1999

Palestra “A Realidade Transcendental”, no dia 15 de setembro, no Shopping Tacaruna, no II Encontro Místico Rumo ao Século 21.

Palestra “As Questões Existenciais na Velhice”, no I Simpósio de Geriatria e Gerontologia do Conviver Geriátrico, realizado no Internacional Palace Lucsim, no dia 6 de novembro.

De 17 a 18 de abril, conjuntamente com a recém-fundada Sociedade Internacional de  Transcendentologia, o IPPP promoveu o I Seminário Internacional de Pesquisas Psíquicas e Transcendentais (Brasil – EUA), no Mar-Hotel, da qual participaram os parapsicólogos pernambucanos Erivam Félix Vieira, Guaracy Lyra da Fonsêca, Isa Wanessa Rocha Lima, Jalmir Brelaz de Castro, José Roberto de Melo, José Fernando Pereira, Ronaldo Dantas Lins Filgueira, Terezinha Acioli Lins de Lima e Valter da Rosa Borges, e os norte-americanos Dr. Ian Wickramasekera (físico), Dr. Stanley Krippner (parapsicólogo) e Dr. Daniel Halperin (antropólogo). Neste Seminário, Stanley Krippner, Ian Wickramasekera e sua esposa Judy realizaram, no apartamento onde o casal estava hospedado, no Mar Hotel, testes com Jacques Andrade e “Pai Eli”, utilizando, pela primeira vez no Brasil, um instrumental tecnológico, extremamente versátil, para medir parâmetros orgânicos dos agentes psi em vigília e em estado alterado de consciência. Os resultados dos testes ultrapassaram a expectativa daqueles pesquisadores que foram assessorados por Valter da Rosa Borges, José Fernando Pereira da Silva, Jalmir Brelaz de Castro e Pacífico Silva de Andrade, que filmou todo o experimento.

 

Fiz a palestra “Introdução à Transcendentologia” e participei da Mesa Redonda –  “Dimensões da Mente Humana”.

Homenagem do “Pai Eli” a mim e ao parapsicólogo Stanley Krippner, no seu centro de umbanda “Lar de Ita”, situado no bairro de Vasco da Gama.

Lançamento do livro “A Saga do Existir”, na sede do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, na Avenida Dezessete de Agosto, 1778, bairro de Casa Forte.

Participaram do evento minha esposa Selma, meus netos Ulisses e Daiane, minha filha Márcia, Luiz César Leite, Maria Idalina, Ronaldo Dantas Lins, José Roberto de Melo, Guaracy Fonseca Lyra. Waldecy Pinto, Nicolino Limongi, Erivam Felix Vieira, Jaime Figueiredo, José Fernando Pereira, Terezinha Acioli Lins e  Ana Cláudia, entre outros.

 

Eu e meu amigo-irmão, Amílcar Dória Matos, tínhamos o hábito de cada um ler o livro do outro, antes do seu lançamento, para tecer críticas, comentários e observações, com o intuito de sua melhoria. Desta vez, porém, ao devolver-me o livro, Amílcar, para minha surpresa, entregou-me, também, um prefácio para ele, o qual se encontra baixo.

 

PREFÁCIO

 

A SAGA DO PENSAR

 

Valter da Rosa Borges é um ser humano atípi­co, para não dizer “excrescente”. Num mundo de ásperos valores, onde predominam o fanatismo tec­nológico, o desvarismo aquisitivo, o hedonismo de­sesperado e o materialismo que avaliza todos os des­respeitos a primados éticos, num mundo de terrenos tão pantanosos, ei-lo a sulcar a terra com o arado de sua busca transcendental.

Um compulsivo do incógnito, esse pernambu­cano que se arroja ao mar das aventuras metafísicas, com uma persistência e uma abnegação de marinhei­ro quase solitário. Daí os traços extremos que vincam sua personalidade, que para alguns parece ingenu­amente sonhadora e utópica, para outros, profética, para outros ainda, revolucionária e antecipatória.

Tal sua andança pelo planeta, desde que, há coisa de cinco décadas, resolveu enveredar pelo campo da Parapsicologia, ou da recém-criada Transcendentologia, tema de um próximo livro seu. Ao fazê-lo, é provável que tenha sufocado uma vocação poética, tida por promissora pelos críticos de seus poemas de mocidade. Mas as coisas não aconteceri­am exatamente assim, a golpe de cortes radicais. Isto porque, no percurso da Poesia à Parapsicologia, ocorreu a fase mística, espiritualista, espiritista.

Essas fases, se é que cabe a catalogação, se encontram nítidas no presente volume, tão pequeno de páginas quanto denso de ideias. Melhor dizendo: este trabalho revela o entrelaçamento entre as fases e as faces rosaborgianas. Basta ver que, do fundo das perquirições e conceituações rigidamente filosóficas e científicas, vez em quando repontam ingredientes místicos e poéticos. Neste último caso, não lhe foi possível sequer eludir a tentação aos versos, mescla­dos aos registros por vezes audaciosos e um tanto pretensiosos do parapsicólogo.

Daí o dito lá em cima: Rosa Borges é um ser humano atípico, que só não é excrescente no mundo hipertecnológico e cético, porque indispensável.

E como lhe sabe bem, ao paladar reflexivo, o jogo de palavras! Pois se trata – não esqueçamos – de um esteta minimalista… Tudo aqui remete à imagem do relojoeiro, à moda krishnamurtiana ou borgiana (sem trocadilhos…), quase à maneira zen…

Não se está diante de mais um livro de autoajuda, ou de “esoterismo”, ou de imposição de fór­mulas milagrosas de “salvação” e felicidade. O Autor não é um ilusionista ou um aproveitador da alheia inocência e da esqualidez pensante. Não é mais um “iluminado”, espécie de que se encontra infestado e empestado o mercado livreiro, o comércio da fé e da indigente psicologia em voga numa ambiência de atordoados e medíocres.

Desavisado andará quem recorrer, nestas pá­ginas, à gurulatria dos magos de plantão. Ao contrá­rio: Rosa Borges sabe ser impiedoso e punitivo, ao desnudar o mundo dos humanos, a partir do seu próprio desnudamento, numa audácia catártica que não exclui, quiçá contraditoriamente, a compreensão das nossas fraquezas e, sobretudo, das nossas ilu­sões.

Ele transita por essa dualidade num à-vontade que beira (com rima e tudo) a irresponsabi­lidade, tamanha sua contundência não raro professo­ral. Para tanto, requer-se uma coragem intelectual somente reservada a quem não teme pensar e descer, até às últimas consequências, ao poço trevoso da condição humana.

Veemente e humilde ao mesmo tempo, culti­vando o paradoxo, afirmando e negando (se), distri­buindo as peças do seu jogo de xadrez no tabuleiro da ousadia, Rosa Borges nos instiga a reflexões e re­formulações de conceitos e preconceitos com que convivemos por vezes despercebidos e desapercebidos.

Ao cabo da leitura desta “Saga”, saímos enri­quecidos pela impressão de que, com efeito, quando não é pequena a alma, tudo vale a pena.

 

Lançamento do livro “A Realidade Transcendental; Uma Introdução à Transcendentologia”, na sede das Edições Bagaço, no dia 11 de setembro de 1999.

Elita, Diretora da Editora Bagaço, minha esposa Selma, minhas Márcia e Luci, minha neta Daiane, meu amigo Nicolino Limongi e os alunos da minha amiga e violista Clarisse Amazonas, prestigiaram o evento.

Ronaldo Dantas, amigo e companheiro do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, no qual ingressou em 1983, ofereceu-me este comentário ao livro, e que transcrevo abaixo.

 

A REALIDADE TRANSCENDENTAL: UMA INTRODUÇÃO À TRANSCENDENTOLOGIA

 

Tratar a questão do transcendental sem estar ligado a qualquer credo religioso, escola filosófica ou metodologia científica é o desafio audacioso de Valter da Rosa Borges ao escrever o livro “A Realidade Transcendental: uma Introdução à Transcendentologia”. E, para incentivar o estudo da Transcendentologia, que ele criou, fundou a Sociedade Internacional de Transcendentologia, no dia 18 de abril de 1999, constituída de brasileiros e um norte-americano, o Dr. Stanley Krippner.

Dada à complexidade dos temas abordados no referido livro, faremos apenas considerações gerais sobre a proposta da Transcendentologia como um ramo de conhecimento emergente e interdisciplinar.

Argumenta Rosa Borges que certos fenômenos paranormais e outros tidos por milagrosos transgridem as leis da realidade física e ultrapassam, de muito, a capacidade do ser humano, ensejando a especulação sobre a existência de um outro nível da realidade – a realidade transcendental ou RT, que constitui uma expressão genérica para todos os níveis não-físicos do real.

Argumenta ainda que a realidade é, para nós, sempre material, porque matéria é o modo como decodificamos a realidade. E esclarece que a matéria não é ilusória, mas, sim, a nossa crença de que ela é a única forma da realidade. Alega que a essência da matéria é a percepção e é a cultura que nos fornece a materialidade das nossas percepções. Mas a realidade, diz ele, não se reduz à materialidade do universo físico e, consequentemente, existem outros níveis da realidade com a sua materialidade própria. Há, assim, infinitos níveis da realidade, dos quais a realidade física é apenas um deles. Sustenta que a vida não é apenas um fato biológico, mas transbiológico e que, em ocasiões especiais, existe uma interação entre os seres vivos ou biológicos e os seres transvivos ou transbiológicos, conhecidos como “mortos” ou “espíritos”.

Segundo Rosa Borges, a Transcendentologia é a proposta de um conhecimento interdisciplinar que utiliza subsídios das mais diversas áreas do conhecimento humano para a investigação da realidade transcendental ou RT e tem por objeto a investigação de fenômenos insólitos que possam ser atribuídos a um agente transcendental ou AT. Também especula a respeito da RT com base nas informações fornecidas pelos ATs. Por isso, a Transcendentologia se utiliza da metodologia científica, da especulação filosófica e das experiências místicas e mediúnicas para a investigação de fenômenos que sugerem a existência deste outro nível da realidade.

A Transcendentologia postula que a RT, sendo não-física, é ininteligível pelas leis que governam a realidade física. A RT é povoada por seres transcendentais ou STs, que possuem uma natureza diferente da nossa e por seres humanos transcendentais ou SHTs, que são os espíritos das pessoas falecidas que, embora transformadas na nova realidade em que vivem, guardam ainda elementos identificativos de sua extinta vida biológica.

Diz Rosa Borges que os fenômenos insólitos que não possam, razoavelmente, ser atribuídos a uma pessoa humana, na condição de agente psi ou AP, devem ser considerados como indícios da interferência de um agente transcendental ou AT, nome genérico para os seres transcendentais ou STs, os quais foram identificados, pelas religiões, como deuses, anjos, demônios, devas, espíritos da natureza e espíritos dos mortos. Teoriza, ainda, que  o homem, após a sua morte, se converte num tipo de ser transcendental, a que denomina de ser humano transcendental ou SHT e, nesta condição, guarda resquícios do ser que já foi, revelando a conservação de um fator sobrevivente ou FS. Não há, portanto, que se falar em sobrevivência, mas na transformação do ser falecido em outra forma de individualidade compatível com o novo meio onde passou a viver.  Apesar disso, o seu FS permite a sua identificação por parentes e amigos nas raras ocasiões em que interage com o universo físico. Para isso, o SHT se utiliza, geralmente, de um ser humano, denominado de Mediador biológico ou MB que, no Espiritismo, é conhecido como médium.

Entende Rosa Borges que a RT é extremamente complexa, constituída de diferentes níveis fenomenológicos, o que explica a diversidade das revelações espirituais e das comunicações mediúnicas.

Inicialmente, ele julga necessário estabelecer as fronteiras entre o paranormal e o transcendental, definindo os seus respectivos domínios fenomenológicos, reconhecendo, no entanto, que é quase sempre difícil estabelecer esta distinção, em razão da inexistência de um critério confiável para distinguir precisamente as duas ordens de fenômenos. Assim, ele adotou o critério da razoabilidade, o qual consiste em declarar que um fenômeno insólito é transcendental se não pode, razoavelmente, ser atribuído à ação do inconsciente do AP.

Assinala Rosa Borges que a pesquisa da sobrevivência post-mortem do homem não implica a admissão de sua imortalidade. A sobrevivência pode ser transitória. Ou seja, o indivíduo pode durar séculos, até mesmo milênios, retornar várias vezes à existência física e, um dia, finalmente, morrer. A imortalidade do ser humano, diferentemente da sua sobrevivência post-mortem, não é verificável empiricamente e sempre será matéria de especulação filosófica e religiosa.

A Transcendentologia se divide em duas partes: a Transcendentologia Geral que estuda a RT como um todo e a Transcendentologia Especial que examina questões particulares da RT, como, por exemplo a investigação da sobrevivência post-mortem do homem.

Os fenômenos transcendentais são subjetivos e objetivos.

Os fenômenos transcendentais subjetivos são aqueles em que o SHT interage telepaticamente com o MB, o qual, na maioria das vezes, transmite a sua mensagem por psicografia, sob forma personificativa ou não. Eles se apresentam sob as seguintes modalidades: a) comunicação transcendental subjetiva (telepatia e comunicação transcendental subjetiva personificativa); b) aparição subjetiva; c) percepção transcendental (clarividência, experiência fora do corpo ou EFC e experiência de quase morte ou EQM); d) cognição transcendental (memória extracerebral, xenoglossia e criatividade psi).

Os fenômenos transcendentais objetivos são aqueles em que o SHT se comunica com os seres humanos ou age sobre o mundo físico, utilizando, quase sempre, os recursos orgânicos do MB. Suas modalidades são as seguintes: a) ação transcendental (escrita direta ou pneumatografia, pintura ou desenho diretos, escotografia, telecinesia, levitação, “poltergeist”, curas transcendentais e metafanismo); b) comunicação transcendental objetiva (voz direta ou pneumatofonia e transcomunicação instrumental ou TCI); c) aparição objetiva.

Rosa Borges propõe a utilização de quatro métodos para a investigação transcendentológica: o método indutivo, o método qualitativo, o método comparativo e o método histórico.

O método indutivo visa a coleta de dados que permitam, em determinado momento, elaborar uma proposta de generalização da fenomenologia transcendental. É o que melhor se presta para a investigação transcendentológica e aplicável tanto aos casos espontâneos, como às experiências controladas.

A pesquisa dos casos espontâneos se fundamenta na confiabilidade do testemunho das pessoas e de sua manifesta isenção em relação aos fenômenos que presenciaram. Também devem ser observadas a coerência e consistência dos relatos com os respectivos fatos.

Rosa Borges enfatiza que os instrumentos tecnológicos, utilizados para subsidiar nossas observações e até para corrigi-las, não podem substituir o testemunho humano, porque são meros auxiliares e não fatores decisórios na pesquisa. Lembra também que não há como repetir-se fenômenos insólitos com um SHT específico. É o conjunto de manifestações dos SHTs que demonstra a sua constância e consistência significativas. Cada manifestação do SHT é um fenômeno singular, autônomo, irrepetível. E argumenta:

“A repetibilidade objetiva da metodologia científica é substituída, na investigação transcendentológica, pela repetibilidade subjetiva das experiências transcendentais coincidentes”. Não é, portanto, a repetibilidade do fenômeno na mesma pessoa, mas a repetibilidade do fenômeno em pessoas diferentes. A interpretação da nova teoria quântica, segundo a escola de Copenhague, derrubou a concepção clássica da objetividade, mediante a qual o mundo possuía um estado de existência bem definido e independente da nossa observação.

Embora o SHT não seja controlável, é possível estabelecer condições em que ele possa ser melhor observado. Afinal, estamos lidando com seres inteligentes que podem não concordar em se submeter aos critérios da nossa investigação. Assim, ainda que não possamos repetir, controlar e prever as manifestações de um SHT, o seu FS, em alguns casos, é passível de comprovação empírica.”

O método comparativo visa à coleta do maior número possível de fenômenos insólitos, ocorridos na presença de místicos, santos, médiuns, xamãs e gurus, nas mais diversas culturas, seja no passado ou no presente, com o propósito de observar as suas características comuns, as suas formas coincidentes de manifestação, para a elaboração de padrões epistemológicos coerentes e significativos.

O método histórico objetiva o estudo e revisão dos casos espontâneos e as pesquisas realizadas, no passado, por cientistas de renome e competência em investigação psíquica, o que poderá fornecer subsídios para a avaliação da natureza dos fenômenos observados. Assim, é possível, em cada caso específico, defini-los como paranormais ou transcendentais.

Há duas vertentes da pesquisa transcendentológica: a identificação do STH, com base no seu FS e o estudo comparativo das informações dos mais diversos STs sobre o universo onde habitam.

A investigação do SHT procura identificar padrões fenomenológicos, na manifestação do seu FS, capazes de favorecer as condições confiáveis de sua observação e compreensão.  Assim, são indicativos da manifestação do FS de um SHT: a) a demonstração inequívoca de suas aptidões e habilidades, cacoetes e modos de expressão de quando ele era um ser humano; b) a comprovação da veracidade das informações a respeito da pessoa que ele foi e de que nenhuma outra poderia, razoavelmente, ter conhecimento.

Assinala Rosa Borges que a pesquisa transcendentológica do SHT não se centrará diretamente sobre ele, mas sobre o seu FS e adotará os seguintes procedimentos: a) estudo de casos espontâneos, relatados por pessoas que presenciaram o fenômeno transcendental; b) estudo e reavaliação de casos espontâneos investigados por pesquisadores competentes; c) reavaliação crítica das experiências, realizadas por pesquisadores qualificados, com pessoas dotadas de aptidões paranormais; d) a realização de experiências com pessoas e/ou instrumentos que permitam observar fenômenos suscetíveis de serem interpretados como evidência do SHT.

A Transcendentologia Especial, portanto, estuda os fenômenos transcendentais em suas diversas modalidades e a Transcendentologia Geral investiga as questões relativas aos seres individuais como também ao Ser absoluto, discutindo as relações ontológicas entre os indivíduos e o Todo.

Observa Rosa Borges que parece existir um acordo tácito entre as diversas correntes filosóficas e religiosas sobre a existência de algo necessariamente eterno de onde se originam todas as coisas. E argumenta:

“Na verdade, se não existe algo eterno, coisa alguma subsistiria, pois, mesmo admitindo o absurdo de que algo pudesse originar-se do nada, este algo não seria eterno e, portanto, voltaria ao nada de onde veio”. Aqui nos referimos ao nada como um nada e não como uma potencialidade ou virtualidade. Logo, é claramente evidente que o nada não pode gerar algo e, muito menos, ser uma fonte contínua de tudo quanto existe.

“Mas, se existe algo eterno, ele pode ser esta fonte geradora contínua de tudo quanto existe, restando discutir se as coisas geradas são também imortais ou apenas passageiras, retornando à fonte original.”

Para Rosa Borges, não há morte, perdição e salvação, pois nada pode morrer ou se perder no Todo e, portanto, não há nada para salvar. O que se chama de morte é o processo contínuo de transformação das formas. O que se chama de perdição, a ignorância da parte sobre a sua essencial união com o Todo. E o que se chama de salvação ou libertação, a conscientização do ser individual de sua integração no Todo. A salvação ou libertação não é a perda da individualidade, absorvida pelo Todo, mas a perda da ilusão de uma individualidade separada de tudo e do Todo.

Finalmente, assinala que a evolução só existe na realidade fenomenal e consiste no processo de contínua ampliação da consciência da integração do ser individual no Todo. Por isso, o ser individual é, como essência, imortal e, portanto, em sua trajetória evolutiva, ele não conquista a imortalidade, mas sim a consciência de sua imortalidade.

Com esta obra, o professor Valter da Rosa Borges dá uma importante contribuição na busca de construir um modelo coerente para o instigante mundo do transcendental, apresentando um conteúdo denso, pormenorizado e profundo, sobre um tema por demais complexo e que só pesquisadores preparados como ele têm a coragem e a competência de enfrentar.

Recebi o título de HISTÓRIA VIVA DO RECIFE, outorgado pelo Museu da Cidade do Recife, da Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes, em sessão pública, naquele museu, das mãos do Prefeito Roberto Magalhães, no dia 13 de janeiro. Entre outros homenageados, estavam Amílcar Dória Matos, Fernando Antônio Gonçalves, Cid Feijó Sampaio, Dom Hélder Câmara, Fernando Gouveia da Cruz e Edvaldo Arlego.

À mesa, juntos ao Prefeito da Cidade do Recife, Roberto Magalhães, o Procurador Geral de Justiça do Ministério Público de Pernambuco, José Tavares, e o diretor do Museu da Cidade do Recife, o ator Eneias Alvarez.

 

LINHA DIRETA

Jornal da Associação do Ministério Público de Pernambuco.

Ano I, Nº 5. Maio/Junho. 1999.

 

VALTER DA ROSA BORGES: O PESQUISADOR DA PARAPSICOLOGIA

O procurador de justiça aposentado Valter Rodrigues da Rosa Borges é um homem que se sempre foi fascinado pelo estudo da mente humana. Com 65 anos, aposentou-se há seis anos do Ministério Público, onde completou 30 anos de serviço, mas até hoje não deixou de pesquisar sobre a Ciência da Parapsicologia. Mas as suas pesquisas incluem também a Filosofia, Ciência e Religião.

Ele falou também, em entrevista à reportagem do Jornal Linha Direta, sobre a atuação do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP), no qual foi o fundador, seus livros e a vocação pelo Ministério Público.

Linha Direta – Por que o senhor despertou o interesse pela parapsicologia?

Valter Rosa Borges – Desde a minha adolescência, sempre fui fascinado pelo estudo da mente humana. Porém, aos 19 anos de idade, li um livro do médium Francisco Cândido Xavier, intitulado “Parnaso do Além-Túmulo”, com poesias psicografadas e atribuídas a poetas brasileiros e portugueses falecidos. Naquela ocasião, estava bastante familiarizado com a literatura luso-brasileira e me preparava para lançar meu primeiro livro de poesias, “Os Brinquedos”, o que aconteceu quase um ano depois. A leitura teve, sobre mim, o efeito de um impacto devastador, porque ou Francisco Cândido Xavier era o maior gênio literário de todos os tempos, capaz de replicar, com maestria, conforme atestara Humberto de Campos, o estilo dos maiores poetas brasileiros e portugueses das mais diversas escolas literárias, ou havia algo, na mente humana, capaz de explicar aquele prodígio. A esta pesquisa dediquei toda minha vida e, hoje, aos 65 anos de idade, ainda me sinto tomado pelo mesmo fascínio.

LD – O que é a parapsicologia?

VRB – A parapsicologia é uma ciência que tem por objeto o estudo e a pesquisa dos fenômenos paranormais. Estes fenômenos consistem num tipo de conhecimento (psi-gama) que conflita com a epistemologia tradicional ou aristotélica e numa ação (psi-kapa) da mente sobre o mundo exterior, afetando os seres vivos e a matéria em geral.

Aristóteles dizia que “nada está no intelecto que não tenha passado antes pelos sentidos”. Este é o que o paradigma epistemológico do conhecimento dito normal. Acontece, porém, que os fenômenos paranormais de psi-gama consistem num tipo de conhecimento que não se origina dos sentidos, da atividade intelectual e do aprendizado. Eles são: a) a telepatia, que consiste numa interação psíquica a nível inconsciente entre duas mentes; b) a clarividência, que é o conhecimento do que se passa no mundo exterior sem a utilização dos sentidos; c) a precognição, que é o conhecimento antecipado de um fato futuro, sem a utilização de dados que permitam uma previsão com base inferência!

Os fenômenos paranormais do tipo psi-kapa consistem na atuação da mente fora do seu contexto orgânico, produzindo alterações fisiológicas nos seres vivos, alterações físicas, químicas e morfológicas nos corpos, impressões na matéria ou movimentos de objetos sem qualquer contato físico com os mesmos.

Até o momento, a investigação parapsicológica não descobriu qual a causa desta ação, aparentemente direta, da mente sobre a matéria, pois as pesquisas em laboratório não determinaram a presença de qualquer das quatro forças físicas da natureza – as interações fortes, as interações fracas, as forças eletromagnéticas e gravitacionais.

LD – Toda pessoa pode ter essa capacidade de produzir fenômenos paranormais?

VRB – Potencialmente, todos nós somos dotados de aptidão paranormal. Inúmeras pesquisas realizadas demonstraram que quase totalidade das pessoas, ao menos uma vez na vida, passou por uma experiência paranormal. Isto, porém, não quer dizer que elas sejam paranormais. Só são considerados paranormais aqueles que, habitualmente, passam por esse tipo de experiência.

LD – O senhor fundou o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP) em que ano e com que objetivo?

VRB – Fundei o Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas (IPPP) em 1973 e fui o seu presidente durante 22 anos. Em seguida, passei a presidência ao meu sucessor, Dr. Ronaldo Dantas Lins Filgueira, médico e matemático.

O IPPP tem por objetivo promover o desenvolvimento da parapsicologia em Pernambuco, mediante pesquisas e cursos, assim como prestar assistência às pessoas que estão passando por experiências paranormais.

Em 1988, o Instituto iniciou o seu Curso de Pós-Graduacão (lato sensu) de Parapsicologia visando a formação científica do parapsicólogo.

O IPPP, declarado de utilidade pública municipal e estadual, é, hoje, conhecido internacionalmente. Já realizou 16 Simpósios Pernambucanos de Parapsicologia (1983-1998), o I Congresso Nordestino de Parapsicologia (1985), o V Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica (1986) e o I Congresso Internacional e Brasileiro de Parapsicologia (1997).

Sediado, atualmente, à Av. Dezessete de Agosto, 1778, no bairro de Casa Forte, fone-fax 441.0157, o IPPP está ao aberto ao público de terça a sábado no horário das 9 às 13 horas.

LD – Como o IPPP faz pesquisas? Existe algum tipo de equipamento para testar a telepatia, por exemplo?

VRB – Os equipamentos sofisticados para a investigação dos fenômenos paranormais só são utilizados nos Estados Unidos e em alguns países da Europa. Infelizmente, não dispomos de recursos financeiros para a aquisição de tais equipamentos. Por isso, utilizamos procedimentos mais modestos porém não menos eficientes. Ê um deles, por exemplo, é a utilização do baralho Zener para os testes de telepatia, clarividência e precognição e também de outros experimentos mais criativos, elaborados pela equipe do IPPP.

LD – O Instituto pode conferir se uma pessoa é paranormal? Como se dá a confirmação?

VRB – Esta confirmação ocorre mediante uma série de testes, com a utilização do método quantitativo-estatístico-matemático ou do método qualitativo, dependendo da natureza do fenômeno paranor­mal investigado. A entrevista, com remissão ao histórico existencial da pessoa pesquisada, é de fundamental importância e antecede todos os demais experimentos.

LD – Que tipo de aconselhamento é dado a um paranormal no IPPP?

VRB – Uma vez comprovado que a pessoa investigada é dotada de um talento psi ou paranormal, ela é orientada no sentido de se familiarizar, cada vez mais, com as características de sua paranormalidade, a fim de que possa melhor administrá-la. Assim, durante certo período, esta pessoa será supervisionada por um dos nossos parapsicólogos, orientando-a na observação dos fatores que favorecem ou dificultam a manifestação de sua aptidão psi. É ela quem vai determinar o término deste monitoramento, quando se sentir apta a lidar adequadamente com a sua paranormalidade e do que fazer com ela em seu beneficio ou em benefício de terceiros.

LD – Existe preconceito por parte da sociedade por uma pessoa ser paranormal?

VRB – Não. O que existe é desinformação e é isto que deforma a percepção da natureza da paranormalidade. Sempre hostilizamos e tememos aquilo que não conhecemos e a fenomenologia paranor­mal ainda se ressente das fantasias que se tecem a seu respeito, principalmente em virtude das matérias sensacionalistas e irresponsáveis que a seu respeito são divulgadas na mídia.

LD – A parapsicologia trabalha também com a possibilidade da vida após a morte?

VRB – A parapsicologia, por ser uma ciência, não lida com problemas metafísicos, tais como a sobrevivência após a morte, a comunicação entre vivos e mortos, a reencarnação. No entanto, alguns cientistas de renome, principalmente no campo da física quântica, têm se preocupado com a possibilidade da existência de um universo não-físico, fazendo uma interface com o nosso universo físico. Acontece que esta possível realidade transcendental era matéria privativa das religiões e estas, em virtudes de seus dogmas e questões de fé, jamais estabeleceram diálogo a respeito do universo dito espiritual.

Este ano, propus um novo tipo de conhecimento para a investigação desta possível realidade transcendental – a Transcendentologia. Não se trata de uma nova ciência, de nova religião, de uma nova filosofia, mas de uma interdisciplinaridade de saberes, constituindo uma nova ordem gnosiológica. No segundo semestre deste ano, estarei lançando o livro que é a pedra fundamental deste novo ramo do conhecimento e cujo título é “A Realidade Transcendental: Uma Introdução à Transcendentologia”. Aliás, para firmar o nascimento da Transcendentologia, realizou-se, nos dias 17 e 18 do mês de abril deste ano, no Mar Hotel, o I Seminário Internacional de Pesquisas Psíquicas e Transcendentais, onde apresentei um trabalho intitulado “Introdução à Transcendentologia”, e, na oportunidade, também criei a Sociedade Internacional de Transcendentologia – SIT – com sede no Recife e com representação na cidade de São Francisco, na Califórnia, EUA.

LD – Como foi sua experiência no Ministério Público?

VRB – Foi uma das grandes experiências da minha vida e da qual ainda guardo as mais gratificantes recordações. O Ministério Público foi, para mim, uma vocação natural por afeiçoar-se às características da minha personalidade. Sempre exerci as minhas funções com intenso amor e dedicação, ciente e consciente do relevante papel que a nossa instituição desempenha na sociedade, no atendimento da justiça e da consolidação dos direitos da cidadania. Durante 30 anos (l963-1993), dediquei uma grande parcela de minha vida ao desempenho das tarefas que me foram confiadas, culminando a minha trajetória com a promoção para Procurador de Justiça, o que, paradoxalmente, me privou do que julgava uma das missões de minha vida – a Coordenadoria do Meio Ambiente, da qual fui o primeiro coordenador. Esta circunstância, profundamente frustrante, me levou a requerer a aposentadoria e dedicar-me às outras grandes vocações – a filosofia, a ciência, a religião – e à publicação de livros sobre aqueles assuntos.

LD – Quais são os seus títulos?

VRB – Já tenho nove livros publicados e este ano pretendo editar mais três: “A Saga do Existir”, já no prelo, “A Realidade Transcendental: Uma Introdução à Transcendentologia” e, finalmente, no fim deste ano, “A Parapsicologia em Pernambuco”.

 

No Anuário Brasileiro de Parapsicologia publiquei o artigo A parapsicologia e seus opositores, que transcrevi no meu livro A MENTE MÁGICA – 2015.

 

No XVII Simpósio Pernambucano de Parapsicologia, realizado no dia 16 de outubro, no Salão Paroquial da Igreja de Casa Forte, participei da mesa redonda As Profecias e o Ano 2000, com Jalmir Freire Brelaz de Castro.

Palestra, em 4 de dezembro, na Academia Pernambucana de Ciências no auditório do CTCH  – Bloco B – 1º Andar, da Universidade Católica de Pernambuco.

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