias pregações da parapsicologia, que põe por água abaixo muitas teses e fatos anormais atribuídos a espíritos, fantasmas, etc. Borges disse que no mundo não existem mais de 200 paranormais. No Brasil, o mais conhecido é o médium Chico Xavier, cujas cartas psicografadas com mensagens do Além são analisadas por Rosa Borges como “dramatização do inconsciente”.

 

MAU USO

 

Como toda ciência neste mundo moderno, a parapsicologia vem sendo mal usada, na opinião dos estudiosos. Nos Estados Unidos e União Soviética, através de serviços como a CIA e a KGB, há notícias de paranormais usando seus “poderes” para fins bélicos e de espionagem. Valter explicou que os paranormais usam seus poderes para provocar mal estar nas pessoas ou, como falou o Presidente da Associação Brasileira de Parapsicologia (ABRAP), Geraldo Sarti desviar foguetes e obter informações.

Sarti afirmou que não tinha conhecimento deste uso da ciência no Brasil. Ao contrário, adiantou ele, “estão utilizando-as para desenvolver pesquisas científicas bastante avançadas em áreas como a física, psicologia e medicina. Na própria questão do homem e sua relação com a sociedade hoje recheadas de dúvidas e incertezas, o presidente da Abrap encontra um motivo para a parapsicologia. “Na natureza do fenômeno paranormal encontramos uma solução alternativa entre a visão do comportamento humano e social fugindo dos modelos clássicos. Ajudamos o indivíduo a se realizar na sociedade.”

 

O Diário de Pernambuco, de 17 de setembro de 1989, publicou uma entrevista com Geraldo Sarti, Presidente da Associação Brasileira de Parapsicologia (ABRAP) sobre a sua participação no VII Simpósio Pernambucano de Parapsicologia. No dia 20 de setembro, o Jornal do Commercio anunciou a participação do Padre Oscar Quevedo no VII Simpósio Pernambucano de Parapsicologia.

 

Novamente o Diário de Pernambuco, de 24 e 30 de setembro e de 1º de outubro de 1989, divulgou ampla matéria sobre o Simpósio.

 

O Jornal do Commercio, de 26 de setembro publicou nova matéria sobre o evento e, no dia 30 do mesmo mês, fez uma entrevista Valter da Rosa Borges e com o Pe. Oscar Quevedo sobre Parapsicologia e nossas participações no Simpósio.

 

No dia 29 de setembro, das 19 às 20 horas, na TV Universitária Canal 11, apresentou um debate sobre fenômenos paranormais do qual participaram Valter da Rosa Borges, Pe. Oscar Gonzalez Quevedo e Geraldo dos Santos Sarti.

 

DIÁRIO DE PERNAMBUCO

Recife, sábado, 30 de setembro de 1989

 

Pesquisa paranormal em debate na Católica

 

Os novos rumos da pesquisa paranormal serão discutidos, hoje e amanhã, no auditório da Universidade Católica de Pernambuco, a partir das 8h30, entre outros,-por dois dos maiores especialis­tas do Brasil, Geraldo Santos Sarti e o padre jesuíta Oscar Quevedo, no VII Simpósio Nordestino de Parapsicologia, promovido pelo Instituto de Psicobiofísica de Pernambuco.
“Este evento marcará uma etapa importante nos rumos da investigação parapsicológica no Estado, pois serão avaliados os estágios mais avançados a que se chegou no momento”, informa o presidente do Instituto, Valter da Rosa Borges.

O padre Oscar Quevedo, presidente do Instituto Latino-Americano de Pa­rapsicologia, é conhecido como um dos mais polêmicos pesquisadores e esteve em conflito com varias áreas de Igreja Católica, do espiritismo e de outras dou­trinas, pela franqueza com que procura desmistificar crenças à luz aas explica­ções racionais. Combatido por uns e ad­mirado por outros, ele acaba de lançar dois livros e, nas palestras que fará no Simpósio, abordará os temas mais polê­micos ligados à parapsicologia.

“Já fui combatido por certas alas da Igreja, enquanto outras me deram apoio. Isso, no entanto, foi no começo. Hoje, meus superiores compreendem perfeita­mente o meu trabalho”, disse ao DP.

 

SARTI

 

Geraldo Santos Sarti é engenheiro. Faz parte da nova geração de parapsi­cólogos brasileiros e vê com muito entu­siasmo, indícios de que a ciência mo­derna, sobretudo na área da Física Quântica, tem pontos de vista coinci­dentes com as teses dos parapsicólogos. Acha oportunas ocasiões como o sim­pósio, que se inicia hoje, para o con­fronto de opiniões entre estudiosos e, ao mesmo tempo, a divulgação maior do atual estágio das pesquisas, que são cada vez mais diversificadas.

 

Diário de Pernambuco

17 de dezembro de 1989.

PARANORMAL TEM DIREITOS NA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL

A nova Constituição do Estado de Pernambuco, promulgada em 5 de outubro deste ano, é a primeira Carta Magna, no mundo, a reconhe­cer a importância social das pessoas dotadas de aptidões paranormais.

Por iniciativa do deputado Geraldo Barbosa, assessorado pelo prof. Maury Ribeiro da Silva, foi apresentada emenda ao artigo 174 da Constituição de Pernambuco, a qual, unanimemente aprovada, passou a ter a seguinte redação final:

Artigo 174 – O Estado e os Municípios, diretamente ou através do auxílio de entidades privadas de caráter assistencial, regularmente constituídas, em funcionamento e sem fins lucrativos, prestarão assistência aos necessitados, ao menor abandonado ou desvalido, ao superdotado, ao Paranormal e à velhice desamparada.

TALENTO

“A paranormalidade não é algo sobrenatural, mas um talento, uma aptidão humana. Qualquer pessoa, assim, pode eventualmente passar por experiência paranormal. Porém, somente aquelas pessoas que, habitualmente, apresentam esse fenômeno é que podem ser consideradas como paranormais”, opina o parapsicólogo Valter Rosa Borges.

O paranormal é uma pessoa comum, “embora seja portadora de um talento incomum, como acontece com os indivíduos dotados de vocação artística”. O desconhecimento do talento paranormal é que tem ensejado distorções e fantasias a respeito dessas pessoas, variando desde a exaltação mística à desconfiança psiquiátrica, segundo ele. A paranormalidade é uma aptidão humana que, na sua opinião devidamente orientada, “pode resultar em extraordinários benefícios para a humanidade. Pernambuco mais uma vez se torna pioneiro de uma importante iniciativa, ao reconhecer como obrigação do Estado e dos Municípios a prestação de assistência social ao paranormal.

O deputado Geraldo Barbosa e o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, sob a orientação do parapsicólogo Valter da Rosa Borges, acreditam terem se tornado responsáveis por uma façanha que produzirá uma “ampla repercussão nacional e até mesmo internacional”. Agora, por força do artigo 174 da Constituição de Pernambuco, o Estado, notadamente a cidade do Recife, poderá tornar-se um polo de convergência e também celeiro de parapsicólogos e de paranormais. Agora é de se esperar que os poderes públicos e a iniciativa privada   subsidiem   recursos   para que o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas possa realizar seu programa de pesquisas parapsicológicas, na formação de parapsicólogos, no treinamento de paranormais e na assistência às pessoas que, direta ou indiretamente, estejam envolvidas em experiências deste gênero”, declarou o professor Rosa Borges.

O deputado Geraldo Barbosa, natural de Surubim, já se encontra na sua terceira legislatura, iniciada em 1978 e é membro do P. F. L. Tentou através da Emenda n9 39/89, incluir, na Constituição do Estado de Pernambuco, a investigação parapsicológica nas atividades policiais, justificando a necessidade da utilização da percepção extra-sensorial nos casos de crimes misteriosos e na busca de pessoas desaparecidas. Através de palestras realizadas na Academia de Polícia, pelos parapsicólogos Valter da Rosa Borges e Ivo Cyro Caruso, ficou estabelecido que as Delegacias de Polícia comunicariam ao I.P.P.P. a ocorrência de casos à primeira vista de natureza paranormal. Agora, com a aprovação n° 40/89, incluída no artigo 174 da Constituição de Pernambuco, o paranormal passa a receber especial atenção do Poder Público.

Jornal do Commercio

22 de dezembro de 1989

Talento do paranormal será bem aproveitado

Pesquisas serão iniciadas em comunidades da periferia, para detectar pessoas portadoras de dons paranormais e orientá-las no sentido de melhor aproveitar esse talento.

Estimulada pelo artigo 174 da Constituição Estadual, que garante assistência do Estado e dos Municípios aos paranormais, a direção do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – I. P. P. P. – pretende iniciar pesquisas em comunidades da periferia para detectar pessoas com dons paranormais e orientar a população sobre os fenômenos que geralmente são tratados como coisas do outro mundo. “Queremos dar cumprimento ao nosso programa de valorizar o paranormal e orientá-lo no sentido de melhor aproveitar o seu talento”, diz o presidente da entidade, parapsicólogo Valter da Rosa Borges.

O que o I. P. P. P. deseja fazer, na verdade, é uma campanha de conscientização a respeito dos fenômenos paranormais, pois é comum que a população os confunda com manifestações espíritas, segundo o parapsicólogo. “As pessoas que têm aptidões vão aos centros espíritas e terminam se envolvendo com a religiosidade, quando estão equivocadas com este procedimento”, acrescenta. A campanha, que pode ser iniciada no próximo ano, era uma intenção antiga do I. P. P. P., mas somente agora encontrou respaldo oficial, uma vez que a Constituição de Pernambuco é a única do Brasil a considerar o paranormal como alguém que precisa do amparo dos poderes públicos.

Ainda não existem as definições sobre esta campanha, pois ela está sendo idealizada pelo presidente, ainda em fase de projeto. Segundo Valter da Rosa Borges são consideradas paranormais as pessoas que produzem fenômenos psi-gama (telepatia, clarividência e precognição) e psi-kapa (pessoas que deslocam objetos, deformam estruturas, etc).

“Todas as pessoas possuem aptidões paranormais. Raro é alguém que nunca passou por uma experiência parapsicológica. Mas o que caracteriza, mesmo, o paranormal é a frequência com que ocorrem esses fenômenos”, diz o presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas.

Para Valter da Rosa Borges são poucas as pessoas que realmente são paranormais. No entanto, a maioria das pessoas que apresentam sintomas “estranhos” termina recorrendo a terreiros espíritas, dando asas ao fantasioso, ao invés de resolver os fenômenos a nível de um Instituto. “Quando fizermos nossa campanha, vamos procurar acabar com estas superstições.  Mostraremos que o povo é muitas vezes induzido a pensar de uma maneira mágica, quando os fenômenos não têm nada de extraordinário”, diz.
Enquanto esta campanha não se inicia de fato, o Instituto faz um trabalho de esclarecimento sobre os fenômenos paranormais, junto às pessoas que recorrem aos parapsicólogos para resolver problemas sobrenaturais. Nestas ocasiões, os profissionais fazem entrevistas, aplicam testes e elaboram um histórico sobre os acontecimentos. Se o problema tiver caráter parapsíquico, então eles recomendam exercícios, para que as pessoas se desfaçam das energias que provocam os problemas. Caso não existam fenômenos e os problemas necessitem de outros profissionais, então eles encaminham para os especialistas.
“Quando isto não ocorre, as pessoas vão diretamente aos centros espíritas. É por isto que é normal encontrar pessoas, nestes locais, precisando de médicos, psicólogos ou de qualquer outro tipo de assistência”, argumenta.

O Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas atende na Rua da Concórdia, 372, salas 56 e 57, Santo Antônio. A entidade existe desde janeiro de 1973 e já formou dois parapsicólogos em curso de pós-graduação. “A Parapsicologia só vem sendo tratada com mais seriedade há poucos anos. Para se ter uma ideia, a conscientização do assunto como científico veio ocorrer a partir de um congresso que ocorreu no Rio de Janeiro, em 1982. Mas é grande o número de pessoas que começam a se interessar pelo assunto. Isto percebemos nos cursos básicos, que ministramos no I.P.P.P.”.

 

Em 22 de maio, o Jornal do Commercio transcreveu um artigo de Luísa Meireles, de Lisboa, a qual destacou as atividades do Instituto no campo das investigações parapsicológicas.

 

 

De 1989 a 1995, a Academia entrou em estado de hibernação nas suas atividades administrativas, culturais e científicas, dando a impressão de que caminhava para a sua extinção. Não foi convocada Assembleia Geral para a eleição da nova Diretoria, os acadêmicos se dispersaram e eram raros os contatos que mantinham entre si.

Preocupado com o marasmo da instituição, resolvi revitalizá-la e discuti o assunto com os acadêmicos que conseguiu localizar. A maioria resolveu apoiar a iniciativa e, assim, foi convocada uma Assembleia Geral Extraordinária que se realizou no dia 6 de janeiro, na nova sede do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, à rua dom Pedro Henrique, 281, segundo andar, bairro da Boa Vista.

Após demorada discussão sobre os rumos da Academia, os acadêmicos presentes decidiram eleger, por aclamação, uma nova Diretoria com a árdua missão de soerguê-la. Na sexta Diretoria para o biênio 1996/1997, voltei a assumir a presidência da instituição.

 

Comprei uma casa na rua Carlos Fernandes, no bairro do Hipódromo.

 

Nascimento de minha neta Daiane.

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