Palestra sob o título “Paranormalidade, uma Aptidão Inconsciente do Ser Humano” na livraria “Livro 7”, em 21 de maio.
Participei de mesa redonda, com Luciano Fonseca Lins e Silvino Alves da Silva Neto, na livraria Livro 7, sob o tema “Relações entre a Parapsicologia, a Psicologia e a Psiquiatria, no dia 27 de janeiro.
Palestra na livraria Livro 7, no dia 19 de maio, sob o título “Parapsicologia e Religião”
Parapsicologia, realizado no auditório do Hospital da Restauração, em 28 de novembro de 1992 com a conferência “Aparições e Personificações Objetivas (Materializações)”, tendo como debatedores Ronaldo Dantas Lins e Jalmir Brelaz de Castro. E da Mesa Redonda” Hipóteses Científicas e Metafísicas da Sobrevivência, juntamente com Ivo Cyro Caruso e Ronaldo Dantas Lins.
Em 24 de agosto de 1992, sou promovido Procurador de Justiça da 7ª Procuradoria de Justiça, mas continuando, em face da necessidade do serviço, “respondendo pela Subcoordenadoria de Defesa do Patrimônio Público e do Meio Ambiente, até ulterior deliberação”.
Lançamento do livro “Manual de Parapsicologia”, no Espaço Pasárgada, no dia 24 de setembro.
Em 1992, a Revista Brasileira de Parapsicologia, no seu primeiro número, publicou a História do IPPP e assim se expressou no seu Editorial:
“Na seção Nossa História, o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas conta seus avanços e desafios. O Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – I.P.P.P. – foi convidado a contar sua história em primeiro lugar tendo em vista ser um dos grupos mais antigos que atuam no campo no país, o que lhe dá o caráter de pioneirismo. Em segundo lugar pelo reconhecimento de que é um grupo que realmente funciona. As críticas que por ventura tenhamos em relação a certos pressupostos desse instituto são insignificantes frente à grandiosidade das verdadeiras conquistas em elevar a Parapsicologia ao nível que merece neste país. Assim, o convite se expressa como homenagem e carinho aos integrantes do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – I.P.P.P.”
Em atenção ao solicitado, relatei a história do I.P.P.P.
DIÁRIO DE PERNAMBUCO.
12 de janeiro de 1992
MÚLTIPLOS SABERES
Ciência & Tecnologia
Manoel Barbosa
Grupos e pessoas estão trabalhando no Recife na disseminação de um novo tipo de saber. É um movimento não institucionalizado. Nem sequer tem consciência de que é um movimento ou uma corrente de pensamento. Caracteriza-o uma abertura incondicional e desmedida, sem limites; não há proselitismos, doutrinações, personalismos. Todo esforço enquadra-se no que a pensadora norte-americana Evelyn Ferguson chama de “conspiração de Aquarius”; uma gigantesca corrente transcultural, transnacional, anarco/espiritualista e holística e onde cada pessoa (independente de idade, ideologia ou crença) contribui à sua maneira e de forma natural sem ter a menor consciência de estar participando de uma revolução conceitual.
Um dos núcleos onde esse novo tipo de saber informal, mas real, vai ser exposto de forma mais sistemática é o Seminário dos Múltiplos Saberes. É uma ideia do parapsicólogo Valter Rosa Borges, criador e presidente do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas. Ele teve esse pensamento ao constatar uma brecha no ensino acadêmico que, entregue aos seus próprios problemas estruturais, não tem tido fôlego para abarcar a ampla variedade de novos conceitos derivados dos desdobramentos de pesquisas em várias áreas.
“É uma ideia que, agora, estamos consolidando” revela Valter. Seu propósito é promover palestras e cursos com especialistas e estudiosos de diversos campos. Está pretendendo, por exemplo, desencadear o processo em fevereiro, programando, entre outras, palestras com o professor Attilio Dall’Olio sobre o tema “Física e Sociedade” e o médico Fernando Antônio que vai abordar “Morte – Uma Nova Abordagem Médica”.
Por “múltiplos saberes”, Rosa Borges entende o conhecimento não especializado, empírico e fundamentado nas novas realidades da sociedade. Isso o ensino formal não tem explorado em função de suas limitações e filosofia. Nos seminários, os palestrantes serão pessoas integradas ao saber acadêmico, porém com uma visão mais eclética – holística. E esses especialistas, que têm muitas vezes inibições na cátedra, amarrados aos enquadramentos curriculares, poderão soltar-se e dar um curso mais livre às suas ilações, embora sem derivar para especulações exóticas.
Participa ainda do projeto o parapsicólogo Ivo Caruso, também do Instituto. Assim como Valter Rosa Borges, ele tem se esforçado para depurar a pesquisa do paranormal de todo conteúdo mágico, mesmo sem deixar de estudar a magia como fenômeno psicossocial.
Entendo que esse movimento pode ser a partida para eventos de grande envergadura. Pernambuco tem compensado sua fragilidade econômica com uma atividade intelectual muito rica, a ponto de se impor, por esse aspecto, nacional e internacionalmente. Nas vésperas do Terceiro Milênio e no contexto de uma nova conjuntura, com a mudança de paradigmas em praticamente todas as áreas – na ética/comportamental, inclusive -, estão rompendo-se as barreiras das disciplinas científicas e do conhecimento, impondo-se um saber mais abrangente e fortemente interdependente. E o Estado não deve ficar à margem dessa aventura da informação.
Pernambuco já pagou muito caro pelo acervo da cultura dos bacharéis. Os tempos são outros, qualitativamente diferentes. O conhecimento tende a ser o produto de maior valor, tomando o lugar do brasão acadêmico formal. Reunir as cabeças mais afinadas com os novos tempos e, a partir delas, gerar correntes de pensamento identificadas com o mundo de amanhã, certamente terá reflexos positivos na formação da massa crítica indispensável a uma sociedade moderna.
O Seminário dos Múltiplos Saberes tem uma credencial toda especial: é uma iniciativa particular, forjada pelos mais salutares propósitos e impulsionada pela dinâmica do ideal. Como respaldo, há o currículo dos que estão à frente do empreendimento.”
DIÁRIO DE PERNAMBUCO
12 de junho de 1992
GRUPO PESQUISA SONS DE OUTRO MUNDO
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Parapsicólogos do Recife estão trabalhando com transcodificação: os ruídos dos universos paralelos
Captar vozes ou simples ruídos de outros mundos é a pesquisa que vem sendo realizada por uma equipe do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas — IPPP, sob a orientação do parapsicólogo Walter Rosa Borges, considerado um dos mais sérios e respeitados do país em sua especialidade. Esse trabalho despertou algum interesse dos investigadores pernambucanos há seis anos, mas só agora é retomado de forma sistemática.
Tecnicamente chamada de ‘transcodificação”, a escuta de sinais de outros níveis de existência é um trabalho paciente e metódico, conforme explica o professor Rosa Borges. No Brasil, os trabalhos mais conhecidos são de Hilda Hisrt, que chegou a apresentar gravações de supostas vozes de pessoas já mortas em alguns programas de televisão.
“Nosso projeto inclui a construção de uma câmara de vácuo para colocação de gravadores inteiramente isolados de ruídos. Desse modo, qualquer som eventualmente captado não poderá ser confundido com sons comuns”, diz o pesquisador.
A transcodificação, apesar de difícil, é uma área recente e das mais fascinantes da parapsicologia atual. Defendida algum tempo por um grupo de parapsicólogos, ela foi buscar na física quântica argumentos técnicos para viabilizá-la. Dentro da linha defendida por Walter Rosa Borges, o trabalho em realização no IPPP não está voltado para contatos com espíritos de pessoas já falecidas ou mensagens de civilizações extraterrestres. A intenção é captar sons produzidos em outro nível de existência ou, talvez, num patamar paralelo da matéria formal algo como os universos paralelos já admitidos pela ciência atual como existindo simultaneamente ao nosso numa quantidade ainda não estabelecida — alguns físicos falam de 20, outros de 110, alguns de um número infinito.
Temos de caminhar com muita paciência e, acima de tudo, critério científico”, pondera o presidente do IPPP que, pelo seu trabalho desenvolvido em mais de 20 anos, acaba de ser eleito presidente nacional da entidade de parapsicologia que considerou Pernambuco, no momento, o centro de pesquisas mais importante do Brasil nessa área. “Lidamos com muitas dificuldades, pois não dispomos de instrumental sofisticado e sofremos uma carência crônica de recursos. Custeamos nossas pesquisas com sacrifício pessoal, com toda a equipe empregando muito do seu tempo por puro amor ao conhecimento.”
Conforme a norma rígida seguida até hoje por Rosa Borges, ele não afirma se há, ou não, universos paralelos ou se é possível captar no nível de existência humana vozes de pessoas já mortas num entrecruzamento entre matéria e não matéria. Apenas investiga, armado com um ceticismo implacável e preparado para desmascarar qualquer mistificação ou identificar possíveis erros de interpretação. Tanto é assim que diz ter conseguido captar, já alguns ruídos estranhos, “algo como um arrastar, um arranhar de alguma coisa”, mas não se anima a emitir qualquer opinião otimista.
“Há muito trabalho pela frente. Esse campo de pesquisa, realmente fascinante, ainda é recente e precisamos reunir bastantes informações para chegarmos a alguma conclusão”, observa ele.
A transcodificação é uma das novas linhas de pesquisa do IBPP. Seu presidente é de opinião que as formas tradicionais de procurar o paranormal estão superadas e já não oferecem muitas novidades, pois estabeleceram apenas que há, de fato, poderes e aptidões adormecidos nos seres humanos e que podem ser dominados quando desmistificados. Outro trabalho em andamento é a captação dos processos paranormais em sessões espontâneas e não programadas, onde os sujeitos da pesquisa não serão obrigados a se submeter a qualquer norma ou metodologia e nem mesmo ficarão sob obrigação de exibir, seus dons.
“Nosso objetivo, com isso, é identificar os processos naturais da paranormalidade em situações normais, tirando da pesquisa aquele| caráter de exibição, às vezes capazes de provocar inibição ou de falsear todo potencial do dom porventura existente”, define Rosa Borges.
CREDIBILIDADE
ABSURDO É NORMAL PARA CIÊNCIA
Manoel Barbosa
Falhas no “tecido da realidade, fissuras momentâneas que nos permitem um breve vislumbre da ordem imensa e unitária subjacente a tudo na natureza”, é como o físico F. David Peat explica alguns fenômenos inexplicáveis de contato entre o que Michael Talbot (ver o livro Universo Holográfico. Editora Best Seller, preço Cr$ 53.000,00) chama de a sintonia humana e “outras frequências”. Tecnicamente, para os físicos quânticos, não é mistério algum entrar em contato com outra realidade. Pribam, um neurofisiólogo, e Bohm, um físico quântico altamente politizado, acham que o cérebro e o universo funcionam como hologramas onde cada parte contém o todo. Logo, irrealidade contém realidade, como no claro está o escuro potencial, a dor está no prazer e o negativo é o positivo invertido.
Nada espantoso, pois, com as tentativas de Walter Rosa Borges e seu grupo de captarem vozes e sons de outros mundos. Grof, em suas pesquisas com LSD, vê a realidade humana como uma espécie de aventura sensorial em meio a uma enxurrada de eventos — o universo. A realidade — ou as realidades de cada um, tidas também como ilusões ou delírios holográficos nada diferentes das tão em moda realidades virtuais — é um vórtice. Ou uma cadeia de redemoinhos. Grof, que é psicólogo transpessoal, e sua mulher Cristina, desenvolveram uma técnica baseada no virtualismo das realidades bizarras discernidas em pacientes sob efeitos do LSD a que chamaram “terapia holotrópica”. Trata-se, em resumo, de um treinamento para habilitar as pessoas a transitar sem maiores transtornos pelas suas múltiplas realidades, permitindo-lhes idas e voltas pacíficas e toleráveis — e isso seria, na verdade, pacificar o terror esquizofrênico e harmonizar, como queria Laing, o suposto louco com sua loucura.
Espantosas, sim, são as pesquisas do professor de Ciências Aeroespaciais da Universidade de Princeton, Robert G. Jahn, citado por Talbot em seu trabalho. Antigo consultor da NASA e do Departamento de Defesa norte-americano, autor de importantes trabalhos na propulsão do espaço profundo, esse cientista, em colaboração com Brenda Dunne, enveredou pela pesquisa paranormal depois de constatar uma espécie de lei na anormalidade. Ele chegou a alguns conceitos parecidos com os de Bohm, Pribam e outros físicos quânticos quanto à natureza da realidade e da matéria. Por exemplo: segundo o entendimento de Jahn, a consciência humana seria um padrão, um fluxo — como um laser — com a propriedade de produzir um holograma — a realidade ou as realidades — quando em cruzamento com outros padrões de frequência, o que ocorre a todo momento. Estaríamos, dessa forma, a produzir centelhas de realidade em meio ao caos de confrontos de padrões.
Esse pensamento caminha para um conceito maior: nada existe isoladamente, todas as ideias e teorias seriam apenas meras metáforas, as partes são apenas núcleos de informação bits do Grande Todo. No lugar de elétrons, prótons, nêutrons, quarks e toda infinidade de partículas e subpartículas, sistemas. Tudo se cruzando num Agora Infinito. Então, seguindo essa linha de raciocínio da moderna ciência, conclui-se que o universo é um Todo composto por informação maciça, inter-relacionada, sistêmica, interligando-se em frequências variadas, onde Morte/ Vida, Ser/ Não Ser. Existência/ Não Existência e Fim/ Começo são alguns dos vórtices das frequências infinitas.
Quando Walter Rosa Borges e seus companheiros tentam captar sons não produzidos em nosso universo material estão apenas tentando sintonizar uma dessas frequências, no caso usando o espectro eletromagnético. Há quem considere o método rudimentar e veja no cérebro humano — desde que devidamente capacitado, silenciado, livre das inquietações e apegos — um instrumento muito mais eficiente para captar essas frequências. Grof suspeita que está adormecida na consciência humana toda história do universo — e não é por mera coincidência que as filosofias orientais buscam exatamente o “despertar”, pois é esse o caminho para a descoberta da verdade.
Palestra na sede do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas
Por solicitação da Casa de Saúde Reis Magos, investiguei um fenômeno de poltergeist apresentado por uma paciente daquela instituição.
A convite da Casa de Saúde Reis Magos, fiz palestra sobre “poltergeist” para médicos, psicólogos, psiquiatras e estudantes da área da saúde da instituição.
Investigo um poltergeist de água em apartamento de escritora pernambucana, que solicitou não ser identificada.
Amílcar Dória Matos, no seu discurso de posse na Cadeira nº 16 da Academia Pernambucana de Letras, em 17 de setembro de 1992, assim lembrou a sua vivência no Grêmio Cultural Joaquim Nabuco:
“Por essa quadra já um tanto recuada nos longes do tempo, olhares suspicazes e invejosos eram por mim arremetidos, de esguelha, à casa nº 415 da Rua Imperial, que o progresso viria, evidentemente, a destruir. Ali, um grupo de jovens e brilhantes discípulos dos Paulinos e dos Vilanovas manipulavam diabólicas retortas de alquimia. Aos meus deslumbrados olhos de empinador de papagaios e morcegador de bondes, o ritual levado a curso naquele sodalício de arrabalde transportava-me a inquietantes lucubrações. Como nele penetrar, eu mesmo, egresso das dunas do areal, o corpo recendendo a água salgada da bacia do Pina? O que faziam aqueles compenetrados e bem-comportados membros da esotérica confraria? Como chegar até eles, tocar-lhes as limpas camisas e dirigir-lhes a palavra?
Sucede que o oficiante-mor, o grão-mestre da cabalística ordem, não era outro senão o inquilino da casa, o poeta e hoje nacionalmente respeitado parapsicólogo Válter da Rosa Borges. Deu-se que o autor dos versos quase adolescentes de “Os Brinquedos” e das maduras obras filosóficas “Só a Busca é Definitiva” e “Introdução ao Paranormal”, concedia-me a honra de sua benevolente camaradagem. Tendo circulado pelos corredores do Colégio a notícia do meu “plágio”, Rosa Borges desceu do seu grão-mestrado, onde se altanava com basta cabeleira à Castro Alves, para condescender em efetivar dinâmica leitura do meu texto.
E assim se me abriram, de par em par, as inefáveis portas do Grêmio Cultural Joaquim Nabuco.
Estava iniciada a minha carreira literária, que agora, tantos anos volvidos, me abre as portas de um outro sodalício, bem mais ilustre, o maior de todos os templos da cultura pernambucana.”
Um pequeno engano de Amílcar: a casa de meus pais era própria e, não, alugada.